JERUSA GOES ARAGÃO SANTANA DESENVOLVIMENTO DE CERÂMICAS MULTICAMADAS DE CARBETO DE SILÍCIO DESTINADAS A APLICAÇÕES TÉRMICAS

May 15, 2017 | Author: Edison Peralta Martinho | Category: N/A
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1 JERUSA GOES ARAGÃO SANTANA DESENVOLVIMENTO DE CERÂMICAS MULTICAMADAS DE CARBETO DE SILÍCIO DESTINA...

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JERUSA GOES ARAGÃO SANTANA

DESENVOLVIMENTO DE CERÂMICAS MULTICAMADAS DE CARBETO DE SILÍCIO DESTINADAS A APLICAÇÕES TÉRMICAS

Tese apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica na área de Projetos e Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Élson de Campos Co-orientador: Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo

Guaratinguetá 2010

S232d

Santana, Jerusa Góes Aragão Desenvolvimento de cerâmicas multicamadas de carbeto de silício destinadas a aplicações térmicas / Jerusa Góes Aragão Santana. - Guaratinguetá: [s.n], 2010. 202f.: il. Bibliografia: f.180-202

Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, 2010. Orientador: Prof. Dr. Élson de Campos Co-orientador: Prof. Dr. Francisco Cristóvão L. de Melo 1. Cerâmica – Propriedades Mecânicas. I.Título CDU 666.3

DADOS CURRICULARES JERUSA GOES ARAGÃO SANTANA

NASCIMENTO

21/07/61 – ARACAJU/SE

FILIAÇÃO

Dermival Meneses Aragão Élea Gois Meneses Aragão

1981/1986

Curso de Graduação em Engenharia Civil Universidade Federal de Sergipe – Aracaju/SE

1993/1993

Especialização “Lato Sensu” em Informática - Análise de Sistemas, Universidade Gama Filho - RJ

2003/2005

Mestrado Engenharia Mecânica, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Guaratinguetá

À minha família pelo apoio e incentivo ao longo desta jornada.

AGRADECIMENTOS

à UNESP que, ao abrir as suas portas e colocar a minha disposição recursos físico, humano e financeiro, possibilitou o meu engrandecimento pessoal e intelectual; ao CTA (AMR/IAE) pela colaboração em todas as etapas deste trabalho; à CST e CAPES pelo apoio financeiro; ao meu marido Eliel e a meus filhos Iasmin e Gabriel pela compreensão, paciência e estímulo; Aos meus familiares, principalmente D. Élea, minha mãe, que compartilhou da minha alegria e entusiasmo, entendendo a falta de tempo para estar ao seu lado; à BASF/Guaratinguetá, em especial ao Engenheiro e amigo Eliéser Borges pela doação do defloculante Lupasol SK; à DENVER RESINAS pela doação do defloculante Bio 300; ao meu orientador e amigo, Prof. Dr. Élson de Campos e ao Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo, pela atenção, confiança, incentivo e apoio incondicional; ao Prof. Dr. Emerson Ferreira de Lucena pela amizade, sugestões e ensinamentos em microscopia; ao Prof. Dr. Marcelo dos Santos Pereira, Coordenador da pós-graduação, pelo apoio e confiança durante a minha permanência nesta instituição de ensino; ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Silva Amorim (Departamento de Física e Química) pela realização das fotografias do ensaio de compressão diametral; ao Prof. Dr Roberto Yzumi Honda (Departamento de Física e Química) pelo auxílio na confecção dos moldes de silicone; ao Prof. Dr. Eleasar Martins Marins pelas sugestões no desenvolvimento e elaboração deste trabalho; ao Prof. Dr. Rodrigo Sampaio e colegas de doutorado Maria Gabriela A. Ranieri, Sílvia Sizuka Oishi e Maria Cândida Magalhães de Farias pela amizade e companheirismo;

às funcionárias da Biblioteca UNESP/FEG Ana Maria Antunes, Rosana Maria Maciel; à Luciana Batista, funcionária da biblioteca do AMR/CTA; ao técnico e amigo Domingos Hasman Neto pelo auxílio em todas as etapas deste trabalho; aos funcionários do departamento de Materiais e Tecnologia (DMT), em especial ao técnicos Ely de Almeida Fornitano e Wilson Roberto Monteiro;

Este trabalho contou com o apoio financeiro das seguintes entidades: - CAPES - Convênio UNESP/CST – processo n° 59/2007

Nuestras horas son minutos cuando esperamos saber, y siglos cuando sabemos lo que se puede aprender Antônio Machado (Provérbios y Cantares)

SANTANA, J. G. A. Desenvolvimento de cerâmicas multicamadas de carbeto de silício destinadas a aplicações térmicas. 2010. 202 f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2010. RESUMO Cerâmicas multicamadas de carbeto de silício foram obtidas por conformação por consolidação ou prensagem e utilizando diferentes técnicas de adesão das camadas. Produzidas com duas ou três camadas e apresentando gradientes de porosidades, a sistemática para obtenção destas cerâmicas teve início com o estudo individual das amostras. Para atender a níveis de porosidades previamente estabelecidos (15, 30 e 50%), foram conformadas amostras com diferentes composições e percentuais de sólidos. Na prensagem uniaxial utilizou-se um aditivo de sinterização (YAG) para controle do nível de porosidade das amostras. Por meio da realização de ensaios físicos, mecânicos, microscópicos e termomecânicos, foi possível conhecer as particularidades e características inerentes ao método de conformação empregado. As cerâmicas conformadas por prensagem apresentaram melhores acabamentos superficiais, poros pequenos, menores incidências de defeitos, porosidade e resistência mecânica influenciada pelo teor de aditivo empregado. Nas cerâmicas conformadas por consolidação, a existência de uma elevada porosidade associada a defeitos como trincas e fissuras, deterioraram a resistência mecânica das amostras. Baseando-se nos resultados obtidos, partiu-se então, para confecção das cerâmicas multicamadas. Na conformação por consolidação foram produzidas cerâmicas com duas ou três camadas, utilizando-se dois métodos: sobreposição direta e sobreposição por meio de sulcos. Na sobreposição direta a constituição das camadas ocorreu por entorno da dispersão sobre uma camada anteriormente processada. Entretanto, as tensões originadas durante as etapas de secagem conduziram a formação de abaulamento no ponto de adesão das camadas, comprometendo a sua resistência. A utilização de um defloculante polietilenimina com

elevado peso molecular (Lupasol SK), ao formar um espesso filme na superfície das amostras, permitiu a produção de sulcos entre as camadas. A redução das tensões existentes nesta região possibilitou a conformação de cerâmicas sem defeitos na interface. As amostras produzidas por prensagem foram coladas por meio da adoção de uma camada vítrea. Utilizou-se para tanto, borossilicato de lítio ou de chumbo, cujos desempenhos foram influenciados pelas atmosferas de processamento empregadas. As amostras coladas com borossilicato de lítio e aquecidas em atmosfera inerte (argônio) apresentaram fácil desprendimento das camadas, como conseqüência da insuficiente formação de vidro nesta região. Uma camada vítrea mais efetiva foi obtida com a utilização do borossilicato de chumbo, após ajustes na sistemática adotada e utilizando atmosfera de processamento ao ar.

PALAVRAS-CHAVE: Carbeto de silício. cerâmicas. consolidação. prensagem. multicamadas.

SANTANA, J. G. A. Multilayer ceramic development of silicon carbide used in thermal applications. 2010. 202 f. Thesis (Doctorate in Mechanical Engineering) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2010.

ABSTRACT

Multilayer ceramics of silicon carbide were obtained by consolidation or pressing by using different techniques for layers adhesion. Produced with two or three layers and showing porosity gradients, the method for obtaining these ceramics began with the individual study of the samples. In order to achieve the porosity levels previously established (15, 30 and 50%), the samples were conformed with different compositions and percentages of solids. A sintering additive (YAG) was used in the uniaxial pressing in order to control the porosity of the samples. Through physical, mechanical, microscopic and thermomechanical tests, it was possible to know the peculiarities and characteristics related to the conforming method that was used. The obtained ceramics by pressing showed better superficial finish, small pores, lower incidence of defects, porosity and mechanical strength, influenced by the percentage of additive employed in the samples. The ceramic samples by consolidation had their mechanical strength damaged due to the high porosity associated with defects such as cracks and fissures. Multilayer ceramics were produced from the obtained results. Ceramic samples were produced by consolidation with two or three layers, by using two methods: direct overlap and overlap through grooves. In the direct overlap, the layer forming was performed by pouring the dispersion over another layer previously processed. However, the arisen tensions during the drying steps, made the interface between the layers become convex, compromising their strength. The use of the dispersant polyethylenimine (Lupasol SK), with high molecular weight, formed a thick film on the sample surface, allowing the production of grooves between the layers. The reduction of tensions on sample layers enabled the ceramic forming without defects on the interface. Samples produced by

pressing were stuck with a glassy layer. To achieve this purpose, it was used lithium or lead borosilicate whose performances were influenced by the processing environment The samples stuck with lithium borosilicate and heated in an inert environment (argon), showed easy layer detachment, because of the insufficient formation of the glass. It was obtained a more effective glassy layer by using lead borosilicate, after adjustments in the methodology and by adopting a processing into the air.

KEYWORDS: silicon carbide. ceramics. consolidation. pressing. multilayers.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1

- Módulo da nave Apollo durante (a) e após (b) a reentrada atmosférica em que se observa o efeito do calor excessivo sobre a sua estrutura

FIGURA 2.2

- Perfis de temperatura nas superfícies exteriores do ônibus espacial durante a reentrada atmosférica

FIGURA 2.3

40

- Materiais utilizados no sistema de proteção térmica do ônibus espacial

FIGURA 2.4

38

41

- Ilustração de um sólido poroso com representação de diferentes morfologias de poros. Poros abertos ou interconectados (a,b e c) e fechados ou isolados (d e e). Em forma de gargalo de garrafa (b), cilíndrico (c) e esférico (e)

FIGURA 2.5

- Classificação dos poros e sua aplicação em materiais cerâmicos

FIGURA 2.6

42

43

- Principais técnicas utilizadas para produção de materiais cerâmicos

45

FIGURA 2.7

- Formação de ponte líquida entre duas superfícies sólidas

49

FIGURA 2.8

- Molhabilidade de uma superfície sólida por um líquido

49

FIGURA 2.9

- Representação do comportamento das partículas em presença de um líquido: regime de saturação (a), funicular (b) e pendular (c)

FIGURA 2.10

50

- Etapas envolvidas no processo de secagem de um material sólido

53

FIGURA 2.11

- Sinterização por fase sólida (a) e por fase líquida (b)

FIGURA 2.12

- Sinterização por fase sólida: esquema representativo das alterações na morfologia e tamanho de um poro

FIGURA 2.13

FIGURA 2.14

- Modos básicos de deslocamento dos planos de fratura

FIGURA 2.15

- Defeitos que comprometem a resistência de um material cerâmico

FIGURA 2.16

- Poros originados pela presença de espumas

FIGURA 2.17

- Superfícies das amostras cerâmicas de SiC, conformadas com proteína vegetal (soja) (a) e com amido (b)

FIGURA 2.21

- Ensaio de flexão por três (a) e quatro pontos (b)

FIGURA 2.22

- Distribuição de tensões e secção transversal de uma barra retangular submetida a ensaio de tração na flexão

71

73

76

77 81

82

83

- Formação de trincas em materiais submetidos a condições bruscas de temperatura

FIGURA 2.25

71

- Distribuição de tensão e secção transversal em uma amostra submetida a ensaio de compressão diametral

FIGURA 2.24

68

- Falhas (trincas) formadas na superfície em decorrência da introdução de defeitos

FIGURA 2.23

66

- Formação de poros em uma amostra cerâmica de SiC conformada por consolidação e contendo amido de milho

FIGURA 2.20

60

- Variações dimensionais em função da elevação de temperatura para alguns materiais cerâmicos

FIGURA 2.19

58

- Formação de menisco líquido e sua influência no processo de interação entre partículas: atração (a e b) e repulsão (c)

FIGURA 2.18

56

- Comprimento (a) e resistência mecânica (b) de um material

85

com trincas iniciais curtas em função da variação de temperatura FIGURA 2.26

- Comprimento (a) e resistência mecânica (b) de um material com trincas longas em função da variação de temperatura

FIGURA 2.27

92

- Condutividade térmica em função da temperatura de várias classes de materiais

FIGURA 2.29

89

- Comparação da capacidade térmica em função da temperatura para alguns materiais cerâmicos

FIGURA 2.28

88

96

- Modelos idealizados da condutividade em função da distribuição de fases em um material. Condutividade paralela (a), em série (b), fase contínua principal (c) e fase contínua secundária (d)

FIGURA 2.30

97

- Representação esquemática da estrutura de um composto tipo A2O3: retículo correspondente à fase cristalina (a) e a fase vítrea (b)

FIGURA 3.1

- Fluxograma das etapas envolvidas e respectivos materiais utilizados na conformação das amostras deste trabalho

FIGURA 3.2

117

- Prensagem uniaxial das cerâmicas de SiC contendo amido de milho (processo A2)

FIGURA 3.5

110

- Metodologia empregada na conformação de cerâmicas de SiC por prensagem uniaxial por via seca (processo A1)

FIGURA 3.4

109

- Fluxograma com os ensaios empregados na caracterização das cerâmicas de SiC

FIGURA 3.3

104

118

- Prensagem uniaxial das cerâmicas de SiC utilizando aditivo de sinterização em sua composição (processos A3 e A4)

119

FIGURA 3.6

- Conformação por consolidação das amostras contendo SiC e amido (B)

FIGURA 3.7

- Conformação por consolidação das amostras contendo somente SiC em sua composição (B)

FIGURA 3.8

120

120

- Recipientes utilizados para confecção de amostras cilíndricas de SiC: moldes de PVC com diferentes diâmetros (a), de silicone (b) e de aço temperado (c)

FIGURA 3.9

123

- Esquema ilustrativo do seccionamento das amostras cerâmicas destinadas à microscopia. Corte diametral (a e b) e transversal (c)

FIGURA 3.10

124

- Fotografia do ensaio de compressão diametral realizado em uma amostra cerâmica de SiC em que se observa a utilização do papel cartão entre as placas

FIGURA 3.11

- Detalhes da distribuição e espessura das cerâmicas multicamadas de SiC

FIGURA 3.12

128

- Etapas envolvidas na conformação das cerâmicas de SiC contendo três camadas

FIGURA 3.13

128

130

- Metodologia utilizada para adesão das camadas com borossilicato de chumbo:aplicação do material (a), compressão manual das amostras (b) e proteção com fita adesiva (c)

FIGURA 4.1

133

- Exemplo de algumas cerâmicas de SiC utilizadas neste trabalho. Conformadas por prensagem (a, b e c, respectivamente com 2,5% de amido, 9% e 5% de YAG e por consolidação (d, 2,5% amido)

FIGURA 4.2

- Porosidade aparente das amostras conformadas por prensagem

137

(via seca e úmida) (a) e por conformação por consolidação (b) FIGURA 4.3

143

- Rugosidade média das amostras de carbeto de silício conformadas por prensagem (via seca e úmida) (a) e conformação por consolidação (b)

FIGURA 4.4

146

- Superfície das amostras cerâmicas de SiC conformadas por consolidação (a) e por prensagem (b) em que se observa a diferença de tamanho dos poros

FIGURA 4.5

- Quantidade média dos poros das amostras de SiC conformadas por prensagem (a) e por conformação por consolidação (b)

FIGURA 4.6

149

- Fração porosa das amostras de carbeto de silício conformadas por prensagem (via seca e úmida) (a) e por consolidação (b)

FIGURA 4.7

148

151

- Tamanho médio dos poros das amostras de carbeto de silício conformadas por prensagem (via seca e úmida) (a) e por consolidação (b)

FIGURA 4.8

- Micrografias das cerâmicas de SiC conformadas por prensagem via seca (ampliações de 1000 X e 5000 X)

FIGURA 4.9

152

153

- Micrografias das cerâmicas de SiC conformadas por prensagem via úmida com 2,5% de amido (ampliações de 1000 X e 5000 X)

FIGURA 4.10

154

- Micrografias das cerâmicas de SiC conformadas por prensagem via úmida com 5% de YAG (ampliações de 1000 X e 5000 X)

FIGURA 4.11

155

- Micrografias das cerâmicas de SiC conformadas por prensagem via úmida com 9% de YAG (ampliações de 1000 X e 5000 X)

155

FIGURA 4.12

- Micrografias das cerâmicas de SiC conformadas por consolidação contendo 2,5% de amido (ampliações de1000 X e 5000 X)

FIGURA 4.13

156

- Relação entre a porosidade aparente (a) e o tamanho dos aglomerados de grãos (b) para as amostras conformadas por prensagem

FIGURA 4.14

157

- Fotografias de fraturas apresentadas pelas amostras de SiC submetidas ao ensaio de compressão diametral e após choque térmico. Processo A1 (a), A3 (b) e A4 (c)

FIGURA 4.15

- Corte diametral de uma cerâmica multicamada de SiC em que se observa o defeito de abaulamento entre as camadas

FIGURA 4.16

164

166

- Superfície das cerâmicas de SiC com dupla camada (5 e 15% de amido) obtidas por sobreposição direta (a) e por meio da introdução de sulcos (b)

FIGURA 4.17

167

- Superfície das cerâmicas de SiC com dupla camada (5 e 10% de amido) obtidas por sobreposição direta (a) e por meio da introdução de sulcos (b)

FIGURA 4.18

168

- Superfície das cerâmicas de SiC com tripla camada (0, 5 e 10% de amido) obtidas por sobreposição direta (a) e por meio da introdução de sulcos (b)

FIGURA 4.19

- Interface da cerâmica dupla camada de SiC conformada por consolidação com 5 (a) e 10% (b) da amido (corte transversal)

FIGURA 4.20

169

170

- Processo de adesão de uma cerâmica cujas camadas foram coladas com borossilicato de chumbo: antes (a) e após a realização do choque térmico (b)

174

LISTA DE TABELAS TABELA 2.1

- Propriedades dos materiais a base de SiC e suas possíveis aplicações

TABELA 2.2

35

- Principais características dos amidos de interesse na conformação de materiais cerâmicos

48

TABELA 2.3

- Estágios do processo de sinterização por fase sólida

57

TABELA 2.4

- Estágios da sinterização em presença de fase líquida

61

TABELA 2.5

- Constantes elásticas para alguns materiais cerâmicos

75

TABELA 2.6

- Comprimento e resistência mecânica de material com trincas iniciais curtas em função da temperatura

TABELA 2.7

- Comprimento e resistência mecânica de material com trincas longas em função da temperatura

TABELA 2.8

TABELA 2.10

® - Composição aproximada do vidro tipo “Pyrex ”

TABELA 2.11

- Propriedades físicas, mecânicas e térmicas apresentadas pelo vidro tipo “Pyrex®”

107

107

112

- Principais características do dispersante Denvencril Bio 300, segundo informações do fabricante

TABELA 3.3

106

- Principais características apresentadas pelo defloculante Lupasol SK

TABELA 3.2

102

- Natureza química de alguns compostos empregados nos vidros produzidos por fusão/resfriamento

TABELA 3.1

90

- Coeficiente linear médio de expansão térmica e temperatura de fusão de alguns materiais cerâmicos

TABELA 2.9

87

- Características apresentadas pelos materiais que compõem o

113

YAG TABELA 3.4

- Principais características apresentadas pelo álcool polivinílico

TABELA 3.5

- Composição do borossilicato de lítio utilizado na adesão das camadas

TABELA 3.6

TABELA 4.1

- Técnicas empregadas na conformação das amostras cerâmicas

TABELA 4.2

- Parâmetros perda de massa e contração das amostras cerâmicas de SiC

138

140

145

160

- Resistência à compressão diametral das cerâmicas antes e após realização do ensaio de choque térmico

TABELA 4.7

134

- Resistência mecânica das cerâmicas submetidas a ensaio de compressão diametral antes do choque térmico

TABELA 4.6

132

- Rugosidade média (Ra) e total (Rt) das amostras cerâmicas de SiC

TABELA 4.5

129

- Absorção de água, massa específica, porosidade aparente e volume de poros abertos das amostras cerâmicas de SiC

TABELA 4.4

116

- Características das amostras utilizadas no estudo da adesão com uma camada vítrea (borossilicato de chumbo)

TABELA 4.3

115

- Composições utilizadas na produção de cerâmicas multicamadas de SiC pelo método de sobreposição direta

TABELA 3.9

114

- Técnicas de conformação e materiais empregados para a obtenção das cerâmicas de carbeto de silício

TABELA 3.8

114

- Composição do borossilicato de chumbo utilizado na adesão das camadas

TABELA 3.7

113

160

- Principais características observadas na fratura das amostras conformadas pelo processo A1

162

TABELA 4.8

- Principais características observadas na fratura das amostras conformadas pelo processo A3

TABELA 4.9

- Principais características observadas na fratura das amostras conformadas pelo processo A4

