Centro de Documentação e Informação

March 1, 2016 | Author: Jónatas Bicalho di Azevedo | Category: N/A
Share Embed Donate


Short Description

1 OUTUBRO de 20112 Centro de Documentação e Informação O Extracto de notícias é...

Description

OUTUBRO de 2011

Centro de Documentação e Informação

O Extracto de notícias é um serviço do Centro de Documentação da DW (CEDOC) situado nas instalações da DW em Luanda. O Centro foi criado em Janeiro de 2001 com o objectivo de facilitar a recolha, armazenamento, acesso e disseminação de informação sobre desenvol-vimento socio-economico do País. Através da monitoria dos projectos da DW, estudos, pesquisas e outras formas de recolha de informação, o Centro armazena uma quantidade considerável de documentos entre relatórios, artigos, mapas e livros. A informação é arquivada física e eletronicamente, e está disponível para consulta para as entidades interessadas. Além da recolha e armazenamento de informação, o Centro tem a missão da disseminação de informação por vários meios. Um dos produtos principais do Centro é o Extracto de notícias. Este Jornal monitora a imprensa nacional e extrai artigos de interesse para os leitores com actividades de interesse no âmbito do desenvolvimento do País. O jornal traz artigos categorizados nos seguintes grupos principais:

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.

Redução da Pobreza e Economia Microfinanças Mercado Informal OGE investimens públicos e transparência Governação descentralização e cidadania Urbanismo e habitação Terra Serviços básicos Género e Violência Ambiente

As fontes monitoradas são: – Jornais: Jornal de Angola, Agora, Semanário Angolense, Folha 8, Terra Angolana, Actual, A Capital, Chela Press, O Independente, Angolense, e o Semanário Africa. – Websites: Angonoticias, Radio Nacional de Angola, Ibinda. – Publicações Comunitárias como ONDAKA, Ecos da Henda, InfoSambila, Voz de Cacuaco e Jornal Vida Kilamba. O Corpo das notícias não é alterado. Esperamos que o jornal seja informativo e útil para o seu trabalho. No âmbito de sempre melhorar os nossos servi-ços agradecemos comentários e sugestões. Grato pela atenção. A Redação

Redação Helga Silveira

Conselho de Ediçao Allan Cain, Jose Tiago e Massomba Dominique

Editado por Development Workshop – Angola

Endereço Rua Rei Katyavala 113, C.P. 3360, Luanda – Angola

Telefone +(244 2) 448371 / 77 / 66

Email [email protected]

Com apoio de Development Workshop OXFAM Novib Fundação Bil1&Melinda Gates

INDÍCE 1

REDUÇÃO DA POBREZA E ECONOMIA



1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 1.11 1.12 1.13

2

MICROFINANÇAS

2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9

Ministro Bornito de Sousa garante acções para combater a fome nas comunidades 1 Conclusão  2 Cenário de crescimento económico ou talvez não…  2 O pobre e a pobreza  3 Programa de combate à pobreza aplicados com sucesso em Luanda  4 Executivo garante aos parceiros sociais cumprir acções de combate à pobreza 5 Angola melhora classificação  6 Preços de alimentos continuam altos e tendem a aumentar  6 Domésticas terão direito a subsídios e férias  7 Angola retoma perspectivas de altas taxas de crescimento  9 Inflação desacelera no mercado  10 Angola garante cumprimento das metas de desenvolvimento  11 Economia angolana entre as mais altas do mundo  11

Professores de Luanda beneficiam de crédito bancária  Millermium lança Oferta Mulher  Mais apoio às futuras empresarias  Crédito agrícola com bons resultados  Banco angolano apresenta verba para micro-crédito  Recomendado fundo de mecro-crédito para permitir a uniformização das taxas de juro  Banco Keve vai prestar dinheiro a empreendedores  Micro-crédito constitui fonte de inclusão social  “Micro-crédito Amigo” muda a vida de milhares de jovens em todo o país 

3

MERCADO INFORMAL



3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 3.11 3.12 3.13 3.14 3.15 3.16 3.17 3.18





Instituto do Consumidor sensibilizou vendedores  Demolição de armazéns provoca desemprego  Cemitérios transformados em mercados  O polobochi, as 15 tábuas e 1 roda (4)  Negocio da sustentabilidade familiar  Administração do Cazenga constrói um novo mercado  Os parceiros indispensáveis  Triângulo em franca bonança  À baleia de “Candongueiros e Kupapatas”  O canal “altamente perigoso”  Informal versus reconstrução  Falsos fiscais atormentam zungueiras  Matérias de construção de sector informal erguem Luanda  Ganhar pouco para a sobrevivência  Mulheres lutam contra a pobreza  Vendedores abandonam mercados  Comerciantes vão paralisar actividade comercial  Zungueiras entram em cena 

13 14 15 15 16 16 17 17 18

19 19 19 20 21 22 23 23 24 25 26 26 27 27 28 29 30 31

3.19 Abertura de um pequeno negocio no país dispensa avultadas aplicações financeiras  3.20 Drama de quem ganha a vida a vender nas ruas de Luanda  3.21 Não há como sofisticar o sistema financeiro enquanto persistir a economia informal  3.22 “Fiscais do governo provincial cometem excessos”  3.23 Pequenos negócios asseguram emprego e receitas para os jovens empreendedores  3.24 Tecnologias informáticas fazem surgir novos negócios  3.25 Vem aí o fim da zunga  3.26 A vida de quem faz das ruas local de negócio 

4

OGE INVESTIMENS PÚBLICOS E TRANSPARÊNCIA



4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12

Bornito de Sousa  Embargo de obro de magistrado leva administrador do Huambo à cadeia  Ensino sobre a cidadania fiscal  Munícipes voltam a receber cinco milhões de dólares  Orçamento do Estado 2012 com menos de 800 mil milhões de KZ  Sobre o Orçamento 2012  OGE atribui maiores recursos aos projectos sociais  Défice orçamental fora de questão  Orçamento Geral do Estado foi entregue no Parlamento  Emprego aumenta no próximo ano  Orçamento Geral do Estado 2012  Administrações municipais apresentaram os relatórios 

31 31 33 35 36 37 37 38

40 40 41 43 43 44 45 46 47 48 49 49



5

GOVERNAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO E CIDADANIA



5.1 5.2 5.3 5.4

Bornito de Sousa  Embargo de obro de magistrado leva administrador do Huambo à cadeia  Makas duma Luanda sem governador  Jovens “fogem” para o centro do País 

51 51 52 53



6

URBANISMO E HABITAÇÃO

6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 6.9 6.10 6.11 6.12

Direito à habitação condigna é debatido em todo o Mundo  Novos focos habitacionais no Andulo  Cidadãos podem regularizar os processos no caso de registos destruídos pela guerra  Primeiro Guiché do imóvel criado na cidade do Kilamba  Executo prepara serviços acessível para satisfazer cidadãos e empresas  Registo predial vem dar publicidade à situação jurídica de imóveis  Apartamento da Cidade do Kilamba começam a ser vendidas dentro de dias “ É preciso estabilizar o mercado de arrendamento”  Habitação e Crédito  Bancos incentivados a aceder mais empréstimos  Desafios da bancarização da população  Casa própria ainda é sonho 

55 55 56 56 56 57 58 59 60 61 61 63

6.13 Kilamba estará habitado já em Dezembro  6.14 A manifestação de uma pobre política habitacional  6.15 Bento Soito admite debilidades  6.16 «Máfia» de fiscais vende casas no Panguila  6.17 BPC confirma indicação para o crédito  6.18 De quem é a cidade do Kilamba?  6.19 Consco ergue projecto imobiliário com 700 moradias  6.20 Fundo de garantia à habitação utilizará a Liubor  6.21 Oposição força juventude a invadir cidade do Kilamba  6.22 Milhares de habitações no município do Dande  6.23 Preço da chapa de zinco registou ligeiro aumento  6.24 Promessas não cumpridas  6.25 As mudanças na tributação do património  6.27 Inscrições de interessados começam no proximo mes  6.28 BNA participa nos esforços do Executivo com a inclusão financeira das populações  6.29 Apartamentos à venda na cidade do Kilamba  6.30 Executivo entrega em Dezembro residências sociais para os jovens  

7

TERRA



7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 7.8 7.9 7.10 7.11 7.12 7.13 7.14 7.15 7.16 7.17 7.18 7.19 7.20 7.21 7.22 7.23 7.24 7.25 7.26 7.27 7.28

Registo predial está em debate  Descriminação e especulação  Um grande pesadelo que vai da Praia do Bispo ao Panguila  Prédio da Tchetchenia e Angola Telecom serão demolidos  Prédios da Tchetchénia e Angola Telecom vão ser demolidos  Milhares de pessoas são realojadas na província do Kuando-Kubango  Casas zonas de risco são demolidas em breve  Moradores exigem indemnização  Mulheres querem mais dinheiro para aquisição de terra  Família alojadas em tendas  Legalização de terrenos em debate  Milhares de pessoas são realojadas na província do Kuanda-Kubango  Cavaco perdeu mais de 3 mil hectares  Erradicação da pobreza depende da posse e uso da terra  Construções feitas em locais de risco vão continuar a ser deitadas a baixo  Pessoas em zonas de risco recebem terrenos no Luena  Construções anárquicas na mira das autoridades  A propriedade privada da terra e a nacionalização da terra  Loteamentos nas reservas  Populares esperam por indemnização  Privatização de praias deixa pescador com trombose  Administrador adia esclarecimento  Somos anteriores ao primeiro Governo de Angola  Jurista Lazarino poulson terá já abandonado o país  Devolta ao começa  Famílias realojadas no Zango  Cidadãos repatriados recebem lotes de terreno  Desalojados da Mulemba recusam Viver em tendas 

64 65 65 66 67 67 68 69 70 71 71 72 73 74 75 76 76

77 77 78 78 79 79 80 80 81 82 82 82 83 83 85 86 86 87 88 88 88 89 90 90 91 93 93 94

8

SERVIÇOS BÁSICOS



8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 8.7 8.8 8.9 8.10 8.11 8.12 8.13 8.14 8.15 8.16 8.17 8.18 8.19 8.20 8.21

9

GÉNERO e VIOLENCIA



9.1 9.2 9.3 9.4 9.5 9.6 9.6 9.7 9.8 9.9

10

AMBIENTE



10.1 10.2



Fornecimento de água e luz preocupa governo do Uíge  Comuna do Kwanza está sem água potável  A improficiência reside na EPAL  Quando é que as coisas vão melhorar?  Fornecimento de água potável foi ampliado  Moradores dos Zangos dizem-se ávidos de água  Água potável volta a jorrar em Xá-Muteba  «Todos» têm carência da «água para todos»  Água para todos” chega ao Massango  Cacuaco tem poucas operadoras de lixo  Autoridades tradicionais sensibilizam a população  Viana discute energia e água  “Direito à água, alimentação e à Terra” em debate  Apenas sete porcento da população beneficiam de água ao domicílio  “Plano Nacional 2011 é fértil no direito à água, alimentação e terra”  Reforçado abastecimento nas comunidades rural  Namibe aumento nível de abastecimento de água potável à população  Defendida interligação das redes de esgotos  Vem aí as chuvas, Luanda está preparada para recebê-las?  As nossas valas de drenagem  Milhares de pessoas bebem água potável 

A violência doméstica  Criminalidade em alta no Cazenga  Casos de violência doméstica estão a aumentar no Lobito  Delinquência preocupa moradores  Moradores manifestam-se diante da divisão da policia  Mulheres exigem mais participação em estratégias de desenvolvimento  Violada aos 60 anos  Delinquentes aterrorizam barra do Bengo  Bairro Igola Kiluange em pânico  Aumento de criminalidade inquieta moradores 

Efeitos das mudanças climáticas nas preocupações do Executivo  Risco de inundações perturba famílias 

95 95 95 97 98 98 98 100 101 101 101 102 102 103 103 104 104 106 106 107 107

109 110 110 111 111 112 112 112 114 114

115 115

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 1

1

REDUÇÃO DA POBREZA



E ECONOMIA

1.1 Ministro Bornito de Sousa garante acções para combater a fome nas comunidades Jornal de Angola 03 de Outubro de 2011

O ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, garantiu sábado, na cidade do Huambo; que o Executivo vai continuar a prestar apoio às ac­ções que visem melhorar a assistência social das populações rurais, com maior destaque nos domínios da educação, saúde, abastecimento de água, bem co­mo o reforço da produção agrícola, no âmbito dos Programas Integrados de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza. Bornito de Sousa, que falava à margem do encerramento do encontro nacional de avaliação do progresso dos Programas Integra­dos de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza que teve início sexta-feira, assegurou que um dos objectivos do Executivo é traba­lhar no’ sentido de melhorar as con­dições de vida da população. O ministro da Administração do Território disse que o Presidente da República determinou que devesse ser prestada “atenção muito parti­ cular” à organização e ao funciona­mento dos municípios, de modo a manter uma relação de proximidade com os cidadãos com a finalida­de de garantir uma boa prestação dos serviços sociais básicos às co­munidades. “O país deve prestar uma atenção fundamental na diver­sificação da economia angolana, sobretudo no recurso muito impor­tante, que é homem”, afirmou. Bornito de Sousa salientou que, desde o alcance da paz, o Executi­vo desenvolve esforços no sentido de aumentar a produção agrícola. O ministro defendeu a necessidade de criação de infra-estruturas para que haja maior escoamento de produtos do campo para os centros urbanos. Durante os três dias de trabalho, a Comissão Nacional de Luta con­tra a Pobreza discutiu e fez o balan­ço das actividades realizadas pelos governos provinciais desde o início da execução dos Programas Muni­cipais Integrados de Desenvolvi­mento Rural e Combate à Pobreza. A orientação sobre processos de desconcentração e descentraliza­ção administrativa e financeira dos municípios, avaliação do progres­so na execução dos programas mu­nicipais integrados e de desenvol­vimento rural, combate à pobreza e estratégia do crédito agrícola fo­ram os temas discutidos no encon­tro. Os participantes abordaram igualmente a municipalização dos serviços de

saúde e programas de merenda escolar. O evento, que decorreu no anfiteatro do Instituto Superior Politécnico do Huambo ‘ da Universidade José Eduardo Dos Santos, contou com a presença da secretária do Presidente da Repú­blica para os Assuntos Sociais, Ro­sa Pacavira, e a participação de vice-governadores para os sectores económico e social de todas as províncias do país. ‘ Organização O ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, consi­derou sexta-feira, na cidade do Huambo, necessário que os municípios tenham organização no seu funcionamento, de forma a assegu­rarem um serviço de proximidade à população. O pronunciamento foi feito, no Huambo, no acto de aber­tura do Encontro Nacional de Ava­liação do Progresso dos Programas Municipais Integrados de Desen­ volvimento rural de Combate à Pobreza, executado este ano. Segundo o ministro, os serviços a prestar à população vão desde os institucionais, administrativos e camarários, com destaque para a educação, a base do desenvolvi­ mento, a exemplo de muitos países que viveram em guerra e sem re­cursos naturais, mas desenvolve­ram-se com este factor. O ministro destacou que a área da saúde deve merecer atenção do Executivo. Neste capítulo, as ac­ções estão viradas para o aumento dos hospitais. “As populações po­dem reduzir a procura dos hospi­tais, se tiverem acesso à água potá­vel, saneamento básico, casas, alimentação, produção alimentar e outros, podendo contribuir para a melhoria da saúde das popula­ções disse o ministro. Bornito de Sousa sugeriu a orga­nização do sistema do comércio rural ligado à agricultura, afirman­do que a paz permitiu um esforço significativo, no sentido do au­mento da produção agrícola em to­das as províncias do país. “Paralelamente a este processo, chegam notícias que as produções estão a deteriorar-se nos campos, I por falta de condições de escoamento. Isso pode afectar a produção, por parte das populações. I Há necessidade de potenciar a agricultura e organizar o comércio rural, para acabar-se com essa situação, que desencoraja os produtores”, destacou o ministro da Administração do Território, Bornit6 t. de Sousa, no encontro com os vicegovernadores provinciais, na P província do Huambo.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 2

1.2 Conclusão

Novo Jornal 07 de Outubro de 2011

ANGOLA TEM feito enormes progressos nos nove anos desde o fim da sua guerra civil. É hoje um dos países mais rico de África em termos de recursos naturais, e é uma potencia regional emergente em África. O Presidente José Eduardo dos Santos determinou, desde 1979, e o seu partido MPLA, que a realimentação da força política dominante no cenário angolano seja encorajado por um sistema neo-patrimoneal com base na redistribuição de rendas, principalmente do petróleo. A chave e a incerteza sobre os planos Dos Santos relativamente a sucessão. Dado o domínio do MPLA, uma transição desordenada poderia inicio a um curto período de incerteza. Este processo poderia começar em 2012, após uma vitoria inevitável de MPLA nas eleições legislativas. Mais ameaçadores são os choques externos, especialmente o colapso dos preços do petróleo, porque a estabilidade no curto prazo requer o uso dos fundos petrolíferos para pagamento de bens, serviços, para compensar a pobreza galopante e suportar a pressão de uma população urbanizada em rápida expansão. A pobreza urbana permanece o maior desafio de Angola, e deve ser o foco principal dos esforços do desenvolvimento. É improvável que provoque agitação em larga escala no curto prazo, mas ameaça aumenta à medida que a geração mais jovem amadurece. Nesta faixa etária não tem memoria dos homens da guerra civil e será menos propicio do a geração do seus pais para moderar as demandas por melhores oportunidades de vida. Se o governo falhar em responder às sua demandas, de forma construtiva, para avanço social e económico, os ricos instabilidade vão aumentar.

1. 3 Cenário de crescimento económico ou talvez não… Novo Jornal 07 de Outubro de 2011

Angola vai conseguir redu­zir a inflação, o que por sua vez irá estabilizar o poder de compra dos angolanos comuns, a criação de maiores oportunidades económi­ cas e contribuir para uma mais ro­busta paz social. O colapso dos pre­ços do petróleo seria grave já que Angola continua a ser excessiva­mente dependente da matéria-pri­ma, o que expõe a economia a gra­ves riscos. Uma queda nos preços do petróleo, a maturidade rápida de seus activos de petróleo, e a au­sência de grandes novas descober­tas seriam motivo para sérias pres­sões exercem sobre o governo, o orçamento, e em particular o pro­ grama de obras públicas. Reduziria também o fluxo de

fun­dos que sustenta as redes de clien­telismo em que muitas alianças politicas e as relações do país de­pendem. O risco de instabilidade é acentuada se baixos preços do pe­tróleo persistirem. Ao mesmo tem­po, uma queda no preço do petró­leo provavelmente não resultará em mudanças políticas importan­ tes. Os efeitos de uma deteriora­ção económica não seriam sen­tidos até depois das eleições de 2012. O MPLA provavelmente iria perder algum terreno nas eleições, mas ainda assegurar uma maioria confortável. Os partidos da oposi­ção, provavelmente poderão fazer melhor, mas eles não representam uma ameaça tanto à hegemonia do MPLA, ou para a recondução de Jo­sé Eduardo dos Santos como presi­dente. Na ausência de alternativas reais para o MPLA, a proporção de vo­tantes é provável que seja eleva­da. Os efeitos mais importantes de um mergulho prolongado dos pre­ços do petróleo seria sentida nas ruas, entre os angolanos comuns. Se as receitas do petróleo redu­zem provavelmente isso levaria a uma redução de despesas no go­verno, com um efeito subsequente na prestação de serviços públicos. Este é susceptível de aumentar a pressão pública descontente e de levantar a possibilidade de greves e protestos. As manifestações pú­blicas de descontentamento po­dem fazer com que JES tenha mais receio de deixar o cargo, tornan­do-o mais propenso a reconside­rar o seu novo mandato por meio da crença de que sua saída pode­ria ser ainda mais desestabilizador para o país. Uma sucessão política mal executada A estrutura do sistema político an­golano está fortemente dependen­te do presidente para executar de forma eficaz. Embora o actual quadro tenha servido o MPLA durante 31 anos, ainda é muito dependente da capacidade do presidente para fazer funcionar efectivamente o cargo. Com o avançar da idade de Dos Santos, aumenta o risco de que uma súbita crise de saúde vá enfraquecê-lo. Isso representaria um sério desafio para este siste­ma. Em tal cenário, a incapacidade do presidente, provavelmente, da­ria início a um período de instabili­dade e incerteza, como foi visto na Nigéria no final de 2009 e início de 2010, quando problemas de saúde do presidente Umaru Yar Adua de­sencadearam uma crise política e constitucional que não terminou até à sua morte em Maio de 2010. Embora o vice-presidente possa tecnicamente tomar o poder, tal si­tuação poderá proporcionar uma oportunidade para várias facções se posicionarem, e poderia colo­car pressão sobre a coerência in­terna do MPLA. O potencial para a instabilidade política seria eleva­do ainda mais se Dos Santos for su­bitamente incapacitado. Apesar de uma crise de liderança poder ser desestabili-

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 3 zadora a curto e médio prazo, é muito improvável que seja uma ameaça mortal para o MPLA. Mesmo no caso de uma transição desordenada, o partido acabaria por chegar a um consenso sobre o sucessor de Dos Santos. Análise final A análise do sistema político an­golano é previsível e com base num simples objectivo: a manu­ tenção do poder por Dos Santos e do MPLA. A elite percebeu que pa­ra manter o poder precisa de per­mitir uma gradual e controlada re­forma mais equitativa da estrutura do crescimento económico a lon­go prazo. Vários esforços anti corrupção participam dessa luta para tomar o sistema político mais efi­ ciente. A reconstrução de infra-es­ truturas é vista como um meio para diversificar e crescer a economia. Para continuar a expandir a eco­nomia e para incluir mais angola­nos neste crescimento, é neces­ sário que haja algumas mudanças fundamentais na economia políti­ca do país. O papel do Estado na economia precisa ser reduzido, e a capacida­de de resposta e responsabilização dos governos terá de ser aumenta­da. Isto incluirá a redução da cor­rupção, transformando o sector público num sistema mais mérito-crático, e introduzindo sistemas públicos de gestão financeira que irão fornecer uma base melhor pa­ra a estabilidade macroeconómica e fiscal e previsibilidade. Ele tam­bém incluirá a abertura do sistema político para permitir mais opini­ões diversas, resultando em últi­ma instância, numa maior legitimidade e responsabilidade para com seus cidadãos. A prestação de uma educação de qualidade em todos os níveis tam­bém é crucial a este respeito. Em última análise, o crescimento futu­ ro da economia angolana está liga­do às reformas da governação. No curto prazo, o governo angolano pode aumentar as chances de pro­longar a estabilidade no país, pre­parando eleições bem sucedidas em 2012, que são reconhecidas in­ternacionalmente como livres e justas. Isto é importante, porque as eleições livres e justas fornecem legitimidade para o próximo gover­no, contendo os riscos de agitação social contra o governo. Em rela­ção às eleições, a polícia, os outros serviços de segurança e grupos de jovens do partido devem se abster de serem atraídas para a repressão violenta contra os manifestantes, comícios da oposição, e / ou qual­quer pessoa que divergem da linha oficial do partido MPLA. Qualquer tipo de violência por parte das ins­tituições do Estado contra os cida­dãos angolanos no período antes das eleições será visto como par­tidário e minará a legitimidade do processo eleitoral. • A médio prazo, a principal priori­dade para o MPLA será gerir a li­derança e a transição para manter a’ estabilidade e confiança no sis­tema angolano. Isso exigirá o for­talecimento das instituições que funcionam fora

da presidência, co­mo o banco central e outros órgãos governamentais envolvidos em po­líticas macroeconómicas e fiscais. Será importante para controlar a inflação e para continuar a atrelar o kwanza em relação ao dólar du­rante qualquer transição. Também será importante que a prestação de serviços para áreas peri-urbanas e os pobres rurais seja. Melhorada. No longo prazo, as reformas de go­vernação são inevitáveis se a eco­nomia angolana se diversificar e se o sector não-petrolífero crescer a uma taxa significativa. s O crescimento do sector não petro­lífero tem o potencial de criar empregos para um número maior de a pessoas e reduzir o risco de insta­bilidade. As reformas de governa­ção terão de incluir a redução da l- corrupção, do sector público e a re­forma do serviço civil, dos sistemas Ir públicos de gestão financeira, e a )- descentralização. Um elemento importante de tais le reformas em Angola será a imple­mentação bem sucedida de autarquias, ou eleições locais. O acesso à educação de alta qualidade em todos os níveis também será um elemento crucial para Angola a longo prazo e servirá de espinha dorsal para outras reformas.

1.4 O pobre e a pobreza Folha 8 08 de Outubro de 2011

Estamos nos finais de 2011, este tema com várias nuances vai ser o nosso Cavalo de Tróia, até ao ano das eleições. Vêm aí as festas do Natal, ou da Família, como queiram e a do Novo Ano. E nestes períodos que não dá mesmo tapar o Sol com a peneira. Pese em­bora, nesta quadra, mais do que em dias de aniversários, os cidadãos exi­birem o potencial das economias feitas durante todo o ano, para gastá-las em apenas 24 horas, o Bacalhau nunca vai mergulhar na mesa de toda gente. O in­separável vinho VINUL, vai mesmo mar­car a diferença, como aliado dos pobres para regar o peixe Lambula (sardinha) que nestas alturas, também fica caro. Mesmo assim, nada disso substitui o Pernão de Presunto que faz inveja no Cabaz do rico ou do meio rico. O povo angolano, é mesmo pobre. Para relembrar, em Setembro de 2000, realizou-se em Nova Yorque uma Ci­meira que reuniu 191 países membros da ONU, na sequência da qual foi fixado um compromisso resumido naquilo que ficou universalmente conhecido como “8 Objectivos do Milénio para o Desen­ volvimento até 2015”. Deste pacto in­clui a paz social; segurança e protecção dos cidadãos, inclusive dos abusos das autoridades; liberdade de expressão e de imprensa; igualdade do género; solidariedade; tolerância. Estes objec­tivos não são mais nada senão o cum­primento do consagrado nas premissas da democracia, respeito pelos Direitos

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 4 Humanos, pelo meio ambiente, a boa governação, protecção inclusive das maiorias também vulneráveis por não terem expressão nem representação políticas. Este compromisso tem servi­ do de pressão positiva para os gover­nos olharem para os seus interiores e agirem em conformidade. No nosso entender, lutar contra a pobreza, a fome, o paludismo, o analfabetismo, a discriminação, requer mais do que pa­lavras e boas intenções, o balanço não pode ser filosofado, tem de ser cifrado. Nesta ordem e apreciando aquilo que o governo angolano tem publicado como resultado da sua campanha neste sentido, voltamos a lembrar a opinião pública e pedir aos dirigentes ango­lanos para responderem com dados e factos aos desafios supracitados, como:

que o solo e subsolos do país proporcionam. Contudo, já não há espaço para jogos verbais, nem para homilias políticas vociferantes. O povo aprendeu a ver ele mesmo, apalpar, sentir e apreciar a natureza do mundo que lhe é oferecido para viver e poder se desenvolver. Não só questionará An­gola, como de um tempo a esta parte, conquistou a capacidade e faculdades para compará-la as demais sociedades através de outras janelas da vida.

1 – O que tem sido feito para reduzir a extrema pobreza e a fome da população que vive com menos de um dólar por dia?

A concretização dos progra­mas municipais integrados de desenvolvimento rural e comba­te à pobreza está a decorrer de forma satisfatória em Luanda, segundo concluiu na quinta-feira a Unidade Técnica Provincial de Combate à Pobreza. A apreciação foi feita quinta-feira pela Unidade Técnica Provincial de Combate à Pobreza, durante a reu­nião de avaliação dos programas municipais integrados de desenvol­vimento rural e combate à pobreza em Luanda, no período de Janeiro a Setembro do ano em curso. A reunião de avaliação daquela unidade, presidida pelo vice-governador para a Área Económica e Produtiva, Miguel Catraio, consi­derou ser necessário, com base nos relatórios apresentados pelos administradores municipais rela­tivos à concretização do programa entre Janeiro e Setembro deste ano, o aumento de recursos técni­cos; financeiros e humanos, para o apetrechamento das unidades téc­nicas municipais. Além disso, defendeu a atribui­ção de recursos para as campanhas de vacinação e a uniformização dos mapas de balanço que espe­lhem a execução física e financei­ra de cada município.

2 – O que é feito para as­segurar a educação primária para todos até ao colégio e liceu; garantir trabalho remunerado e decente para os jovens que terminam o médio, por formas a ajudá-los a prosseguirem os estudos e formação superiores? 3 – O que fazem para eliminar as disparidades entre os géneros? 4 – O que é feito para reduzir a mortalidade infantil de crianças de menos de 5 anos? 5 – O que é feito para melhorar a saúde materna e reduzir o índice de mortalidade das parturi­entes? 6 – O que já foi feito para com­bater as causas reais do HIV / SIDA, do paludismo e outras pandemias? 7 – O que já se fez para colocar água potável nas casas das pessoas? Mais de metade da população angolana não beneficia deste precioso líquido nas melhores condições. 8 – O que é feito para elimi­nar as diferenças entre as populações do litoral e do dito interior? 9 – O que tem sido feito para colocar as tecno­logias da informação ao alcance do maior número? Estas e outras questões perduram somente porque os discur­sos pomposos não coadunam com a realidade constatada no interior dos bairros periféricos, das aldeias próxi­mas e do interior. O governo proibiu as companhias petrolíferas publicarem seus relatórios e balanços da explora­ção, produtividade e exportação do petróleo e seus derivados, bem como exige manter em segredo os balanços da exploração diamantífera e de out­ros minérios, justamente para que o povo não se aperceba da dimensão do mal que o governo faz, pelas tamanhas capacidades

1.5 Programa de combate à pobreza aplicados com sucesso em Luanda Jornal de Angola 08 de Outubro de 2011

As unidades técnicas municipais receberam orientações no sentido de incluírem a merenda escolar no Programa Integrado de Desenvolvi­ mento Rural e Combate à Pobreza e a levarem-no a cabo de forma equi­ 1ibrada, para permitir a execução de outros projectos em vários sectores. Devem ainda apresentar crono­gramas de execução física e finan­ceira dos projectos, contratar ape­nas uma empresa fiscalizadora pa­ra cada projecto e reduzir os cus­tos das empreitadas, através de boas negociações no processo de contratação das empresas. A Unidade Técnica Provincial. propôs, por outro lado, a criação de uma brochura e a produção de um DVD com as acções realizadas em cada município, para o acompa­ nhamento dos projectos, no âmbito dos Programas Integrados de De­ senvolvimento Rural e Combate à

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 5 pobreza. Estes programas visam a melhoria dos indicadores sociais na província de Luanda, principalmente ligados à saúde, educação, vias de acesso, energia e água, sa­ neamento básico, serviços de so­ cialização e apoio institucional. Participaram na referida reunião, além dos membros da unidade, coordenadores das unidades técni­cas municipais, directores provin­ciais, chefes de departamento e de repartição e representantes do Conselho de Auscultação e Con­certação Social.

1.6 Executivo garante aos parceiros sociais cumprir acções de combate à pobreza Jornal de Angola 12 de Outubro de 2011

O secretário de Estado para os Direitos Humanos, António Ben­to Bembe, garantiu ontem, em Luanda, aos parceiros estratégi­cos internacionais que o Executi­vo angolano está a cumprir com eficácia o compromisso de erra­dicar a pobreza e a fome extre­mas, estabelecidos nos Objecti­vos de Desenvolvimento do Milé­nio, com a aplicação dos Progra­mas Municipais Integrados de Combate à Fome e à Pobreza nas comunidades. António Bento Bembe, que fala­va na abertura da mesa redonda in­ternacional sobre o “Direito à água, alimentação e à terra”, organizada em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento e a Agência de Cooperação Espanhola, disse que estes progra­mas reflectem a estratégia do Exe­ cutivo para reduzir de forma pro­gressiva a insegurança alimentar e reactivar actividades agropecuá­rias, através da reforma de estraté­ gias agrícolas. O secretário de Estado garantiu que nos programas municipais In­tegrados estão incluídas acções no domínio da saúde, educação, recu­peração de infra-estruturas básicas, comércio rural, água e energia. “Estes programas surgem num contexto de consolidação da paz, democracia e dos direitos huma­nos, prioridades fixadas no Progra­ma de Governo 2008-2012, para a promoção do desenvolvimento económico e social”, disse. Bento Bembe considera que as questões de emprego, segurança, justiça, saúde, educação, protecção social e combate à corrupção devem conti­nuar a marcar a agenda política do Executivo. Por outro lado, apelou à mobilização de todos os cidadãos em prol dos direitos humanos e o empenho do Executivo no estabele­cimento de consensos com todos os parceiros sociais para a consolida­ção da democracia. O secretário de Estado disse que os parceiros pre­tendem reforçar as instituições do Estado e a

sociedade civil organi­zada, como agentes de mudança para garantir que os cidadãos pos­sam conhecer os seus direitos. A mesa redonda internacional, organizada pela Secretaria de Esta­do dos Direitos Humanos, Programa das Nações Unidas para o De­senvolvimento (PNUD) e Agência de Cooperação Espanhola, foi en­quadrada na semana sobre alimen­tação e decorreu sob o lema “Direi­to à água, alimentação e à terra”. Espanha garante apoio A Cooperação Espanhola vai apoiar as políticas sociais e estraté­gias do Executivo de combate à fo­me para garantir o direito a uma ali­mentação adequada a todas as pes­soas, garantiu ontem, em Luanda, o embaixador de Madrid em Angola. José Ybolibar, que intervinha nu­ ma mesa-redonda internacional so­ bre o “Direito à água, à alimentação e à terra”, anunciou, para breve, a assinatura do “Marco de Associação Angola Espanha”, que vai defi­ nir as relações, nos próximos cinco – anos, entre os dois Estados, no âm­bito da cooperação internacional para o desenvolvimento. Este-instrumento, referiu, garan­ te o alinhamento da cooperação es­panhola com as prioridades de An­gola e estabelece uma relação de parceria que deve sustentar-se na mútua prestação de contas entre os dois Estados. Os sectores de inter­venção da estratégia da cooperação espanhola em Angola, frisou, estão centrados na governação democrá­tica. “A Cooperação Espanhola tem várias intervenções em Angola. em parceria com o Executivo, acompanhas por organismos inter­nacionais, como a F AO e o PNUD, Organizações Não-Governamen­ tais espanholas e angolanas e insti­tuições públicas”, disse. O coordenador residente das Na­ ções Unidas, Koen Vanormelingen, reconheceu que o Executivo estabeleceu metas ambiciosas dos Objectivos do Milénio, mas acres­ centou que, apesar dos esforços realizados em termos de aumento de cobertura nacional, ainda há grandes desafios no país. A mesa redonda faz parte da parceria estratégica para difusão, promoção e protecção dos Direi­tos Humanos em Angola, estabe­ lecida entre o Executivo, através da Secretária de Estado para os Direitos Humanos, a Agência Es­panhola de Cooperação Interna­cional para o Desenvolvimento e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 6

1.7 Angola melhora classificação Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

Angola, guiné-bissau e Moçam­bique registaram melhorias no com­bate à fome, segundo o relatório de 2011 do Instituto Internacional de Pesquisa sobre alimentação (IFPRI), disponível no “site” da instituição. O nosso país passou, deste modo, da situação de “extremamente alar­ mante” para “alarmante”, tendo descido de 33,4 para 24,2, um pou­co mais do que o índice atribuído a Moçambique (22,7), que em 2001 era de 28,4. De acordo com o documento, a Guiné-Bissau surge como o País Africa­no de Língua Portuguesa (PALOP) melhor classificado no Índice Global da Fome (GHI), cotado no nível” gra­ve” com 19,5, depois de ter abando­ nado o nível “alarmante” onde se encontrava em 2001 (22,8). Os dois restantes PALOP – Cabo Verde e São Tomé e Príncipe não figuram neste índice, aparentemente por o IFPRI não dispor de informação ne­cessária, o que também se verificou relativamente a Portugal. Entre os países que falam portu­guês, referência ainda para o Brasil, que figura no nível “baixo”, com pontuação inferior a 05, enquanto Timor-Leste surge no nível “alar­mante” com índice 27,1, quando em 2001 tinha 26,1. A República Democrática do Congo regista o Índice Global de Fome (GHI) mais elevado no mundo, que coloca este país africano no nível “extremamente alarmante”, segun­do o relatório do Instituto Interna­cional de Pesquisa sobre alimenta­ção (IFPRI). O relatório sobre o Índice da Fome no Mundo 2011, em cuja elaboração colaboraram também três organiza­ ções não governamentais – ACTED (francesa), Concern Worldwide (ir­ landesa) e Welthungerhilfe (alemã) – mostra que” o número de pessoas que sofrem de fome diminuiu des­de 1990, ainda que de forma não significativa”, pois mantém-se a um nível elevado correspondente a uma situação” grave”. Com base em dados recolhidos en­tre 2004 e 2009, o GHI é calculado a partir das taxas de subalimen­tação, de subalimentação infantil e de mortalidade infantil, sendo os países classificados em cinco níveis: baixo (inferior a 5,0) mo­derado (5,0 a 9,9), grave (10,0 a 19,9), alarmante (20,0 a 29,9) e extremamente alarmante (acima de 30,0). Entre os 26 países mais afectados pela fome, num total de 122 paí­ses para os quais foi calculado o índice, os quatro que apresentam um índice “extremamente alar­mante” situam-se todos na África Subsaariana – RDCongo com 39,0, seguida do Burundi (37,9), Eritreia (33,9) e Chade (30,6).

O relatório coloca depois 22 países no nível “alarmante” e mais uma vez a maioria destes estados per­tencem ao continente africano e sul da Ásia. No nível “grave” contam-se 33 pa­íses, incluindo a Coreia do Norte, cuja situação piorou desde 1990, o mesmo acontecendo com as Comores, Suazilândia e Costa do Marfim. Dezasseis dos países incluídos nes­te nível registaram alguma melho­ria, tendo abandonado a situação “alarmante”. Na situação “moderada” figuram 22 países, com apenas cinco africa­nos – Gabão, Maurícias, Marrocos, África do Sul e Gana. No primeiro nível do GHI “baixo” contam-se 41 países, quatro dos quais pertencem a África – Argélia, Egipto, Líbia e Tunísia. O documento sintetiza que a situ­ação geral da fome no mundo per­manece grave, adiantando que “a subida recente e a volatilidade dos preços agrícolas constituem, como em 2008, uma ameaça para a pe­renidade da segurança alimentar mundial e expõem muitas famílias e grupos vulneráveis a um risco acres­cido de sofrer de fome”. O relatório põe ainda em causa “a utilização acrescida de produtos agrícolas para o fabrico de bio combustíveis, os fenómenos mete­oro lógicos extremos e a mudança climática, assim como o aumento excessivo de volume de transacções dos mercados agrícolas.

1.8 Preços de alimentos continuam altos e tendem a aumentar Semanario Factual De 15 a 22 de Outubro de 2011

A organização das Nações Unidas pa­ra a Alimentação e Agricultura (FAO), o Fun­ do Internacional de De­ senvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) asseguraram, no documento, que a volatili­dade e a previsível subida dos preços ara que os agricultores, os consumi­dores e os países pobres sejam mais vulneráveis”. “Os países pequenos, dependentes das impor­tações, em particular na Africa, são os mais amea­çados. Muitos sofrem de graves problemas, em con­sequência da crise económica e alimentar de 2006-2008”, refere o relatório. Neste sentido, a FAO, o FIDA e o PMA acredi­tam que os países em desenvolvimento também serão afectados: “A procu­ra dos consumidores nos países com economias em rápido crescimento au­mentará, a população con­tinuará a crescer e, se con­tinuar a expansão dos bio-combustiveis, o sistema alimentar enfrentará uma procura adicional”. A fon­te salienta que o investimento na agricultura é “fundamental” para alcan­çar uma segurança alimen­tar a longo-prazo.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 7 As Nações Unidas di­zem que os preços de ali­mentos devem continuar altos e talvez até aumentar, levando a mais insegu­rança alimentar ao redor do mundo. As três agên­cias da ONU alertam que países menores que de­pendem de importações são mais vulneráveis espe­ cialmente em Africa. Segundo o documento, a volatilidade dos preços, entre 2006 e 2008, levou a um aumento de 8% no número de pessoas desnu­tridas no continente. O relatório incentiva a distribuição de informação sobre os stoks de ali­mentos, o aumento dos investimentos de longo-prazo em agricultura nos países mais pobres e um fim às proibições de ex­portação, quando a pro­dução de grãos cai. Factores causados pelo homem, corno o uso da agricultura para bio-combustiveis e a especulação no preço de alimentos, são determinantes para a fome nas partes mais pobres do mundo, segundo relatório divulgado, nesta terça­-feira, 11, pelo centro de pesquisas, sediado nos EUA International Food Policy Research Institute. O estudo diz que a volatilidade nos preços dos alimentos afectou bastante os mais pobres que não conseguiram adaptar­-se às mudanças. A volatili­dade seria causada por três factores principais: o uso de alimentos para a pro­dução de bio combustíveis, eventos meteorológicos extremos e mudanças climáticas, além do o aumento das transações, envolvendo produtos agrí­colas nos mercados finan­ceiros. A situação seria agrava­ da por uma diminuição nas reservas mundiais de grãos e por uma dependência dos poucos exportadores de alimen­ tos. Outro complicador seria a falta de infor­mações disponíveis que evitem reacções intempestivas nos mercados, quan­do ocorram variações menores na oferta de ali­ mentos. Além de reduzir o consumo de calorias entre os mais pobres, a alta de preços leva à escolha de alimentos menos nutri­ tivos, contribuindo para a desnutrição. Os pesquisadores su­ gerem a criação de mecan­ ismos de protecção aos mais vulneráveis, além da revisão das políticas de bio combustíveis, regula­ção das actividades finan­ceiras sobre alimentos e uma melhor adaptação aos efeitos das mudanças cli­máticas. O estudo afirma que o chamado Índice Global da Fome (ou GHI, na sigla em inglês) de 2011 vem di­minuindo, mas lentamente e permanece num nível considerado “sério”. O GHI varia bastante entre as regiões do mundo, com os mais altos, ocor­rendo na África Subsariana e partes da Ásia. O estudo afirma que 26 paí­ses apresentam níveis alar­mantes ou extremamente alarmantes.

Entre os seis países em que a fome piorou no do­cumento deste ano, os pesquisadores destacam a situação da RDCongo, que registou aumento de 63% do GHI, devido ao conflito interno do país e à instabilidade política. Os países que mais progresso realizaram entre 1990 e 2011 foram An­gola, Bangladesh, Etiópia, Moçambique, Nicarágua, Níger e Vietname. O estu­do não computou os efeitos da crise no preço dos alimentos, ocorrida entre 2010-11, nem a fo­me deste ano no chifre da África.

1.9 Domésticas terão direito a subsídios e férias Jornal O PAÍS 21 de Outubro de 2011

As empregadas domés­ticas terão o direito de serem inscritas no Ins­tituto Nacional de Se­gurança Social, bem como de auferir o décimo terceiro mês, subsídios de férias e de aleita­mento materno, por parte da sua en­tidade empregadora depois da apro­vação do ante-projecto de lei criado a propósito. A informação foi avançada esta quarta, 19, a O PAÍS pelo secretá­rio do Sindicato dos Trabalhadores de Actividades Diversas (STAD Angola), Sebastião Fernandes. O sindicalista explicou que os pa­trões serão obrigados a honrar tais compromissos, caso contrário pode­rão ser sancionados durante a vigên­cia do Decreto Presidencial sobre Re­ gime Jurídico do Trabalho Domestico em Angola. O anti -projecto foi submetido pelo Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MA­PESS) ao Conselho de Ministros para a devida análise e posterior aprova­ ção pelo Presidente da República. “A UNTA – Confederação Sindi­cal desenvolveu um grande esfor­ ço, através do Conselho Nacional de Concertação Social, até encontrar os instrumentos que serviram para sensibilizar o Executivo a elaborar e aprovar o Decreto Presidencial que defenderá as trabalhadoras domés­ticas”, explicou o sindicalista, acres­ centando que O documento “está a ser analisado pelas estruturas central do Governo, beneficiará também a entidade empregadora”. Sebastião Fernandes salientou que com o referido documento a sua or­ganização sindical estará em melho­res condições de defender os seus meados (os trabalhadores domésticos no geral), porque a sua ausência tem condicionado de algum modo o exer­cício da sua activi-

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 8 dade. Com o docu­mento os cidadãos que exercem esta actividade terão os seus direitos eco­nómicos e sociais salvaguardados. Quanto à possibilidade de a maio­ria empregadores não conseguirem honrar com os encargos financeiros estipulados por Lei, o sindicalista acredita que o legislador vai ter em conta a disparidade salarial que exis­te. “Acredito que assim que for apro­vado, este instrumento jurídico orientará uma dinâmica na relação entre a entidade empregadora e a contratada. O mercado definiu por si só um tecto bastante variável que po­derá ser alterado para melhor”, disse Sebastião Fernandes. O dirigente do STAD Angola avan­çou ainda a lei exigirá a celebração de contrato de trabalho doméstico escritos entre o empregador e o tra­balhador, por tempo determinado ou indeterminado. Nos termos do artigo 7º do ante­projecto, esse contrato é celebrado por escrito mediante o preenchi­mento de uma ficha, denominada Caderneta do Trabalhador Domésti­ co, conforme um modelo que cons­ tará em anexo do diploma. A caderneta, a ser entregue ao fun­ cionário, terá informações relacio­nadas com o modelo de contrato de trabalho e um dos seus exemplares será depositado no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) para que os respectivos valores descontados sejam canalizados em locais seguros. “A lei vai definir um percentual a ser depositado mensalmente pelo patronato no sistema de segurança social, de modos a garantir que o seu funcionário possa beneficiar de uma pensão quando paralisar as suas actividades declarou. Segundo o sindicalista, as pessoas que se encontram há anos a traba­lharem neste ramo e nunca beneficiam de nenhuma das regalias aci­1 ma mencionadas não terão retorno, 1 porque o “passado será um passado a esquecer”. Fim dos abusos Tendo em conta as constantes de­núncias de crimes de maus-tratos praticados pelo empregador, a lei vai estabelecer que o trabalhador deve ser tratado com respeito pela sua integridade, dignidade, gozar os descansos diários, semanais e anu­ais garantidos por lei. Deve ainda o salário justo e adequado ao trabalho prestado e pago com regularidade e pontualidade e exercer actividade profissional em adequadas condições de higiene e segurança. Por enquanto, os sindicalistas re­correm aos pressupostos legais esti­pulados pela Lei Geral do Trabalho, enquadrando-os no mesmo regime jurídico que qualquer outro funcio­nário, quer seja público ou privado.

