ISSN Caderno de Geografia, v.24, número especial (1), 2014

September 16, 2017 | Author: Luciana Casqueira Neiva | Category: N/A
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1 O uso de geoprocessamento na análise populacional: determinação do padrão de desenvolvimen...

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ISSN 2318-2962

Caderno de Geografia, v.24, número especial (1), 2014

O uso de geoprocessamento na análise populacional: determinação do padrão de desenvolvimento dos municípios mineiros a partir da relação entre a frequência escolar e a fecundidade das mulheres nos censos de 1991 e 2000 The use of GIS in population analysis: pattern determination of the development of mining towns from the relationship between school attendance and fecundity of women in the censuses of 1991 and 2000 Ramon Messias Martins Graduanda em Geografia – Instituto de Geociências – UFMG [email protected] Vanessa Marques Viana¹ Graduanda em Geografia – Instituto de Geociências – UFMG [email protected] Artigo recebido para revisão do evento em 22/04/2014, aceito para publicação em 11/05/2014 e recebido para publicação em 01/06/2014

Resumo O Brasil assim como outros países do mundo tem passado pelo processo de Transição Demográfica, apesar de apresentarem estágios diversos. Os países europeus, por exemplo, já se encontram na fase mais avançada da transição em que o crescimento vegetativo chega a ser negativo devido à queda vertiginosa da fecundidade. No Brasil, pode-se dizer que a transição se encontra na fase de queda da fecundidade, se aproximando da taxa de reposição de 2,1. No entanto, o território brasileiro é muito expressivo, o que denota diferenças regionais, logo, em alguns estados da região norte a fecundidade está acima de 3,0 filhos por mulher, enquanto nos estados do Sul e Sudeste as taxas estão abaixo de 2,1. Diversos demógrafos acreditam que a fecundidade tem relação direta com o acesso a educação por parte das mulheres. A partir desses levantamentos, o presente trabalho visa cruzar as taxas de fecundidade dos Censos de 1991 e 2000 com a frequência escolar das mulheres em idades entre 15 e 49 do estado de Minas Gerais. O resultados foram espacializados no ArcGis 10® para fins de comparação do anos estudados. Percebe-se que houve um avanço de 1991 para 2000, pelo fato de um maior número de municípios encaixarem na dinâmica dos países desenvolvidos. Palavras-chave: Fecundidade; Transição Demográfica; Escolaridade. Abstract Brazil and many countries around the world have gone through a process called Demographic Transition. The European countries are already in an advanced transition stage when the vegetative growth becomes negative due to sharp drop in fertility. In Brazil, we can say that the transition is in the process of fertility decline, approaching the replacement rate of 2.1. However, Brazil is showing huge regional differences, so in some northern states of fertilities above 3.0, while in the South and Southeastern rates are below 2.1. Many demographers believe that fertility is directly related to access to education for women. From these surveys, the objective of the present work aims at cross rates fertility censuses of 1991 and 2000 with the attendance of women aged between 15 and 49 of the state of Minas Gerais. The results were spatialized in ArcGIS 10® for comparison of the years studied. It is felt that there was an improvement from 1991 to 2000, because a larger number of municipalities in the dynamic fit of the developed countries. Keywords: Fertility; Demographic Transition; Education.

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local, sendo um dado importante na análise da

1. INTRODUÇÃO

dinâmica demográfica. A composição de uma população é o reflexo de sua dinâmica ao longo do tempo e está

ligada

diretamente

aos

níveis

de

Fecundidade, Natalidade e Mortalidade, o que controla o ritmo de crescimento populacional. Toda a população mundial vem passando por um processo de transição demográfica. Alguns países se encontram em fases mais avançadas e outros estão nas fases iniciais.

caracteriza as populações em diversos países, europeus

e

asiáticos,

na

atualidade é a insuficiência da fecundidade para a substituição de suas próprias gerações. A Taxa de Fecundidade consiste na capacidade de reprodução

de

determinada

se mantenha é de 2,1 filhos por mulher, o que equivale à taxa de reposição populacional. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em seu Relatório sobre a Situação da População Mundial Países de 2011, países desenvolvidos como a Inglaterra, Itália, Japão e Canadá,

dentre outros,

experimentam

um

momento em que as taxas de fecundidade estão

Para Yazaki (2003) um aspecto que

principalmente

O mínimo indicado para que a população

sociedade,

e

expressa a condição reprodutiva média das mulheres (de 15 a 49 anos) de um determinado

abaixo de 1,7 filhos por mulher, ou seja, abaixo da taxa de reposição. Até

o

século

XVII

as

taxas

de

fecundidade e de mortalidade mundiais eram altíssimas

e

retraiam

o

crescimento

da

população (Gráfico 1). Esses fatores fazem Landry (1934) definir esse período como um momento

de

crescimento

populacional

primitivo.