TABELA 4.10

162

- Parâmetros microscópicos da interface das amostras conformadas por consolidação com 5 e 10% de amido

TABELA 4.11

162

170

- Composições vítreas utilizadas na adesão das camadas cerâmicas deste trabalho

172

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT

-

Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMR

-

Divisão de materiais

As

-

aditivo de sinterização

CTA

-

Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial

FEG

-

Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá

IAE

-

Instituto de Aeronáutica e Espaço

Mlf

-

material ligante e elemento formador de poros

OPU

-

suspensão coloidal a base de sílica

PEI

-

Polietilenimina

PVA

-

acetato de polivinila

PVal

-

álcool polivinílico

PVC

-

cloreto de polivinila

PTC

-

período de taxa constante

PTD1

-

período de taxa decrescente 1

PTD2

-

período de taxa decrescente 2

SPT

-

sistema de proteção térmica

UNESP

-

Universidade Estadual Paulista

YAG

-

Ytrium Aluminium Garent

Į-SiC

-

carbeto de silício Į

ȕ-SiC

-

carbeto de silício ȕ

LISTA DE SÍMBOLOS

AA

- absorção da água

D. pad

- desvio padrão

KOH

- hidróxido de potássio

massa%

- percentual em massa

NaOH

- hidróxido de sódio

PA

- porosidade aparente

Ra

- rugosidade média

Rt

- rugosidade total

vol%

- percentual em volume

Vp.aberto

- volume de poros abertos

ȡA

- massa específica aparente

E

- módulo elástico

G

- módulo de cisalhamento

UNIDADES

ºC

- graus Celsius

g

- Grama

h

- Hora

K

- Kelvin

kgf

- quilograma força

m

- Metro

min

- Minuto

MPa

- mega Pascal = 106 Pascals

mPa

- mili Pascal = 10-3 Pascals

mm

- Milímetro

nm

- nanometro = 10-9 m

s

- Segundo

ȝm

- micrometro=10-6m

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

30

1.1 Justificativa/motivação

30

1.2 Objetivo

31

1.2.1 Objetivo geral

31

1.2.2 Objetivos específicos

31

1.3 Sistemática adotada na execução deste trabalho

32

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

33

2.1 Natureza dos materiais cerâmicos

33

2.2 Carbetos

33

2.2.1 Carbeto de silício

34

2.3 Cerâmicas refratárias

36

2.4 Cerâmicas refratárias de SIC destinadas a aplicações térmicas

37

2.4.1 Reentrada atmosférica

37

2.4.1.1 Sistema de proteção térmica passivo por ablação

39

2.5 Cerâmica porosa

41

2.6 Processamento de materiais cerâmicas

44

2.6.1 Conformação de particulados

45

2.6.1.1 Prensagem do pó

45

2.6.1.2 Conformação direta

46

2.6.1.2.1 Conformação por consolidação com amido

47

2.6.2 Cinética da secagem em materiais sólidos

48

2.6.2.1 Molhabilidade do sólido pelo líquido

48

2.6.2.2 Mecanismos de transmissão de calor e transporte de massa

51

2.6.2.3 Características de porosidade e comportamento higroscópico dos materiais sólidos 2.6.2.4 Etapas envolvidas no processo de secagem de um material sólido

52 52

2.6.3 Processo de sinterização

55

2.6.3.1 Sinterização por fase sólida

56

2.6.3.2 Sinterização por fase líquida

59

2.6.3.2.1 Aditivos de sinterização

62

2.7 Dispersões cerâmicas

63

2.7.1 Tensoativos ou surfactantes

63

2.7.1.1 Dispersantes ou defloculantes

64

2.8 Comportamento mecânico e caracterização das cerâmicas

65

2.8.1 Mecânica da fratura

65

2.8.1.1 Tenacidade à fratura em materiais cerâmicos

67

2.8.2 Defeitos que comprometem a resistência dos materiais cerâmicos

68

2.8.2.1 Poros

69

2.8.2.1.1 Constantes elásticas

72

2.8.2.2 Inclusões

75

2.8.2.3 Aglomerados

76

2.8.2.4 Defeitos de superfície

77

2.8.2.5 Tamanho de grão

78

2.8.3 Avaliação da resistência mecânica dos materiais cerâmicos

80

2.8.3.1 Ensaio de resistência à tração na flexão por três ou quatro pontos

80

2.8.3.2 Ensaio de tração por compressão diametral

82

2.9 Efeito da temperatura sobre as propriedades das cerâmicas

84

2.9.1 Choque térmico

84

2.9.1.1 Principais parâmetros físicos envolvidos no choque térmico

90

2.9.1.1.1 Capacidade térmica ou capacidade calorífica

90

2.9.1.1.2 Condutividade térmica

92

2.9.1.1.3 Expansão térmica

100

2.10 Adesão entre camadas

103

2.10.1 Vidros

103

2.10.1.1 Vidros de borossilicatos

106

3 MATERIAIS E MÉTODOS

109

3.1 Materiais

111

3.1.1 Carbeto de silício

111

3.1.2 Amido de milho

111

3.1.3 Defloculantes

111

3.1.3.1 Lupasol SK

111

3.1.3.2 Denvercril Bio 300

112

3.1.4 Aditivos

113

3.1.4.1 Aditivo de sinterização (YAG)

113

3.1.4.2 Ligante (PVal)

113

3.1.5 Vidros de borossilicato

114

3.1.5.1 Borossilicato de lítio

114

3.1.5.2 Borossilicato de chumbo

115

3.2 Confecção das amostras cerâmicas

115

3.2.1 Prensagem uniaxial (A)

116

3.2.1.1 Prensagem uniaxial por via seca

116

3.2.1.1.1 Amostras conformadas com carbeto de silício (A1)

116

3.2.1.2 Prensagem por via úmida

117

3.2.1.2.1 Amostras conformadas com carbeto de silício e amido de milho (processo A2)

117

3.2.1.2.2 Amostras conformadas com carbeto de silício e aditivo de sinterização (YAG) (processo A3 e A4)

118

3.2.2 Conformação por consolidação (B)

119

3.3 Caracterização das propriedades físicas das cerâmicas

121

3.3.1 Perda de massa e contração das amostras

121

3.3.2 Massa específica e porosidade aparente

121

3.3.3 Rugosidade

122

3.4 Caracterização microscópica

122

3.4.1 Preparação das amostras

123

3.4.1.1 Seccionamento

123

3.4.1.2 Lixamento

124

3.4.1.3 Polimento

125

3.4.2 Aquisição das imagens

125

3.4.2.1 Microscopia óptica

125

3.4.2.1.1 Parâmetros microscópicos

126

3.4.2.2 Microscopia eletrônica de varredura

126

3.5 Caracterização termomecânica

126

3.5.1 Ensaio de choque térmico

126

3.5.2 Ensaio de compressão diametral

127

3.6 Conformação das cerâmicas multicamadas

128

3.6.1 Cerâmicas multicamadas conformadas por consolidação (sobreposição direta)

129

3.6.2 Cerâmicas multicamadas obtidas por prensagem (adesão por meio de uma camada vítrea)

131

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

134

4.1 Conformação das amostras

134

4.2 Caracterização das propriedades físicas das cerâmicas

137

4.2.1 Perda de massa e contração

137

4.2.2 Massa específica e porosidade aparente

139

4.2.3 Rugosidade

144

4.3 Caracterização microscópica

147

4.3.1 Microscopia óptica

147

4.3.2 Microscopia eletrônica de varredura

153

4.4 Caracterização Termomecânica

158

4.4.1 Ensaio de choque térmico

158

4.4.2 Ensaio de compressão diametral

159

4.5 Conformação das cerâmicas multicamadas de SiC

164

4.5.1 Conformação das cerâmicas multicamadas por consolidação

165

4.5.1.1 Conformação por sobreposição direta das camadas

165

4.5.1.2 Conformação por sobreposição das camadas por meio de sulcos

171

4.5.2 Conformação das cerâmicas multicamadas por prensagem

172

4.5.2.1 Adesão das cerâmicas por meio de uma camada vítrea

172

4.5.2.2 Ensaio de choque térmico

173

5 CONCLUSÕES

176

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

179

REFERÊNCIAS

180

30

1 INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa/motivação

Por apresentarem propriedades, como: baixo coeficiente de expansão térmica, elevada capacidade calorífica e reduzida condutividade, os materiais cerâmicos porosos são ideais para situações que demandam severos gradientes de temperatura. Incluem-se nesta categoria os filtros para aerossóis, os isolantes térmicos e os componentes para veículos espaciais. Entretanto, a porosidade traz conseqüências negativas para a resistência mecânica das amostras, conduzindo a uma fratura catastrófica do material quando em serviço. A utilização de materiais como, por exemplo, o carbeto de silício e a adoção de um processo de conformação adequado melhoram as propriedades mecânicas das cerâmicas e assim, originam materiais porosos de alto desempenho. A motivação para desenvolvimento deste trabalho surgiu da necessidade de se confeccionar uma cerâmica multicamada com propriedades isolantes e destinadas a aplicações térmicas. Produzidas em forma de placas, essas cerâmicas seriam utilizadas, por exemplo, na proteção da fuselagem de veículos espaciais no momento da reentrada atmosférica. Assim, variados níveis de porosidades foram pré-estabelecidos de forma a expor diretamente aos efeitos do calor excessivo, a camada com maiores percentuais de poros. A camada mais densa, por sua vez, estaria presa a fuselagem da nave garantindo a sua integridade. Em ambas as situações, as camadas deveriam apresentar excelente adesão (para suportar os severos gradientes térmicos) e resistência mecânica suficiente (para não se desprenderem no momento da decolagem e reentrada atmosférica). Considerando as premissas expostas, amostras porosas de SiC e com variação no nível de porosidade foram produzidas, utilizando-se diferentes técnicas de conformação. Para sobreposição das camadas, três metodologias foram desenvolvidas, analisando-se suas características particulares e específicas. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho outros empregos para as cerâmicas multicamadas de SiC foram vislumbrados como, por exemplo, em substrato para espelhos e estruturas mais leves para satélites.

31

1.2 Objetivo

1.2.1 Objetivo geral

Desenvolver cerâmicas multicamadas de SiC com diferentes níveis de porosidade e destinadas à aplicações térmicas é o propósito deste trabalho, desenvolvido em parceria com o AMR/IAE. Para tanto, foram utilizadas diferentes técnicas de conformação e de sobreposição das camadas.

1.2.2 Objetivos específicos

Para a obtenção de cerâmicas porosas com as condições supracitadas foi adotada a seguinte metodologia:

1. Emprego de diferentes tipos de defloculantes, verificando-se o comportamento reológico destes materiais em presença de suspensões de SiC; 2. Adoção de diferentes percentuais de sólidos com o objetivo de verificar aquele que melhor satisfaz as condições de porosidades pré-estabelecidas; 3. Utilização de diversificadas técnicas de conformação; 4. Estudo da aderência entre camadas com diferentes níveis de porosidades; 5. Correções de defeitos e imperfeições oriundos das tensões térmicas surgidas no processo de secagem; 6. Realização de ensaios físicos, mecânicos e termomecânicos para verificar a resistência das cerâmicas resultantes; 7. Análise microscópica das imagens das amostras com o objetivo de conhecer informações a respeito do tamanho, morfologia e distribuição dos poros.

32

1.3 Sistemática adotada na execução deste trabalho

O presente trabalho foi realizado de forma sistemática, utilizando-se matériasprimas de variadas origens e granulometrias. Ao longo desta pesquisa, inúmeras suspensões coloidais e amostras cerâmicas delas procedentes foram estudadas. Os erros e acertos obtidos permitiram conhecer as peculiaridades e as características específicas apresentadas pelas cerâmicas porosas de carbeto de silício. Toda a metodologia empregada, os principais parâmetros envolvidos e os resultados obtidos são apresentados nos cinco capítulos seguintes. Uma descrição detalhada dos materiais utilizados, as etapas envolvidas na produção das cerâmicas, as particularidades dos ensaios físicos, mecânicos e termomecânicos é apresentada no Capítulo 2. No Capítulo 3 são fornecidas informações a respeito das propriedades específicas dos materiais utilizados e da sistemática adotada tanto na conformação das cerâmicas como nos ensaios empregados. A análise dos resultados obtidos por meio de diferentes técnicas de conformação, bem como sua influência na caracterização física, mecânica e microscópica das amostras é apresentada no Capítulo 4. O Capítulo 5 mostra uma retrospectiva das propriedades apresentadas pelas cerâmicas refratárias de carbeto de silício, indicando alterações necessárias para otimização de seu uso. Finalmente, no Capítulo 6 estão contidas sugestões para trabalhos futuros com os materiais empregados.

33

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Natureza dos materiais cerâmicos

Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica, ABC (2002), as cerâmicas compreendem todos os materiais inorgânicos, não metálicos, obtidos geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas. Para esta classe de materiais, as ligações interatômicas podem ser de três tipos: iônicas, predominantemente iônicas com alguma natureza covalente (óxido de alumínio, óxido de magnésio, por exemplo) ou totalmente covalentes (carbeto de silício e nitreto de boro) (BARSOUM, 2003a; CALLISTER, 2002a; PADILHA, 1997a). Entretanto, na sílica, as ligações iônicas e covalentes apresentam a mesma igualdade de participação (PADILHA, 1997a). A estrutura interna dos materiais cerâmicos apresenta um arranjo coordenado de átomos. Este arranjo abrange modelos altamente ordenados e repetitivos (caso das cerâmicas cristalinas) e aqueles desordenados sem estrutura atômica regular, como as cerâmicas amorfas (ditas, também, não cristalinas). Em ambos os casos, o processo de deformação ocorre de forma distinta. Nas cerâmicas cristalinas, este fenômeno ocorre como conseqüência da movimentação de discordâncias; nas cerâmicas amorfas, porém, a deformação acontece por meio de um escoamento viscoso (CALLISTER, 2002b; PADILHA, 1997a).

2.2 Carbetos

São materiais refratários que possuem alta dureza, elevado ponto de fusão e estabilidade química a temperatura ambiente (DAHOTRE; KADOLKA; SHAH, 2001). Apresentam propriedades elétricas, mecânicas e térmicas modificadas pela existência de defeitos em sua estrutura, o que os torna, ao lado do nitretos, ideais para aplicações a altas temperaturas (DAHOTRE; KADOLKA; SHAH, 2001; SHAFFER, 1991).

34

De acordo com os elementos químicos que abrangem, os carbetos são divididos em três classes: iônicos, intersticiais e covalentes. Os carbetos ditos iônicos compreendem os elementos da tabela periódica pertencentes aos Grupos I (sódio, potássio,...), II (cálcio, magnésio,...), III (alumínio, ítrio,...) e lantanídeos. São instáveis em condições atmosféricas, reagindo com a umidade para produzir hirocrabonetos como, por exemplo, metano e acetileno (SHAFFER, 1991). Já os carbetos intersticias formam componentes estáveis com os elementos de transição pertencentes aos Grupos IVa (titânio, zircônia,...), Va (nióbio, tântalo,...) e VIa (cromo, tungstênio,...). Entretanto, com os elementos pertencentes ao Grupo VIII (ferro, cobalto,...) são formados componentes com menor estabilidade (SHAFFER, 1991). SiC e B4C são os únicos constituintes dos carbetos covalentes, e são empregados comercialmente em virtude da suas excelentes estabilidades térmica e química, além de extrema dureza (SHAFFER, 1991). Em função da complexidade do assunto, somente serão abordadas as propriedades inerentes ao SiC, uma vez que as cerâmicas utilizadas neste trabalho foram conformadas com o referido material.

2.2.1 Carbeto de silício

O carbeto de silício, também conhecido por carborundum, é um composto sólido constituído em partes iguais por carbono e silício. Em seu estado natural é encontrado em quantidades mínimas e em lugares geológicos específicos (crateras vulcânicas abertas, paredes diamantadas e em alguns meteoritos), razão pela qual é comercializado na forma sintética (MANSiC 3C, 2007). Sua preparação em escala industrial foi obtida em 1891 por Edward Goodrich Acheson, em forno elétrico e por meio da reação da sílica e carbono (BOWDEN, 1997; TREIBACHER SCHLEIFMITTEL BRASIL, 2004). A coloração do SiC varia de acordo com o grau de pureza em sua constituição: o verde-claro apresenta 99,8% de pureza e contém ferro, enquanto o preto com reflexos metálicos, 99,0% e pode conter elevados teores de carbono livre ou pequenas quantidades

35

de alumínio ou silício (AULT; CROWE, 1993; TREIBACHER SCHLEIFMITTEL BRASIL, 2004). As características específicas exibidas pelo SiC decorrem das ligações covalentes entre os seus átomos e constituem em um obstáculo quando o propósito é a obtenção de cerâmicas densas por meio da tecnologia do pó (IZHEVSKYI et al., 2000a; VOLZ et al., 2001). Assim, por seu caráter covalente (maior que 88%) e seu baixo coeficiente de autodifusão, a densificação do carbeto de silício ocorre somente a elevadas pressões e/ou elevadas temperaturas (2100°C) (IZHEVSKYI et al., 2000a). Uma vez sinterizado, este material se transforma em uma cerâmica extremamente forte cuja resistência é limitada, por exemplo, pela existência de falhas, grãos alongados e porosidade em sua estrutura (SHAFFER, 1991). Na Tabela 2.1 são apresentadas algumas propriedades e aplicações do carbeto de silício.

Tabela 2.1 – Propriedades dos materiais a base de SiC e suas possíveis aplicações (PAMPUCH ,1998). Propriedades Dureza

Aplicações Material abrasivo (pedra de esmeril, lixas de papel)

Alta estabilidade térmica e resistência a elevadas Refratários aplicados na metalurgia e indústrias temperaturas pesadas Alta resistência para irradiação e resistência a Tanques de combustíveis em reatores nucleares elevadas temperaturas Resistividade elétrica

Resistências

Propriedades semicondutoras

Receptores ultravioletas, varistores

Resistência a ácidos e bases, resistência à Selos mecânicos, mancais e bicos abrasão Elevada condutividade, alta estabilidade térmica, Troca de calor (tubos e proteção) resistência à corrosão e abrasão

36

Outra importante característica apresentada pelo carbeto de silício diz respeito a centenas de diferentes estruturas apresentadas por seus cristais (politipos). Entretanto, em função da estabilidade, somente duas fases cristalinas são utilizadas: a fase cúbica, referida como ȕ-SiC (estável até 2000°C) e a fase não-cúbica (hexagonal ou romboédrica), designada Į-SiC (estável até 2300°C) (IZHEVSKYI et al., 2000a; KAPLAN; BERMUDEZ, 1995; RIBEIRO; KELLY; STRECKER, 2001; SHAFFER, 1991). Em aplicações de alta freqüência (radares, por exemplo) são empregados politipos com estruturas cúbicas; já em condições que exijam elevadas temperaturas (motores de carros ou aviões) e elevadas potências (distribuição de corrente de alta tensão), utiliza-se a forma hexagonal (MANSiC 3C, 2007).

2.3 Cerâmicas refratárias

Com composições e estruturas variadas, as cerâmicas refratárias apresentam alta porosidade e/ou grandes tamanhos de partículas (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976a; RICHERSON, 2006a). Essas características são importantes constituintes para a obtenção de propriedades desejáveis, como baixa condutividade térmica e alta resistência ao choque térmico (RICHERSON, 2006a). Somam-se a isso a capacidade de resistir a elevadas temperaturas sem fundir ou decompor e a não reatividade quando exposto à ambientes severos (CALLISTER, 2002b). Materiais como mulita, titanato de alumínio, alumina e carbeto de silício, dentre outros, fazem parte dessa classe de material cujo emprego abrange variados fins (SHACKELFORD, 1996). Assim, as cerâmicas refratárias são aplicadas, por exemplo, como revestimentos de fornos e aeronaves, isolantes térmicos, filtros para indústria automotiva e produção de vidros (CALLISTER, 2002b; RICHERSON, 2006b). Entretanto, o desempenho de uma cerâmica refratária é dependente da composição utilizada, bem como da maneira como é efetuado o seu processamento. Os defeitos microestruturais oriundos desta etapa determinam as propriedades do produto final.

37

2.4 Cerâmicas refratárias de SiC destinadas a aplicações térmicas

2.4.1 Reentrada atmosférica

De uma forma geral, os refratários devem ser projetados para suportar severos gradientes térmicos sem se decompor ou romper. Essa premissa torna-se amplificada, quando os materiais assim empregados são submetidos a condições adversas, caso da reentrada atmosférica. Considerada crítica em uma viagem espacial, é durante a reentrada que o atrito entre o ar e o veículo espacial é convertido em calor, elevando a temperatura na sua superfície (BRAGA, 2002). O fenômeno descrito, aliado à presença de esforços mecânicos como torções e compressões, pode comprometer a integridade do veículo espacial (GUEDES; SOUZA; KUGA, 2007). Assim, um corpo preparado para a reentrada deve ser capaz de trocar calor com o meio - com o objetivo de evitar o superaquecimento e apresentar uma condição que resulte em desacelerações - para evitar esforços excessivos (GUEDES; SOUZA; KUGA, 2007). Essas características são obtidas por meio da adoção dos sistemas de proteção térmica (SPT) que resguardam a estrutura, os sensores e a carga útil do veículo dos danos provocados pelo atrito (BRAGA, 2002; FLORIAN et al., 2005; GOMES, 2006). Exemplo de um eficiente sistema de proteção é apresentado na Figura 2.1, em que se observa o dano na estrutura do módulo da nave Apollo, após a reentrada atmosférica (b).