Recorrendo ao método da nego­ciação, para exigir que o patrão com­pense a vítima pelo tempo de serviço e desembolse os subsídios de ferias e de natal, a estimativa aponta para 50% por cento da remuneração caso nunca tenha pago. O método da ac­ção judicial é aplicado quando o pri­meiro não surte os efeitos desejados e acaba por ser mais oneroso. Sebastião Fernandes disse que os conflitos surgem, maioritariamente, quando os empregadores decidem “quebrar” algumas das cláusulas do contrato verbal que estabeleceram. Exigem que elas, para além de exer­cerem as suas actividades de segun­da a sexta-feira, nalguns casos até às 12 horas de sábado, permaneçam nos seu local de serviço nos dias de repouso. Isso acontece quando pre­ tendem dar uma festa e não lhes dão nenhuma compensação financeira ou descanso complementar. “Quando a funcionária manifesta a necessidade de ser compensada, aí começam os conflitos e elas são mui­tas vezes despedidas sem aviso pré­vio. E sempre que tomamos conhe­cimentos, intentamos uma acção de concertação. Convidamos a entidade empregadora a vir ao nosso encon­tro para dirimirmos este conflito de forma pacífica e quando não temos o efeito esperado intentamos uma ac­ção judicial”, frisou. De Janeiro a Dezembro deste ano, o sindicato previa cerca de 20 proces­ sos a correrem os seus trâmites legais no tribunal devido à sua complexida­de e igual número a serem resolvidos por via extrajudicial. Mas possuem apenas dez processos no Tribunal do Trabalho e os demais foram resolvi­dos por via da concertação extrajudi­cial, perfazendo um total de 30 casos. ‘’A multa de dez mil Kwanzas esta ­belecida pelo Órgão de Conciliação, por desobediência pelo facto de o queixado não comparecer nas audi­ências, é muito irrisória”, declarou. O nosso interlocutor declarou que este tipo de processo é inicialmente muito vagaroso. Só ganha maior ce­leridade depois de analisados pelos especialistas do Tribunal do Traba­lho, que não hesitam em decretar o pagamento de uma indemnização à contar da data em que a queixosa começou a trabalhar até à altura da leitura da sentença. No seu entender, a morosidade que se regista só chegará ao fim quando as instalações daquele órgão de justiça for ampliada e ter um número maior de juristas. Enquanto isso não acontecer, o sindicato continuará a ter enormes constrangimentos, visto que os seus miados acabam por desistir dos pro­cessos. Quando solucionados, eles já estão em paradeiro incerto porque foram despejados por falta de con­dições financeira para arcar com a renda de casa e se deslocar constan­temente ao tribunal.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 9 A localização das empregadas só tem sido possível graças à intervenção da vizinhança, que ajudam a. procurar a nova residência. O STAD Angola é urna organização e de âmbito nacional e controla actualmente 21.450 trabalhadoras do­mésticas miadas. A maioria está em Luanda, que é seguida por Cabinda, Benguela e Huambo. O sindicalista confessou que não tem sido fácil convencer as profis­sionais deste ramo a se miarem por causa da relação de familiaridade que existe entre elas e que só procuram o sindicato quando existe desavença. A ideia de criação desta organiza­ção sindical surgiu em 1997, mas só foi efectivada alguns anos mas tar­de, abarcando os trabalhadores de limpeza, seguranças e porteiros. Os membros desta organização pagam ­urna quota mensal de 250 Kwanzas.

1.10 Angola retoma perspectivas de altas taxas de crescimento Semanário Factual De 26 de Outubro a 05 de Novembro de 2011

O Executivo aponta para um creSC1­ mento do PIB nacional em 12,8%, en­ quanto o Fundo Monetá­ rio Internacional (FMI) estima que a economia an­golana deverá crescer 10,8%, em 2012. As perspectivas para a economia nacional são ani­ madoras, com a esperança de que a inflação tenderá a cair para próximo dos 10% e que as reservas interna­ cionais tendem a per­manecer relativamente altas. Espera-se que o sector não petrolífero cresça em torno de 12,5% em parte motivado pelo forte inves­timento que se vai fazer em relação à diversificação da economia e nas zonas económicas especiais que poderá contar com a en­trada em funcionamento de novas indústrias. O forte investimento no sector industrial, com a abertura de alguns pólos industriais, e o aumento do financiamento à agri­cultura poderão poten­ciar, substancialmente, o crescimento do sector não-petrolífero. Outro factor que também deverá contribuir para o cresci­mento do segmento não p ­etrolífero está relaciona­do com a manutenção dos investimentos pú­blicos nas infra-estruturas que faz o sector da cons­trução civil continuar a crescer substancialmente. Enquanto isso, espera-­se que o sector petrolífero possa crescer 13,4%, o que pode estar motivado tanto a alta do preço do petróleo no mercado internacional quanto o aumento da pro­dução petrolífera. Em contrapartida, alguns eco­ nomistas admitem o risco de uma recessão das principais economias mundiais, e isto poderá

influen­ciar, negativamente, sobre os preços das matériaspri­mas, devido ao risco de quebra da demanda por combustíveis. Salienta-se que, em 2012, o petróleo continuará a ser a principal fonte de receitas do Or­çamento Geral do Estado (OGE) e das exportações angolanas. O FMI aponta para uma forte retoma de crescimento da economia angolana em 2012 para 10,8%, realçando que a aceleração do crescimento, em 2012, apesar de preços do petróleo mais baixos projectados de acordo com a actualização de Ju­nho de 2011 das Perspec­tivas da Economia Mun­dial, reflecte sobre o con­tínuo dinamismo dos gas­tos em investimentos pú­blicos internos, assim co­ mo alguns factores idios­ sincrásicos, como a vigo­rosa retoma da produção de petróleo em Angola, embora as perturbações de 2011. As expectativas de crescimento para os próxi­mos anos, para todas as agências, apontam para a aceleração em 2012 que, segundo o FMI, o PIB de­verá crescer 10,8%, já para o Governo, a previsão é de 15,5%, o Banco Mundial estima um crescimento de 8,9%, enquanto Centro de Estudos Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC-UCAN) prevê uma expansão de 10,9%. Salienta-se que a eco­nomia angolana deverá crescer cerca de 3,7% em 2011, de acordo com a revisão das perspectivas de crescimento da economia global, anunciada esta semana pelo FM!. O Fundo estima que a inflação deverá rondar os 15% e que o saldo da conta corrente se fixa em 13,5% em relação ao PIB. Aponta ainda para uma expectati­va de crescimento do PIB ao redor de 10 % em 2012 e para uma taxa de inflação de 13,5%. As expectativas apre­sentadas agora em Se­tembro apresentam certa tendência de convergência com as previsões do Exe­cutivo Angolano. Destaca-­se que o desempenho da economia nacional no primeiro trimestre de 2011 indicia que a taxa de cresci­mento real do PIB deverá, comparativamente a 2010, acelerar-se muito mo­destamente de 3,4% para 3,6%, ao contrário dos 7,6% inicialmente projec­tados. As projecções do Exe­cutivo para 2011 indicam um crescimento do PIB global real de 3,6%, sendo de 3,1% para o sector petrolífero e de 7,7% para o sector não petrolífero. Prevê-se que a produção diária média estimada de petróleo se situe em 1.723,6 mil barris.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 10

1.11 Inflação desacelera no mercado Semanário Factual De 29 de Outubro a 05 de Novembro de 2011

A tendência de in­flação homóloga fixou-se, no pe­ríodo em análise, em 11,91 % contra 15,73% no passado ano. Os indi­cadores de inflação mos­tram a tendência dos preços seguir de acordo com a expectativa do Executivo que estima que a inflação deverá si­tuar-se em torno dos 12%. Em Setembro, a in­flação foi de 0,79% contra 2,35% em 2010, altura em que os preços disparam, devido ao aumento dos preços dos combustíveis. A classe hotéis, cafés e res­taurantes foi a que registou o maior aumento de pre­ços com 1,56%. O preço das bebidas alcoólicas e tabaco aumen­taram em 1,14%, os bens e serviços diversos cresce­ram 0,99% e os alimentos e bebidas não alcoólicas 0,94%. Mas, enquanto o índice geral está em queda, por outro lado, a inflação dos alimentos continua em alta. O óleo alimentar acu­mulou, nos últimos três meses, um aumento de preço superior a 20% co­mo reflexo, segundo co­merciantes da quebra na oferta do produto no mer­cado. Salienta-se que, no mês de Julho, o óleo ali­mentar aumentou 10,4%, em Agosto 5,25% e em Se­tembro aumentou 8,36%. Para economistas, a quebra da inflação pode significar ter havido uma melhoria dos instrumen­tos de política monetária, no que toca ao controlo da liquidez na economia, mas também pode ser o efeito combinado ou isolado da quebra da procura como reflexo da concentração de rendimentos em deter­minados grupos económi­ cos e consequente retra­cção da actividade econó­mica, ou ainda, pode estar relacionada com a mudan­ça de metodologia para o calculo do IPC para Luan­da, adoptado este ano pelo INE. Em Setembro, os pro­dutos alimentares que mais contribuíram para a ele­vação do IPCA foram o óleo de soja, com um au­mento de 8,36%, a água em tambor 3,18%, o cara­pau seco 3,59%, o feijão amarelo cresceu 6,18%, o chispe de porco 4,97%, o açúcar branco 1,28%, o óleo de palma 2,30%, a ba­tata rena 1,07%, manteiga 3,11 %, cacusso fresco 4,73%, o feijão Catarina 1,19%, a corvina seca 1,42%, a sardinha fresca 1,94%, o cachucho fresco 0,90%. Durante o mês de Agosto, o preço do óleo alimentar subiu 5,52%, o carapau fresco 1,12%, a cerveja importada 3,19%, o arroz agulha 1,32%, o carapau seco 2,16%, o fei­jão amarelo 4,15%, a cos­teleta de porco 1,33%, a água

em tambor 0,73%, a sardinha fresca 3,02%, o arroz corrente 1,52%, a corvina fresca 1,70%, o óleo de palma 1,51 %, o fei­jão castanho 1,11 %, a es­pada fresca 1,72%, o milho grão 6,14% e a corvina seca 1,85%. Salienta que os preços dos alimentos con­tinuam em forte alta apesar do abrandamento da infla­ção. Destaca que os preços dos alimentos, bebidas e dos transportes têm sido os que mais têm pressio­nado a inflação nos últi­mos tempos, sempre acima da meta estabelecida pelo Executivo. Em Julho, o óleo ali­mentar aumentou 10,40%, o óleo. de palma 4,46%, a batata rena 1,98%, a cor­vina fresca 3,99%, o feijão amarelo 5,07%, a carne de segunda 2,44%, o açúcar branco 1,47%, a cebola, 1,72%, a costeleta de por­co 1,90%, o frango conge­lado 1,02%, o chispe de porco 3,46%, o feijão cas­tanho 1,77%, o feijão ca­tarino 1,41%, bagre-fumado 1,33%, o leite em pó 0,33%, o arroz corrente 0,86%. No mês de Junho, o preço do litro de óleo de soja aumentou 3,02%; o preço das coxas de frango cresceu 1,61 %; a batata-rena expandiu em 1,40%; a carne de primeira, 1,27%; o frango congela­ do, 1,05%; o feijão amare­ lo, 3,60%; o feijão casta­nho, 1,35%; o feijão catari­no, 1,21%; a carne de segunda, 1,77%; o espar­guete, 1,62% e a margari­na, 3, 58%. No mês de Maio, o preço do tomate aumen­tou em 2,16%; o carapau fresco 1,16%; a coxa de frango variou em 1,23%; a fuba de bombó cresceu em 1,47%; o frango con­gelado, 1,73%; o leite em pó aumentou 2,04%; o fei­jão castanho 4,23%; o fei­jão catarino, 3,85%; a pasta de farinha de milho, 1,05%; a carne de pri­meira, 1,04%; o arroz cor­rente, 2,30%. O preço da massa ali­ mentícia cresceu 1,64; o pão carcaça, 1,22%; a cou­ve 4,34%; o peixe-espada fresco aumentou 3,82% e a corvina seca 3,94%.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 11

1.12 Angola garante cumprimento das metas de desenvolvimento Jornal de Angola 30 de Outubro de 2011

O Executivo angolano está “for­temente engajado” na criação de condições estruturais necessárias para atingir os objectivos do milénio para o desenvolvimento sobre a Educação Para Todos, disse na sex­ta-feira, em Paris, França, o minis­tro da Educação, Pinda Simão. Ao discursar na 36a Sessão da Conferência Geral da UNESCO, - Pinda Simão disse que, no quadro da reforma educativa conduzida pelo Executivo desde 2004 e apli­cada ao subsistema geral e técnico­profissional, os objectivos especí­ficos, como a expansão da rede es­colar, a melhoria da qualidade do ensino e a valorização dos profes­sores seguem o seu curso normal. O ministro informou que o número de alunos aumentou de cerca de 2,6 Q1ilhões, em 2002, para mais de seis milhões, em 2010, apoiado pela construção de 54 mil novas sa­las de aula. Durante o mesmo perío­do, afirmou, a taxa de aprovação aumentou de 46 para 80 por cento e o crescimento do número de pro­fessores foi de 80 por cento, ultra­passando os 200 mil. O ministro referiu que o ensino superior conheceu um crescimento notável a partir de 2905, quando o país só tinha uma universidade e al­gumas instituições de ensino supe­rior privado acolhendo cerca de 40 mil estudantes. Actualmente exis­tem 17 instituições do ensino supe­rior público e 22 privadas, frequen­tadas por cerca de 150 mil estudan­tes, orientados por 2.000 professo­res nacionais e estrangeiros. No quadro da iniciativa da UNES­CO para a educação em ciências da terra em Africa, o Executivo angolano prepara-se para criar um Centro de Excelência de for­ mação superior, visando o desen­volvimento sustentável. O ministro recordou que o Exe­cutivo angolano aprovou, recen­temente, a política nacional; a es­tratégia nacional e o mecanismo de coordenação do sistema na­cional da ciência, da tecnologia e a inovação. Pinda Simão manifestou, em nome do Executivo angolano, a sua satisfação pela inscrição dos arquivos dos Dembos nas Me­mórias do Mundo da UNES€O, assim como pela recomendação do conselho executivo da sessão da Conferência Geral de fazer fi­gurar o nome da Rainha Ginga MBandi no calendário comemo­rativo dos aniversários das perso­nalidades que marcaram a história da humanidade. “Estamos felizes com o avanço do dossier de nomeação da cidade histórica de Mbanza Kongo, sede do antigo

Reino do Kongo, na lis­ta do património mundial com a assistência técnica do Centro do Património Mundial da ·UNES­CO”, acrescentou. Formação de cientistas O Centro de Excelência de for­mação superior em ciências da ter­ra deve assegurar a formação de jo­vens angolanos e os da região aus­tral de Africa num processo de par­ ceria estratégica entre o Executivo, universidades de outras partes do Mundo e o financiamento privado, garantiu o ministro da Educação. O projecto foi concebido de acordo com critérios definidos pela UNESCO para a criação de um Centro de Categoria 2. Num outro plano, Pinda Simão adiantou que a economia angolana está em pleno crescimento, mas de­ve ser apoiada e sustentada com ac­ções que protejam o ambiente. “Como contribuição ao desafio da mudança climática, nós faze­mos alusão ao grande projecto Angola-LNG, em curso no Soyo, um dos grandes produtores de gás na­tural liquefeito. Protecção do ambiente O ministro falou, ainda, da pre­servação e protecção da biodiver­sidade. Afirmou que Angola está empenhada com outros quatro países vizinhos (Botswana, Namí­bia, Zâmbia e Zimbabwe) no de­senvolvimento do projecto am­biental Kaza-okavango. Outra acção conjunta é o pro­jecto de gestão ambiental subma­ rina, denominado BCLME, entre Angola, Namíbia e África do Sul. Falou também da criação de uma reserva no Parque Nacional de Cangandala para a protecção da palanca negra gigante.

1.13 Economia angolana entre as mais altas do mundo Jornal de Angola 31 de Outubro de 2011

A economia angolana vai cres­ cer 12 por cento no próximo ano, referem as previsões do Orça­mento Geral do Estado para o pró­ximo ano, que deve ser aprovado, em Novembro, pela Assembleia Nacional. O crescimento está bem acima da média da região austral do conti­nente e é dos mais altos do mundo. O FMI, no relatório sobras previ­sões da economia mundial para 2012, aponta para um crescimento à volta de 9 por cento para a China e de 7,5 na Índia. Na Africa Subsariana, a expectativa é de cresci­mento de até 5,8. Para o Brasil, o crescimento vai ser de 3,6 por cen­to. A economia angolana recupera.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 12 O crescimento de dois dígitos, depois de ter assistido, nos últimos dois anos, a uma progressão mais modesta do Produto Interno Bruto, que é a soma de toda a riqueza pro­duzida no país durante o ano. Angola foi um dos poucos países do mundo a escapar à recessão em 2009, com o seu PIB a crescer 2,4 por cento, enquanto o Produto In­terno Bruto mundial diminuia 0,7 por cento. Em 2010, a tendência manteve-se, com um crescimento de 3,4 por cento. Facto positivo, re­fere o relatório de fundamentação do OGE para o próximo ano, é o facto de o sector não petrolífero crescer 12,5 por cento e o petrolífe­ro, que representa mais de 80 por cento das receitas do Estado, regis­tar uma expansão de 13,4. O dinamismo crescente dos sec­ tores da construção, agricultura, indústria e serviços evidenciou o aumento participação do sector não petrolífero no PIB, com um crescimento de 8,3 por cento em 2009 e 7,8, em 2010, enquanto o petrolífero se contraía (-5,1 e -3,0 por cento) devido à forte redução do preço do petróleo no primeiro daqueles anos e à redução do volu­me produzido no seguinte. A título de projecção, o Orça­mento Geral do Estado para 2012 indica um potencial de receitas e despesas aproximadas a 3,5 triliões de kwanzas, sem défice. Em 2011, a inflação pode ficar abaixo dos 12 por cento projectados no OGE, pois a variação acumulada de Janeiro a Agosto deste ano situa-se em ape­nas 6,86 por cento, contra 8,4 no pe­ríodo homólogo de 20 I O. As previsões optimistas da eco­nomia angolana podem influen­ciar, mais uma vez, as agências in­ternacionais de notação de risco. As agências Fitch Rating, Moody Investors Services e Standard & poor’s reconheceram, unanimemente, em Julho, que a economia angolana continua robusta e vai no caminho certo, num cenário inter­ nacional ainda conturbado pela in­terminável crise de dívidas sobera­nas em países mais desenvolvidos.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 13

2

MICROFINANÇAS

2.1 Professores de Luanda beneficiam de crédito bancária Jornal de Angola 03 de Outubro de 2011

O primeiro secretário provincial de Luanda da Associação dos Professores Angolanos (APA), Ál­varo Domingos, afirmou, em en­trevista ao Jornal de Angola, que a concessão de crédito bancário aos professores permitiu colma­tar algumas dificuldades sociais. O responsável fez saber que aquela associação tem realizado seminários pedagógicos no sen­tido de melhorar a qualidade de ensino. Abordou também o pro­cesso de actualização de cate­gorias, bem como a reforma edu­cativa, particularmente a ques­tão levantada pelos professores em torno da “monodocência”. Jornal de Angola – Quais os ()bjectivos da associação junto dos associados? Álvaro Domingos – A Associa­ ção dos Professores Angolanos (APA) foi constituída no dia 2 de Julho de 1985. Ela é parceira do Ministério da Educação. Um dos obj ectivos consiste em auxiliar no sentido de colmatar algumas difi­culdades inerentes à gestão escolar. JA -Como parceira do Minis­ tério da Educação tem incentiva­do o cumprimento do perfil de um professor? AD – Incentiva, sim, o cumpri­mento do perfil do director de esco­la, a pauta deontológica do profes­sor, incentivando-os a darem se­quência aos estudos de modo a contribuir para a melhoria da quali­ dade de ensino. Realizamos semi­ nários de capacitação metodológi­ ca no fim de cada trimestre em to­dos os municípios de Luanda. JA – Quantos filiados tem a APA? AD – Todo o professor, directa ou indirectamente, é associado, in- ­dependentemente de possuir ou não cartão de membro. E uma asso­ciação sócio-profissional porque, se o profissional tiver algum pro­blema durante á actividade, resolve como nosso auxílio. JA- Que acções concretas têm sido realizadas no domínio da ca­pacitação de professores?. AD – Temos realizado palestras com vários temas, como “O im­pacto psico-pedagógico da rela­ção entre professor e aluno no pro­cesso de ensino e aprendizagem”. É um tema integrador para todos os associados. Anualmente temos organizado seminários dirigidos aos professores com nível médio, no intuito de ingressarem no ensi­no superior; de modo a elevar o ní­vel académico

e, concomitante­ mente, melhorar e dar qualidade ao sistema de ensino. JA – Os palestrantes têm cons­tituído uma mais-valia para os formandos? AD – Pensamos que sim. Este ano trouxemos o De Ngangula da Silva, radicado no Brasil, que veio lançar a O livro intitulado “A prova que não prova nada”. Uma obra que relata aspectos relacionados com a docência. Esta obra é um grande instrumento no processo de ensino e aprendizagem. A obra tem inovação pedagógica segundo as quais o professor deve ter em conta as zonas de exploração do conhe­cimento. Aconselho todos os pro­fessores a adquirirem o livro. JA – Esse processo tem êxito? AD – o programa tem apresen­tado resultados satisfatórios a jul­gar pelo número de professores que ingressam no sistema de ensino superior, quer público quer pri­ vado. Antes dos seminários de preparação, o índice de reprovação era muito elevado. JA – O que é que a associação tem feito junto dos professores que apresentam dificuldades pe­dagógicas? AD – A associação tem procura­ do identificar esses professores e encaminhar ao centro de diagnósti­co no sentido de se aferir que tipo de problema pedagógico do mesmo psicológico apresenta no exercício da sua função. Temos tido bons re­sultados. A título de exemplo, se antes foi bom professor e agora mos­tra debilidades, pode ser um proble­ma psicológico. A verdade é que te­mos conseguido dar soluções con­cretas aos problemas encontrados e reenquadrar os colegas que antes ti­nham bom desempenho. JA – Que acções têm sido reali­zadas no sentido de se colma ta­rem algumas dificuldades sociais entre os professores? AD – A associação tem um pro­tocolo com o Banco de Poupança e Credito (BPC), em que facilita acesso ao crédito aos professores. Trabalhamos em colaboração com a direcção dessa instituição bancá­ria, que já cedeu crédito a muitos professores que, com o dinheiro conseguido, conseguiram melho­rar a sua condição de vida. JA – O que devem fazer os pro­fessores que ainda não consegui­ram o crédito? AD – Devem procurar-nos na se­de da associação que funciona pro­visoriamente no Instituto Médio Politécnico do Sambizanga. Nas nossas palestras incentivamos os professores a aderirem ao crédito bancário num curto espaço de tem­po por constituir uma mais-valia.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 14 JA – Quantos professores con­seguiram crédito bancário com esse programa? AD – O crédito bancário bene­ficiou acima de mil professores da província de Luanda. Conse­guiram pôr em marcha os seus projectos. Temos incentivado os professores a obterem crédito com um projecto em manga e não receberem o dinheiro, sem depois saberem o que fazer. ‘JA – Quais são os problemas com que a associação se debate? AD – A nossa preocupação no momento é a compreensão do sis­tema de avaliação da reforma edu­cativa. Temos que trabalhar mais com o Ministério da Educação para fazermos chegar a informação aos lugares mais recônditos e dizer aos colegas, em seminário, que a refor­ma é uma necessidade e um proces­so de ensino e aprendizagem nor­mal. Os professores devem estar actualizados sobre a política de gestão pedagógica do Ministério da Educação. E um processo que tem sempre vantagens e a nossa meta é que as vantagens da reforma sejam sempre maiores. JA – Alguns professores mos­traram-se descontentes com a “monodocêndia”. Que comentário quer fazer? AD – Os membros da APA já es­tiveram reunidos com a área do en­sino técnico-profissional e ensino geral do Ministério dá Educação. Procuramos emitir a nossa opinião. E real que as escolas de formação de professores do ensino médio normalmente direccionam as espe­cialidades. Estamos cientes que os professores do primeiro e segundo ciclo e ensino primário não têm pre­paração especial em algumas áreas, como são os casos das disciplinas de Educação Física, Educação Vi­sual e Plástica, que precisam de um tratamento especial. Concordamos com a reforma, mas tem de se ter em atenção essas cadeiras específicas que naturalmente necessitam de professores abalizados. JA – Muitos professores estão descontentes com a actualização de categorias. Quer comentar? AD – Esse é um problema con­juntural que não se verifica só no sector da educação. A APA está preocupada com esta situação. Mas, se o professor auferir median­te a sua categoria há outra motiva­ção para o trabalho. Mas devo in­formar que existem muitos colegas com a situação resolvida, ao passo que outros aguardam pela sua vez.

2.2 Millermium lança Oferta Mulher Jornal O PAÍS 14 de Outubro de 2011

O Banco Millennium Angola acaba de lançar. a Oferta Mulher, um con­junto de produtos e serviços de subs­ crição exclusiva pelas mulheres. A Oferta Mulher contempla uma conta à ordem específica e Cartão Multicaixa Mulher, um Plano de Poupan­ça com vista à protecção familiar e acesso a Micro-crédito, para apoiar a criação e o desenvolvimento dos ne­gócios empreendidos pelas mulheres angolanas. Em parceria com a Fundação Mu­lher contra o Cancro da Mama, o Millennium Angola desenvolve uma acção de responsabilidade social na qual, por cada USD 1.000 aplicados no Plano Poupança Mulher, oferece em nome das clientes USD 1 aquela instituição. No âmbito desta inicia­tiva, o banco estabeleceu protocolos com a Federação de Mulheres Em­preendedoras de Angola (FMEA) e com a Organização da Mulher Ango­lana (OMA), envolvendo condições especiais para as suas associadas. Entretanto, o Banco Millennium Angola acaba de ser eleito pela 2. ª vez o “Bapco Mais Inovador” em Angola, pela revista EMEA (Europa, Médio O ­ riente e África:) Finance. A cerimónia de entrega dos pré­ mios terá lugar em Londres, a 7 de Dezembro, durante um jantar de so­lidariedade que junta os bancos afri­canos. De acordo com o júri, o Banco Millennium Angola foi eleito “Most Innovative Bank” pela inovação, ori­ginalidade e qualidade dos produtos e serviços lançados no mercado em 2011. A distinção considera também o desempenho global do banco e factores estruturais como quota de mercado, crescimento em classes de produto importantes, rendibilidade e estratégia. Na edição da revista de Outubro/ Novembro vêm publicadas as categorias em que os bancos afri­canos receberam distinções.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 15

2.3 Mais apoio às futuras empresarias Jornal de Angola 15 de Outubro de 2011

Algumas mulheres empreende­ doras contactadas pela reportagem do Jornal de Angola defendem que o Executivo devia dar mais apoio às futuras empresárias. Maria Amélia, ligada à Federa­ ção das Mulheres Empreendedoras de Angola, disse que as dificulda­des de acesso ao crédito bancário constituem uma das grandes bar­reiras para as sócias da organização iniciarem um negócio. “As nossas associadas não pos­suem, na sua maioria, garantias bancárias e nós entendemos que os bancos também não querem per­der”, reconheceu Maria Amélia. O Jornal de Angola apurou ainda que o Banco Sol tem um projecto em curso no sentido de financiar peque­nas iniciativas das mulheres através do programa “Microcrédito Sol”. Um dos objectivos desse projec­to é o de melhorar a situação eco­nómica das mulheres no país. Evandra Lopes, uma jovem ven­dedora no mercado do Prenda, re­feriu que hoje muitas mulheres já não dependem apenas dos homens para sustentar as suas famílias. Lembrou que há um grande en­volvimento das mulheres no cená­rio empresarial, e hoje já se pode ver nas cidades lojas, boutiques e outras estruturas de negócios, cujas proprietárias são mulheres. Leopoldina Francisco, proprie­tária da boutique Sacatu, arredores do mercado do São Paulo, conside­ rou ser importante que se valorize a presença da mulher no cenário em­presarial. As mulheres do mercado informal, alertou, são aquelas que precisam de mais ajuda, mais apoio e precisam de sair do negócio in­formal para o formal. Afirmou mais adiante que existem mulheres com iniciativas e coragem para progredir no ramo empresarial, ­mas que encontram barreiras devido à falta de apoio. Leopol Dina Francisco defendeu a necessidade da disse­ minação da cultura de empreendedorismo no país e salientou a sua impor­tância no fomento à criação de peque­nas e médias empresas.

2.4 Crédito agrícola com bons resultados Jornal de Angola 19 de Outubro de 201

O Banco de Poupança e Crédito (BPC) concedeu, desde 2010 até agora, 44 milhões de dólares a pequenos e médios agriculto­res, superando os 30 milhões Ini­ciais, disse, na segunda-feira, à Angop, a directora de micro fi­nanças da Instituição. Isabel Miguel, que falava a pro­pósito do primeiro ano do Progra­ma de Crédito Agrícola de Campa­nha, avaliado em 150 milhões de dólares, apresentado, então, na lo­calidade do Lucusse pelo, na altura, ministro de Estado e da Coorde­nação Económica. Por altura da assinatura do me­morando de entendimento entre os bancos operadores e o Ministério das Finanças, em 2009, referiu, fi­cou estabelecido como valor limite a conceder 30 milhões de dólares. O Programa Crédito de Campa­nha, garantiu, é um processo que decorre bem, pois o número de be­neficiários aumentou em, pelo me­nos, 100 por cento comparativa­ mente ao início do projecto. A gestora declarou que á se co­ meça a notar reembolso a nível das províncias que beneficiaram na fa­se inicial do programa, como as do Huambo, Narnibe e Kwanza-Sul”. O BPC perspectiva, a título de estímulo, disse, conceder, na se­gunda fase do programa, mais créditos às cooperativas e associações de camponeses que reembolsarem 100 por cento o empréstimo desta primeira fase. Sobre uma eventual “excessiva morosidade e burocracia na valida­ção dos pedidos de crédito”, recordou que a aprovação das propostas passa por várias fases, de estudo, organização das cooperativas, pre­paração de documentos, elabora­ção de contrato de concessão e identificação de fornecedores. O Crédito de Campanha é regido por um decreto executivo conjun­to, que aprova o regulamento do crédito agrícola de 350”milhões de dólares destinado a facilitar o aces­so ao empréstimo a pequenos e mé­dios produtores e associações de camponeses.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 16

2.5 Banco angolano apresenta verba para micro-crédito Jornal de Angola 28 de Outubro de 2011

O Banco de Comércio e In­dústria (BCI) disponibilizou, no princípio do mês de Outu­bro, 25,3 milhões de kwanzas para concessão do micro-crédito de campanha a 98 camponeses do município da Ganda, Ben­guela, no âmbito do Programa de Combate à fome e redução da pobreza no país. Segundo o responsável do sector da Agricultura e Desen­volvimento Rural na Ganda, Manuel Tchitumba, consta do pacote da concessão de micro-crédito a recepção de inputs e al­faias agrícolas, além de juntas de bois para tracção animal, com vista ao fomento da produ­ção agrícola na região. Manuel Tchitumba disse à Angop, o processo realizou-se em três fases distintas, tendo a última beneficiado apenas cam­poneses organizados da comuna da Babaera. No entanto, 800 processos re­metidos há mais de dois anos ao Banco Sol para obtenção de micro-crédito de campanha espe­ram pela disponibilização de verbas, com vista a incentivar os camponeses locais, o que condiciona o desenvolvimento do processo produtivo. Manuel Tchitumba acrescen­tou que no quadro desse pacote, existe também o Crédito Agrí­cola de Investimento para pe­quenos, médios e grandes agri­cultores, para o qual os requisi­tos exigidos impõem que os in­teressados possuam capacidade em capitais, para poderem pres­tar garantias aos bancos.

2.6 Recomendado fundo de mecro-crédito para permitir a uniformização das taxas de juro Jornal Continente 28 de Outubro de 2011

Os participantes ao fórum recomenda­ram a criação de um fundo de micro-crédito para subvencionar e permitir a uniformização das taxas de juro, garantindo a sua bonificação aos po­bres e que o Banco Nacional de An­gola proceda com maior celeridade a conclusão do estudo sobre a inclusão financeira. Recomendaram, igualmente, a neces­sidade da criação e aprovação de uma lei sobre Micro-Finanças, bem como o reforço das capacidades dos toma­dores de empréstimos. Na cerimónia de encerramento, a min­istra da Família e Promoção da Mul­her, Genoveva Lino, afirmou que as mulheres estão muito mais expostas ao fenómeno da pobreza em todo o mundo, devido aos sistemas sociais e políticos que na maioria dos casos as excluem.

A isto, disse, acrescenta-se a falta de oportunidades no acesso à formação, informação, treinamento, aos recur­ sos, ao crédito e a propriedade sobre a terra. A governante apontou ós resultados do Inquérito sobre o Bem-Estar da População, IBEP, de 2008/2009, que espelha a evolução positiva da situa­ção da pobreza no país, que se situa em 36,6% da população abaixo da linha de pobreza, sendo que 18,7% “ corresponde a população urbana e • 58,3% a do meio rural. A governante considerou a situação como sendo ainda preocupante, pelo que todo o esforço deverá concentrar-­se no sentido de se actuar com pro­gramas específicos para se reduzir esta percentagem pela metade ou mais até 2015, alinhando-se assim com as me­tas de desenvolvimento do milénio. Referiu que Angola está classificado como sendo um dos países com maior número de microempreendedores in­dividuais. No entanto, sublinhou, existe um lon­go caminho a percorrer para promover a inclusão social e financeira dos seg­ mentos populacionais sem acesso aos bancos tradicionais e a Micro-Finança pode contribuir para o alcance destes objectivos. Fonte de inclusão social da população A directora de micro-crédito do Banco Sol, Cada VanDúnem afirmou que o micro-crédito é uma fonte de inclusão social da maior parte da população, ao sair do mercado informal para o for­mal. “Uma sociedade só se desenvolve quando a população tem emprego ou tem um meio de satisfação das suas necessidades”, disse Cada Van-Dúnem. Segundo informou, o Banco Sol já disponibilizou, até ao momento, cerca de 100 milhões de dólares e possui cerca de 80 mil beneficiários acumulados. Explicou que o banco possui nove produtos e em cada um deles a instituição persegue um objec­tivo. Referiu que um dos objectivos da in­stituição é manter uma carteira viva de cerca de 30 milhões de crédito. Carla Van-Dúnem explicou que a concessão de crédito é revolver, pois durante o ano o banco pode conceder mais 50 milhões de dólares em qual­quer um dos produtos que possui. Adiantou que o mais importante é haver beneficiários à nível das comu­nidades. O banco trabalha em 15 das 18 provín­cias que constituem o país e se espera para breve a abertura de agências na Lunda-Norte, Lunda-Sul e Moxico. “O micro-crédito é um projecto sus­tentável que já existe há mais de dez anos”, afirmou Cada Van-Dúnem.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 17

2.7 Banco Keve vai prestar dinheiro a empreendedores Semanário Angolense 29 de Outubro de 2011

Mateus Chitembo é co­ merciante com canti­ nas em Benguela, no Sumbe e em Luanda, e pretende expandir o seu negócio principalmente nas zonas rurais pois, pensa que tanto os produtos produzidos internamente como os importados devem chegar a toda gente. É com esse intuito que o pro­grama do Executivo de Promoção do Comércio Rural passa a contar a partir de agora com mais uma instituição financeira, depois de um acordo firmado, em Luanda, entre o Banco Keve e o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), para a operacionalização de crédito. Este é o quinto banco comer­cial a juntar-se ao projecto, depois dos Bancos de Comércio e Indús­tria (BCI), de Poupança e Crédito (BPC), Banco Sol e do BAI Micro Finanças (BMF), já o terem feito no final do mês de Setembro. Rui Campos, presidente do Banco Keve, mostrou-se satisfeito pelo facto de a sua instituição ser incluída neste processo, referindo até que é um prestígio apoiar os projectos do Executivo principal­ mente os que se dizem respeito ao desenvolvimento das comuni­dades e da actividade económica, pelo que prometeu trabalhar com muito empenho para que o pro­grama tenha êxito. «Esse acordo vai permitir-nos atender os clientes e restantes comunidades em que o Banco Keve está implementado. De igual modo, permitirá desenvolver a actividade agrícola e o escoa­mento de produtos, assim como contribuir para a substituição de importações», explicou. Alinhado nesse pensamento, Mateus Chitembo, comerciante acha que «este projecto vem facilitar a todos, tanto aos comercian­tes como a população em geral, principalmente aos residentes em zonas rurais onde muitas vezes os produtos chegam com alguma di­ficuldade». Acrescentou, por ou­tro lado que as taxas de juros são acessíveis e isso é «muito bom». À semelhança dos acordos rubricados, o BDA predispõe-se em disponibilizar ao operador um valor mínimo equivalente a dois milhões e 500 mil dólares e o máximo aproximado de cinco milhões de dólares. O protocolo que visa funda­mentalmente a viabilização, por parte da banca, da implementação do Programa de Promoção do Comércio Rural (PPCR), foi assinado pelos presidentes dos conselhos de administração dos bancos de Desenvolvimento de Angola (BDA), Paixão Franco e do Banco Keve, Rui Campos, res­pectivamente.

Ao abrigo deste protocolo, o Banco Keve constitui-se como a entidade que recebe o emprés­timo directamente do BDA e repassa os recursos aos benefi­ciários finais, entre grossistas e retalhistas das 18 províncias do país. Segundo o gestor do Banco de Desenvolvimento de Angola, Paixão Franco, ç acordo vai reduzir de forma significativa a pobreza e o desemprego, mo­tivo pelo qual apela aos empre­sários a investirem também no comércio rural. Para a efectivação do Progra­ma de Promoção do Comércio Rural (PPCR), o BDA tem dispo­níveis 40 milhões de dólares para repartir aos bancos envolvidos nesse projecto, que tem vindo a dar prioridade, numa primeira fase, as províncias do Huambo e Benguela•

2.8 Micro-crédito constitui fonte de inclusão social Jornal o Independente 29 de Outubro de 2011

A directora de micro-crédito do Banco Sol, Carla VanDúnem, real­çou em Luanda, que o micro-crédito é uma fonte de inclusão social da maior parte da população, ao sair do mercado informal para o formal. “Uma sociedade só se desen­volve quando a população tem emprego ou tem um meio de satisfação das suas necessidades”, disse Carla Van-Dúnem à margem do seminário Internacional sobre Micro-Finanças no qual dissertou o tema Estratégias e desafios da formação técnica das equipas de micro-finanças. Segundo informou, o banco Sol já disponibilizou até ao momento cerca de 100 milhões de dólares e possui cerca de 80 mil beneficiários acumulados. Explicou que o banco possui nove produtos e em cada um deles a instituição persegue um objectivo. Referiu que um dos objectivos da instituição é manter uma carteira vi­va de cerca de 30 milhões de crédito. Carla Van-Dúnem explicou que a concessão de crédito é revolver, pois durante o ano o banco pode conceder mais 50 milhões de dólares em qualquer um dos produtos que possui. Adiantou que o mais importante é haver beneficiários a nível das comunidades. O banco trabalha em 15 das 18 províncias que constituem o país e se espera para breve a abertura de agências na Lunda-Norte, Lunda-Sul e no Moxico. “O micro-crédito é um projecto sustentável que já existe há mais de dez anos”, afirmou Carla Van Dúnem.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 18

2.9 “Micro-crédito Amigo” muda a vida de milhares de jovens em todo o país Jornal de Angola 31 de Outubro de 2011

Jovens do município do Cazenga estão a beneficiar de empréstimos bancários graças ao programa “Micro-crédito Amigo”, promovido pe­lo Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social através do Banco Sol. Durante o acto, 150 jovens bene­ficiaram de micro-créditos no valor equivalente a mil dólares norte-americanos. Francisco Pedro, um dos benefi­ ciários, disse que o crédito vai per­mitir a criação do seu próprio negócio. O jovem, formado em 2011 num dos centros de empreendedorismo, louvou a iniciativa do Exe­cutivo, através do Instituto Nacio­nal de Emprego e Formação Profis­sional, e espera que a iniciativa seja extensiva às demais províncias pa­ra ajudar os jovens a concretizar os seus sonhos. ‘Jacinta Damião, também benefi­ ciária do projecto, afirmou que o dinheiro recebido vai rentabilizar o seu pequeno negócio. Joaquim Domingos Dala, outro beneficiário, afirmou que, daqui para a frente, vai organizar melhoro seu negócio e ajudar pessoas inte­ressadas em aprender algo na vida. Ele manifestou predisposição em contribuir para o desenvolvimento do país e saudou o Executivo pelo relançamento do programa. Relançamento do programa O ministro da Administração Pú­ blica, Emprego e Segurança So­ cial, António Pitra Neto, garantiu que o Executivo pretende, até fi­nais de 2011, inserir mais de dez mil jovens na área de empreendedorismo nas comunidades. O ministro Pitra Neto referiu que o programa visa dar resposta a uma orientação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, e vai abranger, fundamentalmente, a comunidade jovem das zonas urba­nas, suburbanas e rurais de todas as províncias do país. O governante considerou que o acto representa um sinal forte e de­terminante do Executivo angolano que, através da parceria com o Ban­co Sol, objectiva manter viva a es­perança e a certeza da juventude nos ideais do bem-estar e do desen­volvimento do país. Pitra Neto ape­lou aos órgãos de direito no sentido de prestarem maior atenção aos problemas da juventude, sobretu­do, no domínio da formação profis­ sional. Afirmou que o Banco Sol es­tá a praticar taxas de juro bonifica­das, numa perspectiva que visa fa­cilitar o acesso ao crédito

dos mais jovens. O programa teve início em Agosto de 2008, na província do Kuando-Kubango, ejá beneficiou mais de 900 jovens na cidade de Luanda e prevê abranger, até De­zembro, 1500 empreendedores.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 19

3

MERCADO INFORMAL

3.1 Instituto do Consumidor sensibilizou vendedores Jornal de Angola 07 de Outubro de 2011

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) realizou ontem, em Luanda, uma campanha de sensibilização dirigida aos taxis­tas e vendedores ambulantes sobre os deveres cívicos e morais. A directora do INADEC, EIsa Barber, disse ao Jornal de Angola que a campanha visa conscienciali­ zar os cidadãos sobre o cumpri­mento dos deveres cívicos e mo­rais. EIsa Barber acrescentou que o programa abrangeu os municípios de Cacuaco, Cazenga, Maianga, Rangel, Ingombota, Samba e Via­na. “Este programa de sensibiliza­ção teve início na província da Lunda-Sul e tencionamos executá-­lo em todos as províncias do país”, afirmou. Segundo EIsa Barber, existe falta de informação sobre a importância dos deveres cívicos e morais. “Estamos a distribuir carti­lhas sobre a higiene no local de venda, verificar os produtos fora do prazo de validade e apelar para a necessidade do uso de sacos de de­pósito do lixo”, frisou. A directora lembrou que a não observância dos deveres cívicos e morais gera uma sociedade desorganizada e sem princípios. “Esta campanha é cru­ cial para que os cidadãos tomem conhecimento das suas responsabi­lidades para com a sociedade”, re­feriu.Com um espaço de informa­ção montado ao longo da via do mercado dos Congoleses, agentes do INADEC entregaram cartilhas aos taxistas com informações para uma condução moderada, respeito pelas regras de trânsito e prioridade aos idosos, crianças e mulheres grávidas. O INADEC pretende também realizar campanhas de sensibilização nos estabelecimen­tos comerciais sobre as relações entre consumidores e comerciantes e o respeito pelo meio ambiente. Na semana passada realizou-se uma campanha de sensibilização dirigida aos trabalhadores das sal­gas da Ilha de Luanda sobre o uso de sal iodizado.A campanha decor­ reu no âmbito das comemorações do Dia Internacional de Doenças provocadas por insuficiência de io­do no organismo, que se assinala a 19 de Outubro. No acto foram pas­sadas mensagens sobre as doenças provocadas pela ausência de iodo.

