ST7. VEREDAS HISTORIOGRÁFICAS NOVAS LINGUAGENS PARA PESQUISA E ENSINO DE HISTÓRIA 428

January 21, 2018 | Author: Jónatas Jardim Peralta | Category: N/A
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1 ST7. VEREDAS HISTORIOGRÁFICAS NOVAS LINGUAGENS PARA PESQUISA E ENSINO DE HISTÓRIA 428 UM ESTUDO SOBRE O ...

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ISSN: 2359-2796

Anais Eletrônicos do XVI Encontro Estadual de História - ANPUH –PB

ST7. VEREDAS HISTORIOGRÁFICAS NOVAS LINGUAGENS PARA PESQUISA E ENSINO DE HISTÓRIA UM ESTUDO SOBRE O CAPITÃO AMÉRICA E SUA UTILIZAÇÃO COMO FONTE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA Filipe Viana da Silva1 Resumo: Esta comunicação visa problematizar a importância da construção heroica do Capitão América pela editora de revistas em quadrinhos norte-americana Marvel Comics no ano de 1941. Considerado o maior símbolo de exaltação do patriotismo dos Estados Unidos na década de 1940, o Capitão América soberanamente lutou e derrotou em defesa de seu país, os regimes nazi-fascistas que se expandiam durante o contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A partir dessa pesquisa desenvolvida em que problematiza sua construção, discutiremos metodologicamente como a utilização das HQs do super-herói norte-americano, divulgadas pela Marvel Comics em 1941, poderão ser utilizadas em sala de aula como fonte para o entendimento da história recente dos Estados Unidos. Para fundamentar este estudo, partimos de autores como Eric Hobsbawm, René Rémond, Luciana Chagas, Jaime Pinsky, Carla Pinsky, Moacir Cirne, Fernandes Barros Melo. Palavras-chave: Capitão América. Marvel Comics. Construção.

Os anos que sucederam a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quase duas décadas antes da apresentação do super-herói Capitão América ao mundo pela editora norte-americana de revistas em quadrinhos Marvel Comics, marcaram um conturbado período de mudanças políticas, econômicas e sociais nas principais nações envolvidas naquele cenário de conflitos. As dificuldades em âmbito internacional agravaram-se vertiginosamente ao longo dos anos, herdando um teatro de indecisões e instabilidade protagonizadas entre as nações vencedoras e vencidas. Os Estados Unidos da América, por sua vez, conseguiram se manter estruturados economicamente e, graças à sua entrada tardia, “escaparam dos altos e baixos da derrota, ou da vitória e do após-guerra” (RÉMOND, 1974, p. 57). Doravante no poder, os norte-americanos notaram dia a dia sua próspera economia crescer, buscando 1

Licenciando em História pelo Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Bolsista de Iniciação à Docência – PIBID-CAPES –, coordenado pela professora Dra. Jailma Maria de Lima. XVI Encontro Estadual de História – Poder, memória e resistência: 50 anos do golpe de 1964. Campina Grande. 25 a 29 de agosto de 2014. p. 428-436.

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gradativamente legitimar seus negócios, mergulhados num liberalismo dominante que na época triunfava. Durante a década de 1920, surgiu nos Estados Unidos uma política rigorosa de ideias, princípios e valores, fundamentada na desconfiança de tudo e de todos, tomando como princípio a exaltação de um americanismo autossuficiente. Essa tendência isolacionista, visando proteger a economia dos seus países, também foi acompanhada pela Grã-Bretanha e pelos estados escandinavos a partir de 1925, com a recuperação dos setores produtivos. Contudo, essa política liberal, ao passo que possibilitava um desenvolvimento econômico muito significativo, trazendo para o setor primário uma produção em larga escala e estimulando, dessa forma, o mercado especulativo, fazia acentuar nos Estados Unidos a desigualdade social, traduzindo aquele velho jargão ao dizer que a população rica se sobressaia diante dos problemas financeiros, enquanto a pobre mergulhava nas dificuldades. Em paralelo a essas questões socioeconômicas, era perceptível encontrar nos países da Europa Ocidental altas taxas de desemprego, indicando, desse modo, sinais de fraqueza na economia, o que posteriormente desencadearia na maior crise mundial de todos os tempos. [...] o desemprego na maior parte da Europa Ocidental permaneceu assombroso e, pelos padrões pré-1914, patologicamente alto. É difícil lembrar que mesmo nos anos de boom da década de 1920 (1920-9) o desemprego ficou em média entre 10% e 12% na Grã-Bretanha, Alemanha e Suécia, e nada menos de 17% a 18% na Dinamarca e na Noruega. Só os EUA, com uma média de desemprego de 4%, eram uma economia realmente a pleno vapor. (HOBSBAWM, 2000, p. 95).