38

a

b

Figura 2.1 – Módulo da nave Apollo durante (a) e após (b) a reentrada atmosférica em que se observa o efeito do calor excessivo sobre a sua estrutura (HOWSTUFFWORKS, 2009).

Os sistemas de proteção térmica podem ser classificados em ativos e passivos. Denominam-se de ativos aqueles que atuam diretamente no sistema escoamento/fluido, de forma a reduzir o fluxo térmico na superfície do veículo (COSTA; MORAES JUNIOR, 2001 apud BRAGA, 2002)1. São utilizadas para tanto, técnicas de injeção de gás (resfriamento por filme ou transpiração) ou dispositivos mecânicos (spike2 mecânico) (HAYASHI; ASO; TANI, 2005; KUROKAWA, 2003). Já no sistema de proteção passiva, a proteção térmica do corpo ocorre por atuação das propriedades termofísicas dos materiais empregados. Se enquadram nessa classe as técnicas de ablação, poço de calor e re-radiação (COSTA; MORAES JUNIOR, 2001 apud BRAGA, 2002)1. ______________________ 1

COSTA, L. E. V. L.; MORAES JUNIOR., P. Concepção de sistemas de proteção térmica para o veículo espacial recuperável SARA. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA MECÂNICA, 16, 2001, Uberlândia, Anais… Uberlândia, 2001 apud BRAGA, W. F. Método integral e de analogia elétrica para a solução de transferência de calor unidimensional de sólido com ablação. 2002. 97 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. 2

Protuberância esguia usada na extremidade frontal do veículo com o objetivo de reduzir a pressão e a tensão térmica nesta região (SALVADOR, 2005).

39

Por se tratar de um tema amplo, será discutido neste trabalho somente o sistema passivo por ablação, visto que as cerâmicas multicamadas de SiC foram concebidas para esta aplicação.

2.4.1.1 Sistema de proteção térmica passivo por ablação

Empregado normalmente em uma única missão, o SPT por ablação utiliza vários princípios físicos, tais como, convecção, radiação térmica da superfície quente do material ablativo, fusão e decomposição do material (BRAGA, 2002; KUROKAWA, 2003). Do ponto de vista termofísico, define-se ablação como um processo de transferência de calor e massa em que uma quantidade de energia térmica é desprendida pela perda de material da região superficial (KUROKAWA, 2003). Já do ponto de vista da engenharia, segundo este autor, a ablação é um processo de dissipação de energia em que os materiais sofrem degradação térmica, mecânica e química, com remoção parcial ou total da sua superfície. A proteção térmica do substrato é resultante da interação deste material com o ambiente em elevadas temperaturas e o seu grau de decomposição está relacionado à velocidade de aquecimento e ao tempo de exposição ao fluxo de calor (GUEDES; SOUZA; KUGA, 2007; KUROKAWA, 2003). Assim, a principal função do material

utilizado no SPT por ablação, chamado de ablativo, é limitar a condução do calor para o corpo do veículo durante a reentrada atmosférica (BRAGA, 2002). Neste contexto, são classificados de puros - quando apresentam um tipo de material estrutural em sua composição e compostos ou compósitos - quando são constituídos por matriz e reforço. Em ambas as condições, entretanto, os materiais devem apresentar baixa condutividade térmica e alto calor latente de sublimação (mudança de fase do estado sólido para gasoso) (BRAGA, 2002). Ao reentrar na atmosfera, um veículo espacial apresenta variados perfis de temperatura em sua estrutura (Figura 2.2). Esta situação exige a adoção de diferentes SPT’s que, além de serem eficientes no processo de isolação do substrato, devem ser

40

leves para não elevarem a quantidade de combustível necessário para colocar o veículo em órbita e/ou não reduzirem a capacidade de transporte da carga útil (KUROKAWA, 2003). Assim, de acordo com a região da superfície exposta, diferentes materiais podem ser empregados, dentre eles, os cerâmicos (Figura 2.3). Ao apresentarem propriedades isolantes e suportarem temperaturas elevadas, esta classe de material é utilizada, por exemplo, como revestimento das superfícies das asas, cauda e ponta do nariz do veículo (CALISTER, 2002c).

Figura 2.2 – Perfis de temperatura nas superfícies exteriores do ônibus espacial durante a reentrada atmosférica (CALLISTER, 2002c).

41

HRSI Metal exposto LRSI

FRSI

AFRSI AFRSI HRSI AFRSI Metal exposto

HRSI

RCC FRSI HRSI e LRSI

LRSI RCC

Metal exposto

HRSI – Isolamento reutilizável para alta temperatura (placas de sílica revestidas com vidro borossilicato com adição de SiB4); AFRSI – Isolamento de superfície reutilizável flexível avançado (batedura de quartzo em sanduíche entre tecidos de quartzo e de vidro); FRSI – Isolamento de superfície reutilizável de feltro (feltro de náilon, revestido com borracha de silicone); LRSI – Isolamento de superfície reutilizável para baixas temperaturas (placas de sílica, revestidas com vidro de borossilicato); RCC – Carbono reforçado com carbono (carbono pirolisado – carbono revestido com SiC)

Figura 2.3 – Materiais utilizados no sistema de proteção térmica do ônibus espacial (CALLISTER, 2002c).

2.5 Cerâmica porosa

Nos sólidos denominados porosos, a presença de poros é proveniente da existência de cavidades, canais ou interstícios (FERREIRA et al., 2007). Classificados quanto ao estado de continuidade, tamanho e morfologia, a presença de poros em escalas variadas contribui para a formação de amostras com características físicas e microestruturais particulares (FERREIRA et al., 2007; ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998a; RILEY et al., 1965). Neste contexto se inserem as cerâmicas porosas que, aliando matérias-primas de diferentes origens com diversificados processos de fabricação, produzem amostras empregadas em variados fins. Assim, cerâmicas porosas aplicadas como isolantes térmicos, sensores, filtros, catalisadores e bioreatores são produzidas, por

42

exemplo, por meio das técnicas de conformação por consolidação, adição de um agente espumante ao pó cerâmico e réplica utilizando esponja polimérica (ALVES et al., 1998; DUTRA; PONTES, 2002; FERREIRA et al., 2007; ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998a; ORTEGA et al. 2003a; SANTANA et al., 2004; STUDART, et al., 2006). Cerâmicas porosas com elevados níveis de porosidades são obtidas, também, adicionando-se agentes formadores de poros ao pó inicial. Compostas por matériasprimas de variadas origens fazem parte desta classe de materiais os amidos (milho, batata, mandioca) e as proteínas (de origem animal e vegetal), dentre outros. Após queima, esses materiais originam poros cujas estruturas estão diretamente relacionadas à sua aplicação (LYCKFELDT; FERREIRA, 1998). De acordo com o estado de continuidade, os poros são classificados em abertos ou interconectados (Figura 2.4, a, b e c) e fechados ou isolados (Figura 2.4, d e e). Quanto à forma, podem ser classificados em gargalo de garrafa (b), poros cilíndricos (c) e esféricos (e) (FERREIRA et al., 2007).

Figura 2.4 – Ilustração de um sólido poroso com representação de diferentes morfologias de poros. Poros abertos ou interconectados (a, b e c) e fechados ou isolados (d e e). Em forma de gargalo de garrafa (b), cilíndrico (c) e esférico (e) (FERREIRA et al., 2007).

43

Inativos quanto ao fluxo de líquidos e gases, os poros isolados exercem influência sobre as propriedades mecânicas, a densidade e a condutividade térmica do material (FERREIRA et al., 2007). São ideais para aplicação em isolação térmica em virtude da reduzida transferência de calor exibida (FERREIRA et al. 2007; PADILHA, 1997a). Em aplicações que demandam transporte de metais fundidos, catálise e filtração de aerossóis, dentre outras, são utilizados reticulados cerâmicos que apresentam estruturas com poros abertos ou interconectados (PADILHA, 1997a). Exemplos de alguns materiais cerâmicos tipicamente porosos são exibidos na Figura 2.5, em que se observa a relação entre o tamanho dos poros e sua aplicação.

Figura 2.5 – Classificação dos poros e sua aplicação em materiais cerâmicos (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998a; TAKAHASHI; FUJI, 2002).

44

2.6 Processamento de materiais cerâmicos

Por apresentarem propriedades como alto ponto de fusão e dureza além de estabilidades térmica, elétrica e química, os materiais cerâmicos são empregados nas mais variadas áreas de atuação. De utensílios básicos a cerâmicas avançadas, essa classe de materiais tem seu emprego associado à rota de processamento utilizada. Assim, a conformação hidroplástica é utilizada para a obtenção de louça doméstica, enquanto telhas e isoladores elétricos são fabricados por meio de prensagem a seco. Processos como esponja polimérica e adição de um agente espumante, dentre outros, produzem materiais com diferentes características de porosidades (forma, tamanho e distribuição), ideais, por exemplo, para utilização como filtros em geral e isolantes térmicos. Entretanto, a produção de uma cerâmica avançada muitas vezes requer a junção de mais de um processo de conformação. Este procedimento visa conferir à amostra alguma propriedade particular ou melhorar a característica frágil exibida pelos materiais cerâmicos. O relacionamento dessas técnicas e seu conseqüente aperfeiçoamento conduziram ao desenvolvimento e aplicações de corpos cerâmicos utilizados, por exemplo, em altas temperaturas. Na Figura 2.6 são apresentadas as principais técnicas de conformação utilizadas para produção de materiais cerâmicos. As etapas destacadas (em azul) fazem referência à metodologia empregada no desenvolvimento deste trabalho.

45

Conformação de materiais cerâmicos

Conformação vítrea

Prensagem do pó

Quente

Uniaxial

Conformação de particulados

Conformação direta

Conformação hidroplástica

Colagem

Cimentação

Extrusão

Isostática

Secagem

Sinterização

Figura 2.6 – Principais técnicas utilizadas para produção de materiais cerâmicos (CALLISTER, 2002b).

2.6.1 Conformação de particulados

2.6.1.1 Prensagem do pó

Por este processo a composição pó cerâmico, água e/ou aglutinante é compactada mediante pressão, resultando em amostras com um maior grau de empacotamento e agregação entre as partículas (CALLISTER, 2002b; VAN VLACK, 1973a). Subdivide-se em três categorias: uniaxial, isostática e prensagem a quente, embora as duas primeiras sejam mais utilizadas.

46

Na prensagem uniaxial o pó é compactado em um molde metálico por meio de uma pressão aplicada em uma única direção. É um método fácil, barato, que permite alta produtividade, embora esteja restrito a formas relativamente simples e apresente distribuição não uniforme na compactação (CALLISTER, 2002b; RICHERSON, 2006c). Empenamentos, distorções e presença de trincas, após sinterização, são conseqüências dessa característica que decorre do atrito existente entre as partículas do pó ou do atrito entre as partículas e a parede do recipiente (RICHERSON, 2006c). Para minimizar os referidos problemas, as seguintes providências podem ser adotadas: utilização de lubrificantes (vaselina ou estearina) - com objetivo de reduzir o atrito entre as paredes do molde e as partículas; adição de ligantes à composição (álcool polivinílico, por exemplo) e utilização de prensagem isostática (RICHERSON, 2006c; VAN VLACK, 1973a). Na prensagem isostática, a pressão é aplicada por meio de um fluido com a mesma magnitude em todas as direções (CALLISTER, 2002b; VAN VLACK, 1973a). Dessa forma, obtém-se uma maior densidade de compactação, pois o atrito existente nas condições mencionadas é desprezível (VAN VLACK, 1973a).

2.6.1.2 Conformação direta

Consiste na utilização de uma suspensão coloidal (barbotina) que, ao ser vertida em moldes impermeáveis, permite um melhor domínio da contração, durante a sinterização e das dimensões finais dos corpos-de-prova (LYCKFELDT; FERREIRA, 1998; NORTON, 1973a). Compreende várias técnicas, dentre elas a que utiliza amidos como agente ligante e elemento formador de poros, denominada de conformação por consolidação com amido (starch consolidation). Aprimorada na Universidade de Aveiro (Portugal), esta técnica foi posteriormente utilizada em diversos trabalhos acadêmicos, dentre eles, os desenvolvidos por Campos (2001); Marins (2003, 2008) e Santos (2002).

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2.6.1.2.1 Conformação por consolidação com amido

A crescente preocupação com o meio ambiente, a necessidade de otimização de uso e os custos são fatores que influenciam na seleção do adequado processo de conformação cerâmica. Além das características pertinentes a uma aplicação específica, a escolha do material deve levar em consideração fatores como disponibilidade, não toxidade, facilidade de obtenção e propriedades inertes. Baseando-se nessas premissas e na sua comprovada atuação como agente ligante e elemento formador de poros, escolhe-se o amido de milho como material conformador das cerâmicas utilizadas neste trabalho. Compostos por hidrogênio, carbono e oxigênio, os polissacarídeos são carboidratos referidos como açúcares complexos, em virtude do entrelaçamento das suas moléculas (BOBBIO; BOBBIO, 1989). Com estruturas complexas e fácil capacidade de agregação, os polissacarídeos, quando aquecidos, apresentam grande capacidade de gelatinização e são utilizados nas mais variadas áreas. Na indústria alimentícia, por exemplo, são empregados como ingredientes funcionais, exercendo importante papel na estabilidade e estrutura dos alimentos processados (DICKINSON, 2003; KRUIF; TUINIER, 2001). Já nas ciências dos materiais, os polissacarídeos podem ser utilizados na produção de biomateriais (BARBOSA et al., 2005) e em cerâmicas destinadas a aplicações aeroespaciais (MARINS, 2003). Pertencem a essa classe de materiais amidos (milho, mandioca, batata), goma arábica, D-frutose, sacarose, maltose, dentre outros (BOBBIO; BOBBIO, 1989). Na Tabela 2.2 são apresentadas algumas propriedades exibidas por polissacarídeos (amidos), consideradas relevantes no processo de conformação de cerâmicas.

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Tabela 2.2 – Principais características dos amidos de interesse na conformação de materiais cerâmicos (McCLEMENTS, 2006). Principais características dos polissacarídeos (amidos) •

Não reativo;



Poucos tipos de seguimentos;



Cadeia linear e ramificada;



Alto peso molecular;



Hidrofílicos;



Sensível ao calor;



Superfície não reativa

As propriedades finais das amostras obtidas por meio da técnica de conformação com amido estão relacionadas a uma rota de processamento assim definida: mistura dos pós, homogeneização, gelatinização, secagem, pré-sinterização e sinterização. Dentre as etapas citadas, entretanto, as referentes à secagem e sinterização são as mais críticas para o processo de conformação cerâmica. Comuns nos diversos métodos de conformação de particulados (Figura 2.6), é durante essas fases que surgem defeitos como empenamentos, formação de trincas e laminações, em virtude da complexa cinética que envolve a troca de calor. Assim, os tópicos a seguir abordarão os mecanismos envolvidos em ambas as fases.

2.6.2 Cinética da secagem em materiais sólidos

2.6.2.1 Molhabilidade do sólido pelo líquido

Quando uma partícula e um determinado volume de líquido interagem, o líquido adere à superfície do sólido. Se uma segunda partícula é adicionada ao sistema, ela interage com o líquido, formando pontes líquidas intersticiais (Figura 2.7), cuja

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magnitude é determinada pelo grau de saturação do meio (URSO; LAWRENCE; ADAMS, 1999). O acúmulo de líquido no ponto ou linha de contato das partículas origina uma curvatura cujo ângulo (ș) indica o grau de molhabilidade da superfície em relação ao líquido (Figura 2.8). Assim, o raio do menisco pode assumir a configuração de capilaridade (ou de saturação), funicular e pendular, dependendo das interações existentes entre as interfaces líquido/vapor (Ȗlv), líquido/sólido (Ȗls) e sólido/vapor (Ȗsv). (FONTANELLA, 2007; HEIM et al., 2006; LUIKOV, 1966; SCHEIDEGGER, 1960; URSO; LAWRENCE; ADAMS, 1999).

Figura 2.7 – Formação de ponte líquida entre duas superfícies sólidas (HEIM et al., 2006).

Figura 2.8 – Molhabilidade de uma superfície sólida por um líquido (BARSOUM, 2003b).

O regime de saturação é marcado pela presença de grande quantidade de líquido nos poros. O menisco assume o formato côncavo e aparece na parte exterior da superfície. Já a condição funicular possui os espaços entre partículas parcialmente cheios de líquido com formações de pontes líquidas entre os interstícios (HEIM et al., 2006).

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A condição pendular é caracterizada pela presença de diminuta quantidade de líquido intersticial com formação de pontes simples entre as partículas sólidas. A presença de aglomerados é decorrente da ínfima quantidade de líquido no ponto de contato ou em decorrência da proximidade entre as partículas (HEIM et al., 2006). A Figura 2.9 ilustra o mecanismo de ligação das partículas em presença do líquido. Em virtude da sua cinética complexa, a remoção do líquido conduz, freqüentemente, a problemas relacionados a trincas, empenamentos e laminações das amostras. A magnitude dessas tensões é determinada pela condição interna do material e/ou pelo efeito das condições externas (umidade, fluxo de ar, temperatura, dentre outros) a que são submetidas. Segundo Scherer (1990), a tensão no líquido é maior próximo à superfície de secagem, resultando em grandes tensões compressivas sobre a rede naquela região. Em decorrência disso, uma contração desigual ocorre no sólido, provocando trincas durante a secagem.

Figura 2.9 – Representação do comportamento das partículas em presença de um líquido: regime de saturação (a), funicular (b) e pendular (c) (SCHEIDEGGER, 1960).

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2.6.2.2 Mecanismos de transmissão de calor e transporte de massa

De uma forma geral, o termo “secagem” é definido como o processo de remoção do líquido em um sólido, por meio da evaporação (MOYERS; BALDWIN, 1997). Nesses materiais, o mecanismo de secagem envolve dois processos fundamentais e simultâneos: (1) o “transporte de calor” do meio para o sólido com o objetivo de evaporar o líquido e (2) o transporte de massa (líquido ou vapor) do interior do sólido para a superfície exposta, com conseqüente evaporação desta (MOYERS; BALDWIN, 1997). O “transporte de calor” para o material pode ser realizado por condução (por meio de um sólido ou fluido estacionário), convecção (entre superfície e um fluido em movimento) ou radiação (na ausência de um meio que se interponha entre duas superfícies) (INCROPERA; DEWITT, 2003). Segundo Foust et al.(1960), imediatamente após o contato entre a amostra e o meio secante, a temperatura do sólido e a taxa de secagem sofrem modificações em suas intensidades até atingirem o equilíbrio do sistema. Como a taxa de secagem também é controlada pela taxa de transferência de calor para a superfície que evapora, torna-se primordial conhecer os mecanismos responsáveis por essa transmissão. Assim, se a transferência de calor ocorre por radiação, convecção ou por ambos, a temperatura da superfície saturada se situa entre a temperatura do bulbo úmido (temperatura na qual o ar é saturado adiabaticamente por evaporação da água) e o ponto de ebulição da água (MOYERS; BALDWIN, 1997). Contudo, embora apresente uma tendência, a temperatura do interior do sólido não se iguala àquela exibida pelo bulbo úmido. Isso ocorre em virtude da defasagem existente entre a transferência de massa e de calor (FOUST et al., 1960; OLIVEIRA JUNIOR, 2003). Ao atingir a temperatura do bulbo úmido, a temperatura do sólido permanece estável, enquanto a taxa de secagem e a taxa de água eliminada por unidade de tempo permanecem constantes (FOUST et al., 1960; OLIVEIRA JUNIOR, 2003). Segundo Moyers e Baldwin, (1997), a magnitude da taxa constante é dependente de três fatores externos: 1. coeficiente de transferência de calor ou de transporte de massa; 2. da área

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exposta ao meio de secagem; 3. da diferença entre a temperatura ou umidade do fluxo de gás e a temperatura da superfície do sólido úmido. Os mecanismos internos de fluxo do líquido (difusão, capilaridade, mecanismos de gravidade, mecanismo de contração e gradientes de pressão) são dependentes das características do sólido (MOYERS; BALDWIN, 1997). Faz-se necessário, portanto, verificar as características de porosidade e o comportamento higroscópico do material, com o intuito de adotar o correto procedimento de secagem.