3.2 Demolição de armazéns provoca desemprego Jornal Agora 08 de Outubro de 2011

Cerca de 10 armazéns foram demolidos recentemente no Hoji-ya-Henda, nas imediações da antiga fábrica da Refrinor. As autoridades justifi­cam a acção com a necessidade da construção de valas de drena­gem das águas pluviais. Helena Raul, proprietária de dois armazéns na rua da Nicará­ gua, disse que foi surpreendida pelos fiscais. “Eles não avisaram previamente as pessoas. Vieram com máquinas, tractores, martelos e demoliram as paredes dos nossos estabelecimentos ergui­dos com muito sacrifício”, con­tou, lamentando o facto de boa parte da mercadoria ter sido vandalizada. “Não sabemos para onde ire­mos. Vamos esperar pelo pro­ nunciamento da administração”, referiu. Com a destruição dos ar­mazéns, muitos jovens perderam o primeiro emprego•

3.3 Cemitérios transformados em mercados Jornal Angolense 08 de Outubro de 2011

Para além dos funerais terem sido transformados em passe­relles de moda, onde as pes­soas se preocupam em colocar a melhor roupa e o melhor sap­ato, como se de festa se tratas­se, hoje, as pessoas perderam o respeito pelos mortos e pelos cemitérios. É bem na parte frontal dos cemitérios que os cidadãos os transformaram em mercado. Será que as pessoas perderam o medo da morte e o amor ao próximo e o respeito pela dor de alguém que perde um intequerido ou será que é mesmo a carência que faz com que as pessoas agem assim? É o que nos propomos a falar. Escolhemos o cemitério da San­ta Ana, na Avenida Deolinda Ro­drigues, para falarmos com as pessoas que fazem comércio naquela área, que por sinal, encontra-se ao lado do Coman­do Provincial da Polícia. O relógio marcava oito horas e trinta minutos, quando cheg­amos no local. Ainda havia pouca agitação, porque os funerais começam apenas as nove horas, mas as vendedoras já lá se encontravam. As vendedoras de flores, ficam a uma distância considerável da porta, estavam a formar os boquês. Os preços variam, há flores de mil a quatro mil kwanzas. “Nós vendemos aqui por­que as pessoas só se lembram de levar flores no velório, quan­do já estão no cemitério, algu­ mas só vêem comprar, porque imitam as outras pessoas, então, nós aproveitamos”, disse Domingas Diogo, uma

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 20 vendedora. Outra vendedora, disse que é a procura do sustento dos seus filhos que lhes obriga a ter de ir vender no cemitério. “Sou viúva e sustento os meus filhos com esse negócio, sei que não é bom estarmos a vender aqui, num local inapropriado, mas não posso fazer diferente. Há dias que chego em casa e nem consigo comer, porque aqui nós vimos a dor das pessoas e isso acaba por nos c6ntagiar”, realçou. A medida que os minutos pas­savam o local começou a ficar apinhado de gente. Nesta altura o relógio marcou nove horas e dez minutos, aproximava-se o primeiro carro fúnebre. As vendedoras ambulantes come­çaram a rondar pelo local, até que, depois do corpo entrar no cemitério, algumas vendedoras de gasosa recusassem de entrarem no cemitério. “Não gosto de presenciar o enterro, vou ficar aqui fora a beber umas birras”, disse para os amigos, um jovem de aproximadamente quarenta anos. Algumas senhoras que vendiam gasosa, água e cerveja estavam em fila nos dois lados, bem na porta principal, com as ban­heiras no chão esperando por clientes. “Nós vendemos aqui, porque as pessoas quando saem do enterro, normalmente decidem beber alguma coisa fresca para aliviar o cansaço”, disse Ana Afonso, uma das vendedoras. Para Beatriz, outra vendedora, fica aí, porque tem mais clien­tes. “Antes eu vendia em frente ao meu portão, mas tinha pou­cos clientes, até que uma amiga que já vendia aqui convidou-me para me juntar a ela, desde então, os clientes duplicaram. Por dia compro dez grades de gasosa e igual número de cer­veja e tudo acaba, as vezes ainda temos que ir buscar mais em casa”, contou. Na parte mais abaixa é onde vendem as senhoras dos grel­ hados, pinchos. Grande parte das pessoas que haviam ido acompanhar velórios, ficaram ali concentrados comendo, beben­do e dando risadas, como se de um local de festa se tratasse. “A vida não pode ser levada com muita seriedade. A morte já é tão dura, se ficarmos todos tristes, quem vai consolar os ou­tros, vamos ficar alegres”, dizia uma das senhoras no local. Algo que não nos passou des­percebido foi o facto de quase todos que acompanhavam os funerais faziam uso de alguns dos produtos lá vendidos. A lavagem de carros, é outro negócio que se faz no cemitério da Santa Ana, enquanto as pes­soas vão enterrar o falecido, um rapaz fica fora lavando o carro, não interessa a onde ele esteja estacionado e tudo isto é feito aos olhos da polícia. “Os agen­tes da polícia ficam aqui sem­ pre, eles correm com os vende­ dores ambulantes que ficam nas estradas, mas se não correm connosco é porque sabem que não estamos a fazer nada de mal”, frisou Mateus, também vendedor.

3.4 O polobochi, as 15 tábuas e 1 roda (4) Semanário Angolense 08 de Outubro de 2011

Não era de esperar: o Polobochi criou engarra­famento e atropelou um transeunte em pleno passeio público. Qualquer motorista, ao pôr-se em estrada sabe que corre o ris­co de engarrafar ou até ferir com gravidade. De vitimar alguém por atropelamento ou sair ferido. Por isso, tem se dito: se conduzires, não beba. Se beberes, não condu­za. Que mais vale perder um mi­nuto na vida, do que a vida num minuto. Que aquele que quer che­gar cedo, ande devagar. Qualquer roboteiro, ao pôr-se em campo pelas estradas, ruas e arruelas, becos e caminhos, devia saber que ao agarrar no seu cangulo está sujeito a apanhar uma queda ou a atropelar transeuntes. Só quem nunca viu um roboteiro em plena marcha agarrando o volante de um cangulo, com to­dos os seus tendões musculosos é que não sabe o quanto perigoso é sair à rua, em Luanda, para pra­ticar esta profissão. E conduzir este veículo não poluente feito de 15 tábuas e uma roda, com algum excesso de álcool no sangue, não é coisa fácil! a Polobochi até não é bêbado, como a Mazeza dos Carrapito, uma das suas melhores clientes. Naquele fatídico dia, se excedeu um pouco, ao beber quatro recar­gas de besta. Besta dos pacotinhos, concebidos para embriagar pobres. Com estes pacotinhos inven­tados à pressa para enriqueci­ mento fácil, também se fazem de vez em quando alguns concursos de bairro, para se conhecer um vencedor, aquele que mais paco­tinhos consegue entornar na goela, ingerindo-os no menor tempo possível. Certa vez, um dos con­correntes bebeu, bebeu, bebeu, ganhou o concurso, mas depois morreu! Foi uma vitória inglória. Aí mesmo no bairro, na frente de todo o mundo. E o rapaz minu­tos antes de morrer, a dizer que tivera azar: «Esse mesmo é mó azar! Esse mesmo é môazar». E parou por aí. Tiveram que levá-lo até ao hospital em estado cadáver. a besta é uma criação fenomenal para quem quer ganhar dinheiro à custa do sofrimento de pobres. Nunca vi um só pacote de besta num evento qualquer de casa­mento ou aniversário em salões urbanos. Nos muceques da malta, obestas ajudam! Empacotados em Caxito e com publicidade dia­riamente certeira de hora a hora, uma voz lindíssima, feminina, apela: «Beba besta! Beba besta!». E repete até noite fora, sem que os serviços de fiscalização actuem contra. Beba besta! a locutor da rádio despertai diria: «É mbandalio É mbandálio».

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 21 O Polobochi, agradecido, ecominou alegre um fidelíssimo cliente que lhe ofereceu, de boa fé, quatro pacotes. A história do atropelamento conta-se num ápice: a cangulo do Polobochi roboteiro estava apinhado de mercadoria ligeira e muito bem acomodada. as sacos bem amarrados, as caixas mui­to bem alinhadas. A corda final estava com terminais reforçados de pequena trança na ponta e os nós tinham sido bem elaborados. A carga estava assim, 100% segu­ra. a azar do Polobochi come­ çou, quando um rapaz, dos seus 25 anos, trajado a arreô-arreô ( calças arreadas deixando de fora todo o matacu e lá ia o rapaz no seu jingar lento e irritantemente vagaroso. Caminhando despre­ocupado pelo estreito passeio da rua, nem sequer ouvir o apito bo­cal do roboteiro. Foi nesta altura que vinha o Polobochi com o seu cangulo, buzinando desde lon­ge com a sua voz timbrada pelos cordões afinados da sua garganta, feita buzina de ar-a-pressão para toda a gente ouvir. a rapaz, com aquele trajar estúpido das calças arreadas, travando-lhe os movimentos de forma tão severa, não foi capaz de correr no instante que era preciso, em que o cangulo precisava de es­paço para furar entre dois outros transeuntes. Daí o inevitável atro­pelamento do rapaz jingão. a cangulo foi praticamente ar­remessado na sua carga total con­tra as pernas do rapaz. A moda traiu-o: mais de 120 quilos de im­pulso recebeu o moço contra as suas frágeis pernas e tombou sem poder ao menos atenuar a queda com as mãos. A queda foi violen­tíssima e o rapaz levantou-se des­ vairado, completamente tomado pela raiva. Ao reparar na cara do polobochi e no seu cangulo agora no chão, e com a mercadoria es­palhada pelo chão, o povo a zom­bar do rapaz pela aparatosa queda no atropelamento, elevou-se-lhe a raiva ao quadrado. Só foi o rapaz se levantar do chão e pumbas Uma bofetada no cansado e suado rosto do roboteiro. O rapaz nem sequer olhou para os músculos de aço do Polobochi. Foi quando o Polobochi se defendeu, e pegou no rapaz. Em menos de 3 minutos o rapaz tornou-se num boneco desfeito, esmagado. Mais parecia que ele tivesse encolhido na altu­ra e engordado no rosto. Foram tantas as quedas e os pontapés, que se pode dizer que o rapaz fi­cou amassado, ensanguentado e inchado. Não demorou e a polícia tratou do caso. Ainda não se sabe do futuro de Polobochi, pois disseram que se encontra retido numa esquadra policial, e seguiu-na carro ceria da viatura policial com o seu próprio cangulo como prova do crime. Espero que não seja retido o cangulo definitivamente. Seria o fim. Um roboteiro preso com o seu cangulo, não é o mesmo que acontece a um ladrão. O ladrão preso, sabe que a cela faz parte da sua vida «profissional». Os la­drões fazem contas

bem feitas e sabem que a sua vida é intercalada entre os anos de prisão e os anos de parasitismo. O ladrão rouba, rouba, rouba e rouba, depois é de­tido. Enquanto não é apanhado, ele vive curtindo a vida como um parasita privilegiado, vivendo à custa do esforço alheio. Com o roboteiro as coisas passam-se doutro modo. Um roboteiro, é por norma um homem honesto. Honrado. A sua recusa em enveredar por caminhos pa­rasitários e comodistas, levou-lhe a trocar o conforto dos gatunos pelos esforços titânicos dos seus músculos e braços laboriosos. Nunca um roboteiro deveria ser encarcerado entre grades de ferro, morando só, isoladamente só lon­ge do seu cangulo. Deus fez o roboteiro à sua seme­lhança e lhe ordenou: ide e repro­duzi-vos por Angola inteira! E por isso na rua, na praça ou no estreito beco de um bairro pobre qualquer, os roboterios deviam gozar de imunidade. Sagrada imunidade. O nosso mundo seria outro sem roboteiros. As nossas praças e ruas esta­riam desertas sem graça. Algum dia, no museu de histó­ria natural e antropologia na bai­xa de Luanda, visitaremos com orgulho os melhores cangulos, que produziram a subsistência de famílias honradas, e entre todos, seria cuioso para o turista visi­tar, aquele cangulo rebelde que se revoltou com as autoridades por ter sido retido num quintal abandonado enquanto seu dono respondia em julgamento por atropelamento. Os cangulos de madeira com 15 tábuas e uma roda também sofrem danificação por exposição prolongada ao sol e chuva. Os roboteiros deviam ter imunidade parlamentar, ali­ás; profissional, para salvaguar­darem a subsistência dos nossos históricos cangulos.

3.5 Negocio da sustentabilidade familiar Jornal O Independente 08 de Outubro de 2011

As motorizadas deixaram de ser apenas transporte pessoal e passaram à meio de subsistência de muitas famílias, com o recurso à actividade de motos-taxi, os chamados cupapatas, como acontece nas cidades do Huambo, Lubango (Huila), Sumbe (Kwanza-Sul), arredores da de Luanda e tantas outras províncias. O negócio é novo, mas nos últimos tempos ganha espaço. A falta de outros meios de transporte, na cidade e algumas localidades aliado ao mau estado das estradas no interior de alguns bairros, as motos-taxi, servem de alternativa para muitas pessoas. Com este meio, chega-se com maior rapidez aos mercados, escolas e a outros locais. As motos-taxi não têm lugares próprios para esperarem por clientes Percorrem os bairros ou cidades à procura de passageiros, cobrando por corrida entre 50 a 100 kwanzas.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 22 Mendes Mário, funcionário público e residente em Viana, no bairro do Capalanga disse que passou, diariamente, a ir de casa para o serviço e vice- versa de moto-táxi. «Moro no bairro Capalanga e antes, por falta de transporte e mau estado das vias, dificultava-me e não chegava cedo ao serviço, mas desde que começaram esta actividade isso já não acontece». Pedro Gaspar, que também aderiu aos cupapatas, afirmou que as motos-táxi têm sido muitas vezes, a sua alternativa. Negocio de muitos jovens Jeremias Bonifácio, de 24 anos, exerce a actividade de cupapata há dois anos. Utiliza a motorizada de um vizinho e no fim do dia consegue sempre ter dinheiro suficiente para repartir com o proprietário. Deixou a cidade do Lobito, onde concluiu a 7ª classe há cinco anos, para viver no K-9 em Viana. Não prosseguiu os estudos por dificuldades financeiras, mas tem esperança, através do negócio puder voltar à escola. João Kamati, 31 anos, é pai de três filhos. O trabalho de moto-taxista permite-lhe como refere, «aguentara cozinha», pois, diariamente, factura entre quatro a cinco mil kwanzas, ao fazer contas proporciona-lhe um lucro mensal de 85 mil. Sebastião Calenga, 19 anos, estudanteda8aclasse, outro jovem por nós também entrevistado, há nove meses que passou a alternar o tempo de ir a escola com o exercício de moto-taxista. Factura todos os dias, cerca de três mil Kwanzas, dinheiro que entrega ao patrão. «Trabalho todos os dias e tenho um dia de folga por semana.Com o que ganho consigo pagar os estudos», disse. Desrespeito do código de Estrada Muitos dos moto-taxistas não cumprem o Código de Estrada e seu Regulamento, disse o porta-voz do comando de Luanda da Policia Nacional, inspector chefe Nestor Biz Goubel. «A má condução de alguns moto-taxistas tem causado vários acidentes, muitos deles por desconhecimento do código de estrada e seu respectivo regulamento», explicou. Com o propósito de se evitar acidentes provocados por motociclistas, referiu, a Unidade de Trânsito tem realizado acções de sensibilização aos cupapatas, fazendo-lhes ver a importância de cumprirem o Código de Estrada, para sua preservar a vida. «Esboçamos um plano de prevenção rodoviária que tem como objectivo sensibilizar os motociclistas sobre as vantagens do uso do capacete, tanto pelo condutor, como pelo passageiro»

Conselhos úteis das autoridades policiais Preocupado com o elevado índice de sinistralidade rodoviária, resultante do incumprirnento do código de estrada e o não uso obrigatório do capacete de protecção por parte dos moto-taxistas, recordou que o mau uso das motos, provocado em grande escala pelos motoqueiros que não utilizam capacetes e o desconhecimento do código de estrada. “O governo reconhece a actividade da classe dos taxistas, mas aqueles que o exercem têm que faze-lo dentro dos princípios estabelecidos pelo código de estrada e o uso obrigatório do capacete de protecção. Diariamente perdemos vidas humanas principalmente de jovens”, sublinhou. Nestor Goubel realçou que o governo reconhece a actividade dos taxistas, mas deve ser exercida dentro da lei que regula a respectiva acção, respeitando os princípios fundamentais do código de estrada. “Os utentes da via pública não podem ver o polícia como inimigo. O Estado criou a corporação para pôr ordem, quer nas comunidades quer nas estradas”, destacou. Referiu que o comando provincial não quer que hajam mortes por causa de pessoas que não cumprem os preceitos estabelecidos por lei e que colocam diariamente em risco a vida dos usuários da via pública. “Hoje muitas crianças ficaram órfãs e fanu1ias desintegradas por causa da perda do titular familiar, por esta razão aconselhamos aos utentes das vias públicas a respeitarem o código de estrada e a polícia é chamada para inverter tal situação”, reforçou.

3.6 Administração do Cazenga constrói um novo mercado Jornal de Angola 11 de Outubro de 2011

O administrador do mercado dos Kwanzas, no município do Cazenga, em Luanda, Trojo Panguila, anunciou para breve a cons­trução de uma nova estrutura, com capacidade de albergar 20 mil vendedores. Trojo Panguila disse sábado à Angop que as infra-estruturas vão possuir cinco pavilhões para ven­da, armazéns para arrecadação e escoamento de produtos do cam­po, câmaras frigoríficas e parque de estacionamento. Sem especificar o montante a ser gasto, nem a data do início das obras, disse apenas que a nova es­trutura, a ser erguida no espaço onde funciona o actual mercado, vai ser uma dos maiores a nível do município. Os primeiros passos para a cons­trução do novo mercado já tiveram início, com o desalojamento e transferência para o Zango, muni­cípio de Viana, de famílias que

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 23 vi­viam no perímetro onde vai ser er­guido o mercado. O município do Cazenga tem uma população estimada em dois milhões de habitantes, distribuídos pelas comunas do Tala-Hadi, Cazenga e Hoji ya Herida.

vendedora Diana Sebastião. Os materiais de Portu­gal, Espanha, Itália e África do Sul são duráveis e bons para a cons­trução. Mas o bolso é que obriga a outras opções”, notou.

3.7 Os parceiros indispensáveis

3.8 Triângulo em franca bonança

Centenas de empresas importado­ ras de materiais de construção civil em Angola têm também o mercado informal como o destino dos seus produtos. Jacinta de Melo recebe a crédito mais de três toneladas de ferro a uma empresa chinesa. “Faço as vendas durante 30 dias e eles apa­recem para recolher o dinheiro”, revela a mulher.

A abertura do novo ramal rodoviário para o Leste de Angola a partir do desvio da Maria Teresa passando por Ndalatando, e daí para diante, trouxe vanta­gens aos motoristas que encurtam cerca de oitenta quilómetros e perde o Dondo a oportunidade de negócios na área de restauração. Isso foi constatado durante uma viagem por estes dois troços da es­trada nacional 230.

Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

Os lucros não são tão expressivos, mas o importante é o fogão não apagar. “Uma tonelada de ferro de 12 centímetros de diâmetro custa USD 1.200 e temos um lucro de KZ 10.000.00”, esclarece Jacinta de Melo. Para ela, há mais rendimento no período não chuvoso. “No tempo de chuva ficamos três a quatro dias sem nenhum lucro”, reconheceu. Uma destas empresas é a Pagena, que está incluída no rol das gran­des unidades contribuintes de im­postos ao Estado e que já ganhou a necessária admiração, respeito e confiança junto das instituições bancárias. “A Pagena tem ajudado muito ao crescimento da cidade de Luanda.Esta empresa vende-nos o material a bom preço”, reconhece Santos Muanza, que vende no mercado do Camama. A empresa, de acordo com uma fon­te desta instituição, está disponí­vel para participar activamente no processo de reconstrução do país, no domínio do fornecimento de aço e seus derivados para construção civil, servindo qualquer outra ne­cessidade pontual que lhe sobre­venha. Mariana Mateus é cliente da Pagena há cinco anos. Conta que desde que começou a comprar materiais de construção naquela empresa a sua vida melhorou substancialmente. “Os materiais adquiridos nesta empresa têm muita concorrência no mercado informal”, diz Maria Mateus, salientando que, de entre quatro a cinco clientes, três optam por produtos da referida empresa. Nos mercados de Luanda, os ma­teriais provenientes de Portugal, Espanha, Itália e África do Sul, apesar de serem caros, são os mais resistentes. “Os que querem obras duráveis e de qualidade não têm problemas em comprar material proveniente daqueles países”, diz Arínindo Cruz, um jovem que o NJ encontrou no mercado do Golf 2 a comprar material para ampliar a sua cozinha. A opinião de Armando da Cruz é corroborada pela

Jornal o país 14 de Outubro de 2011

Recentemente construído, o tro­ço de Maria Teresa até Ndalatando, deixando a direcção Dondo à direita, apresenta-se em muito bom estado e os motoristas livram-se assim de cortar o sinistro Morro do Binda de onde eram reportados frequente­mente graves acidentes de viação. Por outro lado, o frenesim rodovi­ário no novo ramal deu mais ânimo e vida em grande parte da sua exten­são. Novos mercados informais, que se constituem em pontos de paragem dos viajantes, foram construídos ao longo dessa rota e tudo indica que os habitantes não quererão perder a oportunidade de comércio que a circulação rodoviária ali oferece. Presentemente o chamado mer­ cado do “Triângulo”, a pouco me­ nos de 20 quilómetros da cidade de Ndalatando, é o mais importante na rota, porque também já vem de al­gum tempo, tendo sido desactivado devido ao mau estado da estrada. Animada anteriormente pelos habitantes da comuna de Cambondo, município de Golungo-Alto, na actualidade acolhe vendedores do município de Cambambe, inclusive. Vendedeiras do Zenza do Itombe e de Cassualala também ocuparam o seu espaço no mercado. Aberto as 24 horas do dia, o “Tri­ângulo” regista maior dinâmica no princípio da tarde, quando carrinhas alugadas pelas vendedeiras chegam dos pontos mais longínquos para montarem as suas barracas e vende­rem de tudo. A alimentação é o principal ser­viço, visto os camionistas e outros utentes da estrada nacional 230 apro­veitarem a paragem para comer, be­ber e talvez pagar por um serviço de recauchutagem de pneus que ali está disponível. Com quinhentos Kwanzas pode-se adquirir um prato. Nota curiosa é a origem de grande parte dos produtos

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 24 agrícolas ali ven­ didos. “Nós compramos a batata, a cebola no Quilómetro 30 em Luanda para vendermos aqui”, disse a ven­dedeira que se quis identificar apenas por Teresinha. Quanto às vendas no mercado disse que são boas e vale a pena todo o esforço, porque há com­pradores. Por esta altura o clima apresenta-se de certo modo árido e parece não haver muita oferta a fazer, à excep­ção da carne de caça, olhando para o elevado número (nove) de peças ali expostas entre seixas, veados e pacas no momento da recolha de dados para esta reportagem. Os preços des­tes bichos variam entre os dois mil Kwanzas (os de pequeno porte) e os 11 mil Kwanzas, no caso dos maiores. Teresinha, a principal interlocuto­ra de O PAÍS, que após regateamento vendeu um animal selvagem conhe­ cido localmente por kicute por nove mil Kwanzas, disse que não têm sido molestados por quem quer que seja em relação à venda dos bichos, mas já em relação aos elefantes ela diz que há uma clara proibição de abate. “Todas as manhãs os elefantes pas­sam ali à frente para irem beber numa lagoa. Eles destroem o bananal, mas ninguém pode matar”, disse, acres­centando que os elefantes apresen­tam uma numeração no corpo. Estas medidas terão sido tomadas muito recentemente, porque no pas­sado, segundo Teresinha, três elefan­tes foram encontrados mortos sem as suas presas, diga-se os marfins. Segurança do “Triângulo” re­quer cuidados Entre os factos curiosos, há a ressal­tar o facto de os camiões, quando não páram, passarem a alta velocidade, justificando medidas como a cons­ trução de quebra-molas, ou a pre­sença de reguladores de trânsito que só são vistos em Maria Teresa, a 61 quilómetros do local, e em Ndalatando. Um agente das forças de protec­ção civil destacado em Maria Teresa disse que por enquanto a circulação tem sido boa, mas já ocorreram al­guns acidentes. “Já tivemos três acidentes causa­dos por rebentamentos de pneus, mas sem causar mortes, apenas feri­dos que foram levados ao hospital do Dondo”, disse. Dondo ressente-se... Dondo ressente-se… O estado da estrada em boa parte do trecho entre o Alto-Dondo e Dange ya Menha, além da necessidade de os motoristas evitarem o Morro do Binda, retira alguma clientela ao mercado da capital do município de Cambambe, sobretudo daqueles que se deslocam para o Leste de Angola.

Passam por lá obrigatoriamente os viajantes que seguem para o centro ­sul do país, o que não deixa de re­presentar uma baixa no número de clientes. Quem mais se ressente desta situação é a rede de restauração, ho­téis e similares. Numa passagem pelo Bar Suiça, o gerente disse que até às 11 horas só tinha atendido três clientes, admi­tindo que a reabertura do outro ramal afectou o número de consumidores. Numa altura em que ainda têm de enfrentar a concorrência das barra­cas e o mercado informal situados na margem do Rio Kwanza, a restaura­ção passará, certamente, por maus dias.

3.9 À baleia de “Candongueiros e Kupapatas” Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

São milhares, estão presentes em todas as cidades do país e fa­zem parte do nosso dia-a-dia (quer queiramos quer não), mas continu­am invisíveis aos olhos das auto­ ridades oficiais. Candongueiros e kupapatas são os protagonistas do novo livro do investigador angola­no Carlos M. 1opes. É quase uma missão impossível para quem circu­la em Luanda ignorar os milhares de ‘’ hiasses’’ azuis e brancas que, qual rio ondulante, percorrem diaria­mente as estradas da capital, mas para além de criticar (para não di­zer algo pior) a condução dos seus motoristas, o barulho infernal das suas buzinas, o desconforto e o(s) aperto(s) pouco aconchegantes da viagem, já parou para pensar em quem são estes agentes? Quantos são? Que formação têm? Como estão organizados? Possivelmente não. Mas o investigador angolano Carlos M. 10pes fê-lo. Ao longo da última década o economista e especialis­ ta em estudos africanos acumulou várias centenas de viagens nos ve­lhinhos ‘’hiasses’’, percorreu várias dezenas de rotas e falou com moto­ristas, proprietários, cobradores e outros agentes que sustentam, no dia a dia, esta actividade informal. Um longo trabalho de investigação condensado agora no livro “Can­ dongueiros & Kupapatas – Acumu­lação, risco e sobrevivência na eco­nomia informal em Angola”. Nele, Carlos M. 10pes traça um retrato do sector, identifica os seus agentes, o tipo de relações estabelecidas, os padrões de funcionamento da acti­vidade e deixa algumas reflexões quanto ao que poderá ser, ou deveria ser, o futuro destas activida­des. Uma actividade que emprega milhares Hoje, o transporte artesa­nal assegura uma parte, relevante e crescente, da procura de transpor­te urbano e motorizado em Luanda e no Huambo, que são os exemplos focados no livro, mas também em qualquer um dos centros

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 25 urbanos do país. Calcular quantos agentes estão envolvidos na actividade é um exercício quase impossível. “Sendo um segmento com uma componen­te informal muito forte não existem registos estatísticos fiáveis e os de­partamentos oficiais que regulam a actividade não forneceram a infor­mação. Mas as referências da Asso­ciação de Taxistas de Luanda apon­tam para a existência de 35 mil candongueiros a operar só na cida­de de Luanda”, refere Carlos M. 10­peso Um número por ventura muito abaixo daquele que existe na reali­dade. Também a quantificação dos moto-taxistas (ou Kupapatas co­mo são conhecidos no Huambo) não é certa. A AMOTRANG, associa­ção que representa os moto-taxista, terá cerca de 101 mil associados, dos quais perto de 20 mil só no Hu­ambo e mais de 17700 em Luanda. Uma vez mais, números que ficam aquém da realidade. Olhada à escala nacional, a activi­dade de transporte artesanal envol­ve várias “centenas de milhares de agentes” que aí encontram ocupa­ Çã0 e alternativa à escassez estru­tural de emprego formal. “É uma actividade que gera níveis signi­ficativos de ocupação em centros urbanos onde o desemprego é ele­vado, contribuindo para a sobrevivência e acumulação das famílias graças às receitas que gera”. Outra constatação do investigador é o fac­to de outras actividades crescerem e se desenvolverem “a montante e a jusante do transporte artesanal”. “Para além dos agentes directos, motoristas, cobradores e angaria­dores, estas actividades geram uma forte dinâmica no comércio de ve­ículos e peças, nas actividades de mecânica, de lavagem de veícu­los ou, até, de abastecimento de combustíveis”, sublinha Carlos M. 1opes. Tão importante co­mo o emprego que geram e as actividades que sustentam, directa ou indirectamente, é o facto de permitirem que to­dos os dias milhões de ango­lanos se desloquem das suas casas para os seus empregos, das suas casas para os mer­cados, dos bairros periféri­cos para os centros das ci­dades. Não obstante os i investimentos que foram feitos na reestruturação do sector dos transportes públicos no país (e que inclusi­ve contemplaram a distribuição de mais de 4000 autocarros pelas prin­cipais províncias), não existe ain­da em Angola um sistema de trans­porte minimamente eficaz. Parte do problema ou da solução? Por tu­do isto, e numa altura em que o país procura soluções para o seu desen­volvimento, urge perguntar qual o futuro destas actividades? “Essa é a interrogação maior que se me coloca. Neste momento está em curso um projecto de reestrutu­ ração sectorial para os transportes [Plano estratégico de acessibilida­des, mobilidade e transporte de An­gola], que apresenta algumas ideias bastante virtuosas, como a aposta na reorganização público/privada, na eficiência da interligação entre os vários tipos de transporte, promoção da concorrência sectorial, etc Agora, desconheço

o que está a ser pensado em concreto para es­tes segmentos ou se os mesmos es­tão a ser equacionados neste novo xadrez que se está a desenhar para os transportes rodoviários e co­lectivos, sabendo nós que eles efec­tivamente desempenham um papel crucial na mobilidade das pessoas. E isto suscita-me alguma perple­xidade”, confessa Carlos M. Lopes. Apontados frequentemente como “a origem de todos os problemas” de trânsito, sobretudo em Luanda, é preciso que candongueiros e moto-taxistas passem a ser encarados co­mo uma parte da solução, já que “o custo social e económico de se ex­tinguirem estas actividades a curto e médio prazo será muito alto, sendo uma atitude pouco eficiente do ponto de vista da economia”, sus­tenta o economista. Não faltam em África exemplos de soluções de integração que podem servir de inspi­ ração às autoridades nacionais. O livro “Candongueiros & Kupapatas ­Acumulação, risco e sobrevivência na economia informal em Angola será apresentado na próxima semana em Lisboa e chegará a Luanda até ao final do ano.

3.10 O canal “altamente perigoso” Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

Ariur kipica cumpre uma pena de prisão de seis meses por ter facilitado o roubo de três toneladas de ferro numa obra de construção, nos arredores do bairro Benfica. Este agente de protecção física é reinci­dente. “É a terceira vez que o Artur Kipica entra na cela pelo mesmo crime”, resume o vendedor António Mateus, contactado pelo Novo Jornal no merca­do do Kikolo. Durante as madrugadas, homens e mulheres de negócios estabelecem contactos para a aquisição de mate­riais de construção a bom preço. “É um negócio de risco, mas rentável se tudo correr bem”, explica Maria Bento, que já é cliente deste canal há 12 anos. “Fe­lizmente nunca tive problemas, nem os meus fornecedores por esta via”, gaba-se. Este tipo de negócio esteve no seu auge quando o Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN) estava em pleno fun­cionamento com a construção de obras no sul de Luanda. “Chineses caloiros vinham aos mercados a mando dos che­fes fornecer milhares de toneladas de cimento, ferro e outros materiais indis­ pensáveis”, denunciou Domingos Mbuati que vende no mercado da Lixeira. “Naquela altura facturámos a sério”, reconhece Mbuati, acrescentando que desde que as competências do GRN fo­ram reduzidas, tudo corre com dificuldades. “Paciência, as coisas são assim”, conforma-se.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 26 A doméstica Antónia Mafuta está numa das unidades prisionais de Luanda a cumprir uma pena de dois meses. Tudo porque, um armazém dos arredores da Estalagem foi assaltado por um grupo de meliantes, que subtraiu quantidades consideráveis de material de constru­ ção diverso. “Está presa porque não quis confessar qual foi a fonte que lhe forneceu os materiais recuperados no mercado de Madeira, na zona do Golf 2”, conta a sua colega Rosa Neto. Para Rosa, todo o material de construção vendido à pressa e a baixos preços oferece muita desconfiança. “Vimos ela neste dia a facturar de acordo. Tentámos questio­ná-la, mas ela escondeu a proveniência e duas horas depois a polícia apareceu e prendeu-a”, conta à nossa reportagem Rosa Neto. Os vendedores de materiais de constru­ ção neste mercado estão atentos, desde que Antónia Mafuta foi parar atrás das grades. “Vale mais a pena ganhar pouco do que muito”, aconselhou Diamantina lua, natural de Malanje, que vende ma­deira desde a primeira praça do género em Angola, na altura localizada rio bair­ro Rocha Pinto. De acordo com esta vi­úva, os lucros fáceis já fizerem centenas de vítimas entre colegas nos mercados informais.

3.11 Informal versus reconstrução Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

Empresários do sector dos materiais de construção, de uma maneira geral têm motivos de sobra para acreditar que, nos úl­timos dois anos, o mercado cer­tamente apresenta significativos resultados de venda, tendo em vista a “febre” de obras em curso no país. Entre os empresários e especialis­tas do sector é unânime a crença de que o mercado dos materiais de construção em Angola, actu­ a lmente, passa por momentos importantes. “A Construção Civil tem grande importância económica, contri­buindo de forma significativa para o PIB (Produto Interno Bru­to)”, diz a vendedora Maria Neto Tavares. Para o estudante universitário, Orlando Neto, dada a importância da economia informal na geração de empregos em economias em desenvolvimento, a informalida­de no mercado de trabalho e na estrutura produtiva “não pode ser mais encarado como um fenóme­no passageiro e residual”.

Ma informalidade tem sido cons­ tatada também em países indus­trializados (ou desenvolvidos) e de forma cada vez mais intensa”, certificou. O cidadão maliano Traore Mussa, que também vende materiais de construção, na rotunda da Fubu, diz que Luanda, como outras cidades da África Subsaariana apresenta sintomas evidentes e diversificados de um processo de informatização crescente. “Nas cidades africanas, o sector informal produz, emprega, distri­bui rendimentos e assegura a so­brevivência da esmagadora maio­ria das respectivas populações”, diz o empresário.

3.12 Falsos fiscais atormentam zungueiras Jornal Continente 14 de Outubro de 2011

Um grupo conhecido de ex-fiscais, então afectos ao Governo da Provín­cia de Luanda, está a Actuar nos mercados espalhados na cidade capital do país, de acordo com denúncias dos vendedores dos mes­mos. Segundo consta, estes elementos têm sido violentos, sobretudo, com as vendedoras ambulantes, as suas prin­ cipais vítimas. “Eles batem nas senhoras, mesmo aquelas que carregam filhos às costas ou ao colo, para além de se apropria­rem dos seus negócios”, contou uma zunguerra. Deolinda Martins, mãe de cinco fil­hos, vende junto aos armazéns da Gajageiros, no São Paulo, há perto de seis anos, lembrou que por três vezes os burladores levaram o seu produto. “Por duas vezes apreenderam o meu negócio, eles queriam que eu lhes desse dinheiro, mas como não tinha na altura levaram o negócio”, sublinhou, visivelmente desapontada, acusando os agentes da polícia de colaborar com este grupo de elementos. Catarina Manuel, também vendedora ambulante, contou que a situação é precana, uma vez que para vender “é preciso ter muito cuidado, porque para além de fugir os polícias e os fis­cais, também pode cair nas mãos dos jovens que eles contratam para ajudar receber o negócio”. O cenário é igual no mercado dos Congolenses. Segundo as vendedoras, a polícia faz e desfaz, “o s seus superiores sabem disto mas ninguém se pronuncia sobre o assunto”.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 27 “Será que a violência ocorre apenas quando nos batem nos nossos mari­dos?”, questionaram-se as vítimas, alertando que os polícias, naquele local, são mais violentos que os falsos fiscais. Nos Congolenses também encontra­mos a dona Bela, viúva e mãe de cinco filhos. Ela é proveniente de Quimbele, província do Uíge, sendo obrigada a vender na zunga para sobreviver. Já as zungueiras que operam no Golfe 11, pretendem apresentar queixa no Ministério da Família e Promoção da Mulher, contra os agentes da polícia e fiscais, acusados de maltratar as mul­heres angolana que vão à procura do ganha pão para o sustento das suas famílias. “Quando é que seremos respeitadas no nosso próprio país, se todos os dias somos vandalizadas?”, questionaram-­se. Na Rotunda da Cuca, no município do Cazenga, a história é a mesma. As zungueiras estão agastadas com a ati­tude da polícia e dos fiscais, muitos dos quais, falsos, que todos os dias lhes tiram o sossego. O continente tentou contactar o director provincial da Fiscalização de Luanda, tendo-se mostrado inco­ municáve1.De acordo com a sua se­cretária, Soila da Rosa, os mesmos se encontrava reunido e não nos podia atender.

3.13 Matérias de construção de sector informal erguem Luanda Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

Portugal, espanha, China, Dubai, Angola e roubo (este último altamente perigoso) é a proveni­ência dos materiais de construção que inundam hoje o mercado infor­mal da capital e que os angolanos adquirem para fazerem, tanto pe­quenas corno as principais, obras no país. Os novos mercados nascem, ocu­pam terrenos baldios e crescem de uma forma extraordinariamente rápida e descontrolada. Na década de 90, o país encontra­ va-se mergulhado numa profunda crise provocada pela guerra civil. Notou-se o aumento da vulnerabili­dade daí resultante para as fanu1ias mais pobres e o consequente incre­ mento da sua fraca capacidade de sobrevivência durante este período, que exigia a procura das mais diversas estratégias para fazer face ao dia-a-dia. Os níveis acentuados de pobreza urbana, o crescimento das taxas de desemprego, a redução de opor­tunidades e o crescimento da ex­clusão deixaram Armindo António

Sampaio com poucas possibilida­des de arranjar emprego no sector formal. “Não tivemos outra opção senão virarmo-nos para o mercado infor­mal”, destaca o homem, de 45 anos de idade, que vende num mercado informal de Luanda. “O sector informal – aponta Ar­mindo António – oferece-nos uma variedade de produtos em termos de qualidade e quantidade, que são reflexo do seu crescimento em An­gola”. O desenvolvimento do sec­tor informal a nível de materiais de construção é, actualmente, uma rea­lidade incontornável. “Os mais de 15 mercados de materiais de constru­ção constituem hoje uma verdadeira rede de retalho e de abastecimento da cidade de Luanda”, confessa Au­rora Tomás, que vende no mercado do Camama. Para Aurora Tomás, o crescimento do número de mercados de materiais de construção e do nú­mero de vendedores activos nos dife­rentes espaços reflecte o crescimento populacional da cidade e o peso predominante que o sector informal e, em particular, o comércio a retalho informal têm vindo a adquirir. “Na maioria dos mercados de ma­teriais de construção, a oferta é di­versificada, sendo comercializada uma grande variedade de materiais”, explicou ao Novo Jornal José Samuana, interpelado no mercado da Ma­deira, nas imediações da rotunda do Gamek. Nos mercados de Luanda os materiais de construção disponíveis são importados, através de diversas vias, que vão desde a sua aquisição a empresas do sector formal, a opera­dores informais ou ao contrabando. Aqui, as mulheres controlam qua­se todo o comércio de materiais de construção.

3.14 Ganhar pouco para a sobrevivência Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

O carpinteiro antónio José tra­balha na praça da madeira do Golf 2 desde 2002, ano em que os angola­nos alcançaram a paz. Aos 56 anos António José quer regressar à terra natal, Malanje, de onde saiu há 15 anos. “Faço o trabalho das senhoras que querem cortar ripas, barrotes quando chegam os seus clientes”, esclarece o carpinteiro que, dia­riamente, tem um lucro de três mil Kwanzas. “Deste valor, mil é para a economia e com dois compro alguns produtos para o jantar. Quero acumular alguns meios para regressar com a minha família a Malanje”, justificou. Ao lado dele está Paulina Pedro, que vende tribos, pregos e alguns mate­riais eléctricos. “Fico aqui para fugir do barulho das crianças em casa. Aqui os lucros são poucos, desde que os chineses inundaram o mercado”, lamenta. Nos mercados informais encontrá­ mos centenas de jovens que ajudam a carregar e descarregar materiais de

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 28 construção. É uma actividade dura descarregar, durante o dia, en­tre nove a 10 toneladas de ferro ou cimento. Mas é o custo da sobrevi­vência. Faustino Jamba contraiu uma tu­ berculose no ano passado. Agora só amarra as tribos na barraca de uma das senhoras. “Muito trabalho e pouco rendimento, acabei por con­trair uma tuberculose”, conta o jo­vem benguelense, de 27 anos de ida­de. Segundo este, em três ou quatro toneladas de ferro descarregadas, o rendimento não ia além dos quatro mil Kwanzas. “Agora só faço peque­nos trabalhos”, diz ele, enquanto recupera desta enfermidade.

3.15 Mulheres lutam contra a pobreza Jornal de Angola 15 de Outubro de 2011

A actividade empreendedora da população angolana permite o crescimento de novos inova­dores e negócios. O empreededorismo é reconhecido como um factor crítico para o desen­ volvimento contínuo de Ango­ la, uma vez que os empreende­dores fomentam a inovação e a competitividade. É neste âmbito que a Organiza­ção Não Governamental angolana Acção Humana tem levado a cabo uma série de acções de formação de mulheres sobre o empreendedorismo e gestão de pequenos negó­cios, no Centro de Apoio e Merca­do municipal do Asa Branca, muni­cípio do Cazenga, em Luanda. Um dos objectivos desse projec­to, financiado pela ONG america­na USAID, num valor de 240 mil dólares, é o de melhorar e capacitar as mulheres empreendedoras ango­ lanas em matéria de negócios. Numa primeira fase, o projecto de apoio às micro e pequenas em­presas de mulheres contou com a participação de duzentas e qua­renta candidatas. Eva Tavares Miguel, vendedora há mais de oito anos no mercado, sito nos arredores da Base Central de Abastecimento (BCA), foi uma das beneficiárias do curso. Ela contou à reportagem do Jor­nal de Angola que a acção formati­va foi bastante proveitosa, e hoje já consegue planificar e gerir melhor os seus negócios. Eva Miguel disse que foi através daquela acção formativa que con­seguiu começar a desenhar os pla­nos para a sua futura vida empresa­rial. Suzana Gomes, que também beneficiou do curso de empreededorismo, vive no Cazenga e vende no mercado do Asa Branca há qua­tro anos, no sector dos colchões.

Mãe de dois filhos, Suzana Go­mes disse que com a conclusão do curso de empreendedorismo, em Agosto deste ano, já consegue planificar os seus negócios. Recor­dou que uma das primeiras aulas que recebeu durante o curso foi a forma de como, se pode gerir um empréstimo bancário, bem como uma empresa. Considerou de benéfico o curso que frequentou. Sublinhou que a formação vai ajudar muito na sua futura carreira empresarial. Idalina Carvalho é vendedora de material de construção no Asa Branca e está a frequentar a segun­da fase do curso de empreendedorismo, nas instalações da adminis­tração do mercado com o mesmo nome. Revelou que depois de três semanas intensas da acção forma­tiva, ela e companheiras, estarão capacitadas para gerir os seus próprios negócios. Vanuza Luísa, de 22 anos de ida­de, é outra vendedora que também frequenta o curso de empreendedorismo. Encontrámo-la na sec­ção de venda de colchões. Ela chega logo pela manhã, por volta das seis da manhã, ao mercado, e só sai de lá às 16 horas. À re- pl portagem do Jornal de Angola disse que o negócio não é muito rentável mas o pouco que arrecada dá pa- cc ra sustentar os filhos em casa. j ( De acordo com ela adquire os s. Colchões na fábrica a um preço e acessível e posteriormente revende d para conseguir tirar algum lucro “As vendas de colchões variam d muito e às vezes há dias”que se con­segue vender 15, isto quando a procura é maior”, referiu. No local onde exerce a sua actividade de comercialização, ela d desembolsa diariamente cento e J cinquenta kwanzas para garantir o ‘2 lugar (; mais vinte que é pago por c dia por cada colchão na casa do processo (local onde são guardadas as mercadorias). Apoio Pombal Maria, representante da ONG angolana Acção Humana, disse ao Jornal de Angola que com o Centro de Apoio a Mulheres Empreendedoras “pretendemos apoiar as políticas de luta contra a pobreza do Executivo angolano”. Acres­centou que “achamos que, nós, os jovens, temos uma grande respon­sabilidade na luta contra a pobreza e o empreededorismo é a via para o desenvolvimento de um país. Um país se desenvolve pelo empreendedorismo dos seus cidadãos”. O responsável da Acção Humana revelou que o Centro, neste mo­mento, já formou pouco mais de uma centena de mulheres empreen­dedoras dos mercados da BCA, Asa Branca, Tala Hady e de outras zonas do município mais populoso de Luanda, como o Cazenga. Pombal Maria referiu que nesta grande empreitada, que é a luta con­tra a pobreza, existe a responsabili­dade a

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 29 vários níveis e “nós enquan­to jovens estamos a cumprir com a nossa responsabilidade social”. Cerca de uma centena de mulhe­ res, frisou, participam, actualmen­te, numa outra acção formativa a título gratuito.

ver se poderia fazer alguma coisa, mas, até ao momento, nada ainda foi feito”, acrescen­tou. O morador indicou ha­ver a necessidade de retira­da das vendedoras da pra­cinha, bem como as que vendem no exterior do mercado e colocá-las de volta aos seus lugares que oferecem mais segurança e higiene.