A crise da qual falamos “estoura nos Estados Unidos em 1929, em plena prosperidade” (RÉMOND, 1974, p. 69). Ela castiga uma especulação excessiva, bem como uma inflação de créditos, alastrando-se subitamente por outros países e levando consigo uma série de consequências durante os próximos anos de sua fase. A opinião pública perdeu confiança diante das instituições democráticas e o espírito forte de uma nação soberana começou a desabar, agora marcada pelo desemprego e por um fracasso de inspiração liberal. Foi na década de 1930 que os filmes de Hollywood entraram em ação, exaltando o capitalismo, o patriotismo e o otimismo. No cinema, por exemplo, super-heróis como Batman e Super-man marcaram essa época. Os americanos se valiam de todos os mecanismos para recuperar a autoestima de uma nação hegemônica, como sempre havia sido. Ora, a crise de 1929 fez surgir notadamente uma luta esforçada dos norteamericanos para se manterem superiores diante dos acontecimentos que os rodeavam. Enquanto eles buscavam se recuperar da crise, a Europa, embora também enfrentando problemas, se via legitimada pelos regimes nazista e fascista. [...] a cronologia anula esse tipo de explicação, pois a grande crise só atinge a Alemanha em 1930, quando Hitler já está de posse de seu sistema, já formou seu partido e conta com centenas de milhares de adeptos [...]. Mas a crise ampliou o fenômeno, carreando para o XVI Encontro Estadual de História – Poder, memória e resistência: 50 anos do golpe de 1964. Campina Grande. 25 a 29 de agosto de 2014. p. 428-436.

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movimento os grandes batalhões indispensáveis à ascensão ao poder num regime de sufrágio universal. (RÉMOND, 1974, p. 72).