2.6.2.3 Características de porosidade e comportamento higroscópico dos materiais sólidos

Respeitando-se os limites de umidade no qual o material seca, um sólido pode ser definido como higroscópico poroso, higroscópico e não-poroso, não-higroscópico e poroso e não-higroscópico e não-poroso (PACHECO, 2002). Nos sólidos higroscópicos porosos os efeitos da tensão superficial são pronunciados, em virtude da existência de uma rede de capilares de pequenos diâmetros. Materiais como madeira, lã, papel e alumina, são exemplos desta classe de materiais que apresentam processos de secagem extremamente complexos. Também complexa é a secagem dos materiais higroscópicos e não-porosos (argila e gel de sílica), cuja movimentação de umidade no interior ocorre por meio do mecanismo de difusão (PACHECO, 2002). Nos materiais não-higroscópicos e porosos embora a movimentação de umidade ocorra por capilaridade, a pressão de vapor é praticamente a da água pura. Já os materiais não-higroscópicos e não-porosos (parafina), não são de interesse para o estudo do processo de secagem por possuírem umidade somente superficial (PACHECO, 2002).

2.6.2.4 Etapas envolvidas no processo de secagem de um material sólido

O procedimento de secagem é composto por estágios ou períodos, cujas temperaturas e velocidades de secagem são determinadas pelo teor de umidade

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apresentado por um material sólido (Figura 2.10). Compõem esta etapa o período inicial, o período de taxa constante (PTC) e o primeiro e segundo períodos de taxas decrescentes, respectivamente (PTD1) e (PTD2) (LEWIS, 2000; OLIVEIRA, 2009; RAHAMAN, 2003a; SCHERER, 1990; SHEROOD, 1930).

Figura 2.10 – Etapas envolvidas no processo de secagem de um material sólido (OLIVEIRA JUNIOR, 2003; OLIVEIRA, 2009; SANTOS, 2007).

No período inicial (trecho AB da Figura 2.10) ocorre adaptação do sólido às condições de secagem com o objetivo de se atingir a temperatura de equilíbrio (SANTOS, 2007). Entretanto, por possuir curta duração, esta etapa é desconsiderada na análise do tempo de secagem (OLIVEIRA, 2009; SANTOS, 2007).

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No período de taxa constante (trecho BC da Figura 2.10) o material apresenta elevada umidade, com formação de um filme de água sobre toda a superfície de secagem (regime de saturação, Figura 2.9). Nesta condição, a remoção do líquido se assemelha à evaporação da água

de uma superfície líquida livre (ARNOSTI JUNIOR;

INNOCENTINI; PANDOLFELLI, 1999; PACHECO, 2002; SCHERER, 1990; SHEROOD, 1930). O rápido deslocamento do fluido por meio da capilaridade mantém a superfície externa saturada evitando sua exposição e, conseqüentemente, um aumento da energia do sistema (MOYERS; BALDWIN, 1997; SCHERER, 1990). Como nesta fase os poros estão cheios, a tensão desenvolvida no líquido é baixa e o raio de curvatura do menisco é grande, idêntico para poros de diferentes dimensões e permanece na superfície líquida do corpo (SCHERER, 1990; URSO; LAWRENCE; ADAMS, 1999; SCHEIDEGGER, 1960). Entretanto, à medida que o processo de evaporação avança, os poros permanecem parcialmente cheios de líquido, o número de pontes intersticiais se eleva, o menisco torna-se curvo, movendo-se em direção ao interior dos poros (SCHERER, 1990; HEIM et al., 2006). É durante o período de taxa constante que ocorre a maior parte do processo de contração dos sólidos e as tensões de secagem aumentam ao máximo (SCHERER, 1990). O final do PTC e início do primeiro período de taxa decrescente (PTD1, trecho CD da Figura 2.10) é marcado por insuficiente volume de água na superície de secagem, denominado de “ponto crítico” ou “ponto de umidade crítica” (ponto XC) (ARNOSTI JUNIOR;

INNOCENTINI;

PANDOLFELLI,

1999;

LEWIS,

2000;

MOYERS;

BALDWIN, 1997; SCHERER, 1990). Após o “ponto crítico” o líquido passa a ser removido dos poros de maiores diâmetros, com o objetivo de suprir a superfície externa e os poros de menores dimensões (SCHERER, 1990). Os vazios oriundos da perda de água são substituídos por ar, as partículas cicundadas por uma delgado filme se tocam e a contração do corpo cessa (FOUST et al., 1960; MOYERS; BALDWIN, 1997). A medida que o processo de evaporação avança, o raio do menisco recua para o interior dos poros (condição funicular, Figura 2.9), reduzindo a área disponível para troca de massa (LEWIS, 2000; PACHECO, 2002; RAHAMAN, 2003a; SHEROOD, 1930).

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No PTD1, a temperatura da superfície se situa acima da temperatura de bulbo úmido, enquanto a taxa de evaporação cai rapidamente (FOUST et al., 1960; OLIVEIRA JUNIOR, 2003; SCHERER, 1990). O mecanismo de secagem desta etapa é idêntico àquele utilizado no PTC, porém, a velocidade de secagem é deteminada pela natureza do material e independente da sua espessura (PACHECO, 2002; SHEROOD, 1930). A transição do PDT1 para o PTD2 (trecho DE da Figura 2.10) é marcada pela existência de um segundo “ponto crítico” (XD) e ocorre quando, em virtude da continuidade do processo de evaporação, o líquido permanece restrito a regiões isoladas (condição pendular, Figura 2.9) (LEWIS, 2000; PACHECO, 2002). No PTD2 o escoamento do líquido para a superfície cessa e sua remoção da amostra se dá predominantemente por difusão do vapor (RAHAMAN, 2003a; SCHERER, 1990). A temperatura da superfície se aproxima da temperatura ambiente e a taxa de evaporação torna-se menos sensível às condições externas (SCHERER, 1990). Quando a pressão de vapor do sólido se igualar à pressão parcial do vapor na corrente gasosa, o sólido atinge a umidade de equilíbrio (Xeq), cessando assim, o processo de secagem (OLIVEIRA JUNIOR, 2003).

2.6.3 Processo de sinterização

Do mesmo modo que a técnica de conformação adotada, os mecanismos envolvidos na sinterização influenciam a geometria e o tamanho de grãos e poros (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998a; KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976b). Assim, materiais com microestruturas específicas são originados quando o contato entre partículas ocorre em presença de uma fase sólida ou líquida, respectivamente denominadas de sinterização por fase sólida e por fase líquida (Figura 2.11).

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Figura 2.11 – Sinterização por fase sólida (a) e por fase líquida (b) (BARSOUM, 2003c). 2.6.3.1 Sinterização por fase sólida

Independente da metodologia utilizada, a força condutora da sinterização é a redução da energia livre superficial. Na sinterização por fase sólida, esse fenômeno ocorre quando a interface sólido-vapor é substituída por uma interface sólido-sólido, com reduzida energia de superfície (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976b). Dentre as etapas envolvidas neste processo, a inicial e intermediária são as mais importantes quando o propósito é a produção de cerâmicas porosas. Conforme pode ser observado pela análise da Tabela 2.3 e Figura 2.12, nas referidas etapas ocorrem alterações na morfologia e no tamanho dos poros, o que decorre da transferência de massa entre materiais. O transporte de massa que abrange a evaporação-condensação e a difusão

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reduz a força condutora da sinterização por meio do crescimento do pescoço (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998b). Assim, ao alterarem suas características iniciais, os poros podem assumir uma configuração que os classifica como isolados ou conectados.

Tabela 2.3 – Estágios do processo de sinterização por fase sólida (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998b; RICHERSON, 2006d). Estágios

Adesão

Descrição

Contato entre partículas; Adesão entre partículas com formação de pescoço;

1 – Estágio inicial

Formação do pescoço; Redução da porosidade aberta, especialmente dos poros estreitos;

2 – Estágio intermediário

Crescimento do pescoço e grãos; Alta contração; Os poros mudam sua forma para esferóides; Poros abertos desaparecem, dando lugar aos poros fechados;

3 – Estágio final

Migração das fronteiras de grãos deixando os poros esféricos isolados

Cerâmicas porosas de SiC são facilmente obtidas por meio da sinterização por fase sólida convencional (sem a utilização de pressão e aditivos) (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998b). Todavia, cuidados devem ser tomados para promover uma adequada atmosfera de sinterização, evitando assim a oxidação do material. Isto é conseguido por meio da utilização de compostos gasosos, como argônio ou nitrogênio. Quando o propósito é a produção de cerâmicas densas, o processo de sinterização convencional apresenta limitações. Isso ocorre em virtude da predominância das ligações covalentes existentes entre os átomos que compõem o carbeto de silício. A densificação deste material é obtida por meio da sinterização por fase sólida (utilizando como aditivos o boro e o carbono) ou por sinterização em presença de uma fase líquida (empregando-se

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um aditivo óxido específico) (RIBEIRO; KELLY; STRECKER, 2001; SILVA, 2008a). No primeiro caso, as amostras são sinterizadas a uma temperatura elevada (2100°C), apresentam microestrutura não uniforme em decorrência da pequena quantidade de aditivo e não possuem boa tenacidade (3-4 MPa.m1/2) (RIBEIRO; KELLY; STRECKER, 2001). Propriedades opostas são exibidas por cerâmicas sinterizadas em presença de uma fase líquida, cujas características são abordadas a seguir.

Figura 2.12 – Sinterização por fase sólida: esquema representativo das alterações na morfologia e tamanho de um poro (CALLISTER, 2002a; KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976b).

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2.6.3.2 Sinterização por fase líquida

A sinterização por fase líquida consiste na adição de materiais denominados aditivos de sinterização ao pó precursor. Ao serem aquecidos a uma temperatura superior ao seu ponto de fusão ou em decorrência de uma reação entre seus constituintes, esses materiais formam uma fase líquida que “molha” as partículas sólidas (GODOY; BRESSIANI; BRESSIANI, 2008; SILVA; ALVES JÚNIOR, 1998). A camada líquida que se forma entre as partículas origina um menisco cuja curvatura resulta no movimento rotacional das mesmas. Assim, quando o ângulo de contato for menor que 90°, as forças de capilaridade tendem a aproximar as partículas (Figuras 2.8 e 2.13, situação a) produzindo redução da porosidade e, assim, a densificação da estrutura (SILVA, 2008b). A atração entre partículas ocorre, também, quando o ângulo de contato é igual a 90° (Figuras 2.8 e 2.13, situação b). Neste caso, porém, a componente da energia superficial na interface líquido/vapor é normal para as duas superfícies (BARSOUM, 2003b). O afastamento entre partículas é obtido quando o ângulo apresenta valores superiores a 90° (Figuras 2.8 e 2.13, situação c). Nesta circunstância, duas condições poderão ocorrer com a fase líquida: sair da estrutura pelos poros ou, na impossibilidade disso, tracionar a estrutura ocasionando trinca e/ou fratura da mesma (SILVA, 2008b). Como a magnitude das forças capilares é regida pela quantidade de líquido no menisco e pelo ângulo de contato formado, verifica-se que materiais com ângulos menores que 90° apresentam maiores

interações

superficiais

entre

partículas

e,

conseqüentemente,

melhor

empacotamento e densificação. Segundo Kingery, Bowen e Uhlmann (1976b), na sinterização por fase líquida, a ocorrência de uma densificação rápida está condicionada a existência dos seguintes fatores: apreciável quantidade de fase líquida; considerável solubilidade do sólido no líquido e, finalmente, molhabilidade do sólido pelo líquido.

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ș90°

Figura 2.13 – Formação de menisco líquido e sua influência no processo de interação entre partículas: atração (a e b) e repulsão (c) (BARSOUM, 2003b; SILVA, 2008b).

Os mecanismos envolvidos na sinterização por fase líquida são divididos em etapas, conforme resumido na Tabela 2.4. Após a formação da fase líquida, as partículas se rearranjam,

ocasionando

um

melhor

empacotamento

(KINGERY;

BOWEN;

UHLMANN, 1976b). Se, durante esse estágio, o líquido flui e preenche os interstícios localizados entre as partículas, uma densificação total pode ser obtida (BARSOUM, 2003b; KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976b). No segundo estágio da sinterização, os rearranjos entre as partículas decrescem e o mecanismo de solução-precipitação se torna dominante (RAHAMAN, 2003b). A dissolução de pequenas partículas no líquido e a precipitação de partículas grandes nas

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superfícies sólidas conduz a uma aproximação entre os seus centros, ocorrendo assim a contração e densificação do material (BELTRÃO, 2005; RAHAMAN, 2003b). A etapa final de sinterização é caracterizada pela presença de uma estrutura sólida (coalescência), decorrente do crescimento dos grãos. A sinterização por fase líquida cessa e é substituída pela sinterização por fase sólida. As taxas de contração e densificação são reduzidas e a existência de pescoço entre partículas é determinada pelo grau de molhabilidade entre o líquido e o sólido (SILVA, 2008b). Assim, caso a molhabilidade seja total (ângulo de contato nulo), não haverá formação de pescoço em virtude da existência de uma camada líquida entre partículas. Caso contrário, o pescoço crescerá significativamente entre as partículas (SILVA, 2008b). Em virtude da alta difusividade atômica através da fase líquida, a densificação ocorre de forma rápida e os poros apresentam redução de tamanho (HWANG, 2006).

Tabela 2.4 – Estágios da sinterização em presença de fase líquida (BELTRÃO, 2005; SILVA, 2008b). Estágios 1. Rearranjo de partículas

Descrição Formação de um fluxo viscoso que “molha” a superfície das partículas; Junção das partículas por pressão capilar; Existência de pequena densificação

2. Dissolução-precipitação

Dissolução de pequenas partículas sólidas no líquido, elevando o volume da fase líquida; Precipitação nas superfícies sólidas de partículas grandes; Alteração da geometria das partículas em decorrência do contato partículapartícula; Crescimento de grãos

3. Coalescência

Redução do tamanho dos poros; Densificação da estrutura sólida

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2.6.3.2.1 Aditivos de sinterização

Compostos como Al2O3, Y2O3, BeO, HfO2 e um limitado número de óxidos de terras-raras são utilizados como aditivos na sinterização de cerâmicas à base de SiC (GODOY; BRESSIANI; BRESSIANI, 2008; IZHEVSKYI et al., 2000b). Combinados entre si ou comumente em presença da Al2O3, os óxidos reagem com o SiO2 presente nas superfícies das partículas de SiC, conduzindo à formação de componentes voláteis (LEE et al., 2001; SANTOS; COSTA, 2006). Como conseqüência, o material apresenta uma grande perda de massa (10-15%) e de porosidade, além de retardamento na densificação (IZHEVSKYI et al., 2000b; MULLA; KRISTIC, 1994; RIBEIRO; KELLY; STRECKER, 2001). A junção de diferentes aditivos como, por exemplo, Al2O3 e Y2O3 tem se revelado eficaz no processo de sinterização do SiC. Depois de fundida, a mistura desses elementos forma uma fase vítrea intergranular na matriz cerâmica, originando um composto denominado YAG (Yttrium Aluminium Garent) (MARINS, 2008). Na sinterização do carbeto de silício, a quantidade de YAG adicionado varia em torno de 5 a 20% em massa, enquanto os compostos envolvidos na sua composição podem apresentar 15 a 35% de Y2O3 e 85 a 65% de Al2O3, em massa (MARCHI et al., 2003 apud MARINS, 2008)3.

_______________________ 3

MARCHI, J.; BRESSIANI, J. C.; BRESSIANI, A. H. Estudo da transformação ȕ-Į carbeto de silício utilizando-se

planejamento de misturas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CERÂMICA, 47, 2003, João Pessoa, Anais... João Pessoa: ABCERAM, 2003, 1537-1548 apud MARINS, E. M. Otimização e caracterização microestrutural de cerâmica de carbeto de silício obtidas com material nacional para uso em blindagem balística. 2008. 102f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica - Materiais) - Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, SP, 2008.

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A presença de uma fase líquida no processo de sinterização do SiC, além de reduzir a temperatura na qual o procedimento ocorre (1800-1900°C), eleva a densificação desse material, resultando em um corpo cerâmico com melhor resistência mecânica (IZHEVSKYI et al., 2000b). Já no processo de sinterização por fase sólida, esta propriedade pode ser afetada pela existência de uma porosidade não controlada. Fatores como variação na forma e tamanho dos poros e sua distribuição não homogênea contribuem, por exemplo, para redução dos valores do módulo de elasticidade e do coeficiente de Poisson. 2.7 Dispersões cerâmicas

2.7.1 Tensoativos ou surfactantes

Em um meio líquido, a ação das forças de van der Waals entre as moléculas determina a magnitude das tensões superficiais e interfaciais a que são submetidas. No interior do líquido, as moléculas estão sujeitas à atuação de forças de atração de igual intensidade em todas as direções, originando uma condição de equilíbrio (SHAW, 1975a). Em contato com outro meio (sólido, líquido ou vapor), as moléculas localizadas na superfície do líquido são submetidas a menores interações intermoleculares, resultando em uma força não balanceada ou não equilibrada (BEHRING et al., 2004; SHAW, 1975a). Assim, numa superfície de separação líquido-ar, a força de coesão resultante atua em direção ao interior do líquido, deslocando grande parte das moléculas para esta região (SHAW, 1975a). Como conseqüência, a superfície tende a se contrair, reduzindo a área superficial ocupada pelo fluido (BEHRING et al., 2004; SHAW, 1975a). Denomina-se tensão superficial a força que atua na superfície do líquido e é definida como o trabalho necessário para aumentar a superfície em uma unidade de área (BEHRING et al., 2004; SHAW, 1975a). Já a energia associada a esse trabalho é denominada energia superficial.

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O equilíbrio de forças estabelecido na interface entre sólido, líquido e vapor é originado da diferença na energia da superfície (TARI, 1999). As forças superficiais ali atuantes agem tangencialmente, determinando ângulos de contatos cujas magnitudes indicam a condição de molhabilidade de uma superfície sólida em relação ao líquido (Figura 2.7). Assim, se o ângulo ș formado na interface for menor que 90°, diz-se que o sólido é umedecido ou molhado pelo líquido. Em situação contrária (maior que 90°), o sólido não é molhado pelo líquido (NASCIMENTO; MARTINELLI; BUSCHINELLI, 2003). Segundo Shaw (1975b), quando as forças de atração entre sólido e líquido são iguais ou maiores que as forças existentes entre líquido-líquido, o ângulo de contato é nulo, e o sólido é completamente molhado pelo líquido. Se, no entanto, o líquido adere ao sólido com força menor que a força necessária para a sua coesão, o ângulo de contato é finito e o sólido é parcialmente molhado pelo líquido. Nesta situação, a interface entre duas fases fluidas se encontra com a superfície sólida, originando três fases na linha de contato ou linha tríplice (RUSANOV, 1996; SROLOVITZ; DAVIS, 2001). Quanto menor a tensão superficial, melhor o espalhamento do líquido e para atingir esta premissa, materiais denominados tensoativos ou surfactantes são empregados. Por serem constituídas de moléculas lipofílicas e hidrofílicas, essas substâncias - quando em solução - aderem à superfície do líquido, reduzindo a força de coesão entre as moléculas do solvente e, conseqüentemente, a tensão superficial (BEHRING et al., 2004). Incluemse nessa classe de materiais os detergentes, lipídios, solventes orgânicos e proteínas que, ao apresentarem propriedades de superfícies ativas, exibem regiões polares e não polares (ROUIMI et al., 2005; SHAW, 1975c).

2.7.1.1 Dispersantes ou defloculantes

Um fenômeno comum em dispersões coloidais é a agregação entre partículas, ocasionada por atuação das forças de van der Waals. Dentre outros problemas, a agregação promove o aumento da viscosidade da dispersão e a sedimentação das partículas por ação da gravidade (OLIVEIRA et al., 2000). Essas características

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conduzem à deterioração das amostras por surgimento de trincas e/ou empenamentos, em decorrência de contração desigual nas etapas de secagem e sinterização (VAN VLACK, 1973b). Assim, para promover uma melhor homogeneização, proporcionar um melhor empacotamento e resultar em corpos cerâmicos isentos de defeitos faz-se necessária uma individualização das partículas em meio líquido (OLIVEIRA et al., 2000). Para auxiliar esse processo e impedir a formação de aglomerados por meio da estabilização das partículas, são adicionados à suspensão compostos denominados dispersantes ou defloculantes que pertencem à família dos polieletrólitos (OLIVEIRA et al., 2000). Os polieletrólitos são compostos formados por polímeros pequenos que possuem partes hidrofílicas e hidrofóbicas quase indistinguíveis (CAMPOS, 2001; SANTOS, 2002). Caracterizam-se por apresentarem os fenômenos eletrostáticos e/ou estéricos que produzem a força de repulsão entre as partículas, necessária para a estabilização das suspensões cerâmicas (GOUVÊA; MURAD, 2001; ORTEGA, et al., 1997). Segundo Oliveira et al. (2000) a estabilização das suspensões é conseguida por meio dos seguintes mecanismos:

1. Desenvolvimento de cargas elétricas nas partículas em virtude da interação da sua superfície com o meio líquido (eletrostático); 2. Adsorção superficial de polímeros de cadeia longa que dificultam a aproximação das partículas por impedimento mecânico (estérico); 3. Adsorção específica de moléculas ionizadas ou polieletrólitos na superfície das partículas (eletroestérico).