3.16 Vendedores abandonam mercados

Quanto ao mercado do Asa Branca, também no Cazenga, a situação é mais preocupante, visto o mesmo ter dois comparti­mentos, a parte interior e a exterior. A vendedora do com­ partimento interno, Mar­ garida Simão, afirmou ao semanário que os rendi­mentos têm sido fracos, devido à pouca afluência de clientes. “A maioria dos clientes prefere fazer compras na parte de fora do mercado e isso impossibilita-nos conseguir receitas. Então, muitas de nós preferimos também vender lá fora”, referiu.

Semanário Factual De 15 a 22 de Outubro de 2011

Em alguns merca­dos visitados pelo Factual, foi pos­sível verificar a ausência de vendedoras. Situado na zona do Zamba 1, o Mercado dos Cajueiros conta com três naves e seis quosques, mas, com a extinção do Roque Santeiro, o merca­do registou um fluxo de vendedores, o que obrigou a administração do referi­do local a construir esta­belecimentos de chapa ao longo dos espaços vazios. Hoje, o mercado dos Cajueiros encontra-se qua­se vazio, em virtude de a maioria das vendedoras preferir abandonar o local e praticar os seus negócios na via pública, alegando ser mais rentável. Dona Marta, antiga vendedora do mercado, falou ao Factual que a fuga de outras colegas se deve à ausência de clientes.

Josefa Baptista, vende­dora da rotunda da Cuca, igualmente no Cazenga, informou ter preferido vender nesse local, devido à falta de clientes no mer­cado dos Cajueiros. “Tenho o meu lugar no mercado, mas a falta de clientes fez que eu viesse vender aqui, porque os meus gastos eram superio­res àquilo que eu vendia”, sustentou Josefa Baptista.

“A falta de clientes está a fazer que muitas de nós prefiramos vender na rua ao mercado, pois aí há mais rendimento”, cimen­tou a fonte.

As vendedoras do mer­cado levantaram, igual­mente, a questão do sanea­mento básico, que não é dos melhores, principalmente no período chu­voso.

A vendedora de produ­tos do campo revelou que, por dia, apenas consegue arrecadar cerca de 500 Kwanzas. Por seu turno, os fiscais do mercado dos Cajueiros afirmaram que as ban­cadas vagas têm proprietárias e que as mesmas ape­nas armazenam os seus produtos e vão vender nas ruas. A situação de aban­ dono regista-se, igualmen­ te, no mercado da Deolin­da, por detrás do coman­do da III Divisão da Polícia.

Segundo as usuárias do mercado, inaugurado pelo presidente da República, José Eduardo dos Santos, há uns anos, as valas de drenagem das águas pluvi­ais encontram-se inope­rantes, o que faz a parte frontal ficar completa­mente inundada aquando de uma chuva. A enchente que sem­pre se regista no local atinge, ao mesmo tempo, a 6a Conservatória do Registo Civil que funciona no interior do mercado, impossibilitando não só a entrada dos clientes como também dos seus fun­cionários.

Mercado está vazio o mercado encontra­-se totalmente vazio, uma vez as vendedoras opta­rem por vender na parte exterior do recinto, de­fendendo que os clientes não chegam até ao interior do mercado, devido à existência de uma pequena pracinha a escassos me­tros. A venda no exterior do mercado da Deolinda tem causado dificuldades aos moradores, como a invia­ bilização do tráfego auto­móvel e o acumulo de lixo, o que, para os moradores da área, a situação é muito preocupante. José Ambal falou ao Factual o facto já durar há muito tempo. “Já fomos junto da administração co­munal para

Vendedoras convivem com lixo N a parte traseira do mercado, as vendedoras são obrigadas a conviver com lixo e lamaçal, cau­sando, desta feita, a conta­minação dos produtos perecíveis. Relativamente ao mer­cado dos Kwanzas, a ven­da a céu aberto poderá acabar. Segundo o adminis­trador Trojo Panguila, será construída, brevemente, uma nova estrutura, com espaço para albergar cerca de 20 mil vendedores. Enquanto isso, continuam as vendas ambu­ lantes na rotunda da Cuca, na rua dos Comandos e no Ngola Kiluanje, cau­sando transtornos ao trá­fego automóvel e aumen­to de lixo.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 30 Os moradores pedem intervenção à Administra­ ção Municipal do Cazenga, no sentido de fazer que as vendedoras que fazem a venda na via pública voltem para os mercados mente no período chu­voso. Segundo as usuárias do mercado, inaugurado pelo presidente da República, José Eduardo dos Santos, há uns anos, as valas de drenagem das águas pluvi­ais encontram-se inope­rantes, o que faz a parte frontal ficar completa­mente inundada aquando de uma chuva. A enchente que sem­pre se regista no local atinge, ao mesmo tempo, a 6a Conservatória do Registo Civil que funciona no interior do mercado, impossibilitando não só a entrada dos clientes como também dos seus fun­cionários. Vendedoras convivem com lixo Na parte traseira do mercado, as vendedoras são obrigadas a conviver com lixo e lamaçal, cau­sando, desta feita, a conta­minação dos produtos perecíveis. Relativamente ao mer­cado dos Kwanzas, a ven­da a céu aberto poderá acabar. Segundo o adminis­trador Trajo Panguila, será construída, brevemente, uma nova estrutura, com espaço para albergar cerca de 20 mil vendedores. Enquanto isso, continuam as vendas ambu­ lantes na rotunda da Cuca, na rua dos Comandos e no Ngola Kiluanje, cau­sando transtornos ao trá­fego automóvel e aumen­to de lixo. Os moradores pedem intervenção à Administra­ ção Municipal do Cazenga, no sentido de fazer que as vendedoras que fazem a venda na via pública voltem para os mercados.

3.17 Comerciantes vão paralisar actividade comercial Semanário Factual De 15 a 22 de Outubro de 2011

O Factual apurou de uma fonte que o movimento de mobilização de comer­ciantes a aderirem ao pro­testo já está em curso em Luanda, desde a semana passada. “Isto está de mais”, reclamaram comerciantes interpelados pelo Factual, para comentar a situação. Pedro Lucas, proprie­tário de um armazém de bens alimentares no Kilamba Kiaxi, declarou que os supostos agentes das Polícias Económica inven­tam multas para extorquir dinheiro. Já denunciámos estes casos aos órgãos compe­tentes, mas não há solução. Agora, não sabemos, se o que fazem tem o beneplá­ cito de chefes”, disse, preocupado, o comerciante.

Mamadou Njaya, maliano de nacionalidade, está farto dos intrusos. “Pior, nós, os estrangeiros, passa­mos muito mal”, confir­mou, salientando que “muitos aproveitam o decreto do Executivo de Luanda que prevê encerrar cantinas sem condições. Esteve Muia, dono de cinco câmaras frigoríficas, onde são congelados peixe, frango (…) e carne, já não tem confiança em certos responsáveis da Policia Económica. “Este comportamento repete-se e sempre avi­samos e não há resposta. O que é que se passa con­cretamente?”, interrogou­-se o comerciante que já aderiu ao apelo para a pa­ralisação. “As informações que eu tenho é que este dinhei­ro que regularmente re­ colhem aos comerciantes por alegados incumpri­ mentos não vai aos cofres de Estado”, acrescentou. “A paralisação vai acontecer, para obrigar­mos os órgãos competen­tes a tomarem medidas drásticas contra os supos­tos fiscais”, apelou Ricardo Neto, dono de uma cerve­jaria no bairro Hoji-ya-Henda. Para Massamba José, dono de uma cantina no Palanca, a Polícia Econó­mica cinge-se apenas em cobrar multas, mas não consegue identificar os fal­sos polícias. “Estamos a perder muito dinheiro. Essa é uma rede organizada”, desconfiou, lamentando que, nos últimos dois meses, já lhe fosse “penteado” cerca de 200 mil Kwanzas. “Queremos fiscalização legal e não de bandidos”, protesta Cabral de Jesus, proprietário de um super­mercado na Samba. “Vamos passar toda a vida alimentar bandidos?”, interrogou-se, pedindo às autoridades competentes para tomarem medidas apropriadas. Fonte da Polícia Eco­nómica, contactada pelo Factual, reconheceu haver falsos fiscais. “Sempre avisamos. Quando detectam uma situação dessa natureza, o comerciante deve denun­ciar”, defendeu o respon­sável, acrescentando os seus agentes estarem bem identificados.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 31

3.18 Zungueiras entram em cena Novo Jornal 21 de Outubro de 2011

A manifestação, que começou no cemitério da Santana, parou tudo e todos. À medida que a marcha avançava, mais pessoas junta­vam-se a ela. As vendedoras, que se encontravam a comercializar à beira da estrada, junto ao mer­cado dos congoleses, também se juntaram ao protesto. Cada uma a seu jeito, em grupo, exprimiam os seus problemas, à medida que iam cantando e dançando. “Queremos as nossas casas que partiram. Queremos água e luz”, cantavam umas, enquanto ou­tras pediam o regresso do defunto mercado Roque Santeiro”. O trânsito no sentido ascendente para a zona do primeiro de Maio ficou parado face ao aumento do número de apoiantes que, volta e meia, deitavam-se no tapete as­fáltico, levantando-se e correndo de um lado para o outro.

3.19 Abertura de um pequeno negocio no país dispensa avultadas aplicações financeiras Jornal de Economia e Finanças 25 de Outubro de 2011

Muitos cidadãos são incapazes de começar um negócio, quan­ do o investimento Inicial e mo­ desto. Uma das regras básicas dos bons empreendedores é: “sonhar grande, começar pe­queno e crescer rápido”.

telefónicos das opera­doras Unitel e Movicel e ad­quiriu 25 unidades. De seguida, vendeu-os com sucesso. Percebendo o po­tencial do negócio, voltou a repetir a operação. Ao cabo de poucos dias, postado na berma da estrada, a exibir os cartões em mãos para os au­ tomobilistas, entusiasmou-se pela excelente demanda do produto. Diariamente, conse­ gue um lucro líquido de 1.500 kwanzas. “Não é muito, mas dá para comprar o jantar”, afirmou meio sorridente. Mas, existem outros negó­cios que, pela sua natureza, exigem um capital inicial “mais ou menos” elevado. No entanto” oferecem lucros proporcionais ao investi­mento. Um exemplo disso é o de Maria Luísa, vendedora de cabelo brasileiro na Sam­ba, que iniciou o seu próprio negócio de forma inespera­da em 2004. O marido deu-lhe dinhei­ro para gozar férias na Itália. Mas, para surpresa da famí­ lia que aguardava novidades sobre os lugares turísticos da “terra dos papas”, trouxe um monte de sapatos e muita in­formação sobre oportunida­des de negócios. “Desde pequena que gosto de contar dinheiro”, afirma a con­tabilista de formação. “Sonhava ser uma mulher de negócios. Nisso, fui muito influenciada pelos meus avôs que eram pes­soas dedicadas ao comércio”, acrescentou. “Quando voltei da Itália, vendi o calçado que trouxe e consegui lucrar cerca de 5.000 dólares. Por isso, fiquei motivada e decidi desistir do meu emprego para me dedicar às viagens de negócios”.

Empreendedores como Joa­quim Estêvão, 18 anos, não se importam com a pequenez do investimento inicial. O “puto Quim”, como é tratado, desistiu da escola, quando frequentava a sexta classe. Depois da morte do pai, em Benguela, de onde é natural, teve de arranjar forma de vir a Luanda em busca de oportunidades. Mas, posto cá, não teve chances e por pouco não caiu na delinquência. Ao invés disso, aprendeu com os amigos a fazer manicure e pedicure na rua, no largo do Zamba 2, em Luanda. Com mil kwanzas emprestados, comprou lima, verniz, frascos de acetona, algodão e outros materiais que hoje lhe permi­tem ter uma facturação média diária de 3.000 kwanzas atra­vés do trabalho de limpeza, pintura e decoração de umas.

Agora, desde 2008 que ela viaja para o Brasil, país de onde traz vários tipos de ca­belo para senhoras e os reven­de à porta da sua residência. Fruto do sucesso no negócio, Maria Luísa está a remodelar o espaço do seu quintal para implantar uma boutique. “Quero ter um estabelecimen­to que me permita diversificar a oferta de produtos. Além de cabelo, gostaria de vender também roupa e cosméticos de qualidade, disse.

O vendedor de recargas telefónicas, Moisés Zulanguite, 33 anos, também, come­ çou com escassos recursos financeiros. Ele é formado em pedagogia, mas está de­ sempregado. Por isso, pediu emprestados 25;000 kwanzas, dinheiro com o qual iniciou o negócio que sustenta a sua fa­mília de três integrantes. Com esta quantia em mãos, Moisés dirigiu-se a um fornecedor de cartões

Por cada metro da calçada a disputa é selvagem. É um vale tu­do repleto de lutas e ameaças em nome do lucro e da sobrevi­vência. É também uma arena on­de; todos os dias, o mais fraco é subjugado pelo mais forte.

3.20 Drama de quem ganha a vida a vender nas ruas de Luanda Jornal de Angola 18 de Outubro de 20111

O co­mércio de rua não é um crime pa­ra aqueles nascidos na econo­mia de sobrevivência, com opor­tunidades limi-

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 32 tadas de educação e capacitação. E, sim, oportuni­dade de obtenção de renda bá­sica, alimentação e abrigo para famílias. Fátima Baptista atende uma cliente, junto ao Cine São Paulo, controlando também quem passa, porque muitos fiscais andam à ci­vil. “Temos de controlar porque os fiscais andam à paisana e não con­seguimos distinguir. De repente le­vam o nosso negócio”, disse. A venda informal nas ruas não é novidade para elas. Precisam, co­ mo afirmaram, de pagar a propina dos filhos e as refeições básicas. Elas disseram à reportagem do Jornal de Angola que “muitos de nós sujamos a cidade e arredores”. Frisaram que muitos fiscais, que têm irmãs, sobrinhas e mesmo es­posas a praticar esse tipo de negó­cio tornaram-se seus amigos e têm sido sensíveis, fazendo um traba­lho pedagógico, como, por exem­plo, “mamã, não venda aqui. Não faça isso, porque se o meu chefe passar vou ser punido. Compreen­da o meu lado”. Disseram também que há uns tantos “bangões que fazem o que lhes apetece sem terem em conta a nossa situação, tornando-se inimi­gos e estimação”. “As vezes sentimo-nos mal, por­que trabalhamos sozinhas, de sol a sol, expostas ao frio, ao calor e mesmo à violência. Mas somos mulheres fortes e perseverantes e se não vendemos hoje, vendemos amanhã”, disse Clara Diogo, ven­dedora de carne. Em Maio do ano passado, o ven­dedor ambulante Pedro Panzo, de 28 anos de idade, que vende calça­do e acessórios de telemóveis no passeio, perdeu a mercadoria, no valor de cerca de 30 mil kwanzas. Foi privado da sua mercadoria. Como “um mal nunca vem só”, Pedro Panzo foi detido pelos agentes da Polícia. Panzo perdeu o seu produto quando se estreava no mercado in­formal. Mas isso não o fez desistir. A necessidade de garantir o pão de cada dia falou mais alto. No dia30 de Setembro, a história repetiu-se, com episódios novos e uma parti­cularidade, não foi espancado. “Desta vez, consegui fugir, evitan­do que me batessem novamente. Só não fui a tempo de levar a minha mercadoria”, disse Panzo. A vendedora Adriana Sivaya, de 30 anos de idade, teve a sorte de não perder os seus produtos porque os agentes da polícia chegaram dois minutos depois de ter arruma­do as suas trouxas e fugido. “Fugi com o meu negócio”, conta a vendedora, que acrescentou que nem sempre foi assim, porque há um ano e meio que se dedica à comercialização de escovas de dentes, canetas, cotonetes, entre outros produtos, perdendo já por três vezes os seus artigos. Adriana, em meiados do ano passado, enquanto tentou reaver os seus

bens, foi detida al­guns dias por desacato à autoridade. A segunda situação aconteceu em Abril e a terceira em Agosto de 2011. Ao todo, o prejuízo foi de 50 mil kwanzas, uma quantia impor­tante para a vendedora. “A minha sorte é que eu tinha um cofre de ma­deira onde depositava algum di­nheiro. Quando perdi os meus pro­ dutos, abri a caixa e encontrei 30 mil kwanzas, que utilizei para reco­meçar o negócio”, disse. Sérgio Alves, de 25 anos de ida­de, tem dois filhos e mulher e renda de casa para pagar. No dia 30 de Se­tembro viveu o pior pesadelo. Há três anos no mercado informal, per­deu por duas vezes os seus produ­tos, mas nada comparado ao recen­te acontecimento. Foram-se inú­meros pares de sapatos usados e acessórios de telemóveis. A acção dos agentes da Polícia custou-lhe o prejuízo de 25 mil kwanzas. Neste momento, Sérgio experimenta a dor do desespero e desabafa: “Agora, não sei o que fa­zer. Tentamos ganhar a vida de forma honesta e recebemos como recompensa isto.” Estes são alguns dos rostos visíveis do comércio in­formal que infesta as principais zo­nas de Luanda: Sexta-feira Dezenas de vendedores de rua que perderam os produtos numa operação dos agentes da Polícia Fiscal vivem o mesmo problema. O drama começa por volta das 17 ho­ras, no município do Rangel, próxi­mo dos famosos armazéns das Pe­drinhas. A sexta-feira é o dia prefe­rido deles, conforme asseguraram à reportagem do Jornal de Angola. Os agentes municipais desceram do carro e apanharam desprevenidos muitos vendedores. A missão dos agentes é clara: deixar as ruas e os passeios desocupados pelos comerciantes informais. Instante depois, o pânico instalou-se. É o salva-se quem poder. Alguns vendedores procuravam na confusão salvar o seu produto Outros fugiam. Frutas, roupas, bi­ jutarias, legumes, calçado, acessó­rios de telemóveis, entre outros pro­dutos espalhados pelo chão. Em ce­nário de agitação e desespero, ou­viam-se gritos por todos os lados. Adultos e crianças corriam de um lado para o outro. Sentiam-se ameaçados e obrigados a fugir. Os agentes da Polícia são persistentes na perseguição. Os que tinham o azar de ser apanhados recebiam “arrepios”. “O segredo para não ser espancado é não mostrar resistên­cia”, diz Gustavo Jorge, que já foi castigado no passado. Minutos depois dos agentes dei­xarem o local, os vendedores regressam. O facto repete-se quase todos os dias.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 33 Problema nacional Há cada vez mais pessoas a abra­çar o sector informal como solução diante da crescente falta de empre­go. E falso imaginar que é possível levar todos os vendedores de rua pa­ra a economia formal. Os passeios estão a ficar mais apinhados de gen­te a vender diversos tipos de produ­ tos. Os vendedores informais dão à cidade uma imagem negativa devi­do ao lixo que acumulam, incomo­dando as autoridades e a população em geral. O crescimento do fenómeno levanta duas grandes ques­tões. A primeira é: porque prefe­rem eles os passeios? A justifica­ção dos vendedores é a “falta de es­paço apropriado para se dedicarem à actividade”. Mas, na verdade, “estar próximo dos potenciais compradores” é a principal razão que os move. A segunda é: o que está por trás da actividade? A ex­plicação óbvia é “falta de empre­go” e não necessariamente uma deliberada fuga ao fisco. Fiscais e polícias Para os fiscais e polícias os ven­ dedores informais ocupam os pas­seios, o que os coloca em conflito com os transeuntes. Um exemplo concreto é nas proximidades do mercado São Paulo, nos armazéns da Gaj aj eira, onde dificilmente au­tomobilistas e até mesmo peões conseguem transitar. O Jornal de Angola constatou que ninguém tem conhecimento do destino dado aos produtos confiscados na rua. A falta de esclarecimento sobre como os visados podem recuperar os seus produtos deixa espaço para suspeita, como referiram os nossos entrevistados. “Se os agentes da Polícia 011 os fiscais têm o dever de impedir que os informais exerçam as suas actividades na via pública, também deviam ter o dever de di­ zer aos mesmos como proceder pa­ra recuperarem as suas mercado­rias”, disseram. Paulo de Almeida, segundo co­ mandante da Polícia Nacional, dis­se que “nós agimos quando existe desordem na via pública. A Polícia, às vezes, faz o papel de outras es­truturas, porque andar atrás das zungueiras não é tarefa do polícia. Existe um acomodamento grande no país e que a polícia tem de fazer tudo”, realçou. O segundo comandante reconhe­ceu que tem havido excesso por parte de certos agentes da corpora­ção, mas também provocações por parte de alguns vendedores infor­mais. “Muitos polícias já foram agredidos e até apedrejados. E esse é um dos motivos que muitas vezes os leva a agir de for­ma incorrecta com os vendedo­res”, disse o segundo comandan­te, acrescentando que é importan­te que se faça um trabalho mais educativo junto das populações, no sentido de se evitar esse tipo de constrangimentos para ambas as partes.

3.21 Não há como sofisticar o sistema financeiro enquanto persistir a economia informal Jornal Expansão 21 de Outubro de 2011

Qual a caracterização que faz do actual momento do sistema financeiro nacional? Antes de tudo, quero falar do sis­tema bancário como parte inte­ grante do sistema financeiro no seu todo. Assim, se tivermos a banca como ponto de partida, jul­go que, desde 1991, altura da en­trada em vigor da Lei Orgânica do BNA que estabelece o sistema bancário em dois níveis, nomea­damente, o banco central e os bancos comerciais, começamos a notar um certo crescimento. Para além disso, acho que é im­portante para as autoridades an­golanas olharem com firmeza para a necessidade de harmoni­zar as políticas financeiras inter­nas com as que têm sido adopta­das na região. Mas quero abrir aqui um pa­rêntese para dizer que não pode­mos olhar para o sistema finan­ceiro dissociado da sua inserção na economia regional, muito me­nos distanciá-lo do sistema fi­nanceiro global, porque hoje em dia temos de olhar para esse facto numa perspectiva mais ampla. E é nessa óptica que temos a obri­gação de inserir aqui a bolsa de va­lores e o mercado de capitais, que são instituições fundamentais para um sistema financeiro que se quer desenvolvido. Para além disso, acho que é importante para as autoridades angolanas olha­rem com firmeza para a necessi­dade de harmonizar as políticas financeiras internas em compa­ração com as que têm sido adop­tadas na região. Refiro-me à SADC. Vejo que o Executivo tem estado a trabalhar nessa direcção, as é necessário afinar um pouco mais os mecanismos para que essa ligação, essa sintonia de polí­ticas, concorra para que tenha­mos um sistema financeiro à al­tura das nossas exigências. Pensa que o desenvolvimento do sistema financeiro nacio­ nal passa necessariamente por um posicionamento de destaque na região? Neste momento, temos a noção de que a nossa economia cresceu. Disso não temos dúvidas, mas, se repararmos no sistema financei­ro nacional e fizermos uma rápi­da comparação com os outros países da região, vamos concluir rapidamente que ainda temos muito caminho a percorrer. Não podemos contentar-nos com aquilo que foi feito e que está a ser feito. Temos de trabalhar mais. Por outro lado, quando falamos de uma economia de mercado, há dois pressupostos básicos: pri­meiro, temos de ter um bom sis­tema financeiro; segundo, a ne­cessidade imperiosa de termos um bom sistema judicial. Ou seja, o sistema judicial tem de funcio­nar em pleno.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 34 De que forma o sistema judi­cial pode condicionar o desen­ volvimento do sistema finan­ceiro? Por exemplo, um indivíduo que recorre a um crédito bancário e não honra os compromissos den­ tro dos prazos acordados. Se o banco intentar um processo judi­cial contra essa entidade, singu­lar ou colectiva, que não honrou os compromissos, sabemos que esses casos são muito morosos. Para além da morosidade, a mes­ma pessoa que não cumpriu as suas responsabilidades para com um determinado banco pode ain­da constituir outro processo e ir buscar outro crédito a outro ban­co e assim por diante. A informa­ção de que ele é mau pagador não circula dentro do circuito. E isso não é salutar para o nOSS0 sistema financeiro. Embora nos contente o facto de sabermos que o BNA está a consolidar o projecto da central de riscos, ainda assim, o nosso sistema judicial precisa de afinar mais os seus mecanis­mos. Falou, no início da entrevista, sobre bolsa de valores. Acha que o país já tem condições para que essa instituição seja criada? Temos de ter a noção de que, quando as empresas apresentam as suas contas, transmitem-nos a ideia de transparência, desde que as mesmas sejam certificadas por entidades independentes. A questão que se coloca é que te­mos casos no mundo em que muitas auditorias têm apresen­tado contas certificadas, quando, na prática, há uma série de irregu­laridades. Quando alguém vai ao banco pedir emprestado algum dinheiro, essa pessoa tem a obri­gação legal de apresentar os ba­lanços e as contas para os bancos analisarem os seus rácios de li­quidez e solvibilidade para ver até que ponto podem ceder o em­préstimo ou não. E é a mesma coi­sa: se eu não for ao banco e me di­rigir ao mercado de capitais ten­tar mobilizar financiamentos, tem de haver uma entidade para certificar se de facto as contas apresentadas não estão falseadas, por forma a garantir segurança aos potenciais investidores e/ou financiadores. Na prática, assis­te-se a que muitas empresas não apresentam contas actualizadas e certificadas. Ora, essa transpa­rência exigida pelo mercado ain­da não existe. Portanto, não existindo ainda esse clima, é muito complicado meter a funcionar a bolsa de valores ou o mercado de capitais. Em função da análise inicial, quais são então os grandes de­safios e as perspectivas que se abrem para o sistema finan­ ceiro nacional? Na minha óptica, temos de olhar para aquilo que é feito na região e tentar inserir as iniciativas e as políticas financeiras que têm sido desenvolvidas no espaço da SADC, no sentido de alcançar­mos a estabilidade de financia­ mento ao nível da África Austral. Penso que os bancos têm de fun­cionar sob o princípio do Basileia II, para termos solidez no sistema bancário, permitindo também o funcionamento dos outros ins­trumentos, mormente a

bolsa de valores e o mercado de capitais, que fazem parte de um sistema fi­nanceiro que se quer saudável. Não é possível avançarmos para um nível de sofisticação do nosso sistema financeiro enquanto não houver cultura económica e persistir a informalização da econo­ mia nacional. Em termos concretos, que po­líticas e metas deviam ser har­monizadas a nível do sistema financeiro, face ao que aconte­ce na SADC? Por exemplo, quando os países da região falam da meta de inflação de um dígito, estamos diante de um objectivo comum. No caso concreto de Angola, o País está a funcionar com uma economia, segundo dados disponíveis, com uma média de dois dígitos. No ano passado andou à volta de 15%; em 2009 esteve em torno de 13,5% e neste ano o nível de infla­ção está a ser projectado na casa dos 12%. E os dados disponíveis apontam para que a inflação acu­mulada até ao primeiro semestre deste ano seja de 5,31 %. O progra­ma elaborado pelo Executivo aponta para que no espaço de cin­co anos Angola venha atingir uma inflação de um dígito. Contudo, e como nós estamos sujeitos a uma inflação estrutural que ronda en­tre os 7% e 8%, isso faz transpare­cer que, nos próximos dois a três anos, será difícil atingirmos a meta de inflação programada pelo Executivo já há bastante tempo. Aquilo a que temos estado a assistir é que, nos anos anterio­res, entre 2008 e 2007, tivemos uma inflação já próxima dos 11 %a 12%. Só no ano passado, fruto de vários factores, registámos uma inflação de 15,30%. Como é que avalia a concor­rência dos bancos que actuam no mercado nacional? Refiro­-me, por exemplo, aos bancos de origem externa, em relação aos bancos nacionais. Numa economia de mercado, tem de haver sempre concorrên­cia, partindo do princípio de que ela é salutar. Não apenas em ter­mos dos serviços prestados aos clientes mas também em relação aos produtos que são lançados no mercado. Falemos sobre bancarização. Até que ponto os baixos índi­ces de bancarização (estima­dos nos 12%) são explicados pela questão da confiança no sistema e na moeda? Já demos um passo de realce nes­sa direcção, que é a bancarização dos salários dos funcionários pú­ blicos, que considero um pressu­posto básico. Temos de aplaudir igualmente a campanha de edu­cação financeira que está a ser le­vado a cabo pelo Banco Nacional de Angola, mas os bancos têm de procurar atingir maiores níveis de criatividade, no intuito de in­troduzir mais produtos financei­ros que permitam atrair as pou­panças que existem na economia. Deste modo, serão os clientes a sentir-se motivados a ir para esse ou para aquele banco para confia­rem as suas poupanças monetá­rias. No passado, fruto, por exem­plo, das trocas que a nossa

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 35 moeda sofreu e dos elevados índices de inflação que o País registou, as pessoas desconfiaram do sistema bancário nacional. Hoje, entretanto, e fruto de uma maior estabilidade macroe­conómica e de um certo grau de certificação de produtos finan­ceiros, acho que as pessoas po­dem devolver à banca a confiança que ela mesma perdeu de há um tempo a esta parte pelas razões que á referi há pouco. Qual é a sua visão sobre a parti­cipação do empresariado na­cional na economia? A partir de 1991, aquando do iní­cio das grandes reformas na eco­nomia, e fruto de uma política de Estado, virada para o fomento e apoio do empresariado, surgiram vários grupos empresariais no País que têm contribuído para su­prir algumas lacunas em termos de fornecimento de bens e servi­ços. Em suma, se recorrermos às estatísticas, vamos notar que há uma presença considerável e sa­lutar do empresariado na econo­mia nacional, porque não temos dúvidas de que as pequenas e mé­dias empresas, em Angola, são as que darão maior contributo ao crescimento do PIE. Há quem entenda, entretanto, que o empresariado nacional devia ser um pouco mais ac­tuante. Dos contactos que mantenho com os empreendedores angola­nos, menciona-se mais o facto de os bancos cobrarem taxas de juro

3.22 “Fiscais do governo provincial cometem excessos” Jornal de Angola 24 de Outubro de 2011

O director nacional de Inspec­ção e Investigação das Activida­des Económicas, Alexandre Ca­nelas, reconheceu que os fiscais do Governo Provincial de Luanda em algumas situações cometem excessos. “A abordagem aos ven­dedores de rua tem de ser feita com habilidade e destreza, quan­do isso não se verifica há sempre margem para o excesso de zelou, disse o oficial em entrevista ao Jornal de Angola. Jornal de Angola – Qual é o pa­pel da Direcção de Inspecção e Investigação das Actividades Económicas? Alexandre Canelas – É preve­nir e reprimir a prática de crimes contra a economia e contra a saú­de pública. E também garantir a disciplina no exercício das acti­ vidades económicas porque a criminalidade económica é cada dia mais refinada e provoca con­sideráveis prejuízos ao Estado e ao consumidor.

JA – Passar alvará comercial a estrangeiros é crime? AC – Não é tipificado como tal no nosso ordenamento jurídico. Mas em nenhum momento o cida­dão nacional que exerce uma actividade económica de forma legal deve ceder o seu alvará comercial, pois ele é intransmissível. JÁ- Quais são os parceiros no. combate à criminalidade eco­nómica? AC – As polícias modernas são totalmente abertas e procuram sempre parcerias com outras insti­ tuições. Nós temos relações de cooperação, entre outros, com o Instituto Angolano da Propriedade Industrial, com a Direcção Nacional dos Direitos de Autor e Conexos, Di­recção Nacional das Alfandegas, Direcção Nacional de Estudos Tec­nológicos do Ministério da Ciência ­e Tecnologia, INADEC, Sonangol, Gabinete de Inspecção do Ministé­ rio do Comércio, Inspecção da Saú­ de, Direcção Nacional de Medica­mentos, bancos, Direcção Nacional dos Impostos, Instituto Nacional de Segurança Social ou o Serviço de Migração e Estrangeiros. JA – Em Luanda os fiscais an­dam atrás das zungueiras, porquê?. AC – Os fiscais do Governo Pro­ vincial de Luanda actuam em con­ formidade com as suas atribui­ ções. Contudo em determinadas situações a sua actuação tem-se mostrado excessiva. JA – Os fiscais são acusados de agir com má fé... AC – Os fiscais não agem de má fé, tentam cumprir as suas ob­rigações. A natureza do seu tra­balho exige grande preparação, pois a abordagem aos vendedo­res de rua tem de ser feita com habilidade e destreza, quando is­so não se verifica há sempre mar­gem para excesso de zelo. JA – Quais são os crimes econó­micos mais comuns? AC – Os crimes mais registados. este ano são especulação, peculato; burla por defraudação, contrafac­ção discográfica, exercício ilegal de funções públicas ou profissão ti­tulada, venda ilegal de combustí­veis e falsificação de documentos. JA – A legislação do sector está actualizada? AC – A legislação carece de ac­tualização para adequá-la à nova realidade constitucional, socioeconómica criminal porque surgem novos crimes. JA – Quais são as prioridades da instituição? AC – A formação permanente do nosso efectivo. Estamos convenci­dos de que os resultados operacio­nais estão intrinsecamente ligados ao domínio das novas técnicas. JA – Que medidas estão a to­mar no combate à venda ilegal de. combustíveis?

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 36 AC – Está em curso um programa de combate à venda ilegal de com­bustíveis. Contamos com a colabo­ração da Sonangol, que nos fornece semanalmente os dados da venda e distribuição a partir das suas insta­lações, o que nos permite fazer o devido acompanhamento. Concor­ rem também para a concretização do programa outras instituições. JA – Há falsificação de produtos? AC – temos detectado a falsifi­cação de vários produtos, com real­ce para os medicamentos, produtos alimentares, bebidas e a c10nagém de cartões multicaixa. E na domí­nio da propriedade intelectual des­taca-se a contrafacção discográfica e o uso ilegal de marcas. JA – A venda de medicamentos na rua continua? AC – Estamos a actuar nessa área, com acções de sensibilização nas comunidades para os perigos decorrentes do uso de medicamen­tos adquiridos no circuito informal. Aproveito este momento para ape­lar aos cidadãos que nos ajudem, denunciando casos de venda de medicamentos nos mercados in­formais e nas ruas. As pessoas de­vem exercer o seu dever de cidada­nia. Os nossos contactos são públi­cos e revelamos isso no nosso site: www. policiaeconomica.~v.ao.As pessoas podem denunciar sem que seja obrigatória a sua identificação. JA – Existem farmácias ilegais e pessoas sem qualificações a traba­lhar na área dos medicamentos? AC – Existem alguns estabele­ cimentos que exercem a activida­ de farmacêutica sem estarem le­ galizados e habilitados. Os nos­sos agentes têm actuado nesta área conforme demonstram os resultados operacionais das ac­ções desenvolvidas. Só de Janei­ro a Setembro deste ano, foram apreendidos e inutilizados 1.300 quilos de medicamentos, autua­das 35 farmácias em situação ir­regular e detectados 250 indiví­duos inabilitados para o exercí­cio da actividade farmacêutica. JA – Quem distribui e fabrica os discos piratas? AC – A contrafacção discográ­fica e a venda de produtos porno­gráficos têm merecido a atenção dos operacionais dos nossos ser­viços e os resultados represen­tam uma cifra de 1.455 casos au­tuados e remetidos a Tribunal, com 1.492 detidos nacionais e 11 estrangeiros. A título exemplifi­cativo, no mês de Setembro fo­ram destruídos vários discos con­trafeitos. Apreendemos computa­dores e impressoras para a produ­ção de discos piratas. Os discos piratas também chegam a Ango­la em camiões que atravessam as nossas fronteiras.

3.23 Pequenos negócios asseguram emprego e receitas para os jovens empreendedores Jornal de Economia e Finanças 25 de Outubro de 2011

Eram 11 horas da manhã, quando a nossa equipa de reportagem chegou ao lar­go Avô Kumbi, nas imedia­ções do Centro Comercial do Golfe L A poeira sufocante levantada pelo movimento caótico dos peões à sua volta e o barulho que os taxistas faziam com as buzinas são uma fonte de “stress” para o Jovem que estava, calma­ mente, sentado, dentro dê uma cabine telefónica de cor laranja com apenas cerca de meio metro quadrado. “Já estou acostumado”, diz sorridente Joni Pinde, 23 anos, operador de uma cabine te­lefónica de marca Telo. Mais adiante, confessa ser uma cha­tice estar naquele ambiente que, entretanto, é o local ideal para o seu negócio. As pessoas que vão para o hospita1 muni­ cipal do Kilamba Kiaxi, que fica a poucos metros da sua cabine telefónica, e os clientes que se dirigem para o centro comercial geram uma procura garantida para o seu serviço. Em tempos, ainda tentou consolidar a carreira de futebo­ lista actuando como júnior do Benfica de Luanda, onde rece­bia cinco mil kwanzas de sub­sídio, mas as circunstâncias da vida não lhe foram favoráveis e o sonho de ser um profissional de futebol foi adiado provavel­mente para as calendas gregas. o negócio de Joni consis­te em pôr à disposição dos clientes dois telefones fixos para quem necessitar de fazer um telefonema. Cada minuto de chamada custa 10 kwanzas. Com o dinheiro arreca­ dado, ele consegue pagar o aluguer da cabine, sustentar a sua família e, ainda, garan­tir o arrendamento da casa onde mora. ‘ Diariamente, Wade Garcia de Oliveira, 28 anos, acorda às cinco e meia da manhã. Deixa a filha de três anos, a esposa e o bebé de cinco me­ses ainda deitados. “Tenho de levantar-me cedo, porque a concorrência nas instalações do fornecedor é enorme”, justifica o revendedor de gás de cozinha. Wade herdou o negócio do pai. Quando adolescente, o seu pai’ deixou de trabalhar por invalidez causada por uma trombose. Ele e o irmão mais velho tomaram as ré­deas do negócio da família. Graças à famosa “Loja Azul”, construída pelo pai no Golfe I, não tiveram problemas com terreno yara implantação e le­galização do negócio. Mas, nem por isso início foi fácil. “Não tínhamos dinhei­ro suficiente”, recorda Wade. “Começámos com o pouco que tínhamos, mas, com esforço, dedicação e

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 37 sacrifício, conseguimos fazer crescer o negócio de venda de gás e outros produtos alimentares na loja. Temos três colaboradores e pretendemos expandir o negócio para outros bauros, como o Benfica”. Do modesto capital inicial de 45.000 kwanzas, hoje, o volume de negócio ronda os 100.000 kwanzas semanal­ mente, beneficiado pela enor­me procura de gás nos bairros periféricos. Recentemente, os irmãos deixaram a informali­ dade e legalizaram o negócio, tendo instalado um escritório no bairro Camama junto à re­sidência familiar. Fernando Costa, 24 anos, era vendedor ambulante de roupa, antes de investir o dinheiro acumulado numa barbearia. Com o andar do tempo, desistiu da barbearia e começou a mandar roupas a parentes e amigos que via­ javam para o Brasil. As roupas eram de mar­ca e boa qualidade, por isso, teve sucesso nas vendas, que cresceram em muito pouco tempo. Dado o volume de dinheiro que movimentava na sua conta bancária, uma funcionária do banco aconse­ lhou-o a legalizar o negócio e abrir uma conta-empresa com vista a obter mais vanta­gens no acesso ao crédito. Foi assim que ele decidiu criar a boutique Fernan­do Costa, uma empresa em nome individual. Embora a boutique seja pequena, com apenas 3,5 metros quadra­ dos, ele emprega dois co­laboradores e factura cerca de 300.000 kwanzas mensal­ mente. “Neste momento, es­tou a precisar de um crédito de 15.000 dólares para fazer crescer o negócio. Quero preparar-me para a grande procura de roupa que vamos registar no início do próximo ano lectivo”, disse.

3.24 Tecnologias informáticas fazem surgir novos negócios Jornal de Economia e Finanças 25 de Outubro de 2011

Uma das heranças deixadas pelo co-fundador da Apple, Steve Jobs, é a forma como utilizamos e consumimos produtos tecnológicos.A criação de produtos como o iPod, iPhone, feitores de mp3, iPad e outros dispositivos elec­ trónicos mudou a forma de consumir-se música. Há uma década, ter à disposição um leque variado de mil músicas implicava possuir no mínimo uma estante com centenas de discos ou CD. Agora, graças às novas tecnologias, é possível ter milhares de músicas numa pen drive ou num leitor de mp3. Este facto não só mudou o consumo, mas também fez sur­gir novos modelos de negócios baseados nas tecnologias infor­máticas. Um deles e a venda de músicas no formato mp3 a preços acessíveis. Ou seja, se um CD com 14 músicas varia­das custa 1.000 kwanzas, hoje é possível comprar um CD com 1.000 músicas a menos preço.

Quem soube tirar provei­to destas vantagens propor­ cionadas pela tecnologia é o empreendedor Afonso Dmingos, 22 anos. Há três anos, ele trabalhava numa empresa como assistente administrati­vo, mas, em 2009, foi dispen­sado e ficou desempregado. Enquanto funcionário, Afon­ so estava acostumado a traba­lhar com o computador, fruto de um curso básico de informá­tica que fez numa escola pro­fissional. Marido e pai de dois filhos, depois de se ver desem­pregado, Afonso teve que dar a volta à situação para garantir o sustento da sua família. Com a indemnização que recebeu do anterior empre­ go, comprou um computa­dor portatil. Foi nesta altura que começou a trabalhar no mercado dos Correios, no Golfe I, município do Kilamba Kiaxi. “Neste momento, dedico-me a gravar músicas no portátil para vender aos clientes que querem inserir essas músicas digitais nos te­lemóveis ou iPhones”, conta. “Também, vendo filmes, jo­gos digitais e instalo progra­mas para computador e apa­relhos de jogos como play station”, acrescenta Afonso Domingos, que factura dia­riamente 6.000 kwanzas.

3.25 Vem aí o fim da zunga Jornal a Capital 29 de Outubro de 2011

Bacias no chão, cabides nas paredes, panos estendidos nos passeios repletos de todo o tipo de mercadoria, em fim, caixas ao pé da estrada, eis o cenário que se observa todos os dias no bairro São Paulo, mu­nicípio do Sambizanga. Este pandemónio começa nas ime­diações das instalações da Empresa de distribuição de Electricidade de Luanda (EDEL), e vai até à chamada “gajajeira”. Aqui é visto um quase infindo aglo­merado de zungueiras que desde cedo de manhã, marca presença naquele local. O sítio já ficou baptizado com o nome de praça do “arreou-arreou”, de­vido ao constante e gradual processo de redução de pre90s dos produtos lá comercializados. E que perante tanta gente a vender, quem empola os cus­ tos, claro que sai a perder, porque as opções de escolha para o cliente são várias. No entanto, apesar de ser dali que vem o sustento para os moradores e ser a actividade o ganha-pão dos ven­dedores, nem todos se mostram con­tentes com a situação criada. Josefa Marcos, por exemplo, não se retraiu ao ser convidada para falar do seu dia-a-dia no “arreou-arreou”, onde vende há cinco anos. “Antes vendia no mercado do Asa Branca, mas naquela mudança, per­di o meu lugar, e assim que voltaram a instalar não consegui obter uma fi­cha”, começou por contar,

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 38 notando que ficou então de fora, pois que, a ficha antiga que possuía já não era váli­da para renovar o lugar na praça. E para não cruzar os braços, Josefa optou pela zunga de chinelos no Sã Paulo, em substituição do peixe que comercializava anteriormente no mer­cado. Aquela multidão de zungueiras vem dos mais diversos cantos de Lu­anda. Ida do mercado do Panguila é Maria de Jesus, vendedora de roupa. Só veio para o São Paulo, segundo ela, pelo fra­co rendimento que estava a ter lá. “Tenho lugar no Panguila, mas o negócio lá não anda como aqui”, ar­gumentou para acrescentar: “Vivemos muito distante. Até chegarmos lá, qua­se que não vendemos nada”. “Aqui, pelo menos, o negócio anda e tem concorrência. Os clientes estão mesmo à nossa frente”, regozijou-se, sem deixar, entretanto, de se mani­festar insegura por falta de sossego, numa alusão à constante intervenção dos fiscais e policias que lutam pela dispersão delas da via pública. São das pessoas nos novos mercados, alegando insistentemente a ocorrên­cia de cambalachos por parte dos res­ponsáveis que procuram sempre be­neficiar seus próximos em detrimento daqueles que já exercem a actividade há muito tempo. No entanto, as autoridades parecem estar agora a pensar no assunto. Tanto é que, a ministra do Comércio, Idalina Valente, reuniu-se esta quarta-feira, 26, em Luanda, com os administrado­res municipais, adjuntos e comunais, bem como directores provinciais das Actividades Económicas e dos Servi­ços Comunitários. Objectivo: recolher contribuições para a definição de no­vas normas regulamentares. O encontro decorreu na sede do Go­verno Provincial de Luanda (GPL) e é continuidade de outros já realizados e a realizar nas demais províncias do pais. Na reunião de quarta-feira, ana­lisou-se um conjunto de regulamen­ tos em estudo, que em breve serão aprovados, visando adaptar a normalização da actividade dos mercados à realidade da capital. Idalina Valente mani­festou-se, na ocasião, preocupada com a pro­liferação dos mercados informais, a comerciali­ zação de produtos sem a observação de princípios de sanidade e a especula­ção de preços, afirmando, entretanto, que a actual legislação já não se adap­ta ao contexto de Luanda e que muitos agentes não a cumprem. Frisou que o comércio a retalho está a desapa­recer, dando lugar ao mercado informal, pare­cendo que o grossista é o principal concorrente do próprio retalhista, inter­vindo em qualquer local, mais próximo do cidadão que necessita do produto, devendo tal quadro ser in­vertido rapidamente. “Nós continuamos a assistir à alguma falta de actuação dentro daquilo que está estabelecido na actual regula-

mentação que foi discutida e disse­minada por todos os ór­gãos com competência para se poder implemen­tar a lei das actividades comerciais”, afirmou Idalina Valente. Enquanto fechávamos a presente edição, sabia­-se que a governante teria estado reunida, em Luan­ da, esta quinta-feira, 27, com os administradores dos mercados da provín­cia e dos directores pro­vinciais das Actividades Económicas e dos Servi­ços Comunitários.