O colapso na bolsa de valores de Nova York em 1929 acabou tornando-se um marco para a História mundial, ao passo que a crise não ficou restrita ao território norteamericano, sendo subitamente disseminada pelas mais diversas nações envolvidas no sistema capitalista liberal vigente à época. Para o historiador inglês Eric Hobsbawn (1995), o motivo principal da legitimação dos regimes nazista e fascista na Europa, bem como da vitória de Roosevelt nos Estados Unidos em 1933 foi, sem sombra de dúvidas, a grande depressão econômica de 1929. Nessa perspectiva, é notável que tanto a Alemanha quanto a Itália, durante a década de 1930, passaram por sérias dificuldades socioeconômicas, vítimas também da crise. No entanto, foram as próprias nações que buscaram soluções para seus problemas, seja criando indústrias para produção de armamentos bélicos, o que possibilitou o surgimento de trabalho para a população desempregada, seja sempre se pautando numa política expansionista e autoritária, conceituada e apoiada pelo povo. Foi nessa conjuntura de alinhamento e de invasões, principalmente pela Alemanha do führer, que se desencadeou em 1939 a Segunda Guerra Mundial. Em contraponto aos regimes e na tentativa de solapar da população os problemas socioeconômicos vivenciados pelos norte-americanos na década de 1930, foi instituída uma política propagandista deliberadamente forte, visando resgatar a exaltação dos sentimentos nacionalistas e patrióticos enfraquecidos pela crise. Como destacado anteriormente, foi durante essa década que os super-heróis Super-homem e Batman foram apresentados ao mundo. Entretanto, apesar destes super-heróis não serem o foco de nossas análises e interpretações, os mesmos fornecem-nos a possibilidade de compreendermos de forma pretenciosa, através dos seus quadrinhos, os acontecimentos da História recente dos Estados Unidos. Desse modo, antes de retornarmos nossa discussão acerca do Capitão América, deixamos clara a importância de contextualizar os acontecimentos que sucederam a Primeira grande Guerra, bem como os eventos que deram início ao catastrófico segundo conflito mundial. Essa discussão torna-se fundamental para logo mais adiante problematizarmos a construção do grandioso Capitão América, em 1941, sendo esse super-herói dos quadrinhos o maior exemplo de patriotismo para aqueles tempos difíceis nos Estados Unidos. Logo, para darmos início à nossa discussão, faremos os seguintes questionamentos: Quem é a personagem do Capitão América? Por que e por quem a personagem foi criada? Antes de qualquer análise sobre a personalidade desse poderoso super-herói, tornamos como alvo de nossa discussão a sua própria nomenclatura. Se tem o título de Capitão, significa que o indivíduo é um oficial de uma instituição, ficando então responsável por defendê-la e/ou comandá-la. No caso do Capitão América, ele é o responsável por defender os Estados Unidos da América durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando, ao lado da Inglaterra, França e União Soviética, formavam o bloco dos países aliados, lutando contra a tríplice aliança, que por sua vez, era composta pela Alemanha, Itália e Japão. XVI Encontro Estadual de História – Poder, memória e resistência: 50 anos do golpe de 1964. Campina Grande. 25 a 29 de agosto de 2014. p. 428-436.

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Sendo esta última nação, a principal causadora da entrada norte-americana no conflito mundial. Como discutimos anteriormente, a política liberal norte-americana ainda estava enfraquecida após o colapso de 1929, tornando-se desse modo, lenta ou dificultosa qualquer adoção de medidas políticas que pudessem afetar a popularidade do então presidente Franklin D. Roosevelt, eleito em 1933 durante aqueles tempos difíceis. O fato é que, se “não fosse Pearl Harbor e a declaração de guerra de Hitler, os EUA sem dúvida teriam continuado fora da guerra”. (HOBSBAWM, 1995, p. 133).

431 É exatamente nesse espaço de conflitos, quando os Estados Unidos declaram guerra ao eixo, lutando desse modo ao lado dos países aliados, que então emerge o maior símbolo do patriotismo norte-americano de todos os tempos. Criado pelos artistas Joe Simmons e Jack Kirby, em 1941, o personagem Steve Robers é o primeiro voluntário, e chega a ser o único, a participar de um projeto científico secreto financiado pelo governo norte-americano para criação de um exército formado por supersoldados. O projeto que transformou Robers no suntuoso Capitão América consistiu na aplicação de um soro especial juntamente com raios radioativos, gerando um indivíduo super musculoso, veloz, ágil e, sobrenaturalmente, forte. Entreouvido os protestos do rapaz, o General Chester Phillips ofereceulhe uma vaga em um projeto biológico ultrassecreto, a “Operação Renascimento”. Determinado a colaborar com o esforço de guerra, Rogers impetuosamente aceitou a oferta, e, após semanas de testes e treinamentos, recebeu uma dose do Soro do Supersoldado, sendo exposto logo depois a pequenas doses da radiação, para ampliar a eficácia da fórmula. Este experimento fez com que o jovem emergisse do tratamento com um corpo perfeito, atingindo o ápice do desenvolvimento humano. (MELO, 2008, p.125).