2.8 Comportamento mecânico e caracterização das cerâmicas

2.8.1 Mecânica da fratura

O comportamento de um material contendo trincas ou outros tipos de falhas é analisado por meio da mecânica da fratura. Oriundas de defeitos extrínsecos

66

(processamento, usinagem, dentre outros) e intrínsecos (microestrutura e características particulares do material), as trincas apresentam três modos de deslocamentos, expressos por um conceito denominado fator de intensidade de tensão (K) (DOWLING, 2007; SALVINI, 1995). Este parâmetro caracteriza a magnitude das tensões na vizinhança da extremidade de uma trinca e recebe as notações I, II e III para descrever o tipo de tensão em relação ao plano dessa trinca (Figura 2.14) (CHIANG et al., 1997; DOWLING, 2007; MUNZ; FETT, 2001a). Assim, no Modo I (“opening mode”), a tensão de tração aplicada é normal ao plano da trinca e é representada pelo símbolo KI. O KII corresponde ao Modo II (“sliding mode”), cuja tensão de cisalhamento é paralela ao plano da trinca e na direção da sua propagação. Já o modo III (KIII) (“tearing mode”), também conhecido como modo de carregamento anti-plano, envolve a utilização de uma tensão de torção paralela ao plano da trinca, porém, normal à sua direção de propagação (BAR-ON, 1991; CHIANG et al., 1997; DOWLING, 2007; MUNZ; FETT, 2001a). Em materiais sólidos frágeis, a propagação das trincas ocorre no Modo I. Assim, serão abordados apenas os mecanismos relativos a este plano de fratura.

Figura 2.14 – Modos básicos de deslocamento dos planos de fratura (BARSOUM, 2003a).

67

2.8.1.1 Tenacidade à fratura em materiais cerâmicos

Em 1920, o engenheiro britânico Alan Arnold Griffith analisou o mecanismo de fratura em materiais frágeis e postulou que nestes materiais as microtrincas existentes funcionam como concentradores de tensões na extremidade de um defeito. Incorporados durante o processo de conformação ou tratamento de superfície, poros, fendas, inclusões e tamanho excessivo de grãos originam falhas que conduzem à formação de trincas (BARSOUM, 2003a; MUNZ; FETT, 2001a). Estas, por sua vez, se propagam rapidamente em virtude da liberação de energia elástica do material e na ausência de qualquer deformação plástica apreciável (BARSOUM, 2003a; GRIFFITH, 1921). Assim, a tensão capaz de provocar uma fratura (ıf) é dada pela seguinte expressão:

σf =

1 Y

2 Eγ 0 πa

(1)

Em que: Y = função adimensional que depende da amostra e da geometria da trinca; E = módulo elástico; Ȗ0 = energia para início da fratura; a = comprimento de uma trinca de superfície ou metade do comprimento de uma trinca interna (CALLISTER, 2002a).

Em um material cerâmico, a habilidade de resistir à fratura em presença de uma trinca é quantificada em termos da tenacidade à fratura ou fator de intensidade de tensão crítico (KIc) (BARSOUM, 2003a; CALLISTER, 2002a). Assim, a tenacidade calculada na extremidade da trinca é definida pela seguinte expressão: K Ic = Yσ πa

(2)

68

A tenacidade à fratura é uma propriedade fundamental dos materiais e depende de fatores como temperatura, taxa de deformação e microestrutura (BARSOUM, 2003a; CHIANG et al., 1997; GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000a). Já o fator de intensidade de tensão (KI) depende da morfologia da trinca, do carregamento aplicado e da geometria da amostra (CHIANG et al., 1997; MUNZ; FETT, 2001a). O mecanismo de fratura ocorrerá quando, ao ser aplicada uma determinada tensão de tração (KI), a resistência do material atinge um valor crítico na extremidade de um defeito (KIc). Matematicamente, este comportamento é expresso por (BARSOUM, 2003a): KI • KIc

(3)

2.8.2 Defeitos que comprometem a resistência dos materiais cerâmicos

Em um material cerâmico, a presença de defeitos pode conduzir à formação de tensões e, conseqüentemente, comprometer a resistência da amostra (Figura 2.15). De modo geral, os defeitos são classificados como pré-existentes (extrínsecos ou intrínsecos) ou originados por tensão induzida.

Figura 2.15 – Defeitos que comprometem a resistência de um material cerâmico (ZANOTTO; MIGLIORE JUNIOR, 1991).

69

São ditos extrínsecos os defeitos agregados ao material durante as diferentes fases do processamento ou oriundos de manuseio errôneo nas etapas de lixamento e/ou polimento. Enquadram-se nessa definição as falhas de superfície, os poros formados durante o processamento e as falhas surgidas por usinagem do material (PIORINO NETO, 2000; SALVINI, 1995). Já os defeitos intrínsecos surgem em decorrência das características inerentes ao material ou de fatores relacionados à sua microestrutura (FUJITA et al., 2006). Em qualquer caso, o defeito considerado mais severo será aquele responsável pelo início da fratura (PIORINO NETO, 2000; SALVINI, 1995). Com base nas premissas anteriormente relatadas, os tópicos a seguir abordarão os defeitos mais comumente encontrados em materiais cerâmicos e sua analogia com a redução da resistência mecânica.

2.8.2.1 Poros

Os poros exercem um efeito negativo sobre a resistência dos materiais cerâmicos, pois, atuam como concentradores de tensões ao reduzirem a área de seção reta através da qual uma carga é aplicada (MUNZ; FETT, 2001b). Quando controlada, porém, a porosidade confere a essa classe de materiais características como elevadas refratariedade, área superficial e permeabilidade, além de reduzida condutividade térmica. Assim, as cerâmicas porosas são utilizadas, por exemplo, como isolantes térmicos, filtros para altas temperaturas e suportes para catálise (ORTEGA et al., 2003b). Segundo Barsoum (2003a), a intensidade da tensão aplicada e os poros em si são insuficientes para provocar fraturas. Este processo ocorre por influência de defeitos existentes na vizinhança do poro, tais como seu tamanho em relação aos grãos adjacentes ou formação de poro com geometria não esférica. A porosidade (P) e as propriedades mecânicas (M) estão relacionadas por meio de diversos modelos matemáticos, conforme evidenciado nas equações abaixo (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998c; YOSHIMURA et al., 2005).

70 M = M 0 (1 − bP)

(4)

M = M 0 (1 − b1 P + 1 − b2 P 2 )

(5)

M = M 0 exp(−bP)

(6)

E = E0 {1 − AP /[1 + ( A − 1)P ]} = E 0 (1 − P ) / (1 + bP )

(7)

E = E0 (1 − bP 2 3 )

(8)

E = E0 exp(− b1 P + −b2 P 2 )

(9)

E = E 0 (1 − P Pc )

n

(10)

Em que: M = E, G ou σ, respectivamente, módulo de Young, de cisalhamento ou resistência à fratura; O subscrito “0” indica a propriedade do material sem poros; A = Área da secção transversal de um material poroso; Pc = porosidade crítica b, b1, b2, e n = constantes que dependem da microestrutura do material poroso e são influenciadas pela presença dos seguintes fatores: trincas, poros fechados, tamanhos dos grãos e dos poros, fronteiras de grãos e tipo de pescoço formado entre partículas (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998c).

A existência de porosidade em um corpo cerâmico está estritamente relacionada ao tipo de processamento e/ou material utilizado. Assim, em processamentos que utilizam grandes quantidades de água (caso da conformação por consolidação), bolhas de ar podem surgir durante a mistura dos pós e posterior homogeneização da dispersão. Após queima, esse fenômeno origina poros com tamanhos variados, o que pode ser prejudicial para as propriedades finais dos corpos sinterizados, e problemático, quando o objetivo é a obtenção de cerâmicas densas. A Figura 2.16 apresenta a superfície porosa de uma cerâmica de SiC, em que se observa a formação de poros decorrentes da presença de espuma.

71

Figura 2.16 – Poros originados pela presença de espumas (SANTANA et al., 2008a).

Poros também são obtidos por meio da incorporação de orgânicos a soluções coloidais. Materiais como carboidratos (amidos em geral) e/ou proteínas (de origem animal ou vegetal), quando adicionados ao pó cerâmico e após queima, originam poros com morfologia semelhante aos grãos da matriz orgânica utilizada. Essa habilidade pode ser observada por análise da Figura 2.17 (a e b) em que se observa a superfície de amostras cerâmicas de SiC contendo, respectivamente, proteína vegetal (soja) e amido de milho.

(a)

(b)

Figura 2.17 – Superfícies das amostras cerâmicas de SiC, conformadas com proteína vegetal (soja) (a) e com amido (b) (SANTANA et al., 2008b).

72

Embora não tão sensíveis aos defeitos quanto a resistência mecânica, as propriedades elásticas dos materiais cerâmicos são também afetadas pela presença da porosidade (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998c). Essas constantes, descritas a seguir, são úteis para a avaliação da morfologia do poro e de primordial importância para compreensão dos danos causados a materiais submetidos a choque térmico (ISHIZAKI; KOMARNENI; NANKO, 1998c; RODRIGUES et al., 2004).

2.8.2.1.1Constantes elásticas

As propriedades físicas exibidas por um material são fortemente influenciadas pelo tipo de interação entre seus átomos ou íons. Neste contexto, as constantes elásticas (módulo de Young e coeficiente de Poisson) quantificam a deformação sofrida por um material sólido e são influenciadas pela existência de fatores como: temperatura, porosidade, composição das fases constituintes e direção cristalográfica.

a. Módulo de elasticidade ou módulo de Young

Define-se módulo de elasticidade ou módulo de Young (E) como a razão entre a tensão exercida (ı) e a deformação unitária sofrida pelo material (İ). Fornece uma indicação da rigidez do material e depende fundamentalmente das forças de ligação interatômicas, o que explica seu comportamento inversamente proporcional à temperatura (GARCIA; SPIN; SANTOS, 2000b). Em cerâmicas cujas ligações são predominantemente covalentes, a aplicação de uma tensão de maior magnitude é requerida com o objetivo de aumentar o espaçamento entre os átomos. Assim, materiais como SiC e diamante, exibem elevados módulos de elasticidades conforme pode ser observado na Tabela 2.5. Entretanto, à medida que a temperatura aumenta, o módulo de elasticidade diminui como conseqüência da expansão térmica. Isso ocorre porque, como o espaçamento entre os átomos é maior, menor é a força necessária para promover a sua separação (BARSOUM, 2003d; RICHERSON,

73

2006e). A Figura 2.18 exibe a expansão térmica de alguns materiais cerâmicos em função do aumento gradual de temperatura.

Figura 2.18 – Variações dimensionais em função da elevação de temperatura para alguns materiais cerâmicos (BARSOUM, 2003d).

Matematicamente, o módulo de elasticidade é expresso por meio da seguinte equação (RICHERSON, 2006e): E=

σ ε

(11)

74

De uma maneira geral, o módulo de elasticidade diminui com a elevação da porosidade e ambos os parâmetros estão relacionados por meio das equações (4 a 10) descritas no tópico 2.8.2.1. Em materiais que apresentam mais de uma composição ou fase, o módulo de elasticidade assume o valor intermediário das duas fases constituintes. Já para os materiais cerâmicos policristalinos contendo cristais com orientações aleatórias, as constantes elásticas são as médias das constantes nas variadas direções cristalográficas (SUTERIO, 1998).

b. Coeficiente de Poisson

Quando submetidos a uma tensão mecânica, os materiais apresentam alterações em suas dimensões. Nessa situação, o comprimento da amostra (l) aumenta em detrimento da sua espessura (d). Assim, a rigidez de um material - avaliada pela razão entre a deformação na compressão transversal e a deformação na tração longitudinal - é definida como coeficiente de Poisson ( υ ), expressa matematicamente por (MUNZ; FETT, 2001c):

υ=−

Δd / d Δl / l

(12)

Em que: Δd = variação na compressão transversal (d – d0); Δl = variação na deformação longitudinal (l – l0).

O valor do coeficiente de Poisson tende a ser menor para materiais que não apresentam estruturas compactas. Nestes casos, o cisalhamento pode ocorrer na direção principal e sem alterações laterais equivalentes (VAN VLACK, 1973c). Embora não apareça diretamente na curva tensão-deformação, o coeficiente de Poisson é, ao lado do módulo de elasticidade, a mais fundamental descrição do comportamento elástico dos materiais de engenharia (SHACKELFORD, 1996). Esses

75

parâmetros se relacionam por meio da expressão (13), válida para corpos isotrópicos como, por exemplo, vidro ou materiais policristalinos (ZANOTTO; MIGLIORE JUNIOR, 1991): E = 2G (1 + υ )

(13)

Em que: G = módulo de rigidez ou módulo de elasticidade no cisalhamento.

A Tabela 2.5 fornece informações a respeito das constantes elásticas de alguns materiais cerâmicos.

Tabela 2.5 – Constantes elásticas para alguns materiais cerâmicos (MUNZ; FETT, 2001c). Material

E (GPa)

Diamante

1000

SiC

480

Al2O3: densa

υ

0.16

410

95%

320

88%

250

TiC

460

MgO

317

0.17

Mulita

144

0.20

E = módulo de elasticidade;

υ

0.20 – 0.25

= coeficiente de Poisson

2.8.2.2 Inclusões

Durante a mistura dos pós, impurezas por ventura adicionadas podem reagir com a matriz cerâmica original, formando inclusões com propriedades mecânicas e térmicas diferentes (BARSOUM, 2003a). Assim, como conseqüências de desiguais coeficientes de

76

expansão térmica apresentados por ambas, as seguintes situações poderão ocorrer na etapa de resfriamento: grande tensão residual ser desenvolvida e originar trincas (caso do coeficiente de expansão térmica da inclusão ser menor que o coeficiente da matriz) ou em situação contrária, a inclusão tender a se separar da matriz, comportando-se como um poro (BARSOUM, 2003a). De forma similar aos poros, as partículas de inclusões localizadas nas fronteiras dos grãos podem ser eliminadas pela movimentação da fronteira ou podem migrar com esta para as extremidades dos grãos (KINGER; BOWEN; UHLMANN, 1976b).

2.8.2.3 Aglomerados

A agregação, promovida pela atuação das forças de van der Waals, é um fenômeno crítico que ocorre em dispersões coloidais e é mais pronunciado em pós com partículas pequenas (YAN, 1991). Surge em várias fases do processamento e interfere negativamente na resistência da cerâmica resultante, uma vez que origina vazios na etapa de sinterização. Na Figura 2.19 é apresentada a superfície de uma cerâmica de SiC em que se observa a formação de poros surgidos de um aglomerado, após sinterização.

Poros gerados por aglomerados (amidos)

Figura 2.19 – Formação de poros em uma amostra cerâmica de SiC conformada por consolidação e contendo amido de milho.

77

Dentre outros problemas, a agregação promove a sedimentação das partículas por ação da gravidade e o aumento da viscosidade da dispersão (HOTZA, 2001). Esses defeitos conduzem a deterioração das amostras por surgimento de trincas e/ou empenamentos, decorrentes da contração desigual nas etapas de secagem e sinterização (BARSOUM, 2003a; VAN VLACK, 1973b). Forças mecânicas na moagem e/ou estabilização das partículas são processos de desaglomeração, empregados com o objetivo de melhorar a sinterização do pó. Os moinhos planetários e de atritos são utilizados com a primeira finalidade. Já a estabilização das partículas é obtida por meio de compostos poliméricos denominados defloculantes ou dispersantes, conforme abordado anteriormente.

2.8.2.4 Defeitos de superfície

Defeitos de superfícies podem ser introduzidos em cerâmicas, por exemplo, durante as etapas de processamento (secagem e pré-sinterização) e por avarias na superfície durante as etapas de lixamento e/ou polimento. As partículas danificadas agem como entalhes que introduzem falhas e podem se propagar dentro de um grão, ao longo do plano de clivagem ou ao longo das fronteiras de grão, conforme apresentado na Figura 2.20.

Figura 2.20 – Falhas (trincas) formadas na superfície em decorrência da introdução de defeitos (BARSOUM, 2003a).

78

2.8.2.5 Tamanho de grão

Assim como ocorre com os metais, as propriedades mecânicas dos materiais cerâmicos são influenciadas pelo tamanho dos grãos. Materiais com granulação fina ou grãos pequenos apresentam maior resistência quando comparados àqueles que possuem grãos grandes (CALLISTER, 2002d). Isso ocorre em virtude da maior área de contorno de grãos exibida no primeiro caso. Como a resistência mecânica é inversamente proporcional à porosidade e ao tamanho de grãos, maiores valores deste parâmetro são obtidos para materiais que apresentem, simultaneamente, baixa porosidade e pequeno tamanho de grãos (BARSOUM, 2003a; VAN VLACK, 1973b). Esta premissa, entretanto, é influenciada pela adoção de uma queima prolongada que, embora reduza a porosidade, eleva o tamanho dos grãos. Se não cúbicos, estes grãos poderão apresentar um comportamento anisotrópico em relação ao módulo elástico e a expansão térmica e, em presença de uma matriz de grãos finos, agirão como inclusões (BARSOUM, 2003a). Diferentes coeficientes de expansão térmica entre os grãos grandes e a matriz cerâmica produzem tensões residuais nas fronteiras dos grãos, resultando em degradação na resistência mecânica (BARSOUM, 2003a; RICE, 1997). A magnitude das tensões, entretanto, é dependente da geometria e do tamanho dos grãos (BARSOUM, 2003a). A relação entre resistência e tamanho de grão foi estudada por Rice (1977). Segundo este autor, materiais que apresentam grandes tamanhos de grãos no seu interior tendem a fraturar se os grãos estiverem associados a trincas, segundas fases ou poros. Já na superfície da amostra, os grãos grandes poderão conter somente falhas de usinagem ou estas associadas a outro tipo de defeito como, por exemplo, poros. Em ambas as situações as falhas também podem ocasionar a fratura do material. Segundo a teoria de Griffith (1921), a resistência mecânica dos materiais cerâmicos é controlada basicamente por duas variáveis: energia de fratura específica e tamanho do defeito ou falha crítica. A primeira é uma propriedade do material sem defeito e depende de parâmetros microestruturais (tamanho de grão, forma e distribuição das fases). Já a

79

segunda variável é uma característica microestutural relacionada ao processamento do material (FUJITA et al., 2006; ZANOTTO; MIGLIORE JUNIOR, 1991). Para cerâmicas que apresentam grandes tamanhos de grãos, a resistência depende do tamanho do grão e é controlada por falhas intrínsecas do material. Nesta condição, o tamanho do maior grão determina o tamanho da falha ou defeito crítico (RICE, 1977 apud PIORINO NETO, 2000)4. Por outro lado, materiais compostos por grãos com tamanhos pequenos apresentam a resistência mecânica dependente dos fatores externos (provenientes de processos de fabricação ou usinagem) e não do tamanho do grão. Isso ocorre porque, sendo o tamanho da falha extrínseca maior que o tamanho do grão, a resistência do material independe da microestrutura (RICE, 1977 apud PIORINO NETO, 2000)4. Nas situações em que os tamanhos dos grãos e das falhas são aproximadamente iguais, a resistência do material poderá ser dependente dos defeitos intrínsecos e/ou extrínsecos (RICE, 1977 apud PIORINO NETO, 2000)4. A adoção de medidas como limitação da porosidade por meio do controle do tamanho das partículas e emprego de inibidores para retardar o crescimento dos grãos contribui para elevação dos valores de resistência mecânica de um material (VAN VLACK, 1973b). Entretanto, a metodologia utilizada para obtenção deste parâmetro está condicionada a algumas características específicas apresentada pela amostra. Assim, o tópico a seguir aborda os principais ensaios utilizados e as particularidades envolvidas na sua execução.

________________ 4

RICE, W. R. Microstructure dependence of mechanical behavior of ceramics. In: ___. Treatise on materials

science technology – properties and microstructure. New York: R. K. Maccrone, 1997. v. 11, p. 199-381 apud PIORINO NETO, F. Estudo do ensaio de anel em compressão diametral para caracterização de cerâmicas em temperaturas ambiente e elevadas. 2000. 162 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Materiais) Faculdade de Engenharia Química de Lorena, SP, 2000.

80

2.8.3 Avaliação da resistência mecânica dos materiais cerâmicos

Os métodos de conformação comumente utilizados em metais e polímeros industriais não são aplicáveis às cerâmicas (BARSOUM, 2003a). Como a existência de um defeito que inicie uma trinca ocorre de forma aleatória para esta classe de materiais, a determinação da resistência à fratura é obtida por meio de uma avaliação quantitativa. Neste contexto, os ensaios de tração na flexão em três ou quatro pontos e os ensaios de tração por compressão diametral são utilizados.