Gráfico 1 – Evolução do crescimento da população mundial

Fonte: Adaptado de 1- Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, World Population Prospects: The 2004 Revision and World Prospects: The 2003 Revision, 2- Nações Unidas, 1973. “The Determinants and Consequences of Population Trends, Vol.1” “World Population Prospects: The 1998 Revision”,

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A partir do século XVII ocorre no

fecundidade

é

o

da

demográfica.

A

aceleração

natural e, no século XVIII, ocorre um

mudança no comportamento reprodutivo das

crescimento considerável da população mundial.

mulheres residentes em áreas urbanas, o

Esse aumento é legado do processo de

crescimento

urbanização em que passava o continente

diminuição do analfabetismo e o crescimento da

europeu durante a revolução industrial. Um

taxa de participação feminina no mercado de

crescimento expressivo ocorre no século XIX,

trabalho são fatores decisivos para a transição.

neste

momento

os

países

transição

principal

mundo uma fase de estabilizado crescimento

entretanto,

da

elemento

dos

Dados

níveis

refletem

educacionais

que

a

Taxa

e

de

industrializados já apresentam declínio da

Fecundidade no Brasil, próxima de 2 filhos por

fecundidade, da mortalidade e o crescimento

mulher, na primeira década do século XXI, pode

natural da população diminui de intensidade

alcançar entre 1,6 e 1,8 filhos após 2020.

configurando a transição demográfica.

Valores dos últimos Censos permitem traçar

Diferentemente,

em

uma tendência de declínio da fecundidade total.

desenvolvimento tiveram sua modificação nos

A taxa brasileira passou de 6,16, em 1940, para

índices

1,9, entre 2000 e 2010 (Gráfico 2). Perpétuo &

populacionais

os

e

países

na

transição

demográfica, após 1940. Segundo Faria et. al.,

Wong

(2012) tais países foram responsáveis pela

verificaram nos anos 2000 taxas abaixo de 2,0

explosão demográfica que ocorreu entre os anos

nos grupos socioeconômicos mais favorecidos

40 e 70. Em apenas 50 anos, o Brasil passou

da população brasileira.

pelo processo que a Europa levou mais de 150 anos para concluir.

(1999)

citados

por

Alves

(2002)

Numa altura em que a população mundial superou a barreira dos 7 bilhões de

Um dos componentes mais importantes

habitantes (ONU, 2013), baixas taxas de

da dinâmica de transição demográfica é a Taxa

fecundidade são uma preocupação. No Brasil, a

de Fecundidade. O Brasil, por exemplo,

redução da fecundidade significa em médio

configurou mudanças significativas na transição

prazo menos pessoas a entrar no mercado de

da população no momento em que a Taxa de

trabalho, uma tendência que põe em risco o

Fecundidade manteve forte tendência de queda.

crescimento econômico nacional e gera diversas

Na década de 1970 a taxa era de 5,8 filhos por

implicações sociais.

mulher. Em 2000 era de 2,38 e, em 2010 a taxa

Farias et. al., (2012) cita que a inserção

chega a 1,9, ou seja, abaixo da taxa de reposição

da mulher no mercado de trabalho e o aumento

de 2,1 filhos por mulher.

do seu nível de escolaridade influenciam

Autores como Merrick & Berquó (1983)

diretamente na taxa de fecundidade. Esse

e Alves (2002) propõem que esse declínio da

argumento é levantado pelos autores tendo em

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vista que em regiões onde a população feminina

como é o caso do nordeste brasileiro e do norte

é mais pobre e com menos informação a taxa de

de Minas, no Vale do Jequitinhonha e Mucuri.

fecundidade não apresenta redução significativa, Gráfico 2 – Taxa de Fecundidade conforme região do país

Fonte: Elaborado pelos autores. Base de dados IBGE.