Todavia, por dentro das ideias desse projeto experimental, existe um espião alemão em busca de colher informações para Hitler e que “logo em seguida mata o professor e a fórmula morre com ele, deixando o Capitão América só na tarefa de ‘‘sentinela das fronteiras” (CHAGAS, 2008, p. 140). Ao longo de suas histórias radiantes e peripécias representadas através dos quadrinhos da Marvel Comics, notamos que todos os inimigos dos Estados Unidos mantêm espectros deformados e horrorosos. Sendo o maior exemplo dessas características o inimigo número 1 do Capitão América, o Caveira Vermelha, defensor dos ideais nazistas. O arqui-inimigo do patriótico super-herói norte-americano, o Caveira Vermelha, aparece nas HQs do Capitão América como um forte e poderoso militar construído por Hitler. O mais interessante é perceber que em todas as revistas da Captain America N. 1, que é a primeira edição das HQs do Capitão América, aparece como essência de suas representações a imagem de Adolf Hitler sendo nocauteado pelo cerimonioso superherói patriótico norte-americano. Logo, quando o Capitão América finalmente derrota seus inimigos, ele retorna para a Inglaterra juntamente com seu ajudante para deixar seus parceiros, que haviam sido capturados pelos malfeitores nazistas. Adiante, seguem XVI Encontro Estadual de História – Poder, memória e resistência: 50 anos do golpe de 1964. Campina Grande. 25 a 29 de agosto de 2014. p. 428-436.

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(ambos) para os Estados Unidos e, quando chegam, “são condecorados e elegidos heróis nacionais pelo presidente do país”. (MELO, 2008, p.128). A construção do Capitão América possibilitou, portanto, ressurgir nos cidadãos norte-americanos a autoestima de uma nação soberana, capaz de lutar e vencer dentro de seus limites os regimes ameaçadores da democracia liberal, que até então estava em crise. Sendo o Capitão América um exemplo para os militares e seu país, ele faz renascer nos jovens o prazer e a autoestima, motivando-os a querer fazer parte do exército glorioso de seu país. Ao passo que conheciam as histórias perturbadoras desse poderoso super-herói, os soldados conseguiam se identificar de tal modo que todo e qualquer soldado franzino, com desejo de se destacar dentro do exército norte-americano, poderia tornar esse sonho real. Para tanto, bastava persistir e lutar por seu país, assim como fazia o vitorioso e patriótico Capitão América, derrotando o inimigo que o atacava, conseguindo, desse modo, ressurgir e “salvar” o orgulho patriótico dos cidadãos dos Estados Unidos da América. CAPITÃO AMÉRICA E SUA RELAÇÃO COM O ENSINO DE HISTÓRIA As diversas narrações heroicas em HQs do Capitão América foram e acabam sendo bastante prazerosas e inspiradoras de se ler, como tivemos a oportunidade de ver anteriormente. Contudo, pensamos que essa discussão pode se tornar ainda mais instigante, passando a ser não somente admirada pela sua narrativa, mas também pela importância que pode ter para o ensino de História. Em meio ao surgimento das mais diversas ferramentas tecnológicas disponíveis para o professor na atualidade, trabalhar com as HQs se torna um mecanismo essencial em sala de aula, na medida em que os quadrinhos possibilitam interpretar aquilo que também pode ser tido como uma fonte histórica. Nessa perspectiva, entendemos que, assim como a produção historiográfica, as revistas em quadrinhos são frutos de construções de determinado tempo e espaço, o que nos faz conceber que, por mais inocente que aparente ser, o quadrinho busca de forma indubitável nas suas entrelinhas e imagens passar informações. Desse modo, acreditamos que os quadrinhos do Capitão América acabam por “mostrar que é possível desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos (e alunos): rica de conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou nostalgia”. (PINSK; PINSK, 2007, p.19). Os quadrinhos do Capitão América, por sua vez, possibilitam ao professor de História, bem como aos alunos, compreender as diversas transformações políticas, econômicas e sociais que se deram entre os anos de 1919 e 1945 nos Estados Unidos e no mundo. Embora também seja possível discutir o magnífico supersoldado durante a Guerra Fria, período no qual ressurge e luta contra o socialismo soviético. No entanto, nossa discussão limita-se aos anos que sucederam a Primeira Guerra Mundial até finais da Segunda Guerra, quando o super-herói retorna ao seu país, sendo reconhecido como o maior exemplo de patriotismo da nação. As leituras das HQs a partir do Capitão América são capazes de desenvolver, assim como qualquer outra XVI Encontro Estadual de História – Poder, memória e resistência: 50 anos do golpe de 1964. Campina Grande. 25 a 29 de agosto de 2014. p. 428-436.