2.8.3.1 Ensaio de resistência à tração na flexão por três ou quatro pontos

Consiste na aplicação de uma carga crescente em determinado(s) ponto(s) de uma barra de secção circular ou retangular, apoiada em dois pontos (GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000c; SOUZA, 1982). O ensaio denominar-se-á de flexão por três pontos, quando a carga aplicada for localizada no centro da distância entre os apoios (Figura 2.21, condição a). Já de flexão por quatro pontos, quando a carga for aplicada em dois pontos eqüidistantes destes (Figura 2.21, condição b) (GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000c). Em ambos os casos, uma vez rompido o corpo de prova, a tensão de resistência à flexão (ı) pode ser obtida por meio da seguinte expressão (BARSOUM, 2003a; PIORINO NETO, 1990):

σ=

Em que: Q = carga aplicada; h = espessura da amostra; b = largura da amostra; L = vão maior; l = vão menor

3Q (L − l) 2bh 2

(14)

81

h b L

(a)

l

h b L

(b) Figura 2.21 – Ensaio de flexão por três (a) e quatro pontos (b) (CAMPOS, 2001; SANTOS, 2002).

Em virtude de sua praticidade, rapidez e baixo custo, os ensaios de tração na flexão são muito utilizados na determinação das propriedades mecânicas de materiais frágeis. No entanto, esses experimentos determinam somente a densidade dos defeitos existentes na superfície tracionada da amostra (Figura 2.22) (BEREZOWSKI; MOURA NETO; MELLO, 2002; PERES et al., 2003). Assim, embora sejam extremamente úteis para materiais que trabalhem à flexão, são ineficientes para a determinação das propriedades daqueles que trabalhem com tensões máximas nas regiões internas do corpo (PERES et al., 2003). Nesses casos, empregam-se ensaios de tração por compressão diametral.

82

Figura 2.22 – Distribuição de tensões e secção transversal de uma barra retangular submetida a ensaio de tração na flexão (STANLEY, 2001).

2.8.3.2 Ensaio de tração por compressão diametral

Os materiais cerâmicos são geralmente fracos em condições de tração direta. Quando submetidos a este tipo de esforço, as trincas microscópicas existentes nos materiais tendem a se propagar e se orientar perpendicularmente ao eixo de tração (GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000a). Por outro lado, a maioria das cerâmicas, é muito resistente à compressão, uma vez que não rompe por deslizamento e, portanto, apresenta comportamento relacionado às suas forças interatômicas (MUNZ; FETT, 2001a; VAN VLACK, 1973c). Sob atuação de um carregamento compressivo, as falhas de Griffith, surgidas durante o processamento ou manuseio das amostras, tendem a fechar sem afetar a resistência das ligações iônicas e covalentes do material (SHACKELFORD, 1996). Assim, os ensaios de resistência à tração por compressão diametral são utilizados com o objetivo de avaliar a tensão de tração máxima suportada por uma amostra, antes da ruptura (NBR 7222, 1983; PERES et al., 2003; PIORINO NETO, 2000; PITT; NEWTON; STANLEY, 1998). Conhecido originalmente como “Brazilian test”, a metodologia do ensaio consiste na aplicação de duas forças diametralmente opostas sobre

83

um corpo de prova cilíndrico, produzindo uma tensão de tração normal ao plano de carregamento (Figura 2.23) (MENDES, 2002; PERES et al., 2003; PITT; NEWTON; STANLEY, 1998; RUDNICK; HUNTER; HOLDEN, 1963). Assim, a resistência à tração ( σ ) de um material frágil pode ser obtida por meio da seguinte expressão:

σ=

2P πDh

(15)

Em que: P = carga aplicada; D = diâmetro do corpo de prova (em formato circular); h = espessura do corpo de prova

Figura 2.23 – Distribuição de tensão e secção transversal em uma amostra submetida a ensaio de compressão diametral (STANLEY, 2001).

Os resultados obtidos por meio do ensaio de compressão diametral, assim como ocorre com o de flexão, são influenciados pelas seguintes variáveis: temperatura, velocidade de aplicação da carga, anisotropia do material, condições ambientais, defeitos superficiais existentes e geometria do corpo de prova (BEREZOWSKI; MOURA NETO; MELLO, 2002; CALLISTER, 2002a; GARCIA, SPIM; SANTOS, 2000b; VAN VLACK, 1973c).

84

2.9 Efeito da temperatura sobre as propriedades das cerâmicas

Em cerâmicas refratárias, o processo de fratura pode ocorrer por diversas origens: mecânica (resultado de impactos), devido à tensão térmica (em conseqüência de ciclos alternados de aquecimentos e resfriamentos) e fratura explosiva (resultante da retenção de umidade/líquido em concretos refratários), dentre outros (CUNHA-DUCAN; BRADT, 2003). Neste trabalho, será enfatizada a fratura ocorrida por tensões térmicas (choque térmico). O conhecimento deste fenômeno se faz necessário, para a otimização das cerâmicas de SiC que deverão ser utilizadas como refratários.

2.9.1 Choque térmico

Quando um sólido é submetido a aquecimento ou resfriamento, a distribuição de temperatura em seu interior depende de fatores como tamanho, geometria, condutividade do material e taxa de variação da temperatura (CALLISTER, 2002d). Se exposto a variações bruscas de temperatura, tensões serão desenvolvidas em diferentes partes do material, como decorrência do gradiente térmico apresentado. Assim, ao ser aquecido rapidamente, serão produzidas tensões de compressão na superfície e de tração no centro da amostra (SALVINI, 1995). Como a resistência à compressão nos materiais cerâmicos é normalmente superior à de tração, dificilmente ocorrerá fratura da amostra. Se um aumento brusco de temperatura causar trincas devido às tensões de tração, as tensões na superfície poderão exceder a resistência à compressão do material refratário. Neste caso, serão desenvolvidas trincas na superfície, com formação de um ângulo de 45° na direção da força de cisalhamento, ocorrendo então um “descascamento” do refratário (SALVINI, 1995). Submetido a um rápido resfriamento, a superfície do material tenderá a se contrair mais rapidamente que o seu interior ainda quente e as tensões térmicas formadas nessas

85

regiões poderão conduzir a um rompimento (parcial ou completo) da amostra (BARSOUM, 2003b; SHACKELFORD, 1996). Na Figura 2.24 observa-se o processo de formações de trincas que ocorre em amostras cilíndricas submetidas a condições bruscas de temperatura.

Figura 2.24 – Formação de trincas em materiais submetidos a condições bruscas de temperatura (SALVINI, 1995).

A nucleação e a propagação de trincas em materiais cerâmicos submetidos a gradientes térmicos foi estudada por Hasselman em seu artigo entitulado “Unified theory of thermal shock – fracture initiation and crack propagation in brittle ceramics” (1969). Segundo este autor, a “força motriz” para propagação de uma trinca é decorrente da energia elástica armazenada no material no momento em que se inicia a fratura. A magnitude das tensões térmicas e a conseqüente energia de deformação produzida estão relacionadas com a variação de temperatura a que um corpo está submetido. Para pequenos gradientes térmicos, a energia de deformação não será grande, as trincas existentes não crescerão e o sólido não será afetado pelo choque térmico (BARSOUM, 2003b). Entretanto, ao ser submetido a severas condições de temperatura, tensões térmicas em demasia são originadas no interior e/ou superfície do material. Assim, as trincas presentes podem se propagar e absorver o excesso de energia de deformação até

86

um ponto (falha, poro, ou contorno de grão) onde serão aprisionadas (BARSOUM, 2003b). A extensão e estabilidade de uma trinca são dependentes, respectivamente, de seu tamanho inicial e de suas concentrações. Hasselman (1969) considerou a situação em que tensões térmicas atuantes em um corpo alcançam valores máximos e estimou a temperatura crítica requerida para a propagação de uma trinca ( ΔTc ), por meio da seguinte equação:

1

(

)

ª πG ' (1 − 2υ )2 º 2 ª 16 1 − υ 2 Nl 3 º − ΔTc = « .«1 + » [l ] 2 2 » 9(1 − 2υ ) ¼ ¬ 2 E 0α 1 − υ ¼ ¬

(

)

1

2

(16)

Em que: N = número de trincas por unidade de volume; E0 = módulo de Young do material livre de trinca; G’ = energia da superfície de fratura; l = comprimento inicial da trinca; υ = coeficiente de Poisson.

Trincas inicialmente curtas e em reduzidas quantidades exibem grandes comprimentos finais e severa degradação da resistência (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976a). A taxa de energia elástica liberada após o início da sua propagação excede a energia da superfície de fratura e o excesso de energia é transformado em energia cinética de propagação da trinca (BERRY, 1960a, 1960b; HASSELMAN, 1969; SALVINI, 1995). Esta propagação, entretanto, cessará quando a energia elástica liberada for igual à energia total da superfície de fratura (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976a). Nas situações em que apresentam tamanhos iniciais pequenos, porém em excessivas quantidades, as trincas se estendem de forma limitada após choque térmico (propagação

87

quasi-estática) e a resistência não sofrerá danos severos (BARSOUM, 2003b). Essas propriedades são decorrentes da presença de elevada porosidade, grãos grandes e transformação de fase (SALVINI, 1995). Os materiais que se enquadram nessa categoria, por resistirem a severos ciclos de temperaturas, são ditos tolerantes ao choque térmico (tijolos refratários, por exemplo) (BARSOUM, 2003b). Nas Tabela 2.6 e Figura 2.25 são apresentados o comprimento e a resistência mecânica em função da variação de temperatura para materiais contendo trincas inicias curtas. Já a Tabela 2.7 e Figura 2.26 exibem o comportamento desses mesmos parâmetros para os materiais com trincas longas.

Tabela 2.6 – Comprimento e resistência mecânica de material com trincas iniciais curtas em função da temperatura (HASSELMAN, 1969; SALVINI, 1995). Variação de temperatura

0 < ΔT < ΔTc,

Comportamento *Nenhuma alteração no comprimento da trinca e na resistência mecânica;

*Início do processo de fratura;

ΔT = ΔTc

*Propagação cinética da trinca; *Rápido aumento do comprimento da trinca, com consequente redução de sua resistência mecânica

ΔTc < ΔT < ΔTc’

*Nenhuma alteração no comportamento da trinca.

*O crescimento da trinca ocorre de modo quasi-estático, com

ΔT > ΔTc’

decréscimo gradual da resistência em função da elevação de ΔT

Em que: ǻTc = variação de temperatura crítica requerida para propagação de uma trinca; ǻTc’ = variação de temperatura crítica requerida para propagação posterior de uma trinca.

88

(a)

(b)

Figura 2.25 – Comprimento (a) e resistência mecânica (b) de um material com trincas iniciais curtas em função da variação de temperatura (HASSELMAN, 1969; SALVINI, 1995).

89

(a)

(b)

Figura 2.26 – Comprimento (a) e resistência mecânica (b) de um material com trincas longas em função da variação de temperatura (HASSELMAN, 1969; SALVINI, 1995).

90

Tabela 2.7 – Comprimento e resistência mecânica de material com trincas longas em função da temperatura (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976a; SALVINI, 1995). Variação de temperatura

0 < ΔT < ΔTc, ΔT = ΔTc

Comportamento *Nenhuma alteração no comprimento e resistência da trinca;

*Início do processo de fratura;

*O crescimento da trinca ocorre de maneira quasi - estática, com

ΔT > ΔTc

decréscimo gradual da resistência em função da elevação de ΔT.

Ao expor um material cerâmico a condições bruscas de temperatura, tensões serão desenvolvidas e poderão, dependendo da sua amplitude, comprometer a integridade da amostra. Neste contexto, o conhecimento das propriedades físicas do material é de fundamental importância, pois fornece subsídios para seleção de materiais com características adequadas para emprego em refratários. Com esta finalidade, serão abordados a seguir os parâmetros capacidade térmica, condutividade e expansão térmica.

2.9.1.1 Principais parâmetros físicos envolvidos no choque térmico

2.9.1.1.1 Capacidade térmica ou capacidade calorífica

Define-se como capacidade térmica ou capacidade calorífica (C) a quantidade de calor requerida (Q) para elevar a temperatura (T) de uma substância em 1°C (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f). Indica a aptidão do material em absorver calor do meio externo e é expressa matematicamente por (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; PADILHA, 1997b):

C=

dQ dT

(17)

91

Normalmente, a capacidade calorífica é especificada em termos de um mol do material e sua representação por unidade de massa é obtida utilizando-se o termo calor específico (c) (CALISTER, 2002e). Este parâmetro, de acordo com as condições ambientes que acompanham a transferência de calor, pode ser expresso mantendo-se constante ou a pressão externa (cp) ou o volume da amostra (cv) (CALISTER, 2002e; PADILHA, 1997b). Enquanto as medições são efetuadas a pressão constante, os cálculos teóricos são realizados por meio do calor específico a volume constante, cuja equação é expressa matematicamente por (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c): § dE · cv = ¨ ¸ © dT ¹ v

(18)

Em que: E = energia interna.

A 0 K (-273°C), o valor do calor específico a volume constante é zero, mas se eleva rapidamente em resposta a um aumento de temperatura (CALISTER, 2002e). A partir de um valor denominado temperatura de Debye ou temperatura característica (θ D ) , cv permanece constante, independente da temperatura e assume o valor aproximado de 3R, sendo R a constante dos gases (CALISTER, 2002e; PADILHA, 1997b). Assim, embora a energia total do material esteja aumentando com a temperatura, a quantidade de energia necessária para produzir uma variação térmica de um grau é constante (CALISTER, 2002e). Esta condição é mutável e dependente de fatores como tipo de ligação, constante elástica, ponto de fusão e nível de porosidade dos materiais (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; MUNZ; FETT, 2001b; RICHERSON, 2006f). Para a maioria dos óxidos e carbetos (Figura 2.27), a capacidade térmica se estabiliza a aproximadamente 5,96 cal/mol °C e à temperatura de 1000°C (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c).

92

Figura 2.27 – Comparação da capacidade térmica em função da temperatura para alguns materiais cerâmicos (PADILHA, 1997b).

No estudo do choque térmico, a capacidade térmica é uma variável de fundamental importância, pois a existência de gradientes de temperatura em uma amostra pode conduzir à formação de tensões.

2.9.1.1.2 Condutividade térmica

Define-se como condutividade térmica o fenômeno segundo o qual o calor é transportado das regiões de alta temperatura para as regiões de baixa temperatura em um material (CALISTER, 2002e; PADILHA, 1997b). A propriedade que caracteriza esta habilidade é descrita em termos de condutividade térmica (k), cuja expressão, válida somente para escoamento em condição de regime estacionário, é dada por (CALISTER, 2002e; PADILHA, 1997b): q = −k

dT dx

(19)

93

Em que: q = fluxo de calor transferido por unidade de tempo através de um plano de área A, normal ao fluxo de energia térmica. O sinal negativo indica a direção do fluxo de calor: da região mais quente para a mais fria (CALISTER, 2002e); dT = variação de temperatura no meio condutor. dx

A condutividade térmica é diretamente proporcional à densidade de elétrons livres ou fônons (n), à velocidade média das partículas (ν), ao calor específico (cv) e o livre caminho médio (λ). Matematicamente, esta relação é expressa por (PADILHA, 1997b): k ∝ nvcv λ

(20)

De uma forma geral, o transporte de calor através do sólido ocorre por vibrações de fônons (kr) ou de elétrons livres (ke) e a condutividade térmica total (k) é expressa por (BARSOUM, 2003b): k = kr + ke

(21)

Em metais puros, o transporte de calor ocorre por vibrações dos elétrons que, em virtude da existência de ligações metálicas, se movimentam livremente através da estrutura (PADILHA, 1997b; RICHERSON, 2006f). Soma-se a isso o fato de possuírem maior velocidade e não se dispersarem tão facilmente por defeitos cristalinos como os fônons (CALISTER, 2002e; PADILHA, 1997b; RICHERSON, 2006f). Em cerâmicas, a condução de energia se dá por intermédio dos fônons e da radiação, uma vez que esses materiais, apresentam pequenas concentrações de elétrons livres e são, em sua maioria, transparentes à energia radiante (VAN VLACK, 1973d). Como os fônons não são eficientes no transporte de calor e se espalham facilmente por

94

imperfeições do retículo, os materiais cerâmicos conduzem menor quantidade de calor que os metais (PADILHA, 1997b). A distância média que os transportadores de energia (elétrons ou fônons) viajam antes de serem dispersos por imperfeições como fronteira de grãos e poros é denominada livre caminho médio (λ) (BARSOUM, 2003b; PADILHA, 1997b; VAN VLACK, 1973d). Com a elevação da temperatura, conforme pode ser observado por meio da equação (22), o livre caminho médio dos fônons diminui, pois quanto mais intensa a vibração cristalina, menos regular é a estrutura do reticulado (VAN VLACK, 1973d).

λ≈

1 T

(22)

A temperatura exerce uma forte influência na condutividade térmica dos materiais cerâmicos. Em situações que demandam valores de temperaturas relativamente baixos, os materiais cerâmicos apresentam condutividade térmica reduzida, conseqüência da ausência de elétrons livres. Entretanto, à medida que os valores de temperatura aumentam, a velocidade média das partículas (v) se conserva relativamente constante e o calor específico (cv), inicialmente crescente, permanece constante (RICHERSON, 2006f). Para as cerâmicas cristalinas em que as vibrações da rede são o modo básico de condução de calor, o efeito do livre caminho médio é dominante e a condutividade térmica diminui com a elevação da temperatura (RICHERSON, 2006f). Vidros e outras cerâmicas amorfas constituem exceções a esta regra. Como apresentam estruturas desordenadas, mesmo à temperatura ambiente, o livre caminho médio dos fônons é pequeno e não se eleva significativamente com a temperatura (VAN VLACK, 1973d). Assim, para esses materiais, o calor específico (cv) é dominante e a condutividade térmica aumenta com a temperatura (RICHERSON, 2006f). Em adição ao processo de energia vibracional, o processo de transferência de calor por radiação torna-se extremamente importante quando materiais sólidos como vidros, cerâmicas cristalinas transparentes e cerâmicas altamente porosas (por exemplo, tijolos

95

refratários) são submetidos a altas temperaturas (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f). Nesta condição, a transferência de calor é proporcional a uma função exponencial de T e a condutividade da energia radiante ( k r ) é obtida por meio da equação (23) (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c).

kr =

16 2 3 σn T l r 3

(23)

Em que: σ = constante de Stefan-Boltzmann (1,37 x 10-12 cal/cm2 s K4); n = índice de refração; l r = livre caminho médio da energia radiante

Além da temperatura, a condutividade térmica é influenciada por fatores como porosidade (e, conseqüentemente, densidade), quantidade de fases, presença de impurezas, microtrincas, forma e orientação dos grãos (MUNZ; FETT, 2001b; RICHERSON, 2006f; VAN VLACK, 1973d). Materiais cerâmicos densos geralmente apresentam diminuição da condutividade térmica com elevação da temperatura (caso, por exemplo, do BeO, MgO e Al2O3) (PADILHA, 1997b). Já as cerâmicas porosas, embora apresentem valores reduzidos, a condutividade térmica se eleva com a temperatura em virtude do aumento da parcela de transmissão por radiação através dos poros. O gráfico apresentado na Figura 2.28 ilustra o efeito da temperatura nos valores de condutividade térmica para alguns materiais. Matematicamente, a relação existente entre condutividade e porosidade é expressa por meio das equações (24 e 25):

kp = k

1−Vp 1 − 0,5V p

ou

(24)

96 k p = k (1 − V p )

(25)

Em que: k p = o valor de condutividade para o material contendo poros;

Vp = fração volumétrica dos poros

Figura 2.28 – Condutividade térmica em função da temperatura de várias classes de materiais (PADILHA, 1997b).

Ainda que em pequena quantidade, a presença de porosidade reduz o livre caminho médio dos fônons, limitando, conseqüentemente, o seu mecanismo de condução (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c). Assim, embora as cerâmicas porosas

97

apresentem uma elevação da condutividade em função da temperatura, a magnitude desses valores os qualifica para aplicações a altas temperaturas (RICHERSON, 2006f). A condutividade de um material cerâmico composto por duas ou mais fases depende do arranjo apresentado por cada fase, bem como da sua condutividade individual (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f). Como as condutividades térmicas e elétricas são sensíveis ao arranjo da microestrutura, quatro situações idealizadas de distribuição de fases são ilustradas na Figura 2.29.

Figura 2.29 – Modelos idealizados da condutividade em função da distribuição de fases em um material. Condutividade paralela (a), em série (b), fase contínua principal (c) e fase contínua secundária (d) (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f; VAN VLACK, 1988).

Se a condução térmica é paralela à estrutura (Figura 2.29, modelo a), as fases apresentam o mesmo gradiente de temperatura e o fluxo de calor ocorre através do melhor condutor (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f; VAN VLACK, 1988). Nesta situação, a condutividade térmica total ( k m ) é expressa por: k m = V1 k1 + V2 k 2

(26)

Em que: V1 e V2 = fração de volume de cada componente (área relativa a secção

transversal);

98 k1 e k 2 = condutividade térmica referente a cada componente.