3.26 A vida de quem faz das ruas local de negócio Jornal de Angola 29 de Outubro de 2011

Muitas jovens deixam as famí­lias nas províncias para tentarem a Vida em Luanda, onde partilham, com mais cinco ou seis, o mesmo quarto, forma de poderem juntar algum do pouco que ganham na venda diária. Na maioria, são mães solteiras e sonham com uma vida que raramente, encontram. Um grupo de quatro raparigas, com menos de 18 anos, sem qual­quer experiência de vida, deixa Benguela de carro à procura da sor­te, que sonham encontrar em Luan­da. Algumas, antes de partirem, juntam documentos que, pensam, lhes vão ser úteis para conseguirem o primeiro emprego. Na bagagem, além de algumas peças de roupa, essas jovens tra­zem menos de cinco mil kwanzas. Na grande cidade, que apenas co­nhecem do que ouviram ou viram na televisão, recorrem li outras para arranjarem lugar onde dormir. Não raro, abandonam a escola, levadas pela ilusão de irem ao en­contro de uma vida melhor do que a terra natal lhes deu. Adelaide Kawika, de 17 anos, disse, ao Jornal de Angola, que sempre acreditou que era mais fácil ganhar dinheiro em Luanda do que na província onde nasceu. As jovens de Benguela têm um plano, trabalharem durante três meses e voltarem à terra para, pelo menos durante um mês, estarem com as suas famílias. Anastácia Marta, 15 anos, é zungueira desde os 12, mesmo que não junte os 400 ou 500 dólares que es­tipulou para levar para os pais e os irmãos. E a forma que tem de recu­perar forças e ânimo, que apenas consegue junto dos seus. Uma amiga de infância meteu-a na venda de fruta na rua. Quase em surdina, afirmou estar cansada da vida que tem, mas satisfeita por po­der ajudar a família. São Pedro da Barra No bairro São Pedro da Barra, no município do Sambizanga, vivem muitos dos zumgueiros de Luanda. Vivem em grupos de seis ou sete. São primos e amigos

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 39 que a solida­riedade juntou em casas arrenda­das, muitas de um compartimento apenas, feito de blocos de cimento e coberto de chapas. Além dos jo­vens, de ambos os sexos, também há crianças, com menos de 5 anos. Filhos e sobrinhos. Os de sangue e os que passaram a ser. , Laurinda Maria e Carolina Dunva moram no Vale do Soroca, no Sambizanga, zona isolada e sem iluminação pública. Para lá chegamos, temos de passar por ruelas e amontoados de lixo. A casa, onde vivem mais cinco jovens, todas de Benguela, não foi rebocada e o chão é térreo. Tem dois compartimentos sepa­rados por cortinas. Um serve de quarto de dormir, mas também de ‘ casa de banho e, pelos vistos de cozinha, com um fogareiro, três panelas vazias e uma bacia com loiça. No outro há trouxas de rou­pa e um colchão de casal. Com uma vela nas mãos, Caroli­na monstra como as sete dormem. As que são mães têm prioridade quanto ao colchão. As outras estendem panos no chão para darem des­canso aos corpos. Sobreviver Porto Pesqueiro, também no município do Sambizanga, é uma zona antiga e de pequenas indús­trias ocupadas por novos morado­ res, pequenos comerciantes, prin­ cipalmente cidadãos estrangeiros. Casas construí das desordenadamente e sem grandes espaços entre elas. A falta de dinheiro le­vou Emília Vaie, 20 anos, a ir para ali viver. ‘ “Prefiro manter-me aqui e poder garantir alguma coisa para a minha família”, disse a jovem, comum fi­lho, de I ano, ao colo que, alheia à miséria que a rodeia, ainda sabe sorrir enquanto acarinha a mãe. Emília, que nasceu no Bocoio, vende no centro da cidade, o que lhe permite despachar todas as fru­tas. Na cabeça ainda temo lenço que a protege da poeira. Da rua principal do bairro para a casa de Emília descemos. por um pequeno carreiro, atulhado de lixo, com o cuidado que a situação exige, enquanto ela escorregava com na­turalidade, como se estivesse num parque de diversão. Quando inter­rogámos como fazia o percurso no tempo chuvoso, riu-se: “Já vivemos aqui vai para três anos; estamos habituados”, explica. A casa, onde vive com mais sete pessoas, entre elas um rapaz, tem dois quartos, com espaço para ca­ma de casal, e um pequeno corre­dor., Na altura, estavam todos em casa. Cada um dos moradores conta­va a novidade do dia. Francisco Muteka é o único calado. Limita-se a sorrir. Um dos quartos está-lhe reser­vado por ser o único rapaz. Elas dor­mem todas no outro, tal como o bebé de Emília, que tem outro filho em Benguela. O banho é no corredor e baldes ou sacos servem de sanita. O lixo é depositado na lixeira, a poucos metros de casa. As chapas que fazem de telhado não estão segu­ras, mas não

impedem que os cor­pos cansados da zunga adormeçam rapidamente, que as horas de sono passam a correr e o dia que vai nas­cer é igual ao anterior, feito a ven­der, a f\1gir dos polícias, a procurar ganhar algum dinheiro para fingir que se come e ainda mandar para a família que se deixou na província de Benguela... Mães solteiras Parte das vendedoras de rua em Luanda são jovens e mãe soltei­ras. Carolina tem 18 anos e uma filha de 4, de pai desconhecido, que deixou em Benguela. A crian­ça, que ainda não foi registada, vi­ve com os pais dela. Adelaide, 22 anos, é outra mãe solteira e tem duas filhas em Ben­guela. Maria Teresa, de 21, tem um filho. Emília tem dois. Nenhuma das crianças está registada. Arrendamento Em São Pedro da Barra, as ren­das das casas andam entre os dois mil e os 2.500 kwanzas. Os jovens juntam-se e pagam, ao todo, de seis em seis meses, 15 mil. O jantar é a única refeição que fazem em casa, pois saem para a zunga por volta das 7h00 e só re­gressam entre as 20h00 e as 21h00. Diariamente, a responsabilidade de comprar os alimentos e de os confeccionar pertence apenas a um. Nas casas em que só há rapa­zes, há sempre uma vizinha que se encarrega de cozinhar. Testemunho Com venda ambulante, afirmam os que a praticam, é possível me­lhorar a vida, mas só com muita força de vontade e responsabilida­de. E o caso de Francisco Muteka. O jovem, há três anos que se de­dica a vender nas ruas de Luanda, conseguiu construir uma casa em Benguela, num terreno oferecido pelo pai. “Graças a Deus, consegui”, refe­riu a rir e a recordar que para isso teve de deixar para trás algumas amizades, incluindo a de pessoas que viajaram com ele de Benguela. Na altura, tinha 16 anos e chegou acompanhado de cinco amigos. Começou por vender pilhas de rá­dio, com um investimento de dois mil kwanzas, no Roque Santeiro. Depois, passou para as lanternas, mas foi com a aplicação de unhas plásticas e de gel, negócio a que continua a dedicar-se, que o dinhei­ro de se ver começou a aparecer. Com o que ganha, além de ter construído a casa, ajuda na com­pra de material escolar dos três ir­mãos que tem em Benguela. “Sou o mais velho e se não tiver juízo quem perde sou eu”, disse. Quando ela está doente “fe­cha” o negócio e vai junto à famí­lia para se tratar com os medica­mentos da terra.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 40

4

OGE INVESTIMENTOS



PUBLICOS E



TRANSPARENCIA

4.1 Bornito de Sousa

Jornal Agora 08 de Outubro de 2011

A avaliação do pro­gresso dos programas municipais integrados de desenvolvimento rural e combate à po­breza não se pode re­duzir a uma contabilidade imaginária com números do incon­clusivo Inquérito sobre o Bem-Estar da População. Não existem estudos que determinam o perfil de cada re­gião para o seu desenvolvimento económico e os créditos disponibili­zados ainda priorizam a cor parti­dária. O govemante esqueceu-se que o projecto do comércio rural encalhou no marasmo há mais de um ano e os agricultores e campo­neses reclamam insistentemente, pelo escoamento de produtos. Se­guindo os velhos métodos, o antigo líder da bancada parlamentar do MPLA ainda faz vista grossa aos problemas reais e carência gritante nas zonas urbanas de água potável e energia eléctrica. Os administra­dores não têm espaço de manobra, pois os orçamentos alocados não satisfazem as necessidades básicas. Esqueceu-se ele que a pobreza não se combate com ideias caducas.

4.2 Embargo de obro de magistrado leva administrador do Huambo à cadeia Semanário Angolense 08 de Outubro de 2011

A detenção do adminis­trador municipal do Huambo, José Luís de Melo Marcelino, ocorrida no passado dia 27 de Setembro, na capital do Planal­to Central, terá decorrido de um «excesso de zelo» por parte das autoridades judiciais locais. Fontes convergentes revelaram esta semana ao Semanário Angolense que a detenção do edil mu­nicipal terá sido feita no seu local de trabalho, e não no local onde estava a ser executada a obra ile­gal que tinha sido objecto de em­bargo, conforme foi noticiado. Uma versão que, a confirmar-­se, arreda o argumento segundo o qual a prisão de José Marcelino decorreu em flagrante delito, ou seja, quando este procedia à de­molição da obra em causa. Tanto a agência de notícias Angop, como o semanário

«O País», que divulgaram a notícia de forma lacónica, não fizeram nenhuma alusão ao facto da obra em causa ser pertença de um juiz municipal afecto ao tribunal local e que estava a ser erguida num espaço público. Ou seja, no pa­vilhão multiuso nº 2, erguido no âmbito do Afrobasket em 2007. Não se sabe quais as razões que levaram à omissão do rosto do proprietário da obra. Mas, para que conste, aí vai: trata-se de Or­lando Rodrigues Lucas, um (qua­se) jurista afecto à magistratura judicial, que é ainda estudante (finalista) do curso de Direito. No entanto, é sábio que os magistrados judiciais ou do Mi­nistério Público no exercício ple­no das suas funções estão por lei impedidos de exercerem outras actividades com fins lucrativos, além da docência. Segundo as fontes deste jornal, o administrador municipal terá sido detido na tarde desse dia, a coberto de um mandado de cap­tura, quando se encontrava no seu local de trabalho. «Tudo aconteceu por volta das 15 horas e 30 minutos, quando o administrador recebeu a or­ dem de prisão no seu local de trabalho, com base num man­dato de captura, no qual consta­va apenas o seu nome e o crime de que era acusado. A voz de prisão foi-lhe ditada por um elemento da Polícia Nacional, com a patente de sargento, que se fazia acompanhar por três indivíduos à paisana, que, en­tretanto, não se identificaram. De seguida, o Eng.º Marceli­no foi posto num carro civil, de marca Getz, de cor preta, e em seguida conduzido direc­tamente à comarca», revelou uma testemunha ao SA, que pediu o anonimato. No Huambo, em alguns círculos, medra a convicção de que a detenção do admi­nistrador municipal terá sido feita no sentido de humilhá-­lo em praça pública, já que o crime pelo qual era acusado dava-lhe a possibilidade de responder judicialmente em liberdade. Crê-se nos mesmos círculos que a detenção e o posterior julgamento do edil munici­ pal teriam sido perfeitamente evitáveis, por se tratar de um detentor de um cargo público, com residência fixa e ser uma figura bem referenciada na província. Questiona-se também se o assunto teria tido o mesmo desfecho caso estivessem em jogo interesses de anónimos cidadãos, sobretudo dos desca­ misados, que, amiúde, não têm sido poupados pelo camartelo demolidor das distintas admi­nistrações municipais. Uma leitura que é adensada pelo facto do réu ter sido obri­gado durante o julgamento a usar a farda dos serviços pri­sionais, o que, no entender das fontes deste jornal, «contradiz o pressuposto que toda a pessoa é considerada inocente até que se prove a sua culpa», «O crime de que ele ia acu­sado podia ser convertido em multa, pelo que julgo ter exis­tido um excesso de zelo,

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 41 senão mesmo abuso de autoridade», afirmou um jurista contacta­do a propósito pelo SA, mas que proferiu falar na condi­ção de não ser identificado. Diz ainda a testemunha que não se permitiu sequer que o responsável camarário fizes­se um telefonema antes de ser levado para a prisão, algo que só aconteceu depois de muita insistência da parte do visado. No entender de uni juris­ta contactado em Luanda, o caso pareceu-lhe ter tomado contornos particulares, tendo em conta que não terão sido levados em consideração o facto de o administrador ser o representante de uma pessoa colectiva (o Estado angolano) contendendo com uma pessoa individual (o dono da obra). Nesta base, o Estado não podia deixar de ser ouvido, visto ser, por direito, o proprietário ori­ginário da terra, segundo o nº 8 do artigo 5.° da Lei de Terras. José Marcelino foi condenado a 60 dias de pena suspensa, por alegado cometimento de crime de desobediência às ordens da autoridade pública, previsto e punível nos termos do artigo 188 do Código Penal.

4.3 Ensino sobre a cidadania fiscal Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

Os ventos reformistas que as­solam o sistema jurídico tributário angolano levam-nos a mergulhar nos movediços terrenos da Cidada­nia – Cidadania Fiscal. Trata-se de urna temática cujo interesse resi­de na complexidade e sensibilida­de que o informa. Por outro lado, o interesse sobre esta temática assu­me urna particularidade central por várias razões, em que cumpre des­ tacar três: a) Entendimento bas­tante sofrível sobre a ideia de so­lidariedade; b) Entendimento de que a cidadania compreende ape­nas direitos e não deveres e c) Des­crença nas funções do Estado. 1 – Conceito de cidadania A Cidadania, nas palavras do Pro­fessor Doutor Casalta Nabais, pode ser definida corno “a qualidade dos indivíduos que, enquanto mem­bros activos e passivos de um Estado-nação, são titulares ou destina­tários de um determinado número de direitos e deveres universais e, por conseguintes, detentores de um específico nível de igualdade”. Do referido conceito, podemos sur­ preender três elementos essenciais, nomeadamente, 1) a titularida­de de um determinado número de direitos e deveres numa socieda­de específica; 2) a pertença a urna determinada comunidade política, em regra o Estado, em geral vincu­lada à ideia de nacionalidade; 3) a possibilidade de contribuir para vi­da pública dessa comunidade atra­vés da participação.

A Cidadania assume urna dimen­são polissémica nos dias que cor­rem, uma vez que pode ser vista em diversas perspectivas. Assim, actu­almente tem feito escola conceitos corno o de “sobre cidadania”, “ci­ dadania múltipla”, “cidadania mí­nima” e de submúltiplos da cida­dania”. Estes conceitos traduzem o entendimento, pacífico a nível da doutrina, que a cidadania pode comportar graus ou níveis e di­mensões. Em sede dos graus ou ní­veis – sobre cidadania e cidadania múltipla – chamamos a colação o exemplo dos cidadãos de um de­ terminado espaço de integração regional, em que destacamos o espaço comunitário europeu, co­mo um exemplo acabado de cida­dania comunitária. Ainda a nível dos graus ou níveis, importa fa­zer referência a uma situação, em­bora mais utópica do que realista, ao chamado “Estatuto de cidadão mundial”, uma corrente que tem­se assumido cada vez mais forte e defensável nos tempos em que uso da força sob a bandeira da demo­ cracia, liberdade e dignidade da pessoa humana têm se densifica­do. Por sua vez, não devem ser to­leradas, num Estado comprome­tido com os princípios e valores democráticos e com os ideais sub­jacentes ao Estado de direito, situ­ações de “subcidadania” ou “cida­dania mínima”, ou seja, casos de cidadãos que não estejam no pleno uso dos seus direitos civis e políti­cos, salvo as especificamente de­finidas na lei, por exemplo as si­tuações respeitantes ao estatuto jurídico dos apátridas e estrangei­ros. Doutra banda, o referente “cidada­nia” pode assumir uma dimensão pessoal, política ou social. O pla­ no pessoal traduz os direitos e li­berdades pessoais, a vertente política consubstancia-se nos direitos de participação política e a dimen­são social concretiza-se nos direitos e deveres económicos, sociais e culturais. 2 – Cidadania fiscal conceito e princípios. A cidadania fiscal é um conceito que se revelou com o advento do Estado fiscal. É escusado referir que o Estado fiscal traduz-se no sa­crifício patrimonial que é imposto aos membros (cidadão) duma de­ terminada colectividade, consubs­tanciada na pessoa do Estado, com vista a participar nas despesas ne­cessárias e indispensável à manu­tenção desta colectividade. Este sacrifício deve ser mensurado de acordo com a capacidade contribu­tiva dos cidadãos, enquanto coro­lário do princípio da igualdade. O Estado fiscal vence a lógica de Es­tado proprietário e de Estado do­minial. que vivem essencialmente dos rendimentos advenientes do seu património e da cobrança de taxas pelo uso de bens de dominio público, respectivamente. No Estado fiscal. o encargo da exis­ tência, financiamento e funciona­mento do Estado passou a ser as­sunto de todos, com base na ideia de “solidariedade” entre os mem­bros da colectividade (Estado) – se bem que há quem diga que não se trata, em bom rigor, de solidarie­

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 42 dade, porque ao imposto não esta subjacente a ideia de voluntarie­dade, mas sim de obrigatoriedade. A solidariedade não mais é, senão um aspecto novo ou uma nova di­mensão da cidadania, traduzido na ideia de igualdade, justiça e equi­dade na redistribuição da rique­za nacional. Assim, o cidadão, pa­ra além de ser suporte político do Estado assumiu-se também como o suporte financeiro. A cidadania fiscal enquanto “de­ ver fundamental de pagar imposto” não se encontra a mercê do livre árbitro do Estado, urna vez que no plano constitucional, o poder tri­butário dos Estados encontra-se li­mitado fundamentalmente por dois (2) principias clássicos: 1. O prin­cipio da legalidade fiscal, ancora­do na ideia de certeza e segurança jurídica; 2. O princípio da igualda­de fiscal, informado pelos axiomas de justiça e equidade, traduzido no princípio da manifestação da capa­cidade contributiva. O “dever fundamental de pagar im­posto”, precursor do conceito de “cidadania fiscal” teve urna trajec­tória ao longo da história em que a fila dos apaixonados não deixa de ser considerável, mas nem por isso devemos desconsiderar a corrente dos desapaixonados. Para ilustrar este quadro importa referenciar al­gumas celebres frases em volta da polémica do poder tributário dos Estados. Benjarnirn Franklín (“nes­te mundo nada está garantido se­não a morte e os impostos”), John Marshall (“0 poder de tributar envolve o poder de destruir”), Abraham Lincoln (“acabem com os impostos e apoiem o livre comercio e os nossos trabalhadores em to­das as áreas da economia passarão ir a servos e pobres como na Europa”) l- Olivier Holmes (“os impostos são.0 o que pagamos por uma sociedade ~- civilizada”). - A cidadania fiscal não comporta m apenas uma dimensão passiva, ou seja, a obrigação de prestação de imposto (“pagar o imposto”). Tra­te de uma relação caracteriza­ da como sendo “difusamente lagmática”, urna vez que impende 0- sobre o Estado vários deveres, tais O como, o dever de criar condições que permitam uma livre participa­ção dos cidadãos na vida pública, o te dever de respeitar os mais elemen­io tares direitos dos cidadão, maxime direito a vida, o dever de criar tio um ambiente propicio a efectivação dos direitos económicas, so­ciais e culturais dos cidadãos, no­meadamente, direito a saúde, a IS- educação, a habitação condigna, !ia a realização cultural, ao mínimo de existência, entre outros. Do acima se exposto, não resulta a classificação se da relação jurídico obrigacional do imposto como negócio jurídico bi­lateral “próprio sensu”, sendo que o Estado, enquanto credor do va­lor do imposto, não se encontra­se adstrito a prestações individuais ou concretas a favor de um cida­dão em particular, mas vincula-se a uma conduta activa em que a palavra de ordem é o “ dever geral de boa governação”, das necessidades da colectividade.

Cumpre, ainda, referir que a cidadania fiscal subverte a lógica geral do conceito de cidadania, normalmente assente na “nacionalidade” corno elemento de conexão. No que respeita a cidadania fiscal, o elemento de conexão relevante tem sido a “residência”. Assim, a li residência enquanto elemento de ti conexão cariz económico constitui o factor decisivo em sede da cidadania fiscal. Importa sublinhar t que os estrangeiros não possuem (cidadania plena no que respeita a (cidadania dos direitos] Nos tempos que correm, a cidadania fiscal é uma realidade em franca ascensão, sendo que são cada] vez mais evidentes os esforços de austeridade por parte dos Estados, ao imporem cada vez mais sacrifícios aos cidadãos, com vista a con­solidação das contas públicas e eli­ minação ou atenuação do défice orçamental que teima em perma­necer nas contas dos Estados, tal­vez por erros de perspectivas nas políticas públicas adoptadas. 3 – Alguns dados da receita (fiscais) e da despesa inscri­tas no oge. Para ilustrar, importa fazer refe­rência a alguns dados da receita (fiscal) e despensa inscrita no Orça­mento Geral do Estado (OGE) cor­rente, para inferir a correlação entre quem contribui, pagando o seu imposto e quem beneficia do im­posto pago, e nalguns casos mesmo sem ter contribuído, ou seja sem ter exercido a sua cidadania fiscal. Ora veja­mos, no que respeita as receitas correntes, um aspecto que salta a vis­ta, ao menos do leitor avisado, prende-se na rubrica “Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares” cujo total da recei­ta compreende KZ 109.879.239.042,00, perfazendo o total 2,63% do valor das receitas cor­rentes. Nesta rubrica, ve­rificamos que o valor pago a titulo de imposto pelos trabalhadores por conta de outrem (kz 100.220.346.667,00), talvez por ser com base na retenção fonte realizada pelo empregador, é manifestamento superior ao que é pago pelos trabalhadores por conta própria (Kz 3.}70.725.931,oo). Este quadro demonstra bem os ní­veis de evasão fiscal que se veri­fica neste domínio, onde se en­contra uma classe (Advogados, Médicos, Engenheiros, Arquitec­tos, etc), diga-se de passagem, que auferem rendimentos cada vez mais elevados. Não deixa de ser in­teressante verificar que o foi ins­crito no OGE, a título de receita do Imposto Predial Urbano, ape­nas Kz 3.706.871.582,00. Acredi­ tamos tratar-se de valores insigni­ficantes, tendo em consideração o potencial urbanístico da cidade de Luanda, em especial, e do País em geral. Basta olharmos para os avul­tados rendimentos percebidos, a cidadania e ver fundamental de título de renda, pelos proprietá­rios de imóveis localizados no ve­tusto casco urbano de Luanda, na urbanização do Talatona, na zona litoral do Benfica, sem descurar os imóveis localizados em outras zo­nas do Pais. Com vista a mitigação da “brecha fiscal” no que respeita ao Imposto Predial Urbano, uma das medidas do Projecto Executi­vo para Reforma Fiscal (PERT) foi

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 43 a de aprovar alterações ao respec­tivo Código, introduzindo o eficaz mecanismo da “retenção na fonte”, quando, em caso de imóveis arren­dados, o arrendatário seja uma pessoa colectiva ou singular que possua contabilidade organizada. Por outro, no que respeita as des­pesas apenas gostaria de referir as elevadas despesas com o pessoal, onde a despesa com o “vencimen­to e remuneração permanente do pessoal civil” situa-se na ordem dos Kz 437.804.028.913,00, per­fazendo um total de 10% da des­pesa corrente. No que respeita a despesa de “vencimento e remune­ração permanente do pessoal mili­tar e paramilitar” temos valores na ordem dos Kz 198.689.092.452,00 e Kz 206.880.958.005,00 respec­ tivamente, sendo que as duas ru­ bricas constituem 10% do total das despesas correntes. Não é despi­ ciendo lembrar que a luz do Códi­go de Imposto sobre o Rendimento de Trabalho, os militares e polí­cias encontram-se isentos do pa­gamento do daquele imposto, uma isenção que pode mesmo não estar alinhada (lean) a ideia de “solida­riedade” subjacente ao conceito de cidadania fiscal, sem sobre pesar a racionalidade que informou esta opção legislativa. Para concluir, cumpre referir que a trave mestre do conceito de ci­dadania fiscal traduz-se no “dever fundamental de pagar imposto”, sendo que o cumprimento deste dever permite aos cidadãos o ple­no exercício dos seus direitos, bem como confere ao Estado meios fi­nanceiros para efectivação dos di­ reitos económicos, sociais e cultu­rais dos cidadãos (saúde, educação e e realização cultural), na base da­quilo a que Jean-Jacques Rousse­au convencionou designar por Contrato Social.

4.4 Munícipes voltam a receber cinco milhões de dólares Semanário Factual De 15 a 22 de Outubro de 2011

O Executivo, no quadro da Polí­tica de Descen­tralização Financeira, está a transferir, directamente, verbas para as adminis­trações municipais, num montante de cinco mil­hões de dólares por ano, com o objectivo de re­solver os principais prob­lemas que afligem os munícipes. Com a aplicação desta medida, os municípios passam a gerir, directa­mente, os projectos para a construção de escolas, centros de saúde, estradas, sistemas de abastecimento de água potável e outras infra-estruturas económi­cas e sociais para o bem­estar da população. Cabe a tarefa de assu­mir as preocupações que ultrapassam às competên­cias dos administradores municipais e dar respostas céleres aos problemas. O processo de descen­ tralização administrativa, que concorre para a efecti­vação das autarquias lo­cais, vai

potenciar o desen­volvimento do País e o diálogo entre as estruturas do Estado. A descentralização administrativa, por se tratar de um poder mais próximo das populações, vai potenciar, igualmente, uma maior participação e responsabilização dos cidadãos na resolução dos problemas e no desen­ volvimento local, reforçando a democracia. Os municípios estão a desempenhar papel importante na reorganiza­ ção da população, dando respostas às várias necessi­ dades, designadamente de saneamento básico, ener­gia eléctrica, abastecimen­to de água potável e cri­ação de infra-estruturas económicas.

4.5 Orçamento do Estado 2012 com menos de 800 mil milhões de KZ Jorna expansão 21 de Outubro de 2011

O Orçamento Geral do Estado (OGE) para o próximo ano deve­rá sofrer um corte na despesa e nas receitas superior a 500 mil milhões Kz (aproximadamente 5 mil milhões USD), face ao OGE inicial deste ano. Previsões preliminares avan­ çadas pelo Presidente da Repú­blica, por altura do discurso so­bre o estado da Nação, indicam que o OGE de 2012 prevê despe­sas e receitas de 3,5 biliões Kz (aproximadamente 35 mil mi­lhões USD), menos 500 mil mi­lhões Kz face ao OGE inicial de 2011, aprovado nos finais do ano passado. Se comparado, entre­tanto, ao OGE revisto de 2011, que, em Junho passado, benefi­ ciou de um acréscimo na despe­sa e na receita de mais de 300 mil milhões Kz, o Orçamento pre­visto de 2012 fica com menos 800 mil milhões Kz (8 mil milhões USD). Sobre o Produto Interno Bru­ to (PIE), o Executivo estima um crescimento de 12%, no próximo ano, contra 3,7% calculados para este ano, segundo José Eduardo dos Santos. Entretanto, a elaboração do OGE em referência ainda não foi concluída pelo Executivo, pelo que os números que o Chefe de Estado avançou reflectem o “po­tencial” que Angola apresenta, não sendo, por isso, ainda dados definitivos. O OGE 2012, avan­ çou o Presidente da República, prevê um “défice zero”. O petróleo, que responde por mais de 80% das exportações do País, continuará a, ser o sector que mais contribui com receitas no OGE. Para o próximo ano, projecta-se um crescimento de 3% para o sector petrolífero, “en­quanto o não-petrolífero cresce-rá 12,5%. Apesar de prever uma taxa de inflação de menos de 12%, meta estabelecida pelo Governo, Eduardo dos Santos

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 44 considera ainda ser este dos maiores desa­fios que Angola enfrenta, “não apenas do Governo, mas de to­dos”. De notar que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) re­ferente ao mês de Setembro re­gistou a queda da inflação para 11,91% e, pela tendência regista­da no período homólogo do ano passado, quando o País não ob­servou os “disparos dos preços” com características anteriores, Angola pode muito bem atingir a meta dos 12%. Na retrospectiva traçada pelo chefe do Executivo, a inflação tem registado “anos de descida sustentada”, com os dados a apontarem marcos de uma taxa de inflação de 6% em 2008, atin­gindo depois 13,7%, crescendo novamente para 14,7%, em201O. “Estima-se que em 2011 a in­flação fique abaixo dos 12% pro­jectados no Orçamento Geral do Estado, uma vez que a variação acumulada de Janeiro até Agos­to deste ano se cifra em apenas 6,86%, contra 8,4% em período igual de 2010”, disse José Eduar­do dos Santos. O Presidente apontou suces­sos alcançados na execução das políticas macroeconómicas, que permitiram o crescimento das Reservas Internacionais Líqui­da, que atingiram 23,3 mil mi­lhões USD em Agosto, num cres­ cimento de 2,8% em relação ao mês anterior, quando estas se ci­fraram nos 22,6 mil milhões USD. A dívida pública global do País, fez saber o Presidente, “conti­nua dentro dos coeficientes de segurança internacionalmente aceites, quer quanto ao seu volu­me e custos, quer no tocante ao seu perfil de vencimentos”, po­rém, sem mencionar o valor da mesma. Falando sobre particularida­des dos OGE anteriores e em curso, Santos realçou incremen­tos na despesa do sector social, que passou dos 12,7%, em 2009, para 34,3%, em 2010, e aproxi­madamente o mesmo valor para 2011, “condição conseguida, em parte, graças à reestruturação da dívida titulada de curto prazo, levada a efeito nos últimos dois anos”. “O baixo custo do endivida­mento externo, combinado com a recuperação dos preços de ex­portação do petróleo, reflectiu­-se na melhoria do saldo das Transacções Correntes da Ba­ lança de Pagamentos”, disse Jo­ sé Eduardo dos Santos. O petró­leo, que responde por mais de 80% das exportações do País, continuará a ser o sector que mais contribui com receitas no OGE. Dos grandes projectos gera­dores de receitas, o líder do Go­verno destacou os do sector de geologia e minas, que registou um crescimento médio anual de 11,8%, de 2008 a 2011, numa taxa média anual de produção de dia­mantes na ordem dos 2,5%, con­substanciada no aumento da produção de quartzo e de mate­riais de construção de origem mineira, como areia, burgau e brita. José Eduardo dos Santos anunciou a retoma da explora­

ção do ferro e manganês nas mi­nas de Kassinga, na província da Huíla, onde, no projecto de par­ceria público-privada, se contou com um investimento inicial de cerca de 400 milhões USD, “que ascenderá acima de 2 mil mi­lhões USD, nos próximos anos”. O País, adiantou o líder da Na­ção, pretende, em 2012, desen­volver outras tantas acções de apoio financeiro ao empresaria ­do nacional, mediante facilida­des na concessão de créditos­ajuda “àquelas pessoas que já estão no terreno a realizar diver­sas actividades económicas de pequena dimensão”. O Governo quer que sejam os empresários nacionais a contro­lar as finanças e a economia do País, quando o Estado retirar a sua presença no mercado, em função das normas económicas.

4.6 Sobre o Orçamento 2012 Jornal Expansão 21 de Outubro de 2011

Os cálculos preliminares do Executivo sobre o Orçamento Geral do Estado para 2012 revelam um corte de 500 mil milhões Kz, face ao Orçamento deste ano aprovado em fi­nais de 2010. Todavia, se a comparação do Orçamento anunciado pelo Presidente da República for aproximada ao OGE de 2011 revisto em Junho último, na Assembleia Nacional, esta diferença cresce para acima dos 800 mil milhões Kz, a desfavor de 2012. Ora, o que dizem esses nú­meros? Uma das leituras possíveis sugere, em certa medi­da, alguma contradição entre a despesa anunciada e a ex­pectativa em torno do que será necessário gastar, face às realizações que se esperam no próximo ano. O Presidente reafirmou que 2012 será ano de eleições, pelo que não só se projectam despesas inerentes à própria logística elei­toral, mas, também algum gasto que gere mais obras e re­sultados. E a praxe do período eleitoral em qualquer parte, não será diferente desta vez e não o será cá em Angola. Outra contra­dição possível é o apa­rente conservadorismo do Executivo, em termos de previsão orçamental, face às condições macroeconómicas internas que se anunciam para o próximo ano. Em termos comparativos, o OGE de 2011 não só sucedeu a um exercício orçamental largamente influenciado pela crise, como foi projectado com base em cenários macroeconómicos menos favorá­ veis, face aos que se colocam para 2012. De resto, foi do Presidente que se ouviu a projecção de crescimento do PIB de 12%, em 2012, contra os 3,7% deste ano, assim como uma previsão melhorada dos níveis de inflação para abaixo dos 12%, cifra que vem sendo perseguida para este, ano e que, segundo algumas análises não oficiais, não deve ser conseguida.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 45 Aqui chegados, e tendo por base que o actual contexto de reconstrução obriga a um grande sistemático em termos de investimentos públicos, sobretudo quando o compor­tamento do PIB e dos restantes agregados macroeconómi­cos assim o permite, mais uma pergunta se coloca. O que estará, afinal, na base desta significativa diferença previs­ta entre o OGE de 2011 e o de 2012? O discurso do Presi­dente não respondeu a esta questão, pelo que será neces­sário aguardarmos pela fundamentação do documento ou pelas explicações do ministro das Finanças. Ou então, como antecipou o Presidente, os 3,5 biliões anunciados são mesmo muito preliminares.

4.7 OGE atribui maiores recursos aos projectos sociais Jornal de Angola 22 de Outubro de 2011

O Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2012, apreciado on­tem pelo Conselho de Ministros, dedica uma parte considerável dos recursos disponíveis à me­lhoria das condições de vida das populações, à estabilidade à segurança nacional, ao desen­volvimento socio-económico, ao aumento do emprego e dos ren­dimentos dos cidadãos e das empresas públicas e privadas. O documento programático pa­ra o exercício económico do pró­ximo ano, apreciado ontem pelo Conselho de Ministros, deve ser remetido à Assembleia Nacional. No que concerne às normas relati­vas à sua execução, o OGE para 2012 reafirma o compromisso do Estado com as boas práticas de gestão fiscal, de maneira a se assegurar a estabilidade, e o crescimen­to sustentável da economia. De acordo com comunicado da 2a Sessão extraordinária do Con­selho de Ministros, prevê-se um aumento significativo na taxa de crescimento real da economia, saindo dos 3,4 por cento em 20 11, para 12,8 por cento em 2012, en­quanto a meta de inflação é esti­mada em dez por cento. O principal instrumento de ges­tão do Estado prognostica igual­mente um aumento substancial das receitas do sector não petrolífero de 7,5 por cento em 20 11 para 12,5 por cento em 20 12. Está ainda pre­visto um incremento das verbas destinadas ao sector social, tendo em conta o compromisso do Executivo em continuar a melhorar as condições de vida das populações. A reunião, orientada pelo Presi­dente da República, José Eduardo dos Santos, aprovou ainda o Pro­ grama de Fomento das Micro, Pe­quenas e Médias Empresas, com o objectivo de dar apoio directo aos milhões de cidadãos, empregado­res e empregados que desenvol­vem os seus pequenos negócios, integrando-os gradualmente na economia formal, facilitando o seu acesso ao crédito e

a acções de formação, ajudando na aquisição de equipamento, instalações e ma­téria-prima para os diversos pro­cessos produtivos. A execução do referido progra­ma vai igualmente contribuir para a diversificação da economia, o au­mento da produção interna e da oferta de bens essenciais, a redução, das as simetrias regionais, o fomen­to do emprego e o combate à fome e à pobreza. Instituto apoia micro-empresas Como instrumento da Adminis­tração do Estado para a materiali­zação do referido programa, (, Con­selho de Ministros reajustou a de­nominação e o objecto social do INAPEM (Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Em­presas), passando a denominar-se Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas. Ao referido órgão vai competir a criação das estratégias nos domí­nios da capacitação e do financia­mento das micro, pequenas e mé­dias empresas. Ainda neste âmbito, foi aprecia­do o Projecto de Decreto Presiden­cial que aprova o Estatuto Orgâni­co do Instituto de Fomento Empre­sarial, entidade que tem como fina­ lidade implementar as políticas e as estratégia & de fomento empresarial e promover o desenvolvimento da actividade das empresas em todos os sectores da economia angolana. Reforma tributária No quadro da reforma tributá­ ria, o Conselho de Ministros apre­ciou as propostas de Lei que apro­vam o Código Geral Tributário, o Código do Processo Tributário e o Código das Execuções Fiscais, adaptando-os à legislação em vigor e à nova realidade económica e social do País. Pretende-se, com isso, instituir um sistema fiscal mais justo e efi­caz, que assegure ao mesmo tempo uma maior equidade na distribui­ção da riqueza nacional. No domínio das iniciativas do Executivo para a resolução do pro­blema do défice habitacional no país, o Conselho de Ministros apre­ciou um Projecto de Decreto Presi­dencial que cria a central idade de Cacuaco e estabelece o seu regime foral, bem corrio outros diplomas que regulamentam a organização, o funcionamento e o plano de urbani­zação da referida localidade. No domínio do ordenamento do território, o Conselho de Ministros apreciou uma Proposta de Lei sobre a Organização Territorial, diploma que estabelece as bases da organi­zação territorial, bem como a estru­turação, a designação e o modo de progressão das unidades urbanas e dos aglomerados populacionais. O Conselho

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 46 de Ministros apreciou igualmente os projectos de Decre­ tos Presidenciais que aprovam os Estatutos Orgânicos da Província de Luanda, da Administração Mu­nicipal de Luanda e dos demais municípios e ainda o regulamento das taxas, licenças e outras recei­tas municipais. Terminais marítimos Na perspectiva de descongestio­nar o tráfego automóvel e facilitar o transporte rápido dos cidadãos na província de Luanda, o Conselho de Ministros aprovou igualmente os contratos para a construção de terminais marítimos no Museu da Escravatura, em Macoco, no Mussulo, no Benfica, na Chicala e no Porto de Luanda. Com a finalidade de continuar a melhorar as condições em que se realiza o transporte aéreo, de passageiros e de carga no interior do país, o Conselho de Ministros aprovou os contratos para a cons­trução ças aerogares do Soyo, na província do Zaire, do Dundo, na LundaNorte, do Saurimo, na Lunda-Sul e do Luena, na provín­cia do Moxico. Foi ainda aprovada a aquisição de autocarros mistos para o trans­porte intermunicipal, viaturas para táxis, camionetas, carrinhas, viaturas oficinas e motorizadas, com vista a aumentar a oferta de trans­portes colectivos à população. No domínio das relações exte­ riores, o Conselho de Ministros apreciou os Projectos de Decretos Presidenciais que aprovam o Pro­tocolo Bilateral entre o Executivo e o Governo português sobre a facili­tação “de vistos, e o Protocolo de Cooperação nas Áreas de Formação Diplomática e de Intercâmbio de Informação e Documentação entre Angola e Portugal. O Conselho de Ministros to­ mou conhecimento dos resulta­dos do Prémio Nacional de Cultu­raeArtes2011.

4.8 Défice orçamental fora de questão Jornal de Economia e Finanças 25 de Outubro de 2011

Com um valor estimado em cerca de 3,5 triliões de kwanzas, como previsão de receitas e despesas, o Orçamento Geral do Estado (OGE) para o próxi­mo ano garante a concretiza­ção de todas as metas previs­tas, sem que se coloque como preocupação a ocorrência de um eventual défice orçamen­tal. Dito de outro modo, não existe risco de o país gastar mais do que aquilo que tem previsto como receita. Estas garantias foram avan­çadas, na semana passada, pelo Chefe do Executivo, du­rante o discurso sobre o esta­do da Nação, que marcou a abertura do ano 1egislativo do Parlamento nacional.

O Presidente José Eduar­do dos Santos não deixou de referir-se à galopante subida das reservas internacionais líquidas do país, pois estas estão na base da garantia de uma execução controlada, sem impacto das ondas tur­ bulentas que se abatem sobre as economias mundiais e já afectam todos os mercados. Conforme lembrou o Esta­dista, dos 12,6 mil milhões de dólares que transitaram para 2010, foi possível apurar, no final deste mesmo ano, uma soma aproximada aos 17,5 mil milhões de dólares. Já no primeiro semestre deste ano, as reservas do país foram es­timadas em 21,4 mil milhões de dólares, num aumento de mais de 23,6 por cento. O fei­to garante largos períodos de importação, sem dependência de ajudas externas, num cená­rio de crise generalizada. Contudo; a subida do de­sempenho do sector não-mi­ nera1 da economia continua a servir de factor motivador aos decisores do país, uma vez que permite prever com maior liberdade o futuro ante a descida nos mercados do petróleo, o principal produto de exportação do país. Alias, deste modo, cumpre-se tam­bém a intenção do Executivo angolano que é promover a inserção competitiva do país na economia mundial, garan­tindo assim uma posição de destaque na Africa subsidiara (conforme consta dos sete pilares principais que norteiam a acção do Executi­vo, apresentado pelo Chefe de Estado). Aceleração nos programas Como uma lufada de ar fres­co, o processo de pagamento dos atrasados internos le­vado a cabo pelo Executivo, junto dos operadores locais, tem servido para estimular a participação dos agentes privados nos ingentes desa­fios que a economia nacional apresenta. Com a necessida­de de melhoria da oferta no plano habitacional, onde só o operador público leva a cabo a construção de cerca de 210 mil casas sociais em todo o país, além de outras tantas que estão sob a iniciativa de operadores privados, os pla­nos e programas de governa­ção indicam para uma ple­na satisfação das principais necessidades da população até 2025, embora com acções cada vez mais visíveis já en­tre 2012 e 2013. “No âmbito do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, o Estado, o sector privado e as cooperativas es­tão a levar a cabo em todas as capitais de província e em 127 sedes municipais programas e projectos de construção de infra-estruturas urbanísticas, num total de 350.091 fogos de diferentes tipologias, dos quais 210.024 da responsabi­lidade do Estado. A popula­ção a alojar está estimada em 2 milhões, 100 mil 546 habi­ tantes”, referiu.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 47 Luanda, a capital do país, vai encabeçar o projecto mo­delo de um país que quer mu­dar para melhor. A renovação completa da sua imagem é a prioridade, pelo que a repa­ração de passeios, recelagem das vias rodoviárias, melho­ria da iluminação pública e da sinalização e a conclusão célere dos parques de esta­cionamento previstos, com vista a melhorar a circulação, dominarão o programa a im­plementar. Agricultura e indústria Na visão do Executivo ango­ lano, a agricultura continua­ rá a servir de base para o de­ senvolvimento e a indústria o factor decisivo. Assim, o seu empenho vira-se na ga­rantia de melhores alimen­tos às populações em todo o território nacional e isto com a participação sobretudo do sector familiar. Nota, neste particular, para os mais de 47 milhões de dó­lares concedidos em crédito aos agricultores, no âmbito da campanha “Crédito Agrícola”, que tem financiamento do Banco de Desenvolvimento de Angola (BOA) e participa­ção dos bancos de Poupança e Crédito (BPC), Comércio e In­dústria (BCI), Sol e BAI Micro Finanças (BMF). “Os camponeses conside­ram o crédito um instrumento que poderá ajudá-los na luta contra a pobreza e conside­ ram a taxa de juros de 5 por cento e o prazo de reembolso compatíveis com a actividade agro-pecuária e com as neces­sidades da actividade finan­ceira”, lembrou. o futuro do turismo. O sector do turismo represen­ta as excelentes perspectivas que o futuro reserva à eco­nomia angolana. Face à sua grande capacidade de gerar emprego e captar recursos fi­nanceiros, os planos do país indicam que maior atenção deverá ser dada a este seg­mento, pois, pela sua evo­lução, este deverá, cada vez mais, posicionar-se no quadro dos sectores que mais contri­buem para a estruturação do Produto Interno Bruto (PIB). O Plano Director concebido, e recentemente aprovado, é um bom indicador da importân­cia deste sector. Um dos reflexos da forte confiança que os operado­res turísticos têm para com a economia está no facto de estes, continuamente, investirem na criação de infra-es­ truturas hoteleiras e simila­res; Por esta razão, em 2010, registou-se um crescimento de 16,1 por cento na chegada de turistas, a oferta hoteleira cresceu para 136 unidades, com uma taxa média de ocu­pação de 89 por cento, e os Investimentos estimados no sector elevaram-se ao equi­ valente a mais de mil mi­lhões de dólares. Todos estes números con­tribuíram para a aprovação, pelo Executivo, do projecto que fez surgir três novos pó­los de desenvolvimento tu­rístico, que complementarão o Pólo de Desenvolvimento Turístico do Futungo de Be­las, concretamente os pólos de Desenvolvimento

Tunstico de Calandula, de Cabo Ledo e da Bacia do Okavango. Transportes A reabilitação de 6.500 quiló­ metros de estradas, a remode­lação dos caminhos-de-ferro, cuja previsão de conclusão está para 2013, e do Porto do Lobito alinham ainda as gran­ des obras desenvolvidas no sector dos transportes logísticas e infra-estruturas. A par destas realizações, foram recuperados e, total­ mente, modernizados os aeroportos de Cabinda, Catumbela, Benguela, Malanje, Ondjiva, Lubango e Huambo e encontra-se pronto para ser inaugurado o aeroporto Carianga, em Ndalatando. Nos próximos dias, serão lança ­aos os concursos de emprei­tada dos aeroportos do Soyo, Dundo, Saurimo e Luena. O novo aeroporto internacional de Luanda fica para 2012 (no caso a primeira fase) e terá ca­pacidade para 15 milhões de passageiros por ano.