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produção histórica, a criticidade nos alunos, ao passo que provocam no sujeito o prazer ao ler suas fabulosas histórias. Se a leitura de uma revista de quadrinhos começa e termina na sua capacidade de gerar prazer & prazeres (mesmo quando levam à reflexão), a leitura de um texto crítico e/ou teórico também deve ser uma atividade mental prazerosa. A própria escrita ensaística, ou qualquer outra escrita – o ato de sua particular elaboração –, não pode fugir ao prazer. É necessário que exista uma “sensualidade da escrita” – para o leitor e para o autor. (CIRNE, 2004, p.9).

A utilização da capa (Figura 01) que narra a primeira aparição do Capitão América em março de 1941, representando Hitler sendo nocauteado sem chances de reação, pelo super-herói norte-americano dentro de um escritório na própria Alemanha, possibilita ao professor de História uma série de discussões em torno dessa emblemática fonte. Embora haja diversas outras páginas em HQs representando a superioridade dos Estados Unidos frente aos regimes nazista e fascista que se legitimavam pela Europa, destacamos a Captain America Comics N.1, como uma das inúmeras possibilidades para se discutir o início da década de 1940, quando a figura do Capitão América entrou em ação durante a Segunda Guerra Mundial combatendo o inimigo. A análise da imagem abaixo, além de representar a vitória dos Estados Unidos sobre a Alemanha, demonstra os soldados do exército Alemão atirando impiedosamente em direção ao super-herói norte-americano na tentativa de atingi-lo e derrotá-lo. No entanto, são tiros jorrados ao vento, pois, de forma ágil e flexível, o Capitão América consegue por meio de seu escudo, privar seu corpo do ataque inimigo e derrotá-los facilmente. Ao lado direito, na parte inferior da imagem (FIG. 01), também é possível observar a seguinte frase: “Smashing thru Captain America came face to face with Hitler”, que significa o “rosto a rosto” entre Capitão América e Hitler. As conclusões ficam a cargo do leitor, que logo entende a inferioridade alemã frente à superioridade norte-americana.

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Figura 01. As Primeiras Histórias – Marvel, 1992. Capa de Captain America Comics.

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Fonte: Disponível em: . Acesso em: set. 2013.

Apenas com essa interface, que por sinal encontra-se cheia de informações, percebemos que se torna possível e viável gerar uma série de discussões acerca da construção do Capitão América em 1941. Para tanto, os gibis fornecem ao professor de História um leque de possibilidades um tanto quanto motivadoras para se trabalhar em sala de aula, pois, ao nos depararmos com uma figura tão magnífica e suntuosa como é o Capitão América nas aulas de História, podemos imaginar o quanto os alunos poderão admirá-lo, porém com olhares mais críticos. A capacidade das HQs, em aliar entretenimento e diversão, deixa de representar um obstáculo, pode estimular os estudantes a torná-los mais seduzidos em aprender História. Ao incorporar as HQs no ensino de História, é possível perceber a estreita ligação entre os saberes escolares, as culturas escolares e o universo cultural mais amplo. (SILVA JÚNIOR, 2013, p. 81).

Desse modo, entendemos que o professor de História, ao trabalhar com as HQs do Capitão América, pode trazer para o espaço da sala de aula um novo ar de dinamicidade e sentido. Tornando possível um ensino de história prazeroso e interessante, como tanto lutamos para conseguir. Podemos incentivar os alunos, assim XVI Encontro Estadual de História – Poder, memória e resistência: 50 anos do golpe de 1964. Campina Grande. 25 a 29 de agosto de 2014. p. 428-436.