Quando a condução de calor é determinada pelo melhor condutor (k1 ²² k 2 ) , a equação (26) assume a seguinte forma (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f): k m ≅ V1 k1

(27)

Se a condução é perpendicular ao plano da amostra (Figura 2.29, modelo b), as camadas apresentam idênticos fluxo de calor, mas, os gradientes de temperatura são diferentes (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f). A condução de calor dominante é oriunda do material que apresenta menor condutividade e é relacionada por (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c):

1 V1 V2 = + k m k1 k 2

(28)

ou km =

k1 k 2 V1 k 2 + V2 k1

(29)

Quando k1 ² k 2 , ou seja, a condução de calor é determinada pelo material com menor condução, a equação (29) é expressa por (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c)

km =

k2 V2

(30)

99

Os modelos c e d ilustrados na Figura 2.29 apresentam microestruturas típicas dos materiais cerâmicos e são caracterizados pela presença de duas fases distintas: uma contínua e uma dispersa (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f). A condutividade resultante ( k m ) é expressa em termos das condutividades apresentadas por ambas as fases, conforme observado na equação (31) (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c):

km = kc

1 + 2Vd (1 − k c k d ) (2k c k d + 1) 1 − Vd (1 − k c k d ) (k c k d + 1)

(31)

Em que: k c = condutividade térmica da fase contínua; k d = condutividade térmica da fase dispersa; Vd = fração de volume da fase dispersa

O modelo c apresentado na Figura 2.29 é típico de materiais cerâmicos cujas microestruturas exibem porosidades normalmente presentes. É caracterizado por uma fase principal contínua ( k c ) e uma segunda fase de partículas dispersas ( k d ) (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f). Como nesta situação k c ² k d , a equação (31) assume a seguinte forma (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c): k m ≅ k c [(1 − Vd ) (1 + Vd )]

(32)

A configuração d ilustrada na Figura 2.29 é caracterizada por grãos grandes isolados ( k d ), separados por uma fase contínua secundária ( k c ) (RICHERSON, 2006f). Como k d ² k c , a condutividade total é representada por meio da equação (33). As reações de

sinterização do carbeto de silício e as cerâmicas vítreas são exemplos que se enquadram

100

nesta classe de modelo de distribuição de fase (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f). k m ≅ k c [(1 + 2Vd ) (1 − Vd )]

(33)

Ainda que secundária, a fase contínua tende a influenciar na condutividade térmica do material. Caso apresente alta condutividade, essa fase formará um caminho para transporte térmico ou elétrico (VAN VLACK, 1988). Entretanto, se isolante ou pouco condutora, o transporte ficará limitado às regiões com maior presença da fase dispersa, de condutividade mais elevada (VAN VLACK, 1988). A porosidade é um caso especial de segunda fase dispersa e resulta em uma redução da condutividade térmica, conforme detalhado anteriormente (RICHERSON, 2006f). Nos materiais cerâmicos, a presença de átomos de impurezas em soluções sólidas conduz a dispersão dos fônons, com conseqüente diminuição da condutividade térmica (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c). Este fenômeno surge como decorrência dos seguintes fatores: diferença na massa de um elemento substituto na rede cristalina; diferença nas forças de ligações entre o elemento substituto e a estrutura original e do campo de tensão elástica ao redor do átomo da impureza (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c). Os problemas relacionados à condutividade ocorrem em virtude da formação de tensões internas residuais, conseqüência de gradientes de temperatura nesta região (SHACKELFORD, 1996). As tensões de tração surgidas na superfície poderão conduzir ao choque térmico, conforme descrito no item que aborda o assunto (2.9.1).

2.9.1.1.3 Expansão térmica

Quando um material é exposto a uma variação de temperatura, suas dimensões são alteradas em determinada direção. Esta propriedade é medida por meio do coeficiente linear de expansão térmica (α), cujo valor é função das características exibidas pelo

101

material. As mudanças dimensionais ocorrem quando, em virtude da elevação da temperatura, a freqüência e a amplitude da vibração interatômica se intensificam. Assim, como as forças de repulsão são maiores que as de atração, a distância média entre os átomos aumenta (PADILHA, 1997b; RICHERSON, 2006f). A magnitude dessas alterações e a temperatura de fusão exibida por um material são conseqüências da resistência entre suas ligações e dos arranjos entre os átomos que o compõem (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c; RICHERSON, 2006f; VAN VLACK, 1973d). Materiais que exibem fortes ligações, caso do diamante e do carbeto de silício, necessitam de maior quantidade de energia térmica para elevar os espaçamentos entre os seus átomos e, assim, exibem baixos coeficientes de expansão térmica e elevadas temperaturas de fusão (VAN VLACK, 1973d). Matematicamente, o coeficiente linear de expansão térmica ( α l ) é dado por (CALLISTER, 2002e; RICHERSON, 2006f): Δl l 0 ΔT

αl =

(34)

Em que: l 0 = comprimento inicial na temperatura T1 ; Δl = variação no comprimento ( l − l 0 ) entre T1 e T2 ;

ΔT = variação na temperatura T2 - T1

Em termos de alteração de volume, o coeficiente de expansão térmica ( α v ) é expresso por (CALLISTER, 2002e): αv =

ΔV V0 ΔT

Em que: V0 = volume inicial a temperatura T1 ; ΔV = variação no volume ( V − V0 ) entre T1 e T2

(35)

102

Cristais simples, de estruturas não-cúbicas, exibem diferentes coeficientes de expansão térmica nos três eixos cristalográficos e são denominados anisotrópicos ou não isotrópicos (RICHERSON, 2006f). Já cristais cúbicos exibem coeficientes de expansão térmica uniforme ao longo de todos os eixos e são ditos isotrópicos (RICHERSON, −

2006f). Para estes materiais, o coeficiente médio de expansão linear ( α l ) e o coeficiente −

médio de expansão volumétrica ( α v ) se relacionam por meio da equação (KINGERY; BOWEN; UHLMANN, 1976c): −



α v = 3α l

(36)

A Tabela 2.8 fornece informações a respeito do coeficiente linear de expansão térmica e da temperatura de fusão para alguns materiais cerâmicos.

Tabela 2.8 – Coeficiente linear médio de expansão térmica e temperatura de fusão de alguns materiais cerâmicos (BARSOUM, 2003d; MUNZ; FETT, 2001b). Coeficiente linear de expansão térmica 10-6/K

Material

Temperatura de fusão (°C)

20-500°C

20-1000°C

500-1000°C

MgO

11,6

13,5

15,3

2852

BeO

7,6

8,7

9,7

2780 ± 100

Al2O3

6,0-7,6

7,4-9,0

9,5-10,5

2054 ± 6

B4C

4,0-4,5

4,5-5,0

5,0-5,5

2470 ± 20

Mulita

4-6

4-6

4-6

1850

3,5-4,8

3,7-5,0

4,3-5,8

2837

(3Al2O3.2SiO2) SiC

Em aplicações que exponham o material a uma grande variação de temperatura, o comportamento de expansão térmica é fundamental. Grandes gradientes de temperaturas

103

ou um comportamento de expansão térmica incompatível entre dois materiais podem resultar em tensões suficientemente altas para provocar uma fratura por choque térmico ou distorção do material (RICHERSON, 2006f).

2.10 Adesão entre camadas

Um problema crítico apresentado pelas cerâmicas multicamadas é a adesão na interface de suas camadas. Submetidas a aplicações térmicas, a interação cerâmicacerâmica deve ser forte o suficiente para suportar os gradientes de temperatura sem desprendimento parcial ou total de material. Neste contexto, diversas técnicas podem ser utilizadas dentre elas, a de sobreposição direta e a que utiliza um material aderente ou ligante entre camadas. Na sobreposição direta, a colagem das camadas ocorre por meio do entorno de uma dispersão cerâmica sobre outra pré-existente. Condição fundamental para utilização desta metodologia é a existência de compatibilidade entre as propriedades das diferentes camadas. Discrepantes pontos de fusão e de coeficientes de expansão térmica, por exemplo, podem produzir avarias na junção das camadas e assim, comprometer a integridade da amostra. No processo que utiliza um material de adesão, a junção das camadas pode ser obtida por meio, por exemplo, de uma camada vítrea. Entretanto, os problemas de compatibilidade anteriormente enumerados são amplificados pela existência de diferenças nos arranjos estruturais dos materiais envolvidos. Por esta razão, os tópicos seguintes abordam de maneira sucinta a natureza química, principais características e particularidades dos vidros.

2.10.1 Vidros

Segundo

a

definição

de

Navarro

(2003a),

vidros

são

substâncias

termodinamicamente instáveis, estruturalmente desordenadas, quimicamente complexas e

104

heterogêneas, tecnologicamente de propriedades e aplicações diversas. Diferem dos cristais por apresentarem irregularidades nos arranjos de suas moléculas constituintes e não periodicidade a longo alcance (DOREMUS, 1994). A existência de vazios neste tipo de reticulado permite a localização de átomos de tamanhos variados, originando vidros com diferentes composições e propriedades. Na Figura 2.30 é apresentado o arranjo estrutural de um composto tipo A2O3 em que se observa o retículo uniforme exibido pelo cristal com uma unidade repetida regularmente em todas as direções (a) (NORTON, 1973b). Entretanto, a estrutura vítrea deste mesmo material apresenta uma rede irregular com distribuição aleatória (b).

a

b

Figura 2.30 – Representação esquemática da estrutura de um composto tipo A2O3: retículo correspondente à fase cristalina (a) e a fase vítrea (b) (ALVES; GIMENEZ; MAZALI, 2001).

105

De acordo com a função que exercem, os materiais empregados para a formação dos vidros são classificados em: formadores de reticulados, modificadores, intermediários e componentes secundários (NAVARRO, 2003b; NORTON, 1973b; SENE, 2002; VIEIRA, 2008). Denominam-se formadores ou vitrificantes, os compostos que fazem parte da estrutura fundamental dos vidros, lhes proporcionando as características principais e a denominação genérica (vidros de silicatos, de borossilicatos, por exemplo) (NAVARRO, 2003b; VIEIRA, 2008). A tendência covalente das ligações do tipo Si-O, Ge-O, P-O, BO, As-O e Sb-O, faz com que os óxidos desses elementos formem vidros (SENE, 2002). Os Modificadores ou fundentes (alcalinos - lítio, sódio e potássio, os alcalinosterrosos, o Fe2+ e Pb2+), ao se ajustarem nos vazios do reticulado, enfraquecem as ligações da rede ocasionando uma redução da temperatura de fusão do vidro (NORTON, 1973b; SENE, 2002). Já alguns íons como, por exemplo, o Fe3+, Al3+, Be2+, Zn4+, Sn4+ e Ga3+ são denominados formadores de vidro intermediários, pois podem atuar como modificadores ou formadores de rede. São ditos secundários os materiais que, embora minoritários, apresentam função determinada na composição do vidro. Neste contexto se inserem os agentes colorantes (Cu2+, Fe2+, Fe3+, Ti3+, etc.) e os agentes descolorantes (Se e Co) (ALVES et al., 2008; NAVARRO, 2003b). Os vidros podem ser obtidos por processos como deposição química de vapor, pirólise, irradiação de nêutrons, processo sol-gel e fusão/resfriamento (ALVES et al., 2008; NAVARRO, 2003a; VIEIRA, 2008). Os vidros convencionais são produzidos tradicionalmente por meio deste último método e consiste na fusão de uma mistura a altas temperaturas, seguida de resfriamento rápido (ALVES et al., 2008). Na Tabela 2.9 é apresentada a natureza química dos elementos empregados na produção de vidro por meio do processo fusão/resfriamento.

106

Tabela 2.9 – Natureza química de alguns compostos empregados nos vidros produzidos por fusão/resfriamento (ALVES et al., 2008). Tipos de materiais Inorgânicos

Natureza química

Compostos empregados

Elementos

S, Se, Te

Óxidos

SiO2, B2O3, P2O5, GeO2, As2O3, Sb2O3, In2O3, SnO2, Tl2O3, -Na2O, PbO2, SeO2

Sulfetos

As2S3, CS2, Sb2S3 Vários compostos de B, Ga, In, Te, Ge, Sn, N, P, Bi

Selenetos

Vários compostos de Tl, Sn, Pb, As, Sb, Bi, Si, P

Teluretos

Vários compostos de Tl, Sn, Pb, As, Sb, Bi, Ge

Haletos

Vidros cloretos multicomponentes baseados em Zncl2, CdCl2, BiCl3, ThCl4 Vidros fluoretos à base de BeF2, AlF3, ZrF4, HfF4

Nitratos

KNO3-Ca(NO3)2 e muitas outras misturas binárias contendo nitratos alcalinos e alcalino-terrosos

Sulfatos

KHSO4 e outras misturas binárias e ternárias

Carbonatos

K2CO3-MgCO3

Acetatos

Na(CH3COO), Li(CH3COO)

Orgânicos simples

o- terfenil, tolueno, 3-metil-hexano, 2,3-dimetil cetona, álcool etílico, glicerol, glicose, etc.

Orgânicos poliméricos

Poliestireno (-CH2-)n

Ligas metálicas

Au4Si, Pd4Si

2.10.1.1 Vidros de borossilicatos

Por apresentarem propriedades como, elevada estabilidade química, baixo coeficiente de expansão térmica, alto ponto de fusão e alta resistência ao choque térmico, os vidros de borossilicatos são empregados em situações sujeitas a grandes variações de temperatura (DOREMUS, 1994; NAVARRO, 2003c; NORTON, 1973c,). São utilizadas em materiais de laboratórios (pipetas, buretas, tubos de ensaio), indústrias farmacêuticas (ampolas, frascos), louças domésticas, instalações químicas industriais (reatores e colunas

107

de destilação), na indústria automotiva (faróis) e em aplicações aeroespaciais (tubeiras) (DOREMUS,

1994;

NAVARRO,

2003c;

PFAENDER,

1996).

Conhecidos

comercialmente como “Duran®”, “Pyrex®”, “Simax®” e “Vycor®”, os borossilicatos apresentam sua composição de acordo com a finalidade a que se destina. Assim, na fabricação dos vidros tipo “Pyrex®” são utilizados os materiais cujos percentuais aproximados estão resumidos na Tabela 2.10. Já na Tabela 2.11 são apresentadas as principais propriedades físicas, mecânicas e térmicas deste material. Tabela 2.10 – Composição aproximada do vidro tipo “Pyrex ®” (DOREMUS, 1994). Composição aproximada (peso %) SiO2

B2O3

Al2O3

Na2O

81,0

13,0

2,0

4,0

Tabela 2.11 – Propriedades físicas, mecânicas e térmicas apresentadas pelo vidro tipo “Pyrex® (FERRO-CERAMIC GRINDING INC., 2005). Propriedades

Unidades

Valor

Físicas Densidade Dureza

g/cm3

2,23 2

knoop (kg/mm )

418

Mecânicas Módulo de elasticidade

Gpa

64

Raio de Poisson

--

0,20

Térmicas Calor específico

cal/g.ºC

0,18

Condutividade térmica

W/m.K

1,1

Coeficiente linear de expansão térmica

°C-1

32,5 x 10-7 (300°C)

108

Outros compostos podem ser adicionados à composição padrão dos borossilicatos, com a finalidade de conferir-lhes algumas propriedades específicas. Assim, a incorporação do óxido de lítio a rede vítrea, por exemplo, conduz ao surgimento de propriedades como, redução da temperatura de fusão, da viscosidade e da tensão superficial. Este material atua como modificador de rede e é empregado na composição de vidros especiais para tubos de televisão e de raios X, e em alguns vitrocerâmicos (NAVARRO, 2003b). O óxido de chumbo é um composto intermediário que em grandes concentrações atua como formador de rede e em baixas concentrações, como agente modificador (NAVARRO, 2003b). Sua utilização confere ao vidro características como reduzida temperatura de fusão e elevado índice de refração, o que lhe proporciona maior brilho. É utilizado como agente de coloração e auxilia na diminuição do coeficiente de dilatação térmica (SERPA, 2007). Os vidros de chumbo são empregados na indústria eletroeletrônica (lâmpadas, válvulas eletrônicas, tubos de televisão), vidros decorativos, copos, taças, tubos de raio X e material radioativo ( AKERMAN, 2000; NAVARRO, 2003b).

109

3 MATERIAIS E MÉTODOS

No fluxograma da Figura 3.1 estão resumidas as técnicas de conformações e os materiais empregados na produção das cerâmicas deste trabalho. Já no Fluxograma da Figura 3.2 são apresentados os ensaios utilizados para caracterização individual das amostras e da adesão das camadas. As etapas envolvidas em ambos os casos, são apresentadas detalhadamente nos tópicos seguintes. CONFORMAÇÃO DAS AMOSTRAS

PRENSAGEM

CONSOLIDAÇÃO

Via seca

ȕ-SiC, amido de milho e H2O

Via úmida

Lupasol SK

ȕ-SiC, PVal e H2O ȕ-SiC, amido de milho e H2O

ȕ-SiC, YAG, PVal, e H2O

Lupasol SK

Bio 300

Gelatinização

Secagem da dispersão

Prensagem

Secagem e sinterização

1

Figura 3.1 – Fluxograma das etapas envolvidas e respectivos materiais utilizados na conformação das amostras deste trabalho.

110 1

Estudo individual das amostras

Perda de massa e contração

Adesão das camadas

Choque térmico

Sobreposição

Material selante (vidro)

Rugosidade Choque térmico Microscopia óptica

Massa específica e porosidade aparente Ensaio de compressão diametral

Microscopia eletrônica de varredura

Microscopia óptica

Caracterização das propriedades físicas

Caracterização termomecânica

Caracterização das propriedades mecânicas

Caracterização microscópica

Figura 3.2 – Fluxograma com os ensaios empregados na caracterização das cerâmicas de SiC.

A sinterização das amostras e as análises por meio de microscopia eletrônica de varredura foram realizadas no AMR/IAE. As demais etapas utilizadas no processamento dos materiais, bem como os ensaios empregados na caracterização das cerâmicas foram realizados nos laboratórios da UNESP, campus Guaratinguetá.

111

3.1 Materiais

Os corpos cerâmicos utilizados neste trabalho foram confeccionados com os materiais relacionados:

3.1.1 Carbeto de silício Produzido pela SAINT GOBAIN e comercializado pela MICROSERVICE, o β-SiC ultrafino foi utilizado na forma de pó, com massa específica de 3,33 g/cm3. A escolha deste material foi motivada pelas propriedades enumeradas, bem como pelos resultados obtidos por Marins (2003, 2008), em trabalhos pioneiros desenvolvidos na UNESP, campus de Guaratinguetá. Com a finalidade de eliminar aglomerados por ventura existentes, o carbeto de silício, após pesagem em balança analítica, foi submetido a peneiramento.

3.1.2 Amido de milho

Como material ligante e elemento formador de poros foi utilizado o amido de milho (UNILEVER BRASIL ALIMENTOS), cuja massa específica (1,52 g/cm3) foi determinada por meio de picnometria por hélio.

3.1.3 Defloculantes

3.1.3.1 Lupasol SK

O defloculante Lupasol SK pertence a uma classe de polímeros catiônicos que apresenta a mais alta densidade de cargas por molécula ou por peso. Esta característica faz com que sua aderência na superfície de determinadas partículas polares ocorra de forma eficiente, em virtude da estrutura ramificada e esférica apresentada por suas

112

moléculas (BASF AKTIENGESELLSCHAFT, 1996). Por possuir alto peso molecular, o Lupasol SK promove a formação de um forte filme na superfície das camadas. Por outro lado, ao apresentar um forte caráter de superfície ativa, ele altera as características superficiais e interfaciais das dispersões cerâmicas por meio da sua adsorção em um líquido (BASF AKTIENGESELLSCHAFT, 1996). Na Tabela 3.1 são apresentadas as principais características/especificações do Lupasol SK, segundo boletim técnico fornecido pelo fabricante.

Tabela 3.1 – Principais características apresentadas pelo defloculante Lupasol SK (BASF AKTIENGESELLSCHAFT, 1996; BASF CORPORATION, 2005). Características/especificações Nome químico comum ou genérico

Polietilenimina (PEI)

Viscosidade a aproximadamente 20°C

500 – 1000 mPa.s

Densidade a aproximadamente a 20°C

1,06 g/cm3

Valor de pH (1% em água)

7,8 – 8,7

Conteúdo de sólidos

23,0 – 25,5%

Peso molecular médio

2.000.000 g/mol

3.1.3.2 Denvercril Bio 300

Produzido pela DENVER RESINAS, o Denvercril Bio 300 é um dispersante altamente solúvel em água. Recomendado para a produção de tintas residenciais, texturas e massas, reduz a viscosidade das dispersões com pouquíssima formação de espumas. Na Tabela 3.2 estão contidas algumas características do Denvecril Bio 300, conforme informação do fabricante.