Dados do IPEA (Instituto de Pesquisa

feitas através do cruzamento de dados de

Econômica Aplicada) também corroboram com

fecundidade e frequência escolar feminina no

a proposição dos autores op. cit. O relatório da

Ensino

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

sustentam as informações contidas no texto

de

acima

2009

evidencia

queda

da

Taxa

de

Médio,

e

obtendo

evidencia dos

a

resultados

evolução

municípios

que

do

Fecundidade relacionada à fatores como o nível

desenvolvimento

mineiros

de escolaridade. A proporção revela que, em

representados por mapas, com dados do censo

1992, uma mulher brasileira com nível de

de 1991 e 2000.

educação mais baixo tinha 1,8 filho a mais do que aquelas com escolaridade mais alta. O estudo também mostra, que a Taxa de Fecundidade é mais alta entre as pessoas de baixa renda, embora os diferenciais estejam sendo reduzidos ao longo do tempo. Em 1992, a  diferença era de 3,4 filhos entre as mulheres pobres e ricas. Em 2008 a taxa se fixou em 2,2 filhos.

2. OBJETIVO Para consecução de tal proposta será necessário responder aos seguintes objetivos específicos: Elaborar mapas para os anos de 1991 e 2000 em que estejam relacionados o nível de escolaridade das mulheres mineiras e a mudança nos níveis de fecundidade;

Baseado nos fundamentação levantada, o presente trabalho se justifica devido às relações DOI 10.5752/P.2318-2962.2014v24nespp143

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Comparar os dados de 1991 e 2000, bem

A partir da shape da malha municipal

como os mapas desenvolvidos a partir desses,

digital inserida no ArcGis, juntamente com as

para traçar um panorama do desenvolvimento

tabelas no formato DBF,foi possível gerar

da fecundidade das mulheres em Minas Gerais

arquivos

na medida em que o nível de escolaridade se

fecundidade e escolaridade, trabalhadas para os

eleva.

dois anos selecionados, 1991 e 2000.

MDX

para

Separadamente, 3. METODOLOGIA Para

a

primeiramente

cada

duas

variáveis,

arquivo

foi

classificado em quatro classes com escalas fixas

elaboração foi

as

deste

realizada

trabalho

uma

revisão

para fins de comparação. Foi utilizado o intervalo

fixo

por

este

proporcionar

a

bibliográfica acerca do assunto tratado. Em

comparação entre as classes, e técnicas de

seguida, foram retirados do site do IBGE os

Apoio Multicritério à Decisão (AMD). Seguido,

dados relacionados às taxas de fecundidade e à

os arquivos foram transformados em raster e

frequência escolar das mulheres entre 15 e 49

classificados em classes numeradas de 1 a 4,

anos no Ensino Médio dos anos de 1991 e 2000.

quanto menor é o valor atribuído, melhor a

Após isso, os dados foram inseridos no Excel

qualidade do atributo. A Taxa de Fecundidade

2007 e salvos na extensão DBF. Ainda no site

Total e a Frequência Escolar foram classificadas

do IBGE, a malha viária municipal de Minas

assim:

Gerais de 2007 foi disponibilizada.

Classes 1 2 3 4 Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 1 – Classes de Fecundidade Total TAXA DE FECUNDIDADE TOTAL Valores (1991) Valores (2000) 1,95-2,1 1,65-2,1 2,1-3,5 2,1-3,5 3,51-5,12 3,51-5,12 5,13-6,96 5,13-6,96

Tabela 2 – Classes de Frequência Escolar FREQUÊNCIA ESCOLAR DAS MULHERES NO ENSINO MÉDIO Classes Valores (1991) Valores (2000) 50,01-65 50,01-65 1 35,01-50 35,01-50 2 20,01-35 20,01-35 3 0,16-20 6,51-20 4 Fonte: Elaborado pelos autores.

Após

esse

procedimento

de

pesos de 60% para a frequência escolar e de

reclassificação dos arquivos raster de cada

40% para a fecundidade segundo referências de

variável para cada ano, utilizou-se a ferramenta

ADM.

Raster Calculator. Para isso foram atribuídos os DOI 10.5752/P.2318-2962.2014v24nespp143

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A

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definição

subdesenvolvido, desenvolvido

foi

das

classes:

valores em diferentes classes de um universo

e

amostral e por ser realizado de modo automático

desenvolvimento realizada

através

da

no software ArcGis.

computação da média simples e ponderada da

Após a classificação dos municípios em

Frequência Escolar e da Taxa de Natalidade.

seus respectivos valores de índice, foram

Essas médias foram padronizadas para escala 0

gerados mapas temáticos em ambiente do

a

sistema de informação geográfica (SIG) que

1.