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como fez o personagem Steve Robers, a se transformar no Capitão América e a passar por uma experiência em sala de aula, na intenção de desenvolver neles uma postura mais crítica e contundente, visando a transformação do contexto histórico em que vivem. O Capitão América suscitou esses objetivos ao derrotar o seu arqui-inimigo, Hitler, levando consigo, para sua nação, a vitória, a paixão pela sua pátria e o amor pela história do seu país. Nessa perspectiva, trabalhar durante as aulas de História não somente com o Capitão América, mas também com outras revistas em quadrinhos possibilitará aos alunos o desenvolvimento dos seus olhares e concepções críticas, bem como de suas ações enquanto sujeitos históricos, em meio à realidade em que vivem. Infelizmente, o uso de história em quadrinhos ou gibis em sala de aula, ainda é visto com certo estranhamento e/ou preconceito por parte dos professores de História. O que de fato, não parece ser uma tarefa fácil em pesquisar e selecionar HQs que eventualmente narram ou representam determinado acontecimento histórico. No entanto, acreditamos que embora todas dificuldades que são encontradas diariamente pelos professores, o uso de HQs em sala de aula, fará com que a aula torne-se agradável e com que os alunos desenvolvam suas concepções e olhares críticos acerca dos problemas que estão a sua volta. Por meio dos quadrinhos os alunos podem abandonar a passiva observação e se verem como construtores históricos, sujeitos que interferem e opinam no e sobre o lugar em que vivem. As HQs permitem fazer múltiplas relações com diversos tempos e espaços; verificar mudanças, rupturas, permanências e continuidades ao longo do tempo; mais do que reproduzir, auxiliam na produção de conhecimentos de múltiplas interpretações. (SILVA JÚNIOR, 2013, p. 81).

Portanto, a utilização dos quadrinhos históricos em sala de aula, à exemplo do Capitão América tal como proposto neste artigo, pode fazer com que os alunos percebam que as aulas de História não são tão complexas ou “chatas” quanto parecem ser. Sendo possível torná-las dinâmicas e interessantes a partir de uma perspectiva inovadora e criativa, assim como é o trabalho com histórias em quadrinhos em sala de aula. REFERÊNCIAS CHAGAS, Luciana Zamprogne. Capitão América: interpretações socioantropológicas de um super-herói de histórias em quadrinhos. SINAIS - Revista Eletrônica, Vitória: CCHN, UFES, v. 1, n. 03, p. 134-162, 2008. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2014. CHAGAS, Luciana Zamprogne. Capitão América: interpretações socioantropológicas de um super-herói de histórias em quadrinhos. SINAIS - Revista Eletrônica, Vitória: CCHN, UFES, v. 1, n. 03, p. 134-162, 2008. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2014.

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Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 27., 2004, Porto Alegre. Quadrinhos, memória e realidade textual: quadrinhos, sedução e paixão. Porto Alegre: Intercom, 2004. 27 v. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2014. HOBSBAWM, Eric. A queda do liberalismo. In: HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914 – 1991). Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 113-144. HOBSBAWM, Eric. Rumo ao abismo econômico. In: HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914 – 1991). Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 90-112. HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 632p. MELO, Shesmman Fernandes Barros. O sentinela da liberdade e sua jornada heroica. Akrópólis – Revista de Ciências Humanas da UNIPAR, Umuarama, v. 16, n. 2, p. 121130, 2008. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2014. PINSK, Jaime; PINSK, Carla Bassanezi. Por uma história prazerosa e consciente. In: KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2007. p. 17-36. RÉMOND, René. O século XX: de 1914 aos dias atuais. Tradução de Octávio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1974. 207p. SILVA JÚNIOR, Astrogildo Fernandes da; RODRIGUES, Fabiana Conceição de Moura Gonçalves. Histórias em quadrinhos e ensino de história: olhares e práticas. Opsis, Catalão, v. 13, n. 1, p.66-82, 2 jun. 2013. Semestral. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2014.

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