113

Tabela 3.2 – Principais características do dispersante Denvecril Bio 300, segundo informações do fabricante (DENVER RESINAS, 2004). Características/especificações Nome químico comum ou genérico

Polimetacrilato de amônio

Viscosidade a 25°C

300 – 2000 mPa.s

Densidade a 25°C

1,14 – 1,18 g/cm3

Valor de pH a 25°C

5,0 – 7,0

Conteúdo de sólidos

38,0 – 40,0%

3.1.4 Aditivos

3.1.4.1 Aditivo de sinterização (YAG)

Na Tabela 3.3 é apresentado um resumo das principais características dos óxidos de alumínio (Al2O3) e de ítria (Y2O3) utilizados na composição do YAG (MARINS, 2008). Tabela 3.3 – Características apresentadas pelos materiais que compõem o YAG (MARINS, 2008). Material

Alumina A1000 SG Ítria GRADE C

Fabricante

Características físicas

ALCOA, Brasil

Tamanho médio (μm) 0,4

Área específica (m2/g) 6 – 11

Densidade (g/cm3) 3,8

H. C. Starck, Alemanha

0,9

10 – 16

5,0

3.1.4.2 Ligante (PVal)

Com a finalidade de elevar a resistência do corpo cerâmico a verde e assim, permitir um melhor manuseio da amostra foi utilizado como ligante o álcool polivinílico (PVal). Fabricado pela VETEC QUÍMICA FINA DO BRASIL, este polímero biodegradável apresenta suas principais características resumidas na Tabela 3.4.

114

Tabela 3.4



Principais

características

apresentadas

pelo

álcool polivinílico

(CASQUÍMICA PRODUTOS QUÍMICOS LTDA, 2008; OSWALDO CRUZ QUÍMICA LTDA, 2003). Características/especificações Nome químico comum ou genérico

Álcool polivinílico

Sinônimos

PVA, PVal, polivinol, homopolímero de etenol

Fórmula química

[-CH2CHOH-]n

Descrição física

Grânulos brancos

Viscosidade (solução aquosa a 4%, 20°C)

27 - 33 mPa.s

Valor de pH

Solução aquosa é neutra ou ligeiramente ácida

3.1.5 Vidros de borossilicato

Para colagem das cerâmicas obtidas por prensagem foram utilizados dois tipos de vidros: borossilicato de lítio e de chumbo.

3.1.5.1 Borossilicato de lítio

Desenvolvido e processado no AMR/IAE, as composições e respectivas quantidades do borossilicato de lítio empregado, estão resumidas na Tabela 3.5.

Tabela 3.5 – Composição do borossilicato de lítio utilizado na adesão das camadas. Nome comercial ou genérico

Composição

(%)

Peso (g)

Borossilicato de lítio

Pyrex® comercial

80

93,4

Óxido de lítio

20

23,3

115

3.1.5.2 Borossilicato de chumbo

A composição e os referidos percentuais de material empregado na fabricação do vidro de borossilicato de chumbo são apresentados na Tabela 3.6.

Tabela 3.6 – Composição do borossilicato de chumbo utilizado na adesão das camadas. Nome comercial ou genérico

Composição

(%)

Peso (g)

Borossilicato de chumbo

Pyrex® comercial

75

87,5

Óxido de chumbo

25

29,2

3.2 Confecção das amostras cerâmicas

As propriedades das cerâmicas são influenciadas pela técnica de conformação empregada. Embora a conformação por consolidação permita a produção de amostras com elevados índices de porosidades, a presença excessiva de espumas e sua complexa cinética de secagem comprometem a integridade do material. Após sinterização, a existência de defeitos como trincas, empenamentos e laminações desqualificam essa técnica quando o propósito é a obtenção de cerâmicas resistentes. Entretanto, a característica frágil apresentada pelas amostras pode ser melhorada por meio da junção de diferentes técnicas. Aliando a capacidade formadora de poros da conformação por consolidação, a superior compactação e a melhor agregação obtida por meio da técnica de prensagem, é possível produzir cerâmicas porosas resistentes. Partindo-se dessas premissas, amostras cerâmicas com as técnicas relacionadas foram conformadas, adicionando-se ou não ao SiC um aditivo de sinterização ou um elemento ligante e formador de poros. Resumidos na Tabela 3.7, os processos empregados e os respectivos materiais utilizados são abordados detalhadamente a seguir.

116

Tabela 3.7 – Técnicas de conformação e materiais empregados para a obtenção das cerâmicas de carbeto de silício. Técnica de conformação

Processo

Materiais utilizados/funções SiC

As*

Ml**

Defloculante

Prensagem uniaxial (A) Por via seca

A1

Pó cerâmico

-----------

PVal

Por via úmida

A2

Pó cerâmico

-----------

Amido de milho2

Lupasol SK

PVal

Bio 300

1

A3 e A4

Pó cerâmico

YAG

B1

Pó cerâmico

-----------

-----------

Lupasol SK

B2, B3, B4 e B5

Pó cerâmico

-----------

Amido de milho2,3

Lupasol SK

Conformação por consolidação (B)

Em que: As* = aditivo de sinterização; Mlf** = material ligante; 1

percentuais de 5 e 9%, em massa; 2 ligante e elemento formador de poros; 3 percentuais de 2,5, 5, 10 e

15%, em massa.

3.2.1 Prensagem uniaxial (A)

3.2.1.1 Prensagem uniaxial por via seca

Amostras com composições contendo somente carbeto de silício foram conformadas por prensagem uniaxial, utilizando tensão de 40 MPa.

3.2.1.1.1 Amostras conformadas com carbeto de silício (A1)

Após pesagem, procedeu-se à mistura do carbeto de silício e da água, acrescentando-se 0,16 g de álcool polivinílico (PVal). Para eliminar possíveis

117

aglomerados, a mistura foi peneirada e em seguida prensada. Após secagem em temperatura ambiente por um período estipulado de uma semana, as amostras foram sinterizadas em atmosfera de argônio à temperatura de 1900°C com taxa de aquecimento de 10°C/min e patamar de 60 min. Na Figura 3.3 resume-se o procedimento de prensagem utilizado para confecção das amostras de carbeto de silício.

“Pesagem” do ȕ-SiC, água e PVal

Mistura em almofariz

Peneiramento

Prensagem uniaxial

Secagem e sinterização

Figura 3.3 – Metodologia empregada na conformação de cerâmicas de SiC por prensagem uniaxial por via seca (processo A1).

3.2.1.2 Prensagem por via úmida

3.2.1.2.1 Amostras conformadas com carbeto de silício e amido de milho (processo A2)

Amostras cerâmicas de SiC foram conformadas, utilizando a seguinte composição: 40% de sólidos em volume, com 97,5% de SiC em massa, 2,5% de amido de milho em massa e defloculante Lupasol SK. Após pesagem e mistura dos materiais, a dispersão resultante foi homogeneizada por 30 min e então, vertida em recipiente plástico onde permaneceu à temperatura ambiente até completa secagem. A este procedimento seguiuse a desaglomeração e peneiramento do material, bem como a compactação das amostras

118

em prensa hidráulica com tensão de 40 MPa. Posteriormente, as amostras foram secas e sinterizadas em condições idênticas àquelas utilizadas no processo anterior. A metodologia adotada para produção das amostras é apresentada sucintamente no diagrama da Figura 3.4.

“Pesagem” do ȕ-SiC, amido e água

Acréscimo do defloculante Lupasol SK

Mistura dos materiais em homogeneizador

Entorno da dispersão em recipiente

Secagem em temperatura ambiente

Desaglomeração do material sólido

Peneiramento

Prensagem uniaxial

Secagem em temperatura ambiente

Sinterização

Figura 3.4 – Prensagem uniaxial das cerâmicas de SiC contendo amido de milho (processo A2).

3.2.1.2.2 Amostras conformadas com carbeto de silício e aditivo de sinterização (YAG) (processos A3 e A4)

As amostras utilizaram os seguintes materiais em sua composição: SiC, água, PVal em pó, defloculante Bio 300 e dois diferentes percentuais de YAG (5 e 9%, em massa)

119

(Figura 3.5). Após pesagem e mistura dos materiais em moinho de bolas, a dispersão resultante foi vertida em recipientes plásticos, onde permaneceu à temperatura ambiente até completa secagem. A este procedimento seguiram-se as etapas de desaglomeração, peneiramento, compactação, secagem à temperatura ambiente e sinterização do material em condições já especificadas no tópico 3.2. 1.1.1.

“Pesagem” de ȕ-SiC, YAG, PVal e água

Mistura do material em moinho de bolas

Entorno da dispersão em recipiente

Secagem em temperatura ambiente

Desaglomeração do material sólido

Peneiramento

Prensagem uniaxial

Secagem e sinterização

Figura 3.5 – Prensagem uniaxial das cerâmicas de SiC utilizando aditivo de sinterização em sua composição (processos A3 e A4). 3.2.2 Conformação por consolidação (B)

As amostras conformadas por consolidação utilizaram as seguintes composições: 40% de sólidos em volume, com a quantidade se SiC variando de 100 a 85%, em massa e o teor de amido de 0 a 15%, em massa. Após mistura dos pós em meio aquoso, acrescentou-se à dispersão o Lupasol SK em quantidade necessária para sua fluidez. A suspensão resultante permaneceu em

120

homogeneização por aproximadamente 30 min, quando então foi vertida em moldes cilíndricos de PVC. Posteriormente, as amostras foram submetidas às seguintes rotas de processamento: gelatinização (2 h, 75-80°C), secagem (2 h, 100-110°C e sinterização (em atmosfera de argônio a 1900°C, com taxa de aquecimento de 10°C/min e patamar de 60 min). Nos fluxogramas das Figuras 3.6 e 3.7 são apresentadas as etapas envolvidas na conformação por consolidação de cerâmicas de SiC contendo ou não amido de milho. “Pesagem” do ȕ-SiC, amido (2,5, 5, 10 e 15%) e água

Mistura dos materiais

Acréscimo do defloculante Lupasol SK

Homogeneização da dispersão

Entorno da dispersão em recipientes

Gelatinização, secagem e sinterização

Figura 3.6 – Conformação por consolidação das amostras contendo SiC e amido (B). “Pesagem” do ȕ-SiC e água

Mistura dos materiais

Acréscimo do defloculante Lupasol SK

Homogeneização da suspensão

Entorno da suspensão em recipientes

Secagem e sinterização

Figura 3.7 – Conformação por consolidação das amostras contendo somente SiC em sua composição (B).

121

3.3 Caracterização das propriedades físicas das cerâmicas

3.3.1 Perda de massa e contração das amostras

Imediatamente após o entorno das dispersões nos moldes cilíndricos e após as etapas de secagem e sinterização, foram realizadas medições da perda de massa e contração das amostras. Já para aquelas conformadas por prensagem, a medição desses parâmetros ocorreu após remoção das amostras dos moldes e nas etapas acima referidas. Assim, foi possível verificar a variação das dimensões das amostras quando submetidas a tratamento térmico.

3.3.2 Massa específica e porosidade aparente

Inicialmente foram determinadas as massas imersas (mi), úmidas (mu) e secas (ms) das amostras, empregando-se a seguinte metodologia (SANTANA, 2005): Massa imersa ( mi ) ̛ as amostras foram imersas em água destilada e após fervura durante 2 h e tempo de repouso por um período mínimo de 12 h, procedeu-se então, as medições; Massa úmida ( mu ) ̛ obtida imediatamente após a retirada do excesso de água da amostra; Massa seca ( ms ) ̛ após secagem em estufa (110°C) por um período de 2 h, efetuouse a pesagem das amostras. A partir dos resultados obtidos e por meio do princípio de Arquimedes (ASTM C20, 2000), foram determinados os seguintes parâmetros: volume de poros abertos (Vp abertos) massa específica aparente (ȡA), nível de absorção da água (AA) e porosidade aparente (PA) (expressões 37 a 40).

122

V p.aberto =

mu − m s

ρl

(37)

ρA =

ms mu − mi

(38)

AA =

mu − m s x100 ms

(39)

PA =

mu − m s x100 mu − mi

(40)

Em que: ρ l = massa específica do líquido em que a amostra está imersa (CONSENTINO,

2006).

3.3.3 Rugosidade

A rugosidade superficial das amostras foi determinada por meio de um rugosímetro MITUTOYO-SURFTEST 301 com ponta de diamante. Para análise dos parâmetros rugosidade média e rugosidade total, respectivamente, Ra e Rt, foram utilizadas cinco amostras por lote, perfazendo um total de dez medições. Esses parâmetros foram determinados com o objetivo de comparar o acabamento superficial das amostras nas condições de processamento adotadas.

3.4 Caracterização microscópica

Com o objetivo de verificar as propriedades das cerâmicas, foram confeccionadas amostras cilíndricas com diâmetros de 30, 35 e 40 mm, utilizando-se quatro tipos de moldes, assim empregados (Figura 3.8 a-c): Para amostras conformadas por consolidação - dois moldes de PVC (30 e 40 mm) e um de silicone (35 mm);

123

Para as peças submetidas à prensagem uniaxial - um molde de aço temperado (40 mm).

a 20 mm

c

b

35 mm

20 mm

Figura 3.8 – Recipientes utilizados para confecção de amostras cilíndricas de SiC: moldes de PVC com diferentes diâmetros (a), de silicone (b) e de aço temperado (c).

3.4.1 Preparação das amostras

3.4.1.1 Seccionamento

As cerâmicas foram seccionadas (corte diametral e transversal) em uma máquina Isomet 1000, utilizando disco diamantado. Adotou-se o seccionamento diametral para verificação da distribuição da porosidade no interior das amostras, bem como para observação do processo de adesão na interface das camadas. Já o corte transversal, para

124

examinar a distribuição e morfologia dos poros nesta região. Na Figura 3.9 são apresentados os esquemas ilustrativos dos seccionamentos adotados.

Figura 3.9 – Esquema ilustrativo do seccionamento das amostras cerâmicas destinadas à microscopia. Corte diametral (a e b) e transversal (c).

3.4.1.2 Lixamento

O lixamento foi realizado com o objetivo de eliminar defeitos provenientes do seccionamento das amostras. Todo o processo foi executado manualmente e utilizou-se lixas de SiC com granulometria 1200 e 1500. A este procedimento, seguiu-se a limpeza das amostras por meio do banho de ultrassom (10 min).

125

3.4.1.3 Polimento

As amostras seccionadas foram divididas em lotes e preparadas de acordo com o equipamento utilizado para a aquisição das imagens. Assim, aquelas destinadas à microscopia eletrônica de varredura foram polidas manualmente, utilizando-se pasta de diamante com granulometria de 3 ȝm. Já as amostras reservadas à microscopia óptica, foram polidas com pasta de diamante (3 ȝm) e receberam como polimento final solução de OPU (solução coloidal a base de sílica) diluída em água na proporção 1:2. Em ambos os casos, após realização do processo, procedeu-se a limpeza das amostras por meio do banho de ultrassom (10 min), seguindo-se de observação em microscópio óptico (50 X) com a finalidade de verificar possíveis retiradas do material por arrancamento ou riscos (SANTANA, 2005).

3.4.2 Aquisição das imagens

O processo de aquisição das imagens foi realizado em duas etapas: após sinterização e após a execução do ensaio de choque térmico. Esta metodologia foi adotada com o objetivo de comparar as propriedades microestruturais das amostras cerâmicas nas condições mencionadas.

3.4.2.1 Microscopia óptica

Para verificar as propriedades superficiais das amostras seccionadas e quantificar elementos referentes ao tamanho, formato e distribuição porosa, utilizou-se na aquisição das imagens um estereoscópio Leica GZ6 e o software ImageJ (processamento e análises quantitativas das imagens). Com o objetivo de complementar as informações fornecidas por microscopia óptica, bem como avaliar a forma dos poros e estrutura dos grãos das amostras, utilizou-se o microscópio eletrônico de varredura.

126

3.4.2.1.1 Parâmetros microscópicos

A análise quantitativa das imagens obtidas por microscopia óptica foi realizada por meio de três parâmetros: fração porosa ou fração de área, tamanho médio e quantidade média dos poros. Assim, foi possível verificar a distribuição dos poros no interior da amostra, bem como complementar o estudo realizado por meio do ensaio de densidade aparente.

3.4.2.2 Microscopia eletrônica de varredura

A aquisição das imagens por microscopia eletrônica de varredura foi feita com o microscópico LEO430 VPI utilizando elétrons secundários com excitação de 15 kV. Foram obtidas cinco imagens por amostra com ampliações de 70 X, 500 X, 1000 X, 2500 X e 5000 X. Por meio dos parâmetros fração de área e tamanho médio foi possível conhecer de maneira mais detalhada a morfologia e a dimensão dos grãos e poros das amostras estudadas individualmente.

3.5 Caracterização termomecânica

3.5.1 Ensaio de choque térmico

Segundo a norma ASTM C-1525 (2004), o ensaio de choque térmico indica a habilidade de um material em resistir às tensões geradas por uma repentina variação de temperatura. A metodologia do ensaio consiste em aquecer as amostras a uma determinada temperatura ( Tamostra ) e então, resfriá-las rapidamente em um recipiente contendo água ( Tágua ). Assim, obtém-se a temperatura de choque térmico (ǻT) por meio da seguinte expressão (SALVINI; INNOCENTINI; PANDOLFELLI, 2002):

127

ΔT = Tamostra − Tágua

(41)

Para realização do ensaio, as amostras foram aquecidas à temperatura de 1010ºC e em seguida imersas em água à temperatura de 4ºC. Este procedimento foi realizado em condições idênticas, tanto para as cerâmicas multicamadas, como para aquelas caracterizadas individualmente. Entretanto para estas cerâmicas, após a concretização do experimento, procedeu-se à realização do ensaio de compressão diametral com objetivo de verificar os possíveis danos causados à sua resistência.

3.5.2 Ensaio de compressão diametral

Para realização do ensaio de compressão diametral as cerâmicas foram divididas em lotes com igual número de peças. Parte das amostras foi ensaiada à temperatura ambiente, enquanto as demais tiveram sua resistência mecânica determinada após realização do ensaio de choque térmico. Em ambos os casos, utilizou-se o equipamento de ensaios mecânicos Autograph AG-X da SHIMATZU com célula de carga de 50 kN e velocidade do ensaio de 1 mm/min. Com o objetivo de minimizar a concentração de tensão existente entre a superfícies das amostras e as placas de carregamento da máquina, utilizou-se como suporte o papel cartão com 1,5 mm de espessura (Figura 3.10). A escolha deste material foi motivada pela abrangência dos seguintes fatores: deformação suficiente para permitir uma distribuição de carregamento sobre uma área razoável; espessura adequada para impedir que a área de contato se torne excessiva e resistência para suportar o carregamento sem sofrer ruptura (PIORINO NETO, 2000; RUDNICK; HUNTER; HOLDEN, 1963).

128

Figura 3.10 – Fotografia do ensaio de compressão diametral realizado em uma amostra cerâmica de SiC em que se observa a utilização de papel cartão entre as placas.

3.6 Conformação das cerâmicas multicamadas

As cerâmicas multicamadas deste trabalho foram produzidas por consolidação ou prensagem, empregando-se diferentes artifícios no processo de adesão das camadas. Na consolidação, isto foi obtido por meio da técnica denominada sobreposição direta das camadas. Já para as amostras conformadas por prensagem, o processo de aderência ocorreu por meio do emprego de uma camada vítrea. Independente da metodologia utilizada, as amostras apresentaram suas camadas com geometria e espessura idênticas, conforme apresentado no desenho esquemático da Figura 3.11.

Figura 3.11 – Detalhes da distribuição e espessura das cerâmicas multicamadas de SiC.

129

3.6.1 Cerâmicas multicamadas conformadas por consolidação (sobreposição direta)

Para conhecimento das propriedades e particularidades inerentes ao método de conformação empregado, inicialmente as amostras foram confeccionadas em separado. A partir dos resultados obtidos e por meio da técnica de conformação por consolidação foram obtidas cerâmicas de carbeto de silício com duas ou três camadas. A quantidade de camadas e suas respectivas composições são especificadas na Tabela 3.8. A conformação das camadas por sobreposição direta obedeceu à seguinte metodologia: Após mistura dos pós em meio aquoso, a dispersão foi homogeneizada (30 min), vertida em moldes cilíndricos de PVC e deixada em repouso à temperatura ambiente. Procedeu-se de forma idêntica à elaboração da segunda camada e após o tempo de homogeneização estipulado, a dispersão foi entornada sobre a camada já existente. Este procedimento foi repetido para execução da 3ª camada (fluxograma da Figura 3.12), respeitando-se o intervalo de tempo existente entre a sua homogeneização e o tempo de repouso da camada anterior. Após confecção de todas as camadas, a amostra foi submetida às seguintes etapas de processamento: gelatinização (2 h, 75-80°C), secagem (2 h, 100-110°C e sinterização (1900°C, em atmosfera de argônio).

Tabela 3.8 – Composições utilizadas na produção de cerâmicas multicamadas de SiC pelo método de sobreposição direta. Quantidade de camadas

Distribuição

Composições utilizadas % SiC

% de amido

2

1ª camada 2ª camada

95 85

5 15

2

1ª camada 2ª camada

95 90

5 10

3

1ª camada 2ª camada 3ª camada

100 95 90

*** 5 10

130 INÍCIO

n=1

Confecção da camada n (sem amido) “Pesagem” do ȕ-SiC e da água

Peneiramento do SiC

Mistura dos materiais

Homogeneização da solução

Entorno em recipiente

SIM

n. Acesso em: 17 maio 2010.

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