Os

intervalos:

(desenvolvimento

muito

a)

Desenvolvido

alto),

b)

Em

permitiu a espacialização dos dados na malha

Desenvolvimento (desenvolvimento médio e

estadual. Esses mapas são apresentados nos

alto) e c) Subdesenvolvido (desenvolvimento

resultados e respalda a discussão apresentada

baixo) seguiram o método de quebra natural de

nesse artigo.

valores. Esse método foi escolhido por ser conhecido por determinar o melhor arranjo de

O fluxograma abaixo sintetiza as etapas realizadas para a conclusão deste trabalho:

Fluxograma1: procedimentos realizados no ambiente SIG

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Muitos demógrafos acreditam que uma

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

maior dedicação aos estudos retarda a iniciação Os resultados podem ser observados nos mapas temáticos de representação espacial do Padrão de Desenvolvimento dos Municípios Mineiros quanto a Frequência Escolar e a Fecundidade das Mulheres de 15 a 49 anos referentes ao censo de 1991 e 2000 (Figuras 1 e 2).

sexual, porque a mulher tem menos tempo livre. Além

disso,

uma

escolaridade

elevada

proporciona um maior destaque no mercado de trabalho, o que faz com que a mulher pense em ter filhos em idades mais avançadas, quando ela alcança certa estabilidade. Verifica-se que tal padrão não ocorre em 1991 (Figura 1).

Figura 1 – Mapa de espacialização do Padrão de Desenvolvimento dos Municípios Mineiros quanto a Frequência Escolar e a Fecundidade das Mulheres entre 15 e 49 anos

Percebe-se que na Figura 1, referente ao

Fecundidade Total entre as mulheres do estado

ano de 1991, a maioria dos municípios do

ainda tinha média de 3,2 filhos por mulher.

estado

de

Quanto à frequência escolar no Ensino Médio, a

desenvolvimento Subdesenvolvido. As taxas de

porcentagem de mulheres que estudavam até

fecundidade ainda eram consideravelmente altas

esse nível ainda era baixa na data analisada.

segundo

apresentava

dados

do

um

IBGE.

padrão

A

Taxa

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Em relação à representação de 2000 (Figura 2), o padrão sofre uma mudança

mineiros

passa

a

apresentar

o

padrão

Desenvolvido.

significativa. Grande parte dos municípios

Figura 2 Mapa de espacialização do Padrão de Desenvolvimento dos Municípios Mineiros quanto a Frequência Escolar e a Fecundidade das Mulheres entre 15 e 49 anos no censo de 2000.

As mesorregiões: Metropolitana de Belo

região

mineira

com

melhor

padrão

de

Horizonte, Central Mineira, Oeste e Minas,

desenvolvimento, cidades com Uberaba e

Campo das Vertentes e Sul/Sudoeste de Minas

Uberlândia apresentam índices socioeconômicos

apresentaram expressiva modificação do Padrão

elevados em relação às demais. O mapa de 2000

de Desenvolvimento. Em 1991, a maioria dos

evidencia uma transição rápida no padrão de

municípios dessas regiões apresentou padrão de

desenvolvimento

desenvolvimento Subdesenvolvido, já no censo

totalidade dos municípios ali situados obteve

de 2000 o cruzamento das variáveis mostra uma

padrão Desenvolvido. Essa modificação pode

tendência de melhora e uma classificação

ser fruto das significativas transformações que

referente

sofre a região. O Triângulo Mineiro tem

ao

padrão

Desenvolvimento

e

Desenvolvido. Também

proposto.

Quase

que

a

apresentado nas ultimas décadas diversificação pode

ser

aferido

o

produtiva, valores elevados de indicadores

Triângulo Mineiro pode ser considerado a

sociais e um processo de crescimento urbano

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principalmente nos maiores centros como

extrapolaria a capacidade de gestão e que

Uberlândia, Uberaba e Araguari (MARTINS et

acarretaria uma realidade com graves problemas

al.,2007).

na capacidade de desenvolvimento, moradia,

A realidade da melhora no Padrão de

alimentação e políticas públicas tornaram-se de

Desenvolvimento dos municípios mineiro não é

certo modo fracassada, pelo menos, ao associar

representativa em todo o estado. O mapa de

esses

2000 mostra que a maioria nos municípios

demográfico.

problemas

apenas

ao

crescimento

situados na região do Norte do estado

O panorama demográfico modelado

(mesorregiões Norte de Minas. Jequitinhonha e

pelos resultados apresentados nesse trabalho se

Vale

de

mostrou definido nos dois períodos avaliados ao

Essa

visualizarmos nitidamente em 1991 um nível

classificação possui respaldo ao aferir que é

subdesenvolvido e, em 2000, uma transição

nessa região que se situam os piores indicadores

estadual para um nível desenvolvido.