4.9 Orçamento Geral do Estado foi entregue no Parlamento Jornal de Angola 26 de Outubro de 2011

O Executivo entregou ontem, na Assembleia Nacional, a pro­posta do Orçamento Geral do Es­tado para 2012, para a discussão na generalidade no próximo mês de Novembro. Com despesas e receitas esti­madas em 4,42 triliões de kwanzas, o documento chegou às mãos do Presidente da Assembleia Na­cional, António Paulo Kassoma, através do Secretário de Estado do Orçamento, Alcides Sàfeca. O documento, que vai servir de suporte para a aplicação do Plano Nacional e do Programa de Inves­timentos Públicos para 2012, pre­vê um crescimento nominal de cerca de dez por cento, em relação ao orçamento anterior, para o sec­tor da Saúde, que obteve 5,21 por cento, e a Educação com 8,5 por cento. O orçamento para o sector social subiu para 33,3 por cento. O ministro dos Assuntos Parla­mentares, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, disse que de­pois da entrega formal do docu­mento, o Executivo vai, no próxi­mo dia 15 de Novembro, apresen­tar o Orçamento Geral do Estado para a apreciação na generalidade e na especialidade. Kwata Kanawa garantiu que até 15 de Dezembro, o Parlamento vai aprovar o Orçamento para o exer­cício económico de 2012. O presi­ dente da Comissão de Economia e Finanças, Diógenes de Oliveira, disse que a

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 48 Assembleia Nacional recebeu em tempo útil a proposta do Orçamento Geral do Estado. O deputado referiu que depois da apresentação pelo Executivo, a Assembleia Nacional vai reunir com os parceiros sociais para auscultar as suas preocupações. “No período que vai de 15 de Novem­bro até à data da sua aprovação, em Dezembro, teremos de traba­lhar nas comissões permanentes da Assembleia Nacional e com os membros do Executivo para a aprovação do documento”, disse.

4.10 Emprego aumenta no próximo ano Jornal de Angola 28 de Outubro de 2011

O Executivo estabeleceu medi­das no Orçamento Geral do Es­tado (OGE) para aumentar os postos de trabalho, o rendimen­to dos cidadãos, das empresas e consolidar as reformas do Esta­do. Os investimentos públicos apontam prioritariamente para a criação de empregos. Estas medidas constam de um me­morando sobre as linhas gerais do OGE, que esteve em avaliação on­tem na reunião do Conselho Nacio­ nal de Concertação Social (CNCS). Num comunicado de imprensa tor­nado público no final do encontro, são definidos os objectivos, priori­dades e as metas traçadas pelo Exe­cutivo, visando alcançar a estabili­dade macroeconómica. O memorando apresenta as princi­pais políticas macroeconómicas nos domínios do emprego, rendimentos e preços, finanças públicas, políticas monetária, cambial e para o sector social, que prevê um aumento de re­cursos financeiros significativos. Os membros do Conselho Na­cional de Concertação Social apro­varam ainda os regulamentos das comissões especializadas para os assuntos relacionados com os sec­ tores da saúde, educação, ensino, e sector produtivo, que visam regu­lar o modo de organização e fun­cionamento das comissões. Os parceiros sociais reconhecem o esforço do Executivo na solução dos problemas da população, relativos à prestação de serviços básicos de saúde e à criação de condições para a melhoria da qualidade do ensino. No domínio da saúde, o Conselho Na­cional de Concertação Social intei­rou-se do grau de aplicação do novo regime jurídico da carreira de enfer­magem, diploma legal que define o perfil, as funções e as actividades de cada categoria destes profissionais. O novo diploma legal suprime al­guns escalões e permite maior flexi­bilidade e mobilidade dentro da car­reira, com o objectivo de motivar os profissionais no exercício das

suas actividades, em prol de uma melhor prestação nas diferentes unidades sanitárias. No quadro do processo de actualização das categorias dos docentes, iniciado em 2008, o Con­selho também analisou um memo­rando que reflecte a situação do en­quadramento dos professores em efectivo serviço, nas respectivas ca­tegorias, em função da formação académica e técnico-profissional. As últimas alterações ao processo de actualização da classe da docência tiveram lugar este mês de Outubro, cuja conclusão está prevista para 2012. No encontro, participaram re­ presentantes da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos Confede­ ração Sindical (UNTA~CS), Sindica­tos Independentes e Livres (CGSI­ LA), da Associação Industrial de An­gola (AIA) e da Câmara do Comércio e Indústria (CCIA). O Conselho Nacional de Concertação Social (CNCS) foi criado em Despacho Presidencial e é um órgão especiali­zado de auscultação e concertação do Poder Executivo, com a finalidade de ponderar e divulgar as medidas de política económica e social do Exe­cutivo e promover o diálogo e a con­certação com os parceiros sociais. Parceiros O presidente da UNTA Confe­deração Sindical afirmou, ontem, aos jornalistas, após uma reunião do Conselho Nacional de Concer­tação Social, que no novo regime legal da carreira de enfermagem os salários devem ter poucas altera­ções. Manuel Viagem referiu que “podem surgir alterações nominais nos salários base, encurtando-se a diferença entre os escalões”. No anterior regime, recordou, os escalões iam de I a 6 e no actual vão até 3, dando melhor enquadra­mento aos técnicos na estrutura de carreira e uma elevação nominal dos salários de base. Entre as acções que o Executivo preconiza para o próximo ano, pre­ sidente da UNTA-Confederação Sindical salientou os investimentos públicos que vão criar mais empregos e o aumento de acções para a manutenção e elevação do poder de compra. Associação Industrial O presidente da Associação In­dustrial Angolana (AIA) enalteceu a aplicação prática da Lei das mi­cro, pequenas e médias empresas. José Severino, que elogiou o pa­pel das empresas angolanas, desva­lorizou as campanhas que preten­dem criar a imagem de incompe­tência dos empresários nacionais e disse que elas encobrem “interes­ses obscuros”. O presidente da Associação In­dustrial Angolana afirmou esperar que, no próximo ano, Angola tenha um crescimento económico acima dos dois dígitos para recuperar o atraso e que país precisa competir na região com a grande potência económica, que é a Africa do Sul.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 49

4.11 Orçamento Geral do Estado 2012 Jornal de Angolense 29 de Outubro de 2011

No que diz respeito ao Orçamen­to Geral do Estado (OGE 2012), segundo o Presidente, prevê receitas e despesas na ordem dos 3,5 triliões de kwanzas, sem défice. “A título de projecção, uma vez que o seu exercício ainda não está concluído, o Orçamento Geral do Estado para­2012 indica um potencial de receitas e despesas aproxima­ das a 3,5 triliões de kwanzas, sem défice”, disse. O mais alto magistrado da nação esclareceu que, as projecções indicam igualmente uma taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto de 12 porcento, sendo 13,4 porcento do sector petrolífero e 12,5 porcento do sector não petrolífero, com uma taxa de inflação na ordem dos 10 porcento. Relativamente ao cumprimento das suas obrigações para com os credores, referiu que a Dívida Pública Global continua dentro dos coeficientes de segurança internacionalmente aceites, quer quanto ao seu volume e custos, quer no tocante ao seu perfil de vencimentos. Segundo José Eduardo dos San­tos, o baixo custo do endivida­mento externo, combinado com a recuperação dos preços de exportação do petróleo, reflectiu-­se na melhoria do saldo das Transacções Correntes da Ba­lanço de Pagamentos, que evo­luiu de um défice de 7 mil e 572 milhões em 2009 para um défice de apenas 348 milhões em 2010. Salientou, igualmente que, Angola continua a receber da co­munidade internacional o reconhecimento da sua crescente so­lidez macroeconómica, certifica­da nos relatórios emitidos em 2010 pelo Fundo Monetário In­ternacional e pelas três princi­pais agências internacionais de classificação do risco de dívidas soberanas, sublinhando que, o dinamismo crescente dos se­ctores da construção, agricultu­ra, indústria e serviços eviden­ ciou a participação crescente do sector não petrolífero no Produto Interno Bruto, com um cresci­mento de 8,3 porcento em 2009 e 7,8 porcento em 2010, enquan­to o sector petrolífero se contraía (respectivamente -5,1 e -3,0 por­cento), devido à forte redução do preço do petróleo em 2009 e à redução do volume produzido em 2010. Em relação ao presente ano, dis­se que se estima um crescimen­to do Produto Interno Bruto na ordem dos 3,7 porcento, abaixo do previsto no Orçamento Geral do Estado inicial, por causa da redução da produção petrolífera pela empresa BP, por razões téc­nicas. O responsável afirmou que, esta redução foi compensada em par­te pelo aumento do preço médio anual do barril de petróleo bruto e por um crescimento mais acel­ erado do sector não petrolífero, devido ao efeito decisivo do Programa de Investimentos Públicos, pois tais

investimentos foram acompanhados pela ele­vação do nível da despesa do Sector Social no Orçamento Geral do Estado, que passou dos 12,7 porcento em 2009 para 34,3 porcento em 2010, condição conseguida, em parte, graças à reestruturação da dívi­da titulada de curto prazo levada a efeito nos últimos dois anos. O Presidente que não deixou de destacar o programa de reabilita­ção das vias estruturantes de Luanda que deverá entregar à população grande parte das obras ainda em 2011, garantiu que até 2012 ficam concluídas a reabilitação das barragens do Gove, Mabubas, Lomaum e Cambambe, que vão adicionar 295,6 megawatts ao sistema energético do país, adiantando que, este trabalho destina-se a superar o desafio de reduzir a zero o défice de energia eléctrica no país. O Presidente, anunciou, igual­mente, que serão também insta­ladas centrais térmicas de ge­ração de energia em 2011 e 2012 em Cabinda, Luanda, Dundo, Lubango, Namibe, Menonque, Ondjiva, Huambo e Ben­guela. De promessas não ficou por aí. Anunciou também que “neste momento estão em curso os tra­balhos de reabilitação e expan­são da rede de distribuição de energia eléctrica em Cabinda, Saurimo, Dundo, Caxito, Sumbe, Porto Amboim, Huambo, Caála, Lubango, Namibe e Tômbwa”, para além de projectos es­truturantes que vão ser imple­mentados no Soyo, Cambambe, Laúca, Caculo Cabaça, e Keve/­Ebo até ao ano de 2016. Segundo disse, a materialização destes projectos vão gerar uma potência de cinco mil megawats, num investimento de oito biliões de dólares para a produção e de cerca de nove biliões para o sis­tema de transporte e distribuição de energia. Com efeito, admitiu, se o subpro­grama do Executivo para o se­ctor da Energia for integralmente cumprido, o abastecimento de energia eléctrica vai melhorar significativamente em 2013 e, a partir de 2017, os principais problemas estarão praticamente resolvidos.

4.12 Administrações municipais apresentaram os relatórios Jornal de Angola 29 de Outubro de 2011

As comissões de trabalho das administrações municipais do Dande, província do Bengo, e Cacuaco, em Luanda, apresentaram on­tem os relatórios de trabalho dás duas circunscrições, no âmbito da lei de alteração políticoadmi­nistrativa, aprovada pela Assem­bleia Nacional. Os administradores municipais de Cacuaco, Manuel Cafussa, e do Dande, Manuel Diogo, foram unâ­nimes em afirmar que os relatórios das duas comissões coin-

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 50 cidiram no que diz respeito aos sectores so­cial, económico, industrial, agríco­ la e pesqueiro. As comissões foram criadas para compilar os dados num único relatório a remeter às instân­cias superiores das províncias do Bengo e de Luanda. As comissões de trabalho, lide­radas pelos administradores mu­nicipais adjuntos para as áreas so­cial e política, foram criadas em Julho último. Integraram as mes­mas os responsáveis das reparti­ções da Agricultura, Desenvolvi­mento Rural e Pescas, Técnica, Sa­neamento Básico, Mercados e Fei­ras, Ordenamento do Território, Urbanização e Ambiente e Energia e Águas. Os comandantes municipais da Polícia Nacional das duas re­giões participaram também nos tra­balhos da comissão. Com a nova divisão político-ad­ministrativa, deixam de fazer parte do município de Cacuaco o comple­xo residencial do Panguila e respec­tivo mercado, as localidades do Sarico, Musseque Capari, Ludi I e 2 e a zona agro-pecuária de Muzondo. O território de Cacuaco passa dos 572 quilómetros quadrados para cerca de 381., e fica reduzido de 59 para 52 bairros. A alteração surge na sequência de estudos realizados no âmbito do or­denamento do território, do planea­mento da orla marítima e do desen­volvimento harmonizado do perí­metro Luanda/Bengo. Deste modo, Luanda passa a ser composta pelos municípios de Luanda, Cazenga, Cacuaco, Icolo e Bengo, Viana, Belas e Quissama. A província do Bengo passa a compreender os municípios de Ambriz,. Dande, Bufa­ Atumba, Dembos, Nambuangongo e Pango Aluquém.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 51

5

GOVERNAÇÃO



DESCENTRALIZAÇÃO



E CIDADANIA

5.1 Bornito de Sousa

Jornal Agora 08 de Outubro de 2011

A avaliação do pro­gresso dos programas municipais integrados de desenvolvimento rural e combate à po­breza não se pode re­duzir a uma contabilidade imaginária com números do incon­clusivo Inquérito sobre o Bem-Estar da População. Não existem estudos que determinam o perfil de cada re­gião para o seu desenvolvimento económico e os créditos disponibili­zados ainda priorizam a cor parti­dária. O govemante esqueceu-se que o projecto do comércio rural encalhou no marasmo há mais de um ano e os agricultores e campo­neses reclamam insistentemente, pelo escoamento de produtos. Se­guindo os velhos métodos, o antigo líder da bancada parlamentar do MPLA ainda faz vista grossa aos problemas reais e carência gritante nas zonas urbanas de água potável e energia eléctrica. Os administra­dores não têm espaço de manobra, pois os orçamentos alocados não satisfazem as necessidades básicas. Esqueceu-se ele que a pobreza não se combate com ideias caducas.

5.2 Embargo de obro de magistrado leva administrador do Huambo à cadeia Semanário Angolense 08 de Outubro de 2011

A detenção do adminis­trador municipal do Huambo, José Luís de Melo Marcelino, ocorrida no passado dia 27 de Setembro, na capital do Planal­to Central, terá decorrido de um «excesso de zelo» por parte das autoridades judiciais locais. Fontes convergentes revelaram esta semana ao Semanário Angolense que a detenção do edil mu­nicipal terá sido feita no seu local de trabalho, e não no local onde estava a ser executada a obra ile­gal que tinha sido objecto de em­bargo, conforme foi noticiado. Uma versão que, a confirmar-­se, arreda o argumento segundo o qual a prisão de José Marcelino decorreu em flagrante delito, ou seja, quando este procedia à de­molição da obra em causa.

Tanto a agência de notícias Angop, como o semanário «O País», que divulgaram a notícia de forma lacónica, não fizeram nenhuma alusão ao facto da obra em causa ser pertença de um juiz municipal afecto ao tribunal local e que estava a ser erguida num espaço público. Ou seja, no pa­vilhão multiuso nº 2, erguido no âmbito do Afrobasket em 2007. Não se sabe quais as razões que levaram à omissão do rosto do proprietário da obra. Mas, para que conste, aí vai: trata-se de Or­lando Rodrigues Lucas, um (qua­se) jurista afecto à magistratura judicial, que é ainda estudante (finalista) do curso de Direito. No entanto, é sábio que os magistrados judiciais ou do Mi­nistério Público no exercício ple­no das suas funções estão por lei impedidos de exercerem outras actividades com fins lucrativos, além da docência. Segundo as fontes deste jornal, o administrador municipal terá sido detido na tarde desse dia, a coberto de um mandado de cap­ tura, quando se encontrava no seu local de trabalho. «Tudo aconteceu por volta das 15 horas e 30 minutos, quando o administrador recebeu a or­ dem de prisão no seu local de trabalho, com base num man­dato de captura, no qual consta­va apenas o seu nome e o crime de que era acusado. A voz de prisão foi-lhe ditada por um elemento da Polícia Nacional, com a patente de sargento, que se fazia acompanhar por três indivíduos à paisana, que, en­tretanto, não se identificaram. De seguida, o Eng.º Marceli­no foi posto num carro civil, de marca Getz, de cor preta, e em seguida conduzido direc­tamente à comarca», revelou uma testemunha ao SA, que pediu o anonimato. No Huambo, em alguns círculos, medra a convicção de que a detenção do admi­nistrador municipal terá sido feita no sentido de humilhá-­lo em praça pública, já que o crime pelo qual era acusado dava-lhe a possibilidade de responder judicialmente em liberdade. Crê-se nos mesmos círculos que a detenção e o posterior julgamento do edil munici­pal teriam sido perfeitamente evitáveis, por se tratar de um detentor de um cargo público, com residência fixa e ser uma figura bem referenciada na província. Questiona-se também se o assunto teria tido o mesmo desfecho caso estivessem em jogo interesses de anónimos cidadãos, sobretudo dos desca­ misados, que, amiúde, não têm sido poupados pelo camartelo demolidor das distintas admi­nistrações municipais. Uma leitura que é adensada pelo facto do réu ter sido obri­gado durante o julgamento a usar a farda dos serviços pri­sionais, o que, no entender das fontes deste jornal,

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 52 «contradiz o pressuposto que toda a pessoa é considerada inocente até que se prove a sua culpa», «O crime de que ele ia acu­sado podia ser convertido em multa, pelo que julgo ter exis­tido um excesso de zelo, senão mesmo abuso de autoridade», afirmou um jurista contacta­do a propósito pelo SA, mas que proferiu falar na condi­ção de não ser identificado. Diz ainda a testemunha que não se permitiu sequer que o responsável camarário fizes­se um telefonema antes de ser levado para a prisão, algo que só aconteceu depois de muita insistência da parte do visado. No entender de uni juris­ta contactado em Luanda, o caso pareceu-lhe ter tomado contornos particulares, tendo em conta que não terão sido levados em consideração o facto de o administrador ser o representante de uma pessoa colectiva (o Estado angolano) contendendo com uma pessoa individual (o dono da obra). Nesta base, o Estado não podia deixar de ser ouvido, visto ser, por direito, o proprietário ori­ginário da terra, segundo o nº 8 do artigo 5.° da Lei de Terras. José Marcelino foi condenado a 60 dias de pena suspensa, por alegado cometimento de crime de desobediência às ordens da autoridade pública, previsto e punível nos termos do artigo 188 do Código Penal.

5.3 Makas duma Luanda sem governador Jornal A Capital 15 de Outubro de 2011

O mais interessante e que até o cidadão menos atento questiona, é o facto de mui­tas das poucas actividades que um governador tenha começado, tão logo é exonerado, o seu sucessor, pura e simplesmente as abandona. Só para citar alguns exemplos, ao tempo do ex-governador, Job Castelo Capapinha, a rua Cónego Manuel das Neves fora proposta para ter apenas o sentido, devendo o mesmo aconte­cer com a que lhe é paralela, no caso, a rua Comandante Valódia, com vista a facilitar a circulação da e para a baixa de Luanda. Na mesma altura tinha-se fixado o horário dos caminhões e iniciada a sem aforização de alguns pontos de estrangulamento do trânsito. Não tar­dou, foi exonerado. Sua sucessora no cargo, Francisca do Espírito Santo, mandou parar tudo e voltar à estaca zero, embora, mais tarde viesse a reiniciar a colocação de semáforos. Na era de Francisca do Espírito San­to arrancou o projecto de pintura de prédios um pouco por toda a cidade. A iniciativa; mesmo sem tendo sido posta em prática na altura, remonta ao tempo da Comissão de Gestão de

Lu­anda, dirigida pelo general Higino Lo­pes Carneiro, da qual era coordenador. Executada por Do Espírito Santo, mudou o visual arquitectónico de mui­tos edifícios da capital, contudo, assim que saiu da governação, tudo parou. Ainda na vigência da única mulher que governou Luanda, fora anuncia­ do um concurso público com vis41a se captar o melhor modelo para ilustrar os nomes de lugares e sítios da província. Tanto quanto se sabe, até agora nunca mais foram anun­ciados os resultados do mesmo, em detrimento da toponímia da cidade que continua dispersa. O mais recém-exonerado governador de Luanda, José Maria dos Santos, não deixou, tan­tos projectos assim, em curso. Para atrás ficam os que herdou e as incessan­tes visitas de campo pelos municípios. Mas uma das mais fre­quentes tónicas da sua agenda, no entanto, pare­ceu ser o combate ao lixo, tendo, para os devidos efeitos substituído o ante­rior director da Elisal, Lú­cio Martins, pelo actual, Antas Miguel. Foi este que, ainda no consulado de Zé Maria, apresentou um novo pla­no de deposição e recolha de resíduos, cuja surpre­sa seria o pagamento de uma taxa, pelos cidadãos, acoplada à da EDEL. Quanto a efectivação da intenção, pouco se sabe. O que se sabe, sim, é que, o GPL está há sete meses sem pagar as em­presas de recolha de lixo, I porque, segundo fontes, José Maria dos Santos, en­quanto governador, sem­ pre se mostrou indiferen­ te aos problemas destas empresas, por alegada, pretensão de criar a sua. Verdade ou não, certo é que as empresas em cau­sa estão a enfrentar uma série de dificuldades no exercício das suas actividades, na sequência da não a locação de verbas, pelo GPL, situação que se arrasta há já sete meses, sem vislumbrar uma saída para o seu fim. Informações não confirmadas refe­rem, entretanto, que o Ministério das Finanças já disponibilizou os valores, faz tempo, tendo o antigo governador se mostrado indiferente em solucio­nar o problema. Tudo complicou-se ainda mais, com a recém-exoneração do então governa­dor. Já se fala numa possível paralização das mesmas, o que, a acontecer terá re­percussões catastróficas, pelo volume de resíduos que se produz, agravado com a época chuvosa que se avizinha. Estes são apenas alguns exemplos de, às quantas tem Luanda andado, sem nos esquecermos, por outro lado,

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 53 da já há muito referenciada por vários analistas, “excessiva interferência nos projectos do GPL, por parte do Gover­no Central”. Prova desta situação são as várias co­missões ‘e gabinetes criados pelo Exe­cutivo. Um deles foi o Gabinete para Intervenção na Província de Luanda, co­ordenado por Joaquim António Reis Jú­nior, secretário do Conselho de Minis­tros, e coadjuvado por Manuel Correia Victor, para área económica, Manuel António, para a área social, e por Afonso de Antas Miguel, para a área produtiva. O gabinete tem em vista conduzir de modo coordenado o elevado número de projectos de subordinação ao Go­verno Central, designadamente, nos domínios das infra-estruturas básicas, da requalificação urbana e do ordena­mento rural, harmonizando-os com os programas e projectos de carácter local. Ele deve funcionar tecnicamente em estreita colaboração com o Gabinete Técnico de Coordenação dos projectos da Província de Luanda, em ma­téria específica, e estabelecer uma re­lação de coordenação especial com o Governo da Província, no que se refere a troca de informações sobre a execu­ção dos projectos de carácter local. Outro é o Conselho de Coordenação Estratégica para o Ordenamento Territorial e Desenvolvimento Económica e Social, criado em Junho de 2010, co0m a finalidade de harmonizar e coordenar os vários projectos de infra-estruturas a executar pelo executivo na província de Luanda, consubstaciados em programas de macrodrenagem, saneamento básico, reabilitação e construção de estradas, ruas e realojamento das populações residentes nas áreas de execução dos referidos projectos. Cada vez mais problemas Contudo, a grande maioria dos muní­cipes sabe que por alturas do fim do ano, as coisas complicam-se ainda mais. O trânsito fica caótico, falta água e luz, enfim, de tudo um pouco. Só que, nos últimos meses, numa altura em que a província de Luanda continua, estranhamente sem gover­ nador, a situação assumiu contornos piores, a começar pela gritante falta de água e electricidade à quase totalidade da cidade. As dezenas de semáforos plantados voltaram a não passar do amarelo in­termitente, complicando, ainda mais a circulação rodoviária. Já se sabe o que ocorre quando a ca­pital fica às escuras. As consequências são incalculáveis: aumen­to da insegurança, com a alta da delinquência nos bairros, aumento de aci­dentes de viação, atrope­ lamentos, para além de afectar a con­ servação de alimentos frescos. Os constrangimentos, estendem-se, igualmente, para a

poluição sonora, já que a maioria das pessoas, na falta de electricidade, recorre a geradores alternativos. O governador, sempiternamente, in­ terino Graciano Francisco Domingos e seu executivo, poucas intervenções fazem. As poucas que fizeram, até há pouco, uma; tinha a ver com a proibi­ção da abertura dos centros comer­ ciais, incluindo cantinas, às segundas-feiras, por causa da recolha do lixo. A medida, que provocou alguma inquie­tação no seio da população, não du­rou, tendo dias depois sido levantada. Outra, foi a proibição de manifesta­ções no largo Iº de Maio, e consequen­te indicação de outros lugares alterna­ tivos a nível de municípios, mas, como a anterior, tendo em conta a polémica que provocou, não se manteve. O que na verdade fica na esteira deste costume assente na teoria de que as iniciativas deixadas por antecessores não devem ser continuadas, é um acu­mulo contínuo de projectos anuncia­dos e nunca concretizados. Estando agora em plena época chu­ vosa, os dramas vividos há mais de cin­co anos, hão de se repetir.

5.4 Jovens “fogem” para o centro do País

Jornal Factual De 15 a 22 de Outubro de 2011

Por dificuldades em conseguir empre­ gos estáveis no funcionalismo público da cidade de Luanda, jovens residentes nos municípios de Viana, do Sambizanga, do Cazenga e de Cacuaco estão a abandonar, desde o princípio do ano em curso, a cidade capital, com desti­no às províncias de Ben­guela, do Bié, da Huíla, do Zaire, do Uíge e do Kwanza-Sul. o Factual constatou que os jovens, com for­mação média e superior, ainda não empregados, optam por viajar pelas transportadoras privadas e residir em colectividade ou em casas de familiares, até que consigam uma vaga que lhes permita reva­lorizar a vida como cidadãos activos do ter­ritório nacional, para a obtenção de uma casa e constituição de família. o jovem lnácio Kanga, por exemplo, deslocou-se de Luanda para a cidade do Soyo (Zaire), à procura do primeiro emprego. Ele fez saber ao Factual que, na capital do País, as exigências das instituições do Estado constituem bar­reiras à concessão de emprego. “Aqui, no Soyo, fui va­lorizado, não necessitei de esperar para ser emprega­do. Hoje, sou tradutor de língua inglesa e sinto-me feliz a trabalhar para uma firma estrangeira e ajudo os meus familiares há seis meses”, indicou, acrescen­tando que o projecto Gás, da Sonangol, e as

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 54 empre­sas de construção civil são as instituições privadas e estatais que mais empre­gam jovens necessitados. De acordo com Mendes Narciso, sociólo­go, alguns angolanos acabam por entrar na República Democrática do Congo, para desenvolver pequenos negócios e levar mercadorias informáticas, de construção e de ves­ tuários, com o objectivo de as revender em Angola. “O Estado não deve esperar que os jovens atinjam 30 anos para a sua primeira oportunidade, pois podem sentir-se frustrados e excluídos da esfera social”, opinou. A Lei de Base do primeiro emprego tem por objectivo a promoção e a inserção profissional dos jovens, bem como a adap­tação aos postos de traba­lho, reconhecendo o desenvolvimento de activi­ dades profissionais ino­ vadoras que possam cor­responder a áreas de cria­ção e expansão de em­prego e que se insiram, prioritariamente, nas zo­nas de desenvolvimento definidas pelo Estado, arti­go 3° Lei nº 1/06, de 18 de Janeiro.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 55

6

URBANISMO E HABITAÇÃO

6.1 Direito à habitação condigna é debatido em todo o Mundo Jornal de Angola 03 de Outubro de 2011

O acto central em Angola do Dia Mundial do Habitat, que se come­ mora este ano sob o lema “Cidades e Mudanças Climáticas”, realiza-­ se hoje na cidade de Ondjiva, capi­tal do Cunene. A jornada comemorativa será marcada por abordagens sobre a problemática das cidades e a in­ fluência das mudanças climáticas, e pelo lançamento do livro “Perfil Hidrográfico do Rio Cuvelai”, edi­tado pela organização não gover­namental Development Workshop. A comemoração do Dia Mundial do Habitat visa reflectir sobre o es­tado das cidades e os direitos dos cidadãos a uma vida digna. A data, instituída pela organiza­ção das Nações Unidas (ONU) em Outubro de 1985, é comemorada na primeira segunda-feira de Outubro de cada ano, com o objectivo, também, de fazer recordar a responsabilidade colectiva pelo futuro do habitat humano. Comestes objectivos, as Nações Unidas pretendem manter o desa­ fio do crescimento urbano e elevar a consciência sobre a necessidade de melhor planificação urbana e in­centivar as melhores práticas. Nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, as cida­des sentem os efeitos das mudan­ças Climáticas, redução de recursos, insegurança alimentar, cresci­mento populacional e da instabili­dade económica. Vários países em vias de desen­volvimento continuam a apresentar índices elevados de urbanização, acompanhados de consequências sérias, nomeadamente, os assenta­ mentos precários, sem infra-estru­turas adequadas para atender as po­pulações urbanas crescentes. Com mais de metade dos habit1m­tes do mundo a viver em áreas urba­nas e com a expectativa de cresci­mento demográfico de dois terços numa só geração, a agenda urbana deverá ser, cada vez mais, uma prio­ridade para governos e autoridades locais em todo o Mundo. Dados das Nações Unidas esti­mam que 59 por cento da popula­ção mundial habitará em áreas ur­banas até 2030, sendo que, a cada ano, mais 67 milhões de pessoas passam a viver em cidades.

6.2 Novos focos habitacionais no Andulo Jornal de Angola 04 de Outubro de 2011

A empresa de construção civil Kora-Angola, que venceu o con­curso público para a construção de sete mil fogos habitacionais na província do Bié, começa, an­tes do fim da primeira quinzena deste mês, com os trabalhos téc­ nicos para a construção de mil casas no município do Andulo. Esta informação foi tomada pú­blica na semana passada pelo di­ rector adjunto da construtora Kora-Angola, Bokolo Israel, durante o acto de entrega da reserva fundiária de Cambuanda, limpa de minas pe­las brigadas das Forças Armadas Angolanas e do Instituto Nacional de Desminagem. A reserva possui 72.235 hecta­res, tendo sido desminados 164 hectares, destinados à construção de mil casas. O Andulo possui cinco reservas fundiárias, nas quais a área reserva­da para a construção de casas é de 183.534 hectares, O município do Andulo, que fica a 130 quilómetros do Cuito, tem uma superfície de 10.700 quilómetros quadrados e conta com urna densidade popula­ cional de 311.544 habitantes. Município sem sinal de rádio e televisão. O município do Andulo está sem sinal da Rádio Nacional de Angola e da Televisão Pública, há uma se­mana, devido a sua avaria registada nos emissores das duas estações. O Jornal de Angola apurou no local que, nos dois emissores, se regista­ram curto-circuitos que danifica­ram os respectivos equipamentos, fazendo com que os munícipes da região fiquem privados dos servi­ços da rádio e da televisão. As direcções locais da emissora provincial do Bié da Rádio Nacional de Angola e da delegação pro­vincial da Televisão Pública desen­volvem acções para a reposição ur­gente do sinal. O Centro de Produção Radiofó­ nico do município do Andulo foi inaugurado a 5 de Junho de 2010, pelo vice-ministro da Comunica­ ção Social, Miguel de Carvalho. O Andulo possui um Centro Integrado de Comunicação Social, onde funciona o Centro de Produção Ra­diofónica da Rádio Nacional, gabinete de correspondência da Agên­cia Angola press – ANGOP, Emis­sor da TPA e Delegação Municipal das Edições Novembro E.P, pro­prietária do Jornal de Angola, “Jor­ nal dos Desportos” e “Jornal de Economia e Finanças”.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 56

6.3 Cidadãos podem regularizar os processos no caso de registos destruídos pela guerra Jornal de Angola 06 de Outubro de 2011

Os casos de registos destruí dos pela guerra ou em que exista ape­nas o documento de quitação pas­sado durante a alienação dos mes­ mos pelo Estado são resolvidos mediante o Processo de Justifica­ ção Administrativa, afirmou a con­servadora adjunta e técnica do Mi­nistério da Justiça, Edna Silva. A conservadora explicou que o processo foi criado para suprir a falta de títulos necessários ao regis­to predial, em casos de contrato ­promessa de alienação, ou qual­quer outra prova documental que permita justificar o direito de pro­priedade ou de superfície. Ao dissertar sobre o tema” Os processos especiais de justifica­ ção”, durante um seminário sobre o Registo Predial e Notariado, a con­servadora Edna Silva referiu que o requerente que não disponha de do­ cumento bastante para a prova do seu direito tem agora a oportunida­de de regularizar a sua situação, graças ao Processo de Justificação Administrativa. O processo simplificado é ape­ nas aplicável às situações de falta de título do direito de propriedade ou de superfície sobre bens imó­veis, destinados à habitação, activi­dades comerciais, industriais ou profissionais, para efeitos de regis­to predial. “O processo inicia-se com a apresentação de um requeri­mento dirigido ao conservador, territorialmente competente, em que o justificante ou aquele que de­monstra ter interesse no registo, so­licita o reconhecimento do direito em causa”, explicou. O requerimento deve indicar os motivos que impossibilitam a com­provação dos direitos de que alega ser titular pelos meios normais. Mercado imobiliário O Regime de Propriedade Hori­zontal vai permitir um aumento da arrecadação de receitas fiscais e emolumentos por parte de organis­mos públicos, permitindo uma maior contribuição para a evolução e crescimento económico e social do mercado imobiliário angolano. A afirmação é do técnico do Mi­ nistério da Justiça, Etiandro Si­mões, que dissertava sobre o tema “O novo regime de propriedade ho­rizontal”, durante um seminário sobre o Registo Predial e Notaria­do. O referido instrumento jurídico serve, de igual modo, para conferir maior segurança e estabilidade ao mercado relativo ao comércio jurí­dico de imóveis, diminuindo, deste modo, os litígios inerentes. Foram feitas algumas alterações legislativas e pretendeu-se esten­der, com as necessárias adaptações, as regras

e princípios inerentes à propriedade horizontal aos chama­dos condomínios privados, de mo­do a suprir uma lacuna legislativa e a falta de regulamentação;

6.4 Primeiro Guiché do imóvel criado na cidade do Kilamba Jornal de Angola 06 de Outubro de 2011

A Cidade do Kilamba foi a esco­lhida para a criação do primeiro projecto, a nível do país, do Guiché do Imóvel (01), disse na terça-fei­ra, em Luanda, a conservadora do Registo Predial, Elisa Maria Alves, durante um seminário organizado pelo ministério da Justiça. No Guiché do Imóvel vão estar representadas a Direcção Nacional dos Registos e Notariado (DNRN), a Direcção Nacional de Impostos (DNI), o Ministério do Urbanismo e Habitação, a administração Municipal, o governo da província e outras entidades públicas ou priva­das a definir, como bancos e media­doras imobiliárias. Os órgãos instalados podem emi­tir as competentes autorizações, certidões e títulos administrativos. A Direcção Nacional dos Impostos tem a missão de liquidação e co­brança dos impostos, inscrição ou actualização das matrizes prediais e emissão das necessárias e compe­ tentes certidões. Relativamente à tramitação do processo, referiu que os casos ur­gentes são de realização imediata, uma vez que as outras opções têm prazos estabelecidos de cinco dias ou ainda a possibilidade de fixar outras cláusulas do negócio. O utilizador do serviço efectua o pagamento de Um emolumento único (com excepção dos impostos a pagar) de valor reduzido, que abrange todos os actos (certidões, títulos e registos r A receita a arre­cadar é internamente distribuída pelas entidades intervenientes, em função de determinadas percenta­gens previstas na respectiva tabela.

6.5 Executo prepara serviços acessível para satisfazer cidadãos e empresas Jornal de Angola 06 de Outubro de 2011

O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Carlos Felj6, pediu ontem em Luanda maior atenção à actividade administrativa dos registos e notariado, para maior comodidade nos serviços a pres­tar aos cidadãos e às empresas.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 57 Carlos Feijó, que falava no en­cerramento do seminário sobre “Registo Predial e Notariado”, reconheceu que nunca se deu a devi­da atenção aos serviços de notaria­do no país, actividade que conside­ra imprescindível para que o esfor­ço de reconstrução e desenvolvi­mento da propriedade no país seja efectivo. O ministro lembrou que, em termos de produção legislativa, “só agora se começou a dar uma maior sistematização, uniformiza­ ção e modernização da matéria li­gada aos registos e notariado”. “Se não dermos a importância devida à actividade administrativa dos registos e notariado, segura­mente todo o esforço de reconstru­ção e desenvolvimento da proprie­ dade em Angola poderá ser frustra­do”, afirmou. A certeza e segurança jurídica, sublinhou o ministro, são o grande sinal do desenvolvimento. “Se qui­sermos falar de uma perspectiva institucional do desenvolvimento em Angola nunca podemos esque­cer a actividade que os registos e notariado devem desenvolver”, disse. Depois de dois dias de deba­tes, com especialistas angolanos e portugueses, os participantes recomendaram, no final, maior divul­gação das alterações legislativas, de modo a evitar constrangimentos resultantes do desconhecimento destes instrumentos legais. Combate à burocracia No seminário, que decorreu sob o lema “Construindo consensos pe­la modernização e segurança jurí­dica”, os participantes concluíram que, face ao desenvolvimento que se verifica no sector urbanístico, haja acompanhamento legislativo neste sector, que passa pela desbu­ rocratização dos serviços. Os participantes pediram melho­res condições para o controlo da qualidade dos serviços prestados pelo sector de justiça em matéria de Registos e Notariado e a criação de um mecanismo legal de tributação progressiva para terrenos em que não haja um efectivo aproveitam tento, para fazer face à grande ca­rência de infra-estruturas com que se debate o sector. Defenderam ain­da que os projectos de desenvolvi­mento e modernização do sector devem ter em atenção as outras po­líticas do Executivo. No seminário, que terminou on­tem, foram debatidos os temas “A importância do Registo Predial no desenvolvimento do mercado fi­nanceiro em Angola”, “O direito de propriedade e o direito de superfície função histórica e social em Angola”, “O Guiché do Imóvel e a sua importância no desenvolvi­mento do país”, entre outros. Na abertura do seminário sobre o Registo Predial e Notariado, a ministra da Justiça admitiu que a li­beralização progressiva de notários aos privados pode ser um mecanis­ mo para corresponder às exigên­ cias dos cidadãos, agentes sociais e económicos e proporcionar um ser­ viço mais célere, eficiente e moder­ no. Guilhermina Prata disse que a criação de notários priva-

dos permi­te uma concorrência saudável entre profissionais liberais e responde de forma eficaz às reais necessidades dos cidadãos.

6.6 Registo predial vem dar publicidade à situação jurídica de imóveis Semanário Factual De 08 a 15 de Outubro de 2011

O registo predial vem dar publici­dade à situação jurídica de imóveis, para que terceiros possam ter conhecimento da mesma e respeitem os direitos dos respectivos titulares ins­critos, realçou, terça-feira, 4, em Luanda, o presiden­te da Associação de Ban­cos de Angola, Amílcar Silva. “A necessidade de pu­ blicitar direitos sobre imó­ veis remonta da antigui­dade, sobretudo no que respeita aos encargos, aos direitos reais de garantia, dos quais se destaca a hi­poteca”, sublinhou. O titular acrescentou ser através da informação disponibilizada pelo regis­to (com interesse designa­damente para quem vai comprar casa) que poderá ficar a saber qual a com­posição de determinado prédio, a quem pertence e que tipo de encargos (hi­potecas, penhoras, etc.) sobre ele incidem. Em declarações ao Factual, o responsável re­feriu que, no exercício das suas funções, o conser­vador aprecia a viabilidade do pedido de registo que lhe é apresentado em fase da legislação aplicável, dos documentos apresentados e dos registos anteriores. Neste sentido, salien­tou que os cidadãos e as empresas devem dar a devida importância da re­gularização da proprie­dade imobiliária e das van­tagens do registo predial actualizado e assente em base legal. A ministra da Justiça, Guilhermina Prata, disse que, apesar do acesso dos privados ao notariado, ain­da é uma matéria não con­sensual em Angola. Este passo integra-se, perfeita­mente, no processo de modernização em curso da respectiva actividade. A ministra frisou o sis­tema notarial vigente não dirimir as necessidades do País, sendo a criação de notários privados um me­canismo para responder às exigências dos cidadãos e dos agentes sociais e eco­nómicos, proporcionando um serviço mais célere, eficiente e moderno, sem prejuízo da indispensável fé pública dos actos notariais. “Executivo constrói quadro legal” Com esta iniciativa, a ministra da justiça raiou que o Executivo constrói quadro legal actualizado com diplomas, instituindo normas bem recentes, simplificando procedi­mentos e agilizando as decisões da administra-

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 58 ção pública no domínio dos Registos Notarial e Pre­dial, com impacto especial na regularização jurídica da titularidade de imóveis, simplificando o seu regis­to. O director Nacional em exercício dos Registos e do Notariado, Amorbelo Sitôngua, disse o serviço conhecer, actualmente, a implementação de dife­rentes sistemas de infor­matização e na perspectiva integrada. Relativamente ao gui­ché da casa própria, pro­jecto criado em 2009, disse que o mesmo já é um facto, uma vez que está instalado na Cidade do Kilamba. Informou o arranque estar a enfrentar percalços, devido a questões organi­zativas que se associam à situação concreta da venda dos imóveis na referida localidade. A seu ver, este projec­to-piloto vem responder, essencialmente, às ques­tões primárias da Cidade do Kilamba que, depois da sua absorção a nível do Ordenamento Jurídico Angolano, poderá ser expandido para as outras cidades e realidades do País. De acordo com o res­ponsável, com o funciona­mento do guiché, os cidadãos poderão fazer registo, transmissão, já nos novos moldes de aplicação do sistema, do Registo Predial e do Notariado. Para si, este é um pro­cesso simplificado, absolu­tamente célere e dinâmico que vai responder à expec­tativa de quem se socorrer destes serviços. Relativamente ao regis­to de imóveis por parte dos cidadãos, disse este ser, por um lado, uma obrigatoriedade imperiosa para a estabilidade do sis­tema jurídico e do desen­ volvimento social e econó­ mico do País e, por outro, referiu estarem a ser de­senvolvidos programas que incluem cartilhas e panfletos, para que as pes­soas consigam, a nível dos aglomerados populacio­nais, dos concentrados imobiliários, compreender a necessidade urgente do Registo Predial. Quanto ao atendimen­to aos cidadãos pelos ser­viços do Notariado, disse que hoje estes registam uma melhoria significati­va, pois a informatização já é um facto, uma vez as conservatórias do Registo Civil e Predial conhece­ rem, actualmente, maior celeridade, profissiona­lização, atendimento per­ sonalizado, contraria­ mente ao que acontecia no passado. A seu ver, apesar de a mudança fazer que, pre­sentemente, as pessoas procurem mais os serviços de Registo Predial e Nota­riado, elas estão a tomar, cada vez mais, consciência jurídica da necessidade de que estes serviços são um imperativo do tráfico ju­rídico e das relações esta­ belecidas entre os indiví­duos.