do

Mucuri)

classificação

sociais

apresentam

índice

Subdesenvolvido.

dentre

os

municípios

mineiros,

Os resultados de evolução corroboram

entretanto, numa analise comparativa entre as

com o fato de que há uma diminuição do

duas datas houve, também, melhoria do padrão

crescimento populacional mineiro e que este

em vários municípios antes classificados como

fator pode estar consorciado a razões como, por

Subdesenvolvido.

exemplo, desenvolvimento de um maior senso de direito no domínio privado, percepção de

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

novas

No Brasil a educação sempre esteve

capacidades,

formulação

de

aprendizagem

direitos

legais,

que

de são

correlacionada com o nível de fecundidade e,

correlacionados diretamente com a realidade de

apesar da tendência de convergência entre os

maior acesso à educação.

grupos

com

acesso

a

menor

e

maior

Atualmente o acesso a maiores níveis de

disponibilidade de educação, os níveis de

educação, a inserção de mulheres num setor

fecundidade ainda mantêm um diferencial

dinâmico da economia e o uso de contraceptivos

bastante elevado entre as mulheres pertencentes

femininos

a categorias extremas desses grupos.

comparáveis aos dos países desenvolvidos

atinge

níveis

considerados

Ao comparar os mapas de classificação

modernos. A redução da fecundidade fez com

do padrão de desenvolvimento dos municípios

que as taxas passassem de 4.5 filhos em 1980,

do estado de Minas Gerais quanto à Frequência

3.5 em 1984 chegando a 2.5 em 1991 (ARILHA

Escolar das mulheres e a Fecundidade (dados do

et al., 2012).

IBGE 1991 e 2000 modelados) vemos que o

Mesmo levando em consideração este

prognóstico de que a crescente população

quadro, o impacto dos nascimentos, num futuro

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breve, afetará diretamente o setor econômico, seja,

pelo

número

manutenção

do

de

número

nascimentos, de

pela

mão-de-obra,

crescente número de idosos, ou mesmo, pelo fato

das

mulheres

ainda

Articulações Contemporâneas. Librum, 2012. v.1. 174p.

possuírem

a

maternidade como projeto de vida tendo cada vez um menor número de filhos. Diante do grande declínio da taxa de fecundidade no estado, quantificar, localizar e qualificar quais são as áreas em que a

BERQUÓ, E.; CAVENAGHI, S. Mapeamento Sócio-econômico e Demográfico dos Regimes de Fecundidade no Brasil e sua Variação entre 1991 e 2000. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 14, 2004, Caxambu. Anais... Campinas: ABEP, 2004. BRITO, F. A transição demográfica no Brasil: as possibilidades e os desafios para a economia e a sociedade. Minas Gerais: UFMG, Cedeplar, 2007 (Textos para a discussão, 318).

fecundidade atinge um nível desenvolvido, além da análise e consequente estudos, favorece a definição

de

planejamento consideração,

políticas estratégico

organizacionais no

principalmente,

futuro, do

de em setor

econômico e do mercado de trabalho, o que reflete diretamente na manutenção da economia do estado como um todo.

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a geógrafa Daniela Oliveira e Cláudio e ao geógrafo Jean Cássio Lima pelas sugestões. Também agradecem ao Prof. Dr. Sergio Donizete Faria pelo auxílio durante a execução do trabalho.

REFERÊNCIAS

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FARIA, T. C. A. B.; NOGUEIRA, M.; OLIVEIRA, F. B. Centralidade de Sete Lagoas e sua Relação com os Fluxos Populacionais Desde sua Industrialização Efetiva (1960 2010). In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 2012, Águas de Lindóia. Anais... Campinas:ABEP, 2012. IBGE. Censo Demográfico 1991. Disponível em: . IBGE. Censo Demográfico 2010. Disponível em: . IBGE. Pesquisa Nacional de Amostras a Domicílio - Síntese dos Indicadores 2009. Disponível em: . MARTINS, H. E. P.; JÚNIOR, L. B.; OLIVEIRA, P. L. Urbanização, Migração e Emprego: Uma Análise de Municípios no Triângulo Mineiro e no Sul de Minas. Rev. Pesquisa & Debate, v.18, n.2(32) p.283-305, 2007. LANDRY, A. La Révolution Démographique. Etudes et Essais sur les Problèmes de la Population. Paris: Ined. (reedição da publicação de 1934), 1982.

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