6.7 Apartamento da Cidade do Kilamba começam a ser vendidas dentro de dias Jornal de Angola 07 de Outubro de 2011

O processo de venda das ca­sas na cidade do Kilamba come­ça dentro de 15 dias, anunciou ontem, em Luanda, o administra­dor de Delta Imobiliária, Paulo Cascão. Os candidatos, segun­do explicou, devem começar a, procurar bancos comerciais para negociarem o financiamento u, para garantir a aquisição dos e apartamentos. A imobiliária encarregada pela Sonangol, gestora do projecto ha­bitacional, anunciou que vai começar a receber processos dos m candidatos habilitados a ter uma casa na nova centralidade do Kilamba. Para esta segunda fase de te vendas, garante que nada ainda está definido e assegura que o m processo de inscrição continua. Estão, até agora, registados mais ar de 30 mil candidaturas. Paulo Cascão aconselha os can­didatos inscritos a começarem já a contactar os bancos comerciais se para negociar o financiamento e evitar constrangimentos na altura da aquisição dos apartamentos a, “Vamos dar início à fase de venda IS, e estamos aqui dispostos a auxiliarão as pessoas que queiram comprar. as Estamos a preparar todos os mo­delos”, disse. Os preços das casas no Kilamba vão de 135 mil a 200 mil dólares. 10, Os primeiros habitantes entram em lar Dezembro. A comercialização de habitações está aberta a todos os s e cidadãos nacionais, sem qualquer tipo de segregação, esclareceu, Ira em Luanda, o presidente daquela centralidade, Joaquim Israel Marques. O processo de inscrição para a aquisição de habitações come­ çou em finais de Agosto. O surgimento do Kilamba, se­gundo o presidente daquela cen­tralidade, vai reduzir o crescimen­to desordenado de novas habita­ções nos arredores da capital do país. Criada no quadro da iniciativa do Executivo de resolver o problema habitacional, a cidade possui infra-estruturas básicas, como rede viá­ria, drenagem de águas pluviais e águas residuais para 35 mil metros cúbicos por dia, tendo também subestações de energia eléctrica e rede pública de distribuição, tele­comunicações e terminais de trans­portes públicos. O referido projecto é uma parce­ ria público-privada, abrangendo diversas vertentes que incluem projecto de engenharia, constru­ ção de edifícios, infra-estruturas viárias e hidráulicas.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 59 O projecto global foi concebido para se desenvolver em três fases, com 80 mil apartamentos, numa área de 54 quilómetros quadrados. Numa primeira fase, foram dispo­nibilizados 115 edifícios, com 3.180 Apartamentos, 48 lojas e dez quilómetros de armamentos. A no­ va cidade, cujo projecto global contempla 710 edifícios, 24 cre­ches, nove escolas primárias e oito escolas secundárias, e 50 quilóme­tros de vias, constitui um elo de transição para a nova urbe de Luan­da, que se vai situar junto à margem do rio Kwanza. O projecto habitacional tem con­clusão prevista para Outubro de 2012, e, até lá, o empreiteiro deve entregar mais 595 edifícios, que correspondem a 16.822 aparta­ mentos e 198 lojas.

6.8 “ É preciso estabilizar o mercado de arrendamento” Novo Jornal 07 de Outubro de 1011

A Imogestin é tida como uma das imobiliárias pioneiras de pós-guerra no país. Como é que olha para a evolução do sector? Somos uma empresa de promoção imobiliária que já tem catorze anos, das mais antigas no país. Temos pro­ jectos em Luanda, Benguela, Malan­ge, Kwanza-Norte e estamos a chegar ao Soyo e Huambo. Nestes catorze anos tivemos fases di­ferentes. Quando iniciámos a activi­dade o sector imobiliário era muito reduzido, com retracção dos capi­tais e só depois do fim da guerra pas­sámos a ver uma forte aposta em al­gumas áreas do sector imobiliário. Particularmente na habitação, ho­telaria, áreas comerciais e um pouco nas áreas de lazer. Desde 1975 que havia um défice mui­ to grande no parque habitacional. O país tinha crescido, a taxa de crescimento demo gráfico era de cerca de 3%, mas não se construiu na mesma proporção, sobretudo nas áreas ur­banas. A urbanização Nova V1da é o gran­ de projecto desta promotora? Diria que o Nova Vida é o projecto de maior dimensão onde estamos en­volvidos. Primeiro como mediador e agora como gestora do empreendi­mento. Mas é um projecto habitacio­nal do governo e não da Imogestin. Na primeira fase fomos mediado­res. Entretanto, desde 2010 (a meio da segunda fase), foi-nos atribuí­da a função de gestora do empreen­dimento, da obra, mas mantendo a propriedade do Estado e inserida no programa habitacional do Estado, que depende da Comissão Nacional de Urbanismo e Habitação.

Na primeira fase tivemos 2350 habi­tações e a segunda fase vai ter 3100 habitações. Duas fases com preços diferen­tes. A razão de haver preços diferentes é porque corresponderem a perío­dos diferentes da política do gover­no para a habitação. Quando o pro­jecto Nova Vida apareceu, o governo tinha um objectivo fundamental que era aumentar a oferta de habitação para reduzir a especulação que havia nos imóveis. Procurando com que em primeiro lugar os funcionários públi­cos, servidores do Estado, pudessem ter acesso à habitação a custos mais reduzidos. Nesta primeira fase, a política habi­tacional do Estado assentou muito no próprio Estado ser a entidade fi­nanciadora e como tal subsidiou o preço das casas. Isto é, as casas na primeira fase foram vendidas abaixo do custo de construção. Já na segunda fase e sobretudo de­pois de 2009 o governo reavaliou es­ta política financeira para habitação e definiu que não podia continuar a ir buscar ao Orçamento Geral do Es­tado (OGE) subsídios para vender às casas abaixo do custo. Fez um reajustamento destes preços para procurar que os preços pudes­sem aproximar-se do que era o preço do mercado sem deixar de situá-los aquém deste preço do mercado para ajudar a desinflacionar o preço das habitações no mercado nacional. Mas ao subsidiar a primeira fase criou um precedente. É verdade que criou. Mas correspon­dia na altura a uma visão de que pa­ra resolver o problema habitacional o Estado devia ser um grande opera­dor, e para ser um grande operador devia obter recursos do próprio OGE. Foi uma fase da política financeira da habitação. Com o reajustamento o Estado reflectiu e verificou que o melhor caminho não seria esse. Era preferível criar projectos sustentá­veis em que os preços de venda não deixassem de ser, comparativamen­te ao mercado livre, mais baixo. Mas que o subsídio não significasse uma transferência de recursos do OGE pa­ra determinadas pessoas em benefí­cio individual, ao mesmo tempo que a oferta continuava a ser insuficien­te para nivelar os preços. O problema dos preços da habitação é um problema de oferta. Enquanto a oferta for inferior à procura o Estado terá dificuldades. Temos outro lado que é o financiamento. Se não há recursos financei­ros para comprar, por mais oferta que haja, a procura estará deprimida. Sendo que a procura e a oferta preci­sam de estruturas de financiamento adequado para atingir o segmento da população activa. Esta segunda fase está a enfrentar dificuldades no cumprimento dos prazos.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 60 É conhecido e público que a razão do relançamento em 2009, quando o Conselho de Ministros altera a meto­ dologia de gestão da obra e envolve operadores privados, é para procurar corrigir a situação de atraso que se registava. A segunda fase devia terminar em 2009. Mas só deve termi­nar em 2013 e prevê 3100 casas. Haverá uma terceira fase do Nova Vida? Não. A área não permite mais. Va­mos sim construir outras vertentes de habitabilidade. Está previsto inaugurar, ainda no próximo ano, um mercado para que as pessoas possam comprar produtos frescos, assim como uma área verde de 20 mil metros quadrados onde as pessoas possam ir conviver, porque a urbanização Nova Vida precisa dar mais qualidade de vida aos seus mo­radores. Na primeira fase do Nova Vida foi instituído o mecanismo da renda resolúvel Como é que está o reem­bolso por parte dos beneficiários? Esta questão é muito pertinente por­que o Nova Vida é o primeiro projec­to depois da independência que tem a experiência da renda resolúvel Achamos que esta experiência deve servir para melhorar este meca­nismo. Infelizmente nós tínhamos acabado de sair de um modelo de economia centralizada em que o Estado social era muito grande. As pessoas tinham a cultura que o Estado dava quase tudo. Quando se disse que as casas eram para ser pagas em 20 anos e eu entro sem pagar nada, uma boa par­te dos beneficiários entenderam que não tinham que pagar. Até agora andamos a fazer reuniões com vários sectores do governo que receberam as casas porque até hoje há muita gente que não pagou na­da. E já se passaram seis, sete anos. E isto levou o governo a não aplicar o esquema da renda resolúvel na se­gunda fase. A experiência mostra que a renda resolúvel é uma forma, mas tem que ser seguida de outros mecanismos, o que não aconteceu no Nova Vida. Quando o governo decide que de­ve haver um sistema de renda reso­lúvel tem que haver mecanismos de garantia, de protecção, que a que pessoa lhe vai ser retirada a presta­ção devida para pagar a habitação. Aqui em Angola estamos a criar um equívoco perigoso. Que é achar que I acesso à habitação é só através da compra. E isto é um equívoco que vai er uma factura pesada nos próximos mos que é preciso é o Estado estabilizar mercado de arrendamento. Signifi­ca que o Estado deve adoptar medi­das para incentivar a construção de casas para o arrendamento. Tem que colocar no mercado habitação não só para compra mas também para o ar­rendamento. E isto é a forma correc­ta de resolver o problema das neces­sidades dos jovens casais. – O governo tem que olhar para o mer­cado de arrenda-

mento urbano de ou­tra forma e não passar a mensagem ao cidadão de que para se ter casa é preciso comprar. Mas os preços da segunda fase do Nova Vida são de mercado. Propusemos agora um ajustamento aos preços dos apartamentos. Cus­tam 180 mil dólares, mas estamos a aguardar que o governo se pronun­cie. Por isso dentro de pouco tem­ po devemos ter novos preços para os apartamentos. As vivendas, por exemplo, são do ti­po T3 e custam 300 mil dólares. Quis são os próximos desafios da Imogestin? Vamos continuar a nossa implemen­tação por todo o país. Aderimos à rede de hotéis Terminus que pre­tendemos levar a outras províncias. Estamos ainda atentos a outros pro­jectos como os pólos industriais, mas tudo isso sem esquecer a habitação. Pretendemos também através de pro­jectos próprios ou de terceiros, capi­talizar o conhecimento que adquiri­mos ao longo destes 14 anos e abrir novas áreas de negócio.

6.9 Habitação e Crédito Jornal Expansão 07 de Outubro de 2011

Dois acontecimentos relevantes de natureza económico­social marcaram a última semana, no País. O Executivo aprovou um regime especial que pretende facilitar o acesso ao crédito à habitação. E o Banco Nacional de An­gola lançou novos instrumentos que, como definiram os seus responsáveis, vão sinalizar o curso da política mone­tária. Sobre o primeiro caso, é consensual que a medida, embora careça de pacotes adicionais, só peca por ser tar­dia. De resto, não obstante a importância que representa a solução do problema habitacional entre as demais prio­ridades do Executivo, a banca, com alguma razão, mos­trou-se sempre reticente quanto à concessão deste tipo de empréstimos. E o Estado, por seu lado, nunca mostrou argumentos fiáveis que conquistassem a “solidariedade” da banca. Além da precariedade dos títulos de exploração da terra, situação que anula este importante direito da lista das garantias reais, os bancos apresentaram repeti­das vezes uma infinidade de elevados riscos associados ao crédito à habitação para explicarem a pobreza das es­tatísticas deste produto. Com o passo marcado pelo Exe­cutivo, o que se deverá exigir agora será a necessária efi­ciência na concretização da medida, para que esta não se junte também aos exemplos de decisões que ou nunca saí­ram do papel ou que, quando saíram, criaram mais pro­ blemas do que soluções.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 61 Do lado do BNA, como já referido, surgiram também medidas que, mais uma vez, pedem a intervenção da ban­ca. Neste particular, a banca é chamada a uniformizar os seus critérios de definição das taxas de juro sobre os em­préstimos à economia, evoluindo da situação, em que se favorecia com alguma arbitrariedade, como diz um espe­cialista citado pelo Expansão. Em termos históricos, as diferenças, às vezes significativas, entre as taxas de juro praticadas pelos demais bancos que operam no mercado foram justificadas, sobretudo, pela ausência de uma taxa referencial, que seria definida pelo banco central. As flu­tuações dos níveis de inflação e as taxas dos Títulos Pú­blicos, embora servissem de denominador comum, não se revelaram suficientes para forçar os bancos a aproxima­rem os critérios quanto às taxas de juro. Chegados aqui e particularmente com o lançamento da Taxa BNA, mais uma vez, se espera que a medida propicie os resultados esperados. Porque, em primeira e última instâncias, o que se pretende é que o preço do dinheiro seja mais aces­sível às famílias e às empresas.

6.10 Bancos incentivados a aceder mais empréstimos Jornal Expansão 07 de Outubro de 2011

O diploma que estabelece o re­gime de crédito à habitação, aprovado há dias pelo Conse­lho de Ministros, vai servir de “incentivo” para que os bancos cedam, cada vez mais, emprés­timos à economia, defendeu ao Expansão o economista e do­cente universitário Salim Valimamade. “Os bancos têm actualmente uma dimensão muito pequena na cedência de crédito para compra de casas. Isto vai servir também de incentivo para que os bancos desenvolvam mais o produto crédito à habitação”, sublinhou. Para o especialista, o instrumento é de “extrema” importância, na medida em que vai permitir o acesso de pessoas de baixa renda ao cré­dito, criando facilidades de ob­tenção da casa própria. O Executivo aprovou um conjunto de diplomas que defi­nem as condições de acesso e de aquisição de habitação pró­pria. Dos instrumentos jurídi­co-legais aprovados na última sessão do Conselho de Minis­tros, orientada pelo Presiden­te da República, José Eduardo dos Santos, constam os decre­tos presidenciais que estabele­cem o regime de crédito à habi­tação, o que define o regime ju­rídico das contas poupança­-habitação, e os instrumentos de delegação de poderes para que o Fundo de Fomento Habi­tacional possa celebrar proto­colos com instituições finan­ceiras de créditos.

De acordo com o comunica­do do órgão colegial do Gover­no, o decreto presidencial que estabelece o regime de crédito à habitação habilita o acesso em condições favoráveis de fi­nanciamento, nomeadamente por via da bonificação de juros aos cidadãos com idade até 40 anos, para aquisição de habita­ção construí da, a realização de obras de conservação e benefi­ciação e a compra de terreno para a construção de casa pró­pria. Além da facilidade criada pelo diploma em causa, refere o documento, a aprovação de um regime jurídico específico, que estimule a poupança das famílias para a aquisição de ha­bitação, “acarreta a vantagem da isenção de impostos, relati­vamente.aos juros activos, da possibilidade do acesso ao cré­dito a longo prazo para esse fim, bem como da prioridade da compra de casa própria, no âmbito dos programas habita­cionais do Estado”. Questionado sobre a dispo­nibilidade dos bancos em aten­derem um elevado número de solicitações, que certamente irão receber, Salim Valimamade avança que o diploma prevê envolver, numa primeira fase, a inclusão apenas dos conside­rados “grandes bancos”, acre­ditando, por isso, na capacida­de de resposta destes. “O que se prevê são créditos bonificados com acesso aos fundos do Estado, que possibi­lita aos bancos aplicarem uma taxa mais baixa para aquelas pessoas que necessitam e que não têm capacidade de pagar o valor normal porque o sistema bancário dobra”, especificou Salim, para quem os bancos, nesta matéria, estão “em últi­ma instância” assegurados pelo Estado, descartando, por este facto, qualquer risco que as instituições credoras pos­sam correr. Entretanto, o Expansão ten­tou, sem sucesso, ouvir a reac­ção das instituições bancárias a respeito do diploma que es­tabelece o regime de crédito à habitação aprovado pelo Con­selho de Ministros, a 28 de Se­tembro do ano em curso.

6.11 Desafios da bancarização da população Jornal Agora 08 de Outubro de 2011

As mudanças registadas na indústria financei­ ra, nos últimos três anos, apesar da crise financeira, fizeram subir os níveis de satisfa­ção da população bancarizada em todo o país. A direcção de emissão de cré­dito do Banco Nacional de Ango­la (Bna), assegura que a evolução económica e do sistema financeiro são os grandes desa­fios para o cumprimento desta empreitada. Para responder a este repto, o Bna lançou a campanha de

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 62 edu­cação financeira no sentido de sensibilizar a população sobre a importância da poupança, atra­vés dos depósitos bancários. Não é de todo aceitável, mas fazendo uma referência aos anos anteriores, a consciência que se tem hoje sobre a actividade ban­cária é positiva. “O que pode­mos referendar é que a expansão dos pontos de atendi­mentos aproxima os produtos bancários dos clientes”, referiu aquela entidade. Se em 2009 o nível de bancarização atingiu apenas os 11 %, contra os 6% registados nos anos anteriores. Até Setembro último, apenas 25% dos angolanos ti­nham conta bancária, em função da domiciliação dos salários dos funcionários públicos e vários privados. A situação resulta da mixagem dos proveitos e serviços bancários, aumento dos depósi­tos, créditos disponibilizados e o número de balcões abertos em todo o país. Bancarizar a econo­mia constitui o maior desafio para o Bna e os seus colaborado­res fundamentalmente, gerindo a actividade bancária de forma sustentada. Há ainda quem acredita que o rácio actual obedeceu, também, à confiança que os investidores an­golanos têm do mercado. O sector bancário matem os níveis de evolução com perfor­mances reconfortantes, mas a tendência é garantir a cultura bancária da população para que o sistema financeiro se auto ro­busteça. Existem empresários que ain­da não conseguem depositar o seu dinheiro por falta de confian­ça e. com mais campanhas e ser­viços atractivos, será possível inverter o quadro. No mercado operam 21 ban­ cos comerciais entre os quais o Banco Africano de Investimento (Bai), Banco de Fomento Angola (Bfa), Banco de Poupança e Cré­dito (Bpc), Banco Bic, Banco Espí­rito Santo Angola (Besa), BCGTA, Banco Sol, Banco de Negócios In­ternacional, Banco Privado Atlântico, BMA, BRK, VTB, Banc, Finibanco e o Kwanza. Eficiência. As boas práticas deverão contribuir para a dina­mização do sector financeiro, em­bora as comparações com o mercado externo estejam longe das expectativas. Considerando a evolução verificada ao nível do rácio de eficiência pode ser consi­derada positiva. Grande parte dos bancos co­merciais apostam na juventude e a criar uma mão-de-obra especia­lizada que está a permitir o au­mento dos pontos de atendimento. A proximidade com os clien­tes está a acelerar, não apenas os proveitos para com os bancos, como também a criar uma cartei­ra de depósitos satisfatória que já possibilitou a aprovação de cré­ditos, financiamentos e investi­mentos em moeda nacional.

O crescimento dos depósitos que, no conjunto dos bancos, re­ gistou subida considerável, ou seja, um aumento que actual­mente ultrapassa os 2 triliões de kwanzas, contra os 921 mil mi­lhões registados há três anos. A direcção de créditos do Bna ressalta que outro dado a reter neste processo prende-se com a aposta dos angolanos nos depósi­tos a prazo que desde 2009 co­nheceram um aumento significativo e alteraram o qua­dro de representatividade no sis­tema financeiro. “Não se pode negar que os depósitos à prazo tiveram um crescimento incomparável. A natureza dos mesmos também é significativa”. Se em 2009, os depósitos à or­dem representavam cerca de 62% do total das poupanças dos clien­tes, a que corresponde um valor acima dos 460 milhões de kwanzas e a prazo representavam cer­ca de 38% do total, a que corresponde um valor acima dos 895 milhões, hoje podemos falar em cerca de 80% e 60%, em ter­mos de representação. Kwanza. Com a nova política monetária a estrutura dos depó­sitos foi alterada. É quase um fe­nómeno comum assistir-se a uma proporção maior dos depósitos em moeda nacional em detrimen­to da estrangeira. A autoridade monetária luta para reduzir a dependência da economia ao dólar. E isto será possível com a recapitalização do empresariado, pois, as divisas circulam como moeda de aquisi­ção de produtos e outros bens no mercado externo. Por outro lado, apesar da evo­lução na inflação e na desvalori­ zação da moeda, os níveis de confiança no kwanza continuam a aumentar com o peso dos de­pósitos. Crédito. É o produto que do­mina o universo dos bancos co­merciais e mantém um crescimento absoluto, ultrapas­ sando já os 780 mil milhões de kwanzas, no terceiro trimestre deste ano. O Besa e o Bai continuam a ser os melhores em termos de performance e lideram na evolu­ção do rácio produto bancário e serviços oferecidos. Assim, entre os créditos e depósitos a evolu­ção é praticamente homogénea. O Banco Emissor não divul­ gou ainda a média do mercado dos seus colaboradores em fun­ção dos incumprimentos ineren­tes à própria actividade financeira, porquanto é impor­tante referir que, a finalidade do desenvolvimento do sector re­duz-se à capacidade de resposta às necessidades da bancarização. Tudo isto implica um esforço de expansão geográfico e diversi­ficação dos serviços e adequar este esforço ao retorno esperado e dentro dos parâmetros de risco toleráveis.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 63 Regulamentação. A direcção de crédito do Bna diz, ainda, que a actividade bancária “não pode ser desenvolvida em comparti­ mentos estanques”. É com este objectivo que o Banco desenvol­ve o seu papel regulador, emitin­do regulamentos para o sector, principalmente a alteração das reservas mínimas de depósitos obrigatórios nos bancos comer­ciais. As restrições quase ou nada influenciaram na expansão dos balcões e no aumento dos pontos de atendimento. Porém, o papel estabilizador, reduz-se ao acom­panhamento do nível de rendibi­lidade e gestão de risco e aprimorar o controlo interno, ca­pital disponível e liquidez. A sustentabilidade das insti­tuições financeiras é fundamental para o robustecimento do siste­ma financeiro e crescimento dos depósitos, atendendo também, à concorrência no sector, tornando mais inclusiva a actividade ban­cária. No âmbito da programação fi­nanceira anual do Executivo, é fundamental que o Bna reserve a si a gestão das reservas cambiais e os créditos a conceder devem ter em conta as necessidades de estabilização e desenvolvimento da economia. Trata-se de um princípio que reflecte as preocupações do Esta­do, relativamente à estabilização económica e, em especial, à ne­cessidade de assegurar a compa­tibilização dos objectivos de desenvolvimento com a defesa e manutenção da solvabilidade in­terna. Estes pressupostos ajudam a compreender a evolução da ban­carização da população. E, fruto disto, o sistema bancário já tem cerca de 10 balcões para cada 100 mil habitantes. Indicadores. Atribui-se ao li­toral mais beneficiados com bal­cões, sendo que nas outras regiões, a existência dos bancos comerciais ainda é insignificante ou mesmo nula. “Existem zonas em que os funcionários públicos percor­ rem vários quilómetros para re­ceberem os ordenados, principalmente os professores e enfermeiros”, sublinhou a eco­nomista Luzia Paciência. A economia só pode funcio­nar com o sistema financeiro efi­ciente, e isto será possível com a interacção dos agentes económi­cas. “O Estado tem de criar me­canismos de atracção financeira que permitam aos intervenien­ tes usufruírem, de forma recí­proca, dos benefícios que resultam desta actividade”, refe­riu. Por sua vez, o economista Carlos Rosado ressaltou a impor­ tância do processo de bancarização, tendo em conta que o país regista ainda uma taxa muito bai­xa é em termos de política de proximidade aos clientes. “É preciso mudar rapidamen­te, porque muitas pessoas que têm dinheiro, mas não têm ideias, o seu capital ainda está no colchão ou no garrafão”, lem­brou.

A estruturação do negócio é fundamental no alargamento da cobertura bancária do país e ges­tão do mercado. “Se não tivermos agências próximas, obviamente que não vamos ao banco, porque temos necessidades na nossa vida diá­ria, profissional e familiar. A proximidade do cliente aos ban­cos é um factor importante no negócio bancário”, observou.

6.12 Casa própria ainda é sonho Semanário Angolense 08 de Outubro de 2011

Apesar dos problemas de ordenamento urba­ no que Luanda sempre teve com a criação de bairros anárquicos, a urbe está a crescer para as áreas definidas ainda no tempo colonial. Naquele tempo já se tentava fugir à desor­dem urbanística com a criação de cidades satélites. Apareceu então a Cidade Satélite de Via na e, os es­tudos daquela época, a tendência era Luanda crescer para Viana até Catete e para a Barra do Kwanza. Embora Cacuaco não estivesse previsto como área de expansão de Luanda, já se pensava que ali se poderia criar uma outra cidade satélite. Mas, entretanto, tal pro­jecto não avançou, assim como o de outras zonas urbanizadas, pelo clima revolucionário que se gerou em 1974 e que culminou com a Independência Nacional. Depois da Independência e com a guerra que se generalizou pelo país, aconteceu o crescimen­to descontrolado da população de Luanda, o que agravou seriamen­te o problema da urbanização da capital com aparecimento de vá­rios bairros precários e em zonas de risco. Actualmente, termina­da a guerra, começou a gizar-se novas políticas de urbanização e foram criadas novas localidades urbanas que visam aliviar a cida­de histórica e moderar o grande constrangimento, humano e não só, que se vai vivendo. Nesse sentido, visando a me­lhoria de vida das populações e conferir um aspecto urbano mais adequado à capital, começou a ser erguido em 2001 o projecto ha­bitacional do Zango que previa a construção de sete mil casas, tendo as primeiras mil casas sido entregues às populações que an­teriormente viviam no bairro da Boavista em 2002. O projecto era parte inte­grante do programa de emer­ gência habitacional do Governo da Província de Luanda e cada casa, comportando três quar­tos, uma cozinha, uma sala comum e uma casa de banho cus­tou seis mil dólares. O projecto previa também a construção de escolas, postos médicos, áreas de lazer e comercial, jardins, áreas de estacionamento e um posto de polícia. Contudo, o projecto Zango continuou, e já foram

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 64 constru­ídos mais bairros, estando já no Zango IV. Assim sendo, no âm­bito do desenvolvimento da pro­víncia de Luanda, do realojamen­to das populações e para fazer jus à promessa eleitoral do partido no poder em 2008, que previa a construção de um milhão de casas em todo o país em quatro anos, novas urbanizações estão a ser construídas na área de Belas e quase todas de primeira quali­dade. Embora ainda existam pro­blemas graves de acessibilidades, a verdade é que essa nova urbe alberga centenas de milhares de habitantes e nessas urbanizações existe qualidade de vida razoável, embora se questione muito pro­blema do saneamento. Na área de Cacuaco, a norte de Luanda, está igualmente a nascer uma grande cidade. Esta nova ur­banização acompanha o projecto do Panguila onde o Estado alojou dezenas de milhares de cidadãos em habitações sociais. Esse bairro tem problemas estruturais graves que precisam de ser resolvidos urgentemente. O nascimento das novas centralidades urbanas de­via contemplar infra-estruturas básicas, sobretudo o saneamen­to e o tratamento. dos resíduos domésticos e, geralmente, estas questões básicas na construção de centros urbanos destinados a habitação estão a ser ignorados, supõe-se que pela pressa que há em construir-se o maior número de casas. Estes projectos deviam repre­sentar um passo em frente muito importante para repor a normali­dade urbanística na área metropolitana de Luanda. Porém, no Panguila e no Zango, as casas es­tão, em poucos anos, a degradar ­se a um ritmo acelerado e os bair­ros estão já com sérios problemas de saneamento. As fossas, por serem diminutas, estão entupi­das e deixam sair águas putrefac­tas que, com o mau cheiro, é um atentado a saúde dos moradores. Igualmente o prédio da centrali­dade do Zango onde foram insta­lados os moradores do antigo pré­dio da Cuca ao Kinaxixi, segundo os moradores, já está com proble­ mas de entupimento das sanitas e de escoamento das águas, para além de apresentar fissuras em al­guns locais. Os referidos prédios são feitos a partir de um esqueleto de metal, sem caboucos nem pila­res. A continuar assim, em muito pouco tempo esses novos bairros estarão mais desgastados que os que têm mais de 50 anos. As administrações municipais deviam ser as primeiras a combater a anarquia com o apareci­mento de bairros clandestinos em áreas de risco ou em reservas do Estado. Para haver cidades orga­nizadas e dotadas de infra-estru­ turas básicas que garantam aos seus habitantes um mínimo de qualidade de vida, deve-se impe­dir o nascimento constante desses «bairros de lata» por toda a parte. As remodelações que se vão fazendo em Luanda, como o alargamento de ruas, a constru­ção de novas estradas, entre ou­tras infra-estruturas, obrigam à demolição de

casas, quiçá de bairros inteiros, cujos moradores têm que ser transferidos para as novas centralidades como Panguila e Zango. Entretanto, os abusos persistem com a coni­vência das administrações muni­cipais e comunais, aumentando assim, cada vez mais, a lista já bastante longa de pessoas que es­peram ser beneficiadas com casas nos referidos projectos.

6.13 Kilamba estará habitado já em Dezembro Jornal O Independente 08 de Outubro de 2011

Pouco mais de uma semana nos separam do início das vendas das casas da cidade do Kilamba. Segundo o administrador de Delta Imobiliária, Paulo Cascão, o momento é dos potenciais moradores que apresentaram candidaturas, na fase inicial, começarem a contactar com os bancos para negociar o financiamento. De acordo ainda com Paulo Cascão, o processo de inscrição continua em curso, embora a empresa a quem a Sonip entregou a responsabilidade de agenciar as vendas tenha acusado já a recepção de mais de 30 mil candidaturas. Entretanto, no terreno, a cidade do Kilamba continua a crescer com novos edifícios a ficarem prontos, no prosseguimento da segunda fase do projecto, que também contempla a componente de habitação social. Além da cidade do Kilamba a Delta também está encarregue do agenciamento das casas na cidade do Cacuaco, outro projecto que não fica nada a dever à cidade do Kilamba, em dimensão e qualidade das habitações. Com a promulgação e publicação, na semana passada, dos diplomas que estabelecem o regime jurídico do crédito à habitação e outros que regulam o negócio das casas, desde os prazos de reembolso aos juros a cobrar, foi dado pelo Executivo um passo significativo no sentido de tomar realidade o acesso às casas na cidade do Kilamba e em todas as outras cidades que estão a ser construídas pelo país. Na mais recente reunião do Conselho de Ministro foi dada luz verde a um conjunto de diplomas jurídico-legais que definem as condições de acesso e de aquisição de habitação própria. Entre os diplomas apreciados constam os decretos presidenciais que estabelecem o regime de crédito à habitação, o que define o regime jurídico das contas poupança-habitação, e os instrumentos de delegação de poderes para que o Fundo de Fomento Habitacional possa celebrar protocolos com instituições financeiras vocacionadas para concessão de créditos. O decreto presidencial que estabelece o regime de crédito

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 65 à habitação habilita o acesso em condições favoráveis de financiamento, nomeadamente por via da bonificação de juros, aos cidadãos com idade até 40 anos, para aquisição de habitação construída, a realização de obras de conservação e beneficiação e a compra de terreno para a construção de casa própria. Além da facilidade criada pelo referido diploma, a aprovação de um regime jurídico específico que estimule a poupança das famílias para a aquisição de habitação, traz consigo a vantagem da isenção de impostos relativamente aos juros activos, da possibilidade do acesso ao crédito a longo prazo para esse fim, bem como da prioridade da compra de casa própria no âmbito dos programas habitacionais do Estado. Os interessados deverão dirigir-se aos bancos com vocação para conceder empréstimos ou créditos, para, depois de acertados os moldes do crédito, ficará a responsabilidade de pagar um montante mensal. No contacto com o banco o interessado deverá trazer consigo os seus recibos de salário e o da mulher ou do marido, cabendo depois ao gestor orientar sobre os moldes do crédito. Outro detalhe que tem escapado a muito boa gente é o da possibilidade de escolha entre a cidade do Kilamba ou outra central idade em construção, como a do Cacuaco ou do Quilómetro 44. Recordamos que os apartamentos custam entre os 135 mil e os 200 mil dólares americanos, sendo que, de acordo com a imobiliária, os primeiros moradores entram já em Dezembro.

6.14 A manifestação de uma pobre política habitacional Jornal Angolense 08 de Outubro de 2011

Ainda que de forma implícita, a toalha há muito foi jogada ao tapete, confirmando-se as reti­cências de especialistas que, como conhecedores de um mer­cado pobre em termos de mate­rial de construção e desprovido de empresas com arcabouço para tanto, vinham vaticinando o fracasso que se assiste. Inde­pendentemente dos alegados atropelos à lei, levantados por meia dúzia de camaradas com­prometidos com o regime, a marcha de centenas de munícipes até ao «aposento» de Manuel Lucombo traz à baila o estagnado processo de dis­tribuição de lotes de terrenos infra-estrutura dos. Esta medida, a par dos famosos kits de mate­rial de construção (lembram-se deles?), surgiu, em abono da verdade, para fazer esquecer a promessa que aponta (va) para a construção de 1 milhão de casas até pouco antes de Setembro de 2012. Foi a mani­festação de chefes de família que dizem ter

perdido terrenos cedidos pela própria Ad­ministração – não importa se no tempo de Manuel Francisco -, agora transformados em reser­va fundiária. A somar e a seguir com reservas em todos os can­tos, o Estado não consegue co­locar as tais redes técnicas, arruamentos e outras infra-­estruturas, acabando o cidadão, sem peito para o milionário pro­jecto do Kilamba, a «ver na­vios». Por isso, convenhamo-­ nos, os cidadãos exibiam pa­ lavras de ordem como «somos angolanos, também merece­ mos». Pena é que o Governo do MPLA não consiga tirar proveito da vontade de um povo já es­quecido das promessas elei­torais e, como que a ver fantas­mas em todos os cantos, prefe­re apontar o dedo a «agitado­res» por tudo e por nada. Está visto que a entrega de um ou outro quinhão no bairro da Nossa Senhora, em acto tes­temunhado pelo governador Ar­mando da Cruz Neto, serviu apenas para contrapor as ondas de choque resultantes das de­molições sem Graça levadas a cabo por um camartelo às or­dens do antigo administrador. Hoje, com o Executivo queima­do pelo fogo habitacional, nem já os promotores imobiliários, que aparecem como verda­deiros bombeiros, sabem como ter acesso a áreas infra-estruturas. Quando um alto funcio­nário da Administração de Ben­guela afirma, categórico quanto baste, que «é preciso padrinho na cozinha», o melhor é poupar­mos as nossas páginas.

6.15 Bento Soito admite debilidades Semanário Angolense 08 de Outubro de 2011

O coordenador do Pro­ grama de Realojamen­ to das Populações de Luanda, Bento Soito, disse ao Semanário Angolense que só responde pelas obras que estão a ser executadas na SAPU e no Zango, que são áreas onde o Governo está a efectuar projectos de infra-estruturas e equipamen­tos. As obras do Panguila são da responsabilidade do Ministé­ rio do Urbanismo e Construção. Quançio há acções de realojamen­to para se colocar pessoas no Panguila, a área social do Programa de Realojamento faz a transferên­cia da população de um local para o outro. Mas as obras como tal, daquela área, são da responsabi­ lidade do Ministério do Urbanis­mo e Construção. Como obras, nas áreas do Zan­go e da SAPU, há a construção de três mil casas com a Odebrecht e já anda a volta dos 30 ou 40 por centos da sua execução: Também há os contratos feitos em 2007 e que estão em fase terminal, que contempla nove mil casas, estan­do já concluídas a volta de sete mil casas. Segundo Bento Soito, esta em­preitada está parada por

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 66 falta de financiamento e o nível de pro­dução que era de 500 casas por mês, este ano baixou para 100, 150 casas, porque há apenas uma ou duas empresas a trabalhar no pacote 2007. Quanto ao programa das casas evolutivas, era suposto começar. em Janeiro de 2011, mas devido à dificuldades financeiras, apenas foram disponibilizadas verbas para as primeiras mil e 400 ca­sas no final do mês de Julho e em Agosto foram assinados contratos com 14 empresas nacionais para que cada uma delas construísse 100 casas e as empresas que con­cluíssem as primeiras 100 casas e cumprissem todas as cláusulas contratuais e de tempo, teriam automaticamente o seu contrato renovado para cobrir o programa de cinco mil casas. Contudo hou­ve que esperar cerca de um mês para que as empresas apresentas­sem garantia bancária e aquelas que não apresentaram deveriam ser substituídas por outras. As demais, quatro ou cinco, arran­caram com as obras e já construí­ram cerca de 400 casas. Embora já haja disponibilidade pessoas que ainda se encontram em tendas e em condições precárias e coloca-las então nas casas evoluti­vas o A disponibilização das verbas foi autorizada pelo Presidente da República. Conforme frisou, estas obras estão a ser executadas ainda no Zango e beneficiarão as popula­ções que lá se encontram. Aquelas que estão nas mesmas condições na SAPU, serão atendidas lá. Depois destas casas haverá ou­tras cinco mil casas evolutivas no próximo ano, para beneficiar as populações que ainda se en­contram em vários municípios como o Cazenga, Kilamba Kiaxi, Maianga, Samba, e onde ainda existam pessoas a viver em ten­das. Para além das três mil casas já referidas, há a previsão de se construir mais 1

6.16 «Máfia» de fiscais vende casas no Panguila Semanário Angolense 08 de Outubro de 2011

Procurar uma casa para comprar, na vila, do Panguila, não é um exercício muito difícil. Chega-se mais facilmente, do que e pode imaginar, às pessoas que têm um imóvel para «despachar». O que muitos dos comprado­ res não sabem é que, na maior parte dos casos, essas casas «pertencem» aos próprios ho­mens encarregados de fisca­lizar o bairro e atender para que as normas referentes a ocupação das residências se­jam cumpridas. É dentro desse esquema que uma moradora de um dos pri­meiros sectores da vila confi­dencia à equipa de reportagem do Semanário Angolense que o seu irmão tinha

acabado de comprar uma casa na região. Pagou 16 mil dólares america­nos pelo «cubico», valor que se enquadra dentro da média de preços em que estão avaliadas as residências nesse recanto: entre 12 a 18 mil. De acordo com o apurado, tratando-se da comercializa­ ção das casas dos primeiros sectores, que foram as que co­meçaram a ser construídas, o valor de venda costuma rondar os 30 mil dólares. Os moradores deram a co­nhecer que com a mudança brusca de endereço, já que a maioria esmagadora deles mo­rava em Luanda, onde também tinha a fonte das suas rendas, uma das estratégias encontra­das para «escapar» do desem­ prego era trabalhar em centro da cidade durante a semana, ou alguns dias, e voltar para casa nos dias de descanso. Dessa forma muitos conseguiam manter as suas famílias. Diante dessa prática, a fisca­lização, segundo a população, passou a actuar com severidade e a receber as casas de pessoas que se ausentassem dessa ma­neira. É assim que vários beneficiários dessas casas, vindos da capital, ficaram sem abrigo e sem onde recorrer para que a justiça seja feita. A indignação do povo reside no facto de uma determinada casa onde morassem agregados ser recebida pelos fiscais em seguida ser ocupada por uma família de fora do contingente das pessoas desalojadas de Lu­anda. Se a questão é punir não seria então mais justo – por exemplo – que fossem descon­gestionadas as residências ocu­padas por várias famílias Ainda nessa linha de pen­samento, como é que casas são mantidas vazias, vizinhas às que contêm várias famílias? Os moradores afirmam vee­ mentemente que as residências «pertencem» aos fiscais que as vendem para pessoas que mo­ram em Luanda, quando não as alugam. A reportagem do Semanário Angolense encon­trou várias casas em condições semelhantes às das residências ocupadas, aparentemente até «abandonadas» e usadas mui­tas vezes pela vizinhança como retretes. A prática da comercializa­ção «clandestina» de residên­ cias é uma das razões pelas quais as populações se referem aos fiscais como «os donos do Panguila». E não é por menos, como detentores da autorida­de, responsáveis pela ordem, eles representam a presença do Estado. Mas, a confirmar-se essa faceta do seu procedimen­to, sem que haja medidas con­tundentes para estancá-lo, em quem o povo poderá confiar? O Semanário Angolense procurou pela administração da Vila do Panguila no sentido de buscar um esclarecimento à população sobre esse assun­to, sobre outros problemas de­correntes da actual conjuntura do bairro, como água, energia, saneamento, saúde, educação e asfaltamento. No que concerne as denún­cias dos populares contra os

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 67 fiscais, respeitante a apro­priação indevida de residên­ cias e a venda ilegal de casas, Edson Noy, coordenador da «centralidade» do Panguila, disse que se trata de um as­sunto que não lhe compete atender sem a autorização ex- pressa dos seus superiores, a quem cabe responder. No entanto o responsável mostrou-se disposto a prestar as devidas declarações tão logo lhe seja dado o sinal verde para tal. Esperamos por isso, por mais subsídios em volta desse assunto.

6.17 BPC confirma indicação para o crédito Jornal de Angola 13 de Outubro de 2011

O presidente do Conselho de Ad­ministração do Banco de Poupança e Crédito (BPC), Paixão Júnior, confirmou, em Luanda, que a insti­tuição bancária foi indicada para trabalham o crédito à habitação no contexto das novas centralidades edificadas no país. A propósito do crédito à habita­ção no contexto das novas centrali­dades, o gestor do BPC disse não poder adiantar nada em definitivo quanto aos juros e requisitos de acesso, porquanto a instituição ain­da está a trabalhar com o Banco Nacional de Angola sobre os meca­nismo do crédito à habitação. Com base nestes procedimentos, disse estar em vista a assinatura, nos próximos dias, de um acordo quadro entre o Banco. Central (BNA), o Fundo de Fomento à Habitação e os bancos comerciais. “Só após este acordo teremos da­dos concretos e saberemos até que ponto o papel dos bancos operadores será relevante ou não. O que lhe posso dizer é que os bancos comer­ciais foram chamados a apoiar este esforço do Executivo”, explicou. Isso quer dizer que quando os be­neficiários não tiverem recursos os bancos operadores actuam.

6.18 De quem é a cidade do Kilamba? Jornal Continente 14 de Outubro de 2011

Notícia publicada recentemente pelo Semanário Folha 8 dava conta que a cidade do Kilamba era propriedade privada, insinuando que Pierre Falcone era um dos supostos investidores. Passados dias, veio a saber-se, na voz do Ministro da Construção e Urban­ismo, António Fonseca, de que aquele empreendimento habitacional era de carácter público/privado. Este dado novo, que foi introduzido “a sucapa” no domínio público, veio mostrar a forma como os actores do governo an­golano vêm gerindo a coisa pública, promovendo omissões,

para em se­guida, colocarem os cidadãos perante factos consumados de negócios pouco transparentes e que indiciam corrup­ção. Desde que se conhece a cidade do Kilamba, como projecto imobiliário, o governo angolano, sempre fez crer ao povo que o seu financiamento era pro­veniente dos bilhões de dólares pro­venientes da China, com garantia do “nosso” petróleo, sem nunca nos ter sido informado da existência de qual­quer outro investidor privado. Aliás, a maquete do projecto foi apre­sentada publicamente pelo então Di­rector do Gabinete de reconstrução nacional, General Kopelipa, num acto de charme, que dava a entender que o mesmo enquadrava-se no âmbito do esforço do executivo que visava cum­prir com a promessa eleitoral de con­strução de l Milhão de casas. Conhecida a verdade, de que os mil­hares de apartamentos erguidos na cidade do Kilamba são propriedade de uma parceria público/privada, que ascende os 5 biliões de dólares, as questões que se colocam são as se­guintes: . 1. Quem é, afinal, este empreendedor privado que se constituiu “ do dia para a noite” sem concurso público e sem a devida publicidade, o que seria nor­mal nestas ocasiões, como forma do mesmo ficar conhecido como um dos maiores investidores de Angola? 2 Quem é este investidor privado, an­ golano, que, em tão pouco tempo de existência de Angola como país inde­ pendente, sem ter herdado nada dos seu antepassados, tenha acumulado fortuna em Biliões de dólares, para se dar ao Luxo de investir, em parceria com o governo na construção de mais de 10 mil apartamentos de média renda? 3 Como se justifica, o envolvimento da Sonangol Imobiliária, neste projecto Público/privado, tendo o Estado como único investidor do projecto, depois de ter afastado o GNR, por questões de gestão, tendo colocado a empresa que, na verdade vem gerindo o nosso petróleo. 4 Como é que se justifica que o Chefe de Estado, Sua Excia, Engenheiro. José Eduardo dos Santos, depois de ter feito um pronunciamento público, numa cerimónia em que estava pre­sente a Sub-Secretária das Nações Unidas para os Assentamentos Popu­lacionais, segundo o qual as casas em construção não custariam acima dos 60 mil dólares, estando agora as mes­mas a ser comercializadas acima dos 100 mil dólares? 5 Como é que os assessores do PR de­ixaram um líder, de tão elevado prestí­gio, cometer tal erro, quando, com o poder que detém, e se as casas fossem do Estado, aplicaria a prerrogativa de regular os preços, dentro dos interess­es da política social do Governo? Cada leitor pode encontrar respostas ‘e às questões acima

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 68 colocadas. Mas o s certo é que a cidade do Kilamba, foi – construída com dinheiro proveniente do financiamento chinês e garantido r com o petróleo de Angola, pelo que, a a presença de um privado, na hora da sua comercialização, deve merecer – a urgente aclaração para que todos o saibamos, que, afinal, em Angola, já s existem empresários que acumularam riqueza, o que lhes permite construir – novas centralidades, que vão benefici­e ar o humilde povo deste País, que das – tendas pretende obter um tecto mais s condigno. O combate a corrupção declarada re­centemente com o slogan “tolerância – zero” deve ser entendido como acção e democrática de tomar claro tudo aquilo que possa levar as pessoas a interp­retarem que nos negócios do Governo existam imiscuirdades incompreen­síveis e aproveitamentos de entidades detentoras de poder sobre o erário pú­blico. Sendo assim entendido, toma-se ur­gente que o executivo, depois de ter assumido publicamente a natureza pública/ privada do projecto da Cidade do Kilamba, diga qual foi a participa­ção do privado e do Estado, represen­tado pela Sonangol. Ao não ser dado tal esclarecimento elementar, de forma transparente, os o missores de tão importante questão, estarão a semear ventos tempestuo­sos, pois, os angolanos já perceberam que as casas se encontram aos preços anunciados, contrariando o anúncio do Presidente da República, estando os seus promotores e investidores na ânsia de capitalizar os avultados ren­dimentos. A questão de fundo, e que deve, tam­bém, levar a reflexão de todos os an­golanos, é de como ser possível que numa altura de elevada pobreza dos angolanos, hajam pessoas que se aproveitem de programas sociais do governo, no domínio da habitação, para terem oportunidades de negócios avaliados em Biliões de dólares, sem que, em alguma ocasião, o conselho de Ministros e ANIP, tenham emitido comunicados oficiais, para tomar pú­blico tais participações privadas. O suposto privado que participou de tal investimento tem o dever de demonstrar aos angolanos que a sua entrada no projecto tenha obedecido as normas vigentes, desde a aquisição do terreno e direito de superfície, cor­respondente aos milhares de hectares em que está implantado o projecto. Ao fazer-se ouvidos de mercador as questões que se colocam, estar-se-á a semear armadilhas ao próprio partido no poder, numa acção perigosa, face aos acontecimentos que levaram a rev­oluções coloridas no norte de África. Os números falam por si: Dos cerca de 12 mil apartamentos em construção, o rendimento pela sua co­mercialização, ao preço anunciado, será de cerca de 15 Biliões de Dólares, o que corresponde

aproximadamente a 50% das receitas que o País arrecada anualmente. Há quanto corresponderá a este priva­do e qual terá sido a sua participação inicial neste projecto público/ privado? São estas e outras situações que, não aclaradas, estão a levar os jovens a manifestar-se e a pôr em causa a ima­gem íntegra do Presidente da Repúbli­ca, exigindo a sua substituição ime­diata, porque não se compreende que um líder não seja capaz de imaginar, que mesmo os angolanos mais incul­tos, raciocinam sobre estas e outras situações num país onde a pobreza as­sentou âncora nos lares. É importante que o povo saiba quem são estes investidores privados, se es­trangeiros quando e com que número foram registados na ANIP, o valor do investimentos de capital e quanto o Estado angolano vai arrecadar de imp­ostos sobre o lucro dos mesmos. Há isso denominaríamos de transpar­ência, facto que evitaria que especu­lações fossem feitas em tomo do já intricado processo de acesso às casas do citado empreendimento, cujos va­lores de aquisição e engenharias que se propõe, não estão ao alcance do em­pobrecido cidadão angolano. Com as eleições à porta, não seria transparente começarmos a saber, ao fim e ao cabo, de quem são os vários empreendimentos erguidos na cidade de Luanda, para separar as águas entre o público e o privado?

6.19 Consco ergue projecto imobiliário com 700 moradias Jornal Expansão 14 de Outubro de 2011

Há 19 anos no mercado da cons­trução civil em Angola, a Consco, empresa de direito angolano, prepara-se para a construção de um projecto habitacional na província de Benguela. Orçado em mais de 45 milhões USD, o projecto será dividido em dife­rentes fases, estando a primeira virada para a construção de 700 moradias, num área territorial de 29 hectares em fase de licen­ciamento, por parte das institui­ções públicas. Inserido no Pro­ grama Nacional de Habitação, designado Meu Sonho, Minha Casa, o projecto, denominado Acácias Uche, tem o seu arran­que previsto para Janeiro do próximo ano, e vai beneficiar es­sencialmente a camada juvenil. Em declarações ao Expansão, administrador da Consco, Jorge Baptista, disse que a empresa que dirige tem projectos simila­res nos municípios da Caála, na província do Huambo, Andulo (Bié) e ainda em Benguela, pro­ víncia onde poderá atingir tam­ bém a localidade da Ganda para a construção de habitações.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 69 Quanto ao projecto Acácias Uche (com uma duração de três anos), a administração geral da empresa entende que o mesmo foi afectado, em parte, por uma dívida acumulada de cerca de 25 milhões Kz (aproximada­mente 263 mil USD) que a Consco aguarda até ao momento que seja liquidada por parte dos seus clientes, para além da crise eco­nómica mundial que quase para­lisou a maior parte das econo­mias do planeta. Os problemas que existem em termos de dívidas (na maior par­te dos casos advindas nos in­cumprimentos das datas previa­mente acordadas) reflectem igualmente “as facilidades da nossa parte que nos levaram a má materialização de grande parte dos contratos que fomos fazendo. Acrescenta-se a isso os contratos interrompidos, por motivos diversos, e que atrapa­lharam, em certa medida, as nossas projecções em termos de investimentos a médio e longo prazos”, declarou Jorge Baptista, que adianta também que, se o sistema de crédito bancário funcionar, a sua empresa gosta­ria de investir na economia na­cional, proporcionando desen­volvimento e emprego. “Pensamos sobretudo que isso será possível, principalmente, se a banca libertar mais créditos para todas as empresas, quer grandes, quer pequenas, para equilibrar o mercado da concorrência”, defende Jorge Baptista. Tintas Laco Por outro lado, a Consco encer­ rou as portas da sua fábrica de tintas, até então localizada no bairro Sambizanga, em Luanda, por força das incompatibilida­ des técnicas e, essencialmente, devido ao respeito às normas que regulam o respeito pelo meio ambiente, tendo como ra­zão principal a localização geo­gráfica da mesma unidade fabril. Neste momento, a direcção-ge­ral da empresa está a trabalhar na reformulação do projecto, para a instalação da fábrica de tintas laco (marca 100% angola­na) no perímetro da zona indus­trial de Viana. Orçada em cerca de 1 milhão USD e com uma capacidade para a produção de 144 mil litros de tintas ao mês, a fábrica de tintas laco vai, numa primeira fase, produzir cerca de 8 mil litros de tintas/mês. Segundo previsões da empresa, a unidade vai priorizar a produção de tintas plásti­cas, esmalte sintético primário e texturadas.

6.20 Fundo de garantia à habitação utilizará a Liubor Jornal O PAÍS 14 de Outubro de 2011

O Novo quadro Opera­cional para a Política Monetária introduz duas novas taxas de re­ferência: a Taxa Básica do BNA (Banco Nacional de Angola) e a taxa Liubor. O que são, de facto, estas taxas? Que reflexos terão sobre o preço do dinheiro Qual a que vai ser utilizada na contratação de crédito por empresas e particula­res? João Fonseca, vice-presidente do conselho de administração do Banco Keve dá-nos, em entrevista, resposta a estas questões. E adianta que os clientes do sistema bancário já poderão contar com a Liubor a prazo de um mês em Novembro e, para maturidades mais longas, a partir de 2012. Para João Fonseca o novo quadro monetário é, no essen­cial, idêntico ao das economias mais desenvolvidas. O BNA introduziu duas novas taxas, a taxa básica BNA e a taxa Liubor. Qual o principal objectivo da intro­du9âo da Taxa Básica BNA? E gerir a liquidez excedentária no sistema bancário. A existência de um excedente significa que há re­cursos que não estão a ser aplicados, o que tem um custo adicional que se reflecte em taxas de juro mais elevadas. Ora, a taxa de juro para um banco tomar liquidez junto do BNA, o que, desde Novembro já pode fazer sem recorrer ao redes­conto através das facilidades de cedência de liquidez, será a Taxa Básica mais um spread a definir pelo banco central. No caso de existirnum banco excesso liquidez e se a quiser colocar como um depósito no BNA, a taxa de remuneração será a Taxa Básica menos a mar­gem que o banco central definir. A Taxa Básica vai ser a taxa de referência para todos os instru­mentos de política monetária que o BNA tem à sua disposição. Os bancos definirão, nas operações de empréstimo que fazem entre si, a sua taxa, que actualmente é a taxa interbancária mas que passará a ser a taxa Liubor, sendo que essa taxa já será balizada pelas taxas indicadas pelo BNA. Há que ver como os bancos irão reflectir nos seus contratos de crédito denomi­nados em kwanzas estas taxas. Se irão utilizar a Taxa Básica acrescida de um spread ou se irão utilizar outras taxas de mercado. Ainda não há na fórmula de cálculo para a taxa base... Daí que seja importante que o Comité de Política Monetária divulgue nos seus comunicados a análise que faz da situação para que compreendamos as bases de formação da taxa.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 70 Corno vêm sendo fixadas as taxas praticadas junto dos clientes? Têm sido baseadas, em grande parte, nas taxas dos títulos públi­cos.

lidade dos preços, o que significa um progresso muito significativo. O novo quadro monetário é idêntico ao das economias mais desenvol­vidas e Angola precisa dele para se desenvolver.

O principal efeito da introdução da taxa básica do BNA poderá vir a ser a redução das taxas activas e elevação das passivas? Esse é o objectivo, que tem a ver com o controlo da inflação, mas não sei se a introdução da taxa conduzirá imediatamente a esse efeito. Não se trata de uma taxa de mercado, que vai ser decidida pelo próprio BNA. Tem fins de política mo­netária. Há uma questão muito im­portante e que tem a ver com o facto de os bancos terem de trabalhar, cada vez mais, com crédito em kwanzas, o que significa que se tem de ter taxas de referência em kwanzas. E todos estes instrumentos que o BNA está a criar vão permitir haver mais referên­cias para a taxa de juro em kwanzas, no sentido de se começar a formar uma curva de rendimentos em kwanza. Há mais de um ano que não há, mesmo em maturidades acima de um ano, referências em kwanzas.

E quanto às bases operacionais sobre as quais estes instrumentos irão funcionar? Este quadro não funciona se não tivermos uma base operacional de pagamentos em tempo real, que é um sistema electrónico que os bancos utilizam para efectuar as transac­ções financeiras entre eles e o BNA e o SIGMA, que é basicamente um sistema que permite a gestão dos títulos públicos. Em quase todas estas operações está subjacente a utilização de títulos públicos como garantia das operações que fazemos junto do BNA. Quando um cliente pede um crédito a unibanco tem de prestar garantias. Quando utilizamos instrumentos dei BNA também temos de prestar garantias consubstanciadas em títulos públicos.

Mas qual o reflexo sobre o preço do crédito? O reflexo sobre o crédito vai depen­der muito das orientações seguidas pelos bancos. Porque a verdade é que os bancos, neste momento, estão a aplicar as disponibilidades que têm dos clientes, os seus recursos, a uma taxa de juro que ronda os 5% ao ano, com uma rentabilidade real negativa, o que implica que a margem finan­ceira dos bancos (a relação entre juros recebidos e juros pagos) baixou. A decisão sobre a introdução das taxas de juro do crédito vai depender da es­tratégia que a banca irá seguir em re­lação aos seus resultados, ao risco que queiram assumir face aos clientes. O que importa relevar é que passamos a contar com um quadro normalizado, que esperamos seja muito bem regu­lamentado e transparente. Como vê a introdução da Facilidade Permanente de Absorção de Liqui­dez? Não tem vindo a ser muito utiliza­da. O BNA precisa de ter mais instru­mentos para efectuar a gestão fina da liquidez que, neste momento, não é possível realizar, dado que o mercado interbancário não é suficientemente profundo. É isso que se infere “do documento que apresenta o novo quadro para a política monetária, Como nele se refere há cinco bancos a tomar liquidez e cerca de 13 aceder. O mercado interbancário encontra -se muito concentrado e quando há pou­ca procura e muita oferta o tomador acaba por determinar a taxa de juro. O objectivo é haver mais instrumen­tos para efectuar a gestão da liquidez dos bancos. Ou seja, o BNA vai passar a dispor de instrumentos adequados na sua actuação, nomeadamente no que toca á sua missão de garantir a estabi-

Quando foi divulgada a criação da Taxa Básica muitas pessoas pergun­taram-se se passariam a ter uma taxa de referência nas suas operações com o sistema bancário. Não é disso que se trata? Não, embora permita balizar as taxas do mercado. Será explícita no caso do crédito ligado ao Fundo de Garantia à Habitação em que a taxa de juro será a Taxa Básica do BNA acrescida de um spread que vai ser decidido. E já se sabe qual é a taxa a aplicar no âmbito do Fundo? Ainda não. A Liubor é definida dentro do sistema bancário. Poderá vir a ser vista como uma taxa de referência para os clientes, permitindo-lhes comparar as taxas oferecidas pelos diferentes bancos? O grande objectivo é que a Liubor passe a ser a taxa de referência dos contratos celebrados entre os bancos e os seus clientes, tal como acontece com as suas congéneres internacio­nais. Mas a Liubor, de certo modo, já vigora sob a forma de taxa do merca­do interbancário.

6.21 Oposição força juventude a invadir cidade do Kilamba Semanario Factual De 15 a 22 de Outubro de 2011

Um plano está a ser gizado por parti­dos na oposição, para incitar a juventude a ocupar, à força, os aparta­ mentos da Cidade do Kilamba. Segundo apurou o Fac­tual de uma fonte, mi­lhares de jovens foram mobilizados, para nos pró­ximos dias, invadirem a centralidade.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 71 Na opinião da mes­ma, com essa atitude, quando o Executivo e a Policia agirem, vai gener­a lizar-se um conflito que poderá ter consequências graves. “A invasão está a ser planificada para ocorrer na madrugada do dia “D”. Assim, no dia seguinte, quando as pessoas acor­darem, os apartamentos já estarão todos ocupados. E, quando isso acontecer, as autoridades vão reagir de tal forma que poderá ocorrer tumulto”, advertiu o informante, salientando que as reuniões estão a decorrer na área da Ro­tunda do Gamek. Ao ser questionado so­bre mais esta tentativa da oposição, um analista po­litico, em anonimato, disse ao Factual que essas pes­soas pretendem criar cená­rio de desobediência civil de grande monta, de for­ma que as forças da ordem sejam obrigadas a disparar contra os insurrectos. E, como se sabe, po­tências ocidentais aguar­dam apenas por um pun­hado de mortes, para justificar a sua ingerência nos assuntos internos de An­gola. E, perante esta ameaça latente, o referido analista sugere que as forças de defesa e segurança estejam atentas e em prontidão, com o objectivo de anular esses intentos inspirados e alimentados por países es­trangeiros, em conivência com actores internos. A Cidade do Kilamba foi inaugurada, recentemente, pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Na inauguração, fo­ram entregues 115 edifí­cios, com três mil 180 apartamentos, 48 lojas e 10 quilómetros de es­tradas. Além disso, a mesma apresenta 710 edifícios, 24 creches, 9 escolas primá­rias, 8 escolas secundárias e 50 quilómetros de estradas. Para Dezembro deste ano, está programada a entrega de mais 218 edifícios, corresponden­do a 6.130 apartamentos e 78 lojas e prevê-se a conclusão de todo o pro­jecto em Outubro de 2012, com a edificação. dos últimos 377 edifícios que garantirão mais 10.692 apartamentos e 120 lojas. A nova Cidade do Kilamba surgiu de uma par­ceria público-privada e abrange a edificação de 20 mil apartamentos espaço­sos dos tipos T2, T3 e T4, 24 creches e jardins infan­tis, nove escolas primárias e oito secundárias, parques de estacionamento, para­gens para transportes pú­blicos e lojas. Localizada nas imedia­ções do Estádio Nacional 11 de Novembro, a nova vila, erguida numa área global de três milhões e 200 mil metros quadrados, inclui habitações, escolas, creches, estradas e estru­turas para o fornecimento de água e energia.

6.22 Milhares de habitações no município do Dande Jornal de Angola 19 de Outubro de 2011

o município do Dande, sede da província do Bengo, vai passar a dispor de dez mil moradias, no âmbito do programa nacional de fomento habitacional, que prevê a construção de um milhão de casas em todo o país. A informação foi prestada se­ gunda-feira pelo presidente da empresa imobiliária Trilho, Ges­ tão de Empreendimentos, Daniel Fernandes, no final da visita dos vice-governadores do Bengo para as infra-estruturas e para a esfera económica, Jorge Bessa e Do­mingos Guilherme, respectiva­mente, ao local onde serão ergui­ das as moradias. Segundo Daniel Fernandes, deste número de residências, des­tinadas ao município do Dande, cinco mil serão construí das na lo­calidade do Sassa-Cária, (comuna de Caxito) e igual número na co­muna da Mabubas. A nível da pro­víncia do Bengo, o projecto abrange a construção de 15 mil casas sociaisT3 e T4. O administrador municipal do Dande, Mateus Manuel, conside­rou que a iniciativa vai atenuar a carência de habitação para os fun­cionários públicos na cidade de Caxito, em particular, e na provín­cia do Bengo, no geral. “Procurámos estabelecer esse contrato público privado para mi­nimizar a situação da escassez de residências, que se regista no mu­nicípio do Dande”, realçou. Quanto aos moldes de distribui­ ção, disse que serão enviados for­mulários às direcções provinciais, institutos e outros organismos, para que cada funcionário interl1s­ sado possa aderir ao projecto. “E a forma que encontrámos, porque durante muito tempo temos esta­do preocupados com a problemá­tica de terrenos para dar às pes­soas para construírem”, precisou. O período estabelecido para que um funcionário público possa pa­gar a sua casa é de 20 anos, atra­vés de amortizações mensais atra­vés do banco.

6.23 Preço da chapa de zinco registou ligeiro aumento Jornal de Angola 19 de Outubro de 2011

O preço de chapa de zinco na cida­de de Mbanza Congo, capital da pro­víncia do Zaire, aumentou de 850 kwanzas pára 1.300, situação que es­tá a preocupar os habitantes locais, soube a Angop na segunda-feira. Agentes económicos, contacta­ dos pela Angop, afirmaram que a subida do preço se deve à escassez deste material de construção civil a nível do mercado local.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 72 Manuel da Silva, agente económico, argu­mentou que tal se deve aos custos de aquisição do produto a partir de Luanda. “Actualmente, estamos a comprar cada chapa a 950 kwanzas. Este preço, aliado aos custos de transporte da capital para Mbanza Congo, obriga-nos a alte­rar o preço de venda para ganhar­mos alguma coisa”, afirmou. Nzinga Fernandes, também agente económico, afirmou que há três semanas que o seu estabelecimento não comercializa chapas de zinco, devido à escassez deste material de construção. De acordo ainda com o interlocutor, mesmo a nível de Luanda está difícil encontrar o re­ferido material, o que está a origi­nar a subida dos preços.

6.24 Promessas não cumpridas Novo Jornal 21 de Outubro de 2011

Alguns jovens que se candidataram à compra das 90 casas enquadradas no pro­jecto Angola Jovem, em Luanda, lançado pelo Ministério da Juventude e Despor­to em Abril do ano passado, estão agasta­dos com a demora na entrega das habita­ções e acusam algumas pessoas de agirem de má-fé. Segundo a comissão dos 90 jovens sortea­dos no projecto (órgão criado por eles com o objectivo de salvaguardar os seus direi­tos em relação ao projecto), as moradias, a serem erguidas na Comuna da Camama, iriam custar 170 mil dólares e seriam pa­gas em prazos de 10 a 20 anos. Como eles não dispunham daquele valor, o Ministério da Juventude e Desporto dis­se-lhes que haveria de construir outras residências no bairro da Sapú, que se­riam vendidas no valor de 50 mil dólares. “Nós concordámos em pagar aquele valor, mas como o ministério estava a demorar a dar-nos a resposta, escrevemos para o Pre­ sidente da República e este, por sua vez, delegou na secretária para os assuntos so­ciais da presidência, Rosa Pacavira, para resolver a situação”, lembraram. Os candidatos às casas do projecto Angola Jovem foram, em Abril deste ano, na com­panhia de Rosa Pacavira e do ministro dos Desportos, Gonçalves Manduma, visitar as residências situadas no bairro do Sapú, mas desde aquela data a secretária para os assuntos sociais da presidência da Repú­ blica não disse mais nada. “Surpreendentemente, agora o Ministério da Juventude e Desporto disse que as casas já não são as do Sapú, mas sim no Zan­go. Primeiro, dizem-nos que é no Sapú. Porque é que agora é no zango? O projecto envolveu a secretária da presidência que foi incumbida da tarefa de resolver a nossa situação, mas até agora não vimos nada”, contestam indignados os jovens.

De acordo ainda com a comissão, as habi­tações prometidas no projecto iriam ocu­par cerca de 450 metros quadrados, mas as que lhes foram apresentadas no Zango são casas com paredes coladas umas às outras e com menos de 120 metros quadrados. “Hoje já vimos que passaram por trás da própria presidência e vieram mostrar-nos outras casas no Zango. Essas residências não estão no regulamento do projecto e com um preço superior às do primeiro”, acusaram, acrescentando que as casas que estavam no regulamento do projec­to eram de 450 metros. “Vemos agora que não é nada. daquilo que nos foi prometido pelo governo, nem pela presidência, por­que de acordo com Rosa Pacavira, o Presi­dente, José Eduardo dos Santos, recebeu a nossa carta. Tanto é que despachou um documento para rever a nossa situação”, reiteraram. A comissão frisou também que o Ministério da Juventude diz não se responsabili­zar por aquele projecto da Sapú e que eles devem ficar no zango 4. “Não sabemos se acreditamos no ministério ou na secretá­ria do presidente, como também estamos na incerteza se devemos assinar o contra­to e receber as casas no Zango ou se deve­mos esperar por Rosa Pacavira”. “Será que a Rosa Pacavira esqueceu-se do encontro que teve connosco? Será que as casas são as do Sapú ou do Zango?”, ques­tionou a comissão dos 90 jovens. Em entrevista à Rádio Nacional da Ango­la, o director da juventude, José Cardoso, disse que nos próximos dias algumas ca­ sas serão entregues no Zango, facto con­testado pela comissão. “Se for para entre­gar aquelas casas é uma mentira, porque não têm luz, nem água e as obras estão ainda em curso. Também só estão prontas 15 casas”. Uma vez que Rosa Pacavira não se pronun­cia sobre o assunto, os jovens disseram que estão dispostos a receber as casas do Zango, mas com condições aceitáveis. “A nossa preocupação é receber e acertar o contrato com o banco, porque aquilo não nos vai ser entregue de borla, será pago mensalmente por nós”. O Novo Jornal tentou contactar a secretá­ria para os assuntos sociais da presidên­cia, Rosa Pacavira, mas sem sucesso. Alguns dos candidatos do projecto Ango­ la Jovem compraram as casas no valor de 170 mil dólares, localizadas no Camama, mas a maioria optou pelas residências de 50 mil dólares. O projecto Angola Jovem foi construído a pensar em resolver os problemas habita­cionais dos jovens, sobretudos, os casa­dos, com idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos e que não possuem habi­tação. O plano foi implementado em todas as províncias de Angola.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 73

6.25 As mudanças na tributação do património Novo Jornal 21 de Outubro de 2011

Aquando do início da reforma fis­cal em curso, norteada pelas linhas Gerais do Executivo para a Reforma Tributária, foram definidos diversos objectivos para esta Reforma, entre os quais o aumento da receita fis­cal não petrolífera, o alargamento da base tributária e o aumento da justi­ça e da equidade fiscais. A tributação do património imobili­ário em Angola foi dos primeiros as­pectos a merecer a atenção detalha­da dos agentes da Administração Fiscal. De facto, ainda que a tributa­ ção apresentasse taxas substancial­ mente elevadas, a cobrança apre­sentava-se com níveis muito abaixo dos verificados nos demais impos­tos. Até mesmo numa análise com­parativa com referências interna­cionais se verifica que o nível de arrecadação de receita em Angola, no que respeita à tributação do imo­biliário, se apresenta muito abai­xo do que seria desejável. Tal resul­tado era ainda mais perturbador em virtude da constatação dos elevados preços praticados no mercado imobi­liário nas grandes cidades, em parti­cular em Luanda. Por essa razão, tendo em conta os objectivos da reforma anteriormen­ te enunciados, foram revistos os vá­ rios impostos com incidência sobre imóveis, nas suas diversas verten­tes. A reforma levada a cabo nesta sede teve como principais objecti­vos a redução da carga fiscal do con­tribuinte, como é evidenciado pelas reduções de taxas ocorridas no âm­bito do Sisa, do Imposto Predial Ur­bano e do Imposto do Selo, bem como o aumento da receita tributária, através do alargamento da base tri­ butária, formalizando operações re­a lizadas à margem do sistema fiscal e fiscalizando com maior eficácia os contribuintes incumpridores. Com estas alterações, pretendeu-se, essencialmente, promover a justiça fiscal e dar suporte ao programa ha­bitacional do Executivo, com o ob­jectivo de garantir a todos os cida­dãos o acesso a casa, em condições fiscais menos onerosas. Sisa, isenção e outras taxas No que respeita à tributação das transmissões onerosas de imóveis, sobre as quais incide o Imposto de Sisa, foi efectuada uma análise com­parativa internacional, tomando em consideração diversos países com ca­racterísticas económicas e legais si­milares a Angola que pudessem ser usados como base de comparação, tendo-se verificado que a taxa do imposto em Angola se encontrava genericamente 5 ou mais vezes aci­ma dos valores apresentados inter­nacionalmente.

Este valor, representando um grande encargo para os contribuintes cum­ pridores, funcionava como um in­centivo à fraude e à evasão fiscal Conforme tradicionalmente verificado através de exemplos internacio­nais, uma elevada pressão fiscal fun­ ciona como elemento potenciador de evasão fiscal e de funcionamento de mercados paralelos, o que também se verificava no mercado imobiliário com um grande número de transac­ções a ocorrerem fora do comércio ju­rídico formal, sem a consequente ar­recadação dos impostos devidos pelo Estado. Passou-se, então, de um sistema de tributação em que se aplicava uma taxa de 10% sobre o valor da aliena­ ção para uma taxa de 2% sobre es­se mesmo valor. Esta redução con­seguiu, por um lado, desonerar os contribuintes nas operações de aqui­sição de imóveis e, por outro, com­pensar o aumento galopante dos preços praticados no mercado imobi­liário que se tem sentido nos últimos anos em algumas províncias. Adicionalmente, e de modo a ga­rantir a equidade e a justiça do sistema fiscal, reformulou-se o elenco de isenções estabelecido para o Imposto de Sisa, passando a estar isentos deste imposto, o Estado, os Estados estrangeiros quando concedam pl similar vantagem em regime de reciprocidade ao Estado angolano, as e instituições religiosas devidamente reconhecidas, mas apenas quanto aos locais destinados ao culto e as d, habitações sociais. Quanto as habitações sociais, decidiu SI isentar-se do Imposto de Sisa, as habitações com preço de venda equivalente a 78.000 UCF, o que corresponde, sensivelmente, a seis milhões e novecentos mil kwanzas (6.900.000 ri AKZ), que sejam destinadas a habitação própria e permanente do adquirente. De forma a limitar-se o alcance desta isenção, a mesma aplica-se t apenas à primeira transmissão em ( nome do adquirente. I Tendo em conta a dualidade do Im­posto Predial Urbano e não preten­dendo introduzir modificações de fundo no sistema fiscal, separou-se o regime de tributação, de prédios ar­rendados e prédios não arrendados. Desta forma, estabeleceu-se um regime diferenciado de tributação com bases de incidência, taxas e regimes de liquidação distintos, conforme esteja em causa um imóvel arrendado ou não arrendado. No que se prende com a tributação de imóveis arrendados, em resultado desta alteração, a taxa efectiva a su­portar pelos sujeitos passivos do im­posto fixa-se em 15% sobre as rendas efectivamente recebidas. No que se prende com a tributação de imóveis não arrendados, proce­deram-se a alterações mais substan­ ciais. Desde logo, procedeu-se à al­teração da base tributária, passando o imposto a incidir não sobre o valor locativo, ou seja, o valor potencial de rendas anuais, mas sim, sobre o valor patrimonial, ou seja, o valor do imó­vel tendo em conta as suas características.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 74 A nível das taxas aplicáveis a imóveis não arrendados, procedeu-se tam­bém a uma revisão substancial do anterior sistema, uma vez que se fi­xou um sistema de taxas progressi­ vas com dois escalões, pretendendo, assim, tributar-se apenas o valor dos imóveis em excesso de 5 milhões de kwanzas. Desta forma, um imóvel de valor igualou inferior a 5 milhões de kwanzas não sofre qualquer tributa­ção no caso de não se encontrar ar­rendado, ao passo que um imóvel de 7 milhões de kwanzas, apenas paga imposto sobre o valor em excesso de 5 milhões de kwanzas, ou seja, sobre 2 milhões de kwanzas, à taxa reduzi­da de 0,5%. Finalmente, à semelhança do que se fez no âmbito do Imposto de Sisa, re­viu-se o elenco de situações de isen­ ções previstas no Código do !PU. a mecanismo de retenção na fonte Deve dizer-se também, que as altera­ ções introduzidas em sede de Impos­ to Predial Urbano acarretam diversas e relevantes mudanças nos diversos procedimentos e sistemas utJ.1izados pela Administração Fiscal na gestão e cobrança do imposto. NÓ que respeita a imóveis arrenda­dos, institui-se a obrigação de liqui­dação do imposto po~ via de reten­ção na fonte, no caso de o inquilino ser uma pessoa, singular ou colecti­va, que disponha ou deva dispor de contabilidade organizada. Nesse ca­so, o inquilino deverá, no momento do pagamento da renda ao senhorio, reter o montante do imposto devido, ou seja, 15% ~ renda paga, deven­do entregar esse montante na res­pectiva repartição fiscal, em substi­tuição do senhorio. Após a entrega n do imposto devido, que deverá ocorrer até ao fim do mês seguinte àquele l- a que respeite a retenção, o inquilino l- deverá entregar o DAR, documento le comprovativo da entrega do impos­to retido, exonerando desse modo o senhorio do cumprimento da obriga­ção fiscal. Com este regime, pretendeu-se dar m maior efectividade ao sistema de liquidação e arrecadação do imposto, engajando as diversas entidades en­volvidas no arrendamento. Adicionalmente, foram desenvolvi­dos e melhorados os sistemas infor­máticos e modelos e formulários de gestão do imposto, permitindo uma actuação da Administração mais eficaz, moderna e capaz. Finalmente, foi desenvolvido um no­vo modelo de avaliação de imóveis, destinado a aferir o valor patrimonial dos mesmos, que servirá de base de incidência para a tributação de imó­veis não arrendados. Este modelo baseia-se na definição de um preço ba­se por metro quadrado, variável de acordo com a localização do imóvel, sendo esse valor base corrigido con­soante diversos critérios, que consi­deram o conforto, idade, localização e utilização ou afectação do imóvel Considerações finais Ainda na perspectiva de redução da carga fiscal sobre o patri-

mónio imobiliário, procedeu-se também à de­soneração do imposto do selo sobre diversos actos associados à compra e venda de imóveis. Nesse sentido, re­duziu-se o imposto do selo que incide sobre o contrato de compra e ven­da do imóvel de 0,5% do valor do contrato para 0,3%. Adicionalmente, reduziu-se o imposto do selo aplicá­vel aos financiamentos para aquisi­ção de habitação de 0,3% para 0,1%. Conjugado com estas reduções, foi ainda eliminado o imposto do selo sobre o conhecimento de cobrança do Imposto de Sisa que incidia à taxa de 8% sobre o valor do Sisa. Em resultado destas alterações, tem ­se verificado um significativo au­ mento do número de contribuintes a liquidar os impostos, principal­mente no que respeita ao Imposto Predial Urbano sobre prédios arren­dados, através da liquidação por re­tenção na fonte, bem como, um au­mento significativo no montante de receita arrecadada com este impos­to. De facto, desde a implementação da nova legislação, tem-se verificado uma maior dinamização do imposto, com resultados crescentes quando comparados com iguais periodos do ano anterior. Desta forma, podemos dizer que o objectivo preconizado com as altera­ções introduzidas foi atingido, sen­do necessário continuar a trabalhar no sentido de manter e administrar os novos procedimentos e garantir a correcta e justa aplicação do impos­to. Em conclusão, não obstante as redu­ções efectivas que se verificaram, o alargamento da base tributária leva­da a cabo através das novas regras e procedimentos de inspecção resulta­ram numa. Maior justiça social e maior arrecadação de receita para que o Es­tado possa satisfazer as suas obrigações para com a colectividade Director Nacional de Impostos/ MINFIN

6.27 Inscrições de interessados começam no proximo mes Jornal de Angola 24 de Outubro de 2011

As inscrições de acesso às casas sociais a serem erguidas pelo Execu­tivo na “província de Benguela vão estar abertas de 8 a 18 de Novembro, no pavilhão Multiusos Acácias Ru­bras, entre as 8h30 e as I2hOO. Segundo um comunicado de im­prensa da direcção provincial da Juventude e Desportos, para se ter acesso a uma habitação social é ne­cessário ser-se cidadão angolano e ter entre 15 e 35 anos. Além disso, o candidato deve apresentar um ates­tado que confirme ser residente na província há mais de dois anos,”e uma certidão matrimonial ou de união de facto, passada por uma en­tidade competente.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 75 De acordo com o decreto Executi­vo n029/09 de 17 de Abril, do Minis­tério da Juventude e Desportos, so­bre a concessão da habitação social à juveÍ1tude;é igualmente exigido, no acto de inscrição, uma fotocópia do Bilhete de Identidade e o resto cri­minal. As autoridades exigem ainda uma fotocópia do cartão de contri­buinte, o documento de comprova­ção da situação militar regularizada, -, para os jovens do sexo masculino, e uma declaração da entidade patronal pública ou privada, que comprove o vínculo laboral. Para a supervisão do processo foi criado um comité de avaliação das candidaturas, chefiado pelo vice-governador para o sector económi­co e que integra o director provin­cial da Juventude e Desportos e re­presentantes da delegação regional do Banco de Poupança e Crédito (BPC), Conselho Provincial da Ju­ventude, direcção provincial da Comunicação Social e quadros senio­res do departamento da juventude. . Segundo o programa, o sorteio público terá lugar a 20 de Dezem­bro de 2011, no recinto de jogos dQ. Estrela Clube 1 ° de Maio, com iní­cio previsto às 10h00.

6.28 BNA participa nos esforços do Executivo com a inclusão financeira das populações Jornal Economia e Finanças 25 de Outubro de 2011

O programa de inclusão finan­ceira, promovido pelo Banco Nacional de Angola (BNA), junto das populações, vai per­mitir ao país urna maior mo­bilização de poupanças para o suporte ao Investimento e o alargamento da base de aces­so ao capital financeiro. As afirmações foram feitas pelo governador, José de Lima Massano, que falava, na semana passada, numa confe­rência subordinada à temáti­ca inclusão financeira. Para o 90vernante, este programa, alem de oferecer maior segu­rança e protecção aos recursos da população, vai dinamizar a economia e apoiar a redução da. pobreza no país pela via da criação de novos empregos. Conforme disse José de Lima Massano, o terna, enten­ dido corno um maior acesso da população aos serviços fi­nanceiros básicos, incluindo aos instrumentos de paga­mentos, desafia-nos a reflexão sobre a segurança e a eficiên­cia da gestão dos recurS0S fi­nanceiros das famílias, a título individual ou colectivo, inde­pendentemente do seu ren­dimento e da sua localização geográfica no território nacio­ nal. Daí a sua comlexidade. Embora constitua objecto e o centro das preocupações do sistema financeiro nacional, a iniciativa deve envolver as en­tidades públicas e privadas, financeiras ou não.

“Pretendemos envolver nesta dinâmica todos os par­ ceiros que possam contribuir para o seu êxito, através da validação das acções já desen­volvidas, com as quais se quer proporcionar o conhecimento de experiências bem sucedi­do noutros países e numa perspectiva de lançamento de base estratégica, adaptada à realidade angolana”, disse. José de Lima Massano asse­gurou ainda que a informação disponível revela que o aces­so a serviços financeiros bási­cos no país é ainda limitado, quer em termos da população abrangida, quer em distribui­ção geográfica dos prestado­res destes serviços. Indicadores da inclusão Estima-se que apenas cerca ~J3 por cento da popu­lação angolana tenha urna conta bancária, e que, apesar do forte crescimento da rede de balcões que se tem regis­tado nos últimos anos, e que subiu de 501 para 914, cerca de 54 por cento desta está lo­calizada em Luanda. O governador do Banco Central disse, por outro lado que, que ao analisarmos a in­c1usão financeira no país do lado da oferta de serviços fi­nanceiros, os indicadores im­portantes de acessibilidade traduzem a mesma realidade, na medida em que, até Junho deste ano, existiam apenas, por 10 mil habitantes, 0,49 a9ências e dependências bancárias e 0,76 caixas automáti­cas (ATM). No período em análise e no que se refere a utilização de instrumentos de pagamentos, apesar do crescimento anima­dor que se tem registado, o número de cartões multicaixas válidos, por mil habitan­tes, estimou-se em 121. Por seu lado, o rácio de de­pósitos/PIB ficou em 33 por cento e do lado da oferta de crédito bancário, o rácio cré­dito à economia/PIB situou-se em 20,7 por cento. Já o crédi­to a pessoas singulares foi de apenas 4,4 por cento do PIB. Assim, no âmbito da pres­tação de serviços de micro-crédito, o país dispõe de qua­tro instituições financeiras bancárias e urna não bancária que oferecem estes serviços num universo de 23 bancos licenciados. Trata-se dos ban­cos Sol, Poupança e Crédito (BPC), Comercio e Indústria (BCI), BAI Micro Finanças (BMF) e a Kixicrédito, corno operadora não bancária. Acções do Executivo De acordo com José de Lima Massano, no âmbito das ac­ções de inclusão social que têm vindo a ser implementa­ das pelo Executivo angolano, o BNA tem tomado um con­junto de iniciativas voltadas para a inclusão financeira, as­sociando-se aos esforços doas autoridades governativas de reduzir a pobreza no país. Assim, o governador sus­tenta que, “a adequada ex­pansão da inclusão financeira permite uma maior mobiliza­ção

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 76 de poupanças para supor­te ao investimento, o que pas­sa pelo alargamento da base de acesso ao capital financei­ro, formalização da economia, criação de postos de trabalho e a distribuição de renda”, lembra. Reafirmou, igualmente, que com esse sentido orienta dor foi, no ano em curso, estabele­cido um quadro regulamentar próprio para as sociedades de micro-crédito e para as coo­perativas de crédito, condição necessária para o surgimento de mais prestadoras de servi­ços de micro-finanças. Abordou ainda sobre a re­gulamentação da prestação de serviços de remessas de valo­res, estando em fase adianta­da o regulamento referente aos correspondentes bancá­rios, que inclui a extensão de serviços financeiros aos ou­tros prestadores, casos de far­mácias, grandes superfícies comerciais, lojas e outros.

6.29 Apartamentos à venda na cidade do Kilamba Jornal de Angola 27 de Outubro de 2011

Os primeiros 3.180 apartamen­tos, uns com três quartos e outros com cinco, da cidade do Ki1amba, em Luanda, estão à venda, desde segunda-feira, anunciou, em co­ municado, a Sonangol Imobiliária e Propriedades (SONIP), gestora dos imóveis. A nota refere que estão, igualmen­te, à venda outros 35.536 apartamen­tos, ainda em construção, nas centra­lidades do Kilamba, 16.822, Cacuaco/Dande, 10.002, Zango, 2.464, Musseque Capari, quatro mil, e 2.248 no Quilómetro 44. O comunicado acrescenta que não são necessárias novas inscri­ções para estes apartamentos e que os interessados podem escolher a localidade em que querem viver. A cidade do Kilamba, cujo pro­jecto é constituído por 710 edifícios, 24 creches, nove escolas pri­márias e oito secundárias, constitui um elo de transição para a nova ur­be de Luanda, a edificar junto à margem do rio Kwanza. O projecto de construção da Ci­dade do Kilamba tem conclusão prevista para Outubro de 20 12.

6.30 Executivo entrega em Dezembro residências sociais para os jovens Jornal de Angola 31 de Outubro de 2011

O ministro da Juventude e Des­ portos, Gonçalves Muandumba, anunciou em Luanda, para De­zembro próximo, a entrega de mais 100 casas económicas aos

jovens, na Zona do Zango, muni­cípio de Viana, no quadro do pro­grama Angola Jovem Discursando sábado na cerimó­nia de entrega de 115. casas de mé­ dia renda para a juventude na zona da Camama, Gonçalves MUANDUMBA disse que do lote de 100 a serem entregues em Dezembro; 57 são para jovens que concorreram às ca­sas de média renda na mesma zona, mas que por razões financeiras de­sistiram deste projecto.. De acordo com o ministro da Ju­ventude e Desportos, com esta ini­ciativa vai ser cumprida a promes­sa de integrar os jovens que desisti­ram do projecto inicial por falta de condições financeiras para comprar casas de média renda. Gonçalves Muandumba anun­ ciou ainda, nos próximos tempos, a construção de mais 200 casas na zo­na do Zango, município de Viana, em Luanda. O ministro da Juventude e Desportos anunciou igualmente que está em curso, na zona da Sapú, em Luanda, a construção de 500 ca­sas económicas, das quais 57 serão entregues em Dezembro próximo. A distribuição das casas, segundo Gonçalves Muandumba, acontece até Maio do próximo ano. O projec­to está a ser executado numa parce­ria entre o Ministério da Juventude e Desportos e o Banco de Poupança e Crédito (BPC). O ministro Gon­çalves Muandumba assinalou que o financiamento é do BPC, que participa igualmente noutros pro­jectos do género em Luanda e no interior do país. O ministro da Juventude e Desporto inaugurou, no sábado, em Luanda, na zona da Camama, 115 de 500 casas T3, de média renda, construídas no âmbito do programa Angola Jovem Gonçalves Muandumba subli­nhou que a entrega destas casas re­flecte o compromisso assumido pe­lo Executivo de combater o défice habitacional social no país. As principais ruas da referida ur­ banização vão ter duas faixas, uma em cada sentido, com áreas de esta­ cionamento colectivo. Na cerimónia de entrega das casas na comuna do município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, estiveram pre­sentes a secretária. para os Assuntos Sociais do Presidente da República, Rosa Pacavira, os vice-ministros e da Família e Promoção da Mulher, Ana Sacràmento, e da Comunicação Social, Miguel de Carvalho, e a vice­-governadora de Luanda para a área social, Juvelina Imperial.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 77

7

TERRA

7.1 Registo predial está em debate Jornal de Angola 04 de Outubro de 2011

Um seminário sobre o tema “Re­ gisto predial e Notariado em Ango­ la”realiza-se hoje e amanhã, em Luanda, enquadrando-se no pro­jecto de modernização e informati­zação dos serviços do Ministério da Justiça. O encontro tem como ob­jectivo a troca de experiências en­tre os especialistas das áreas do Re­gisto Predial e do Notariado e do sector económico e imobiliário português e angolano. Um documento do Ministério da Justiça indica que o projecto de mo­dernização e informatização dos Serviços de Registo Predial e do Notariado em curso e as recentes al­terações legislativas vêm garantir um método de registo eficiente.

7.2 Descriminação e especulação Semanario Angolense 08 de Outubro de 2011

O projecto Zango foi (e ainda está a ser) cons­truído em terras que foram, maioritariamente habitadas por camponeses que tinham lá as suas residências de pau-a-pique e as suas lavou­ras. Hoje ainda se vê algumas lavras de mandioca e árvores de fruta como mangueiras e cajuei­ros. Com a construção das novas urbes, os camponeses ficaram sem as lavras e as residências e, como compensação, foi-lhes pro­metido casas nas centralidades de acordo com o que possuíam. Algumas beneficiaram de no­vas casas no Zango I e lI, mas a maioria, em conjunto com ou­tros desalojados de várias zonas de Luanda passaram a viver em tendas e ali continuam há vá­rios anos. As tendas acabaram por apodrecer e tiveram que re­mediar-se com chapas de zinco, fazendo pequenos casebres, sem que nunca sejam priorizados. As casas continuam a ser cons­truídas, novos habitantes as vão ocupando, mas os antigos pro­prietários daquelas terras, que perderam inclusive as lavras de onde tiravam o seu sustento con­tinuam nas mesmas condições. É um paradoxo ver-se o longo cin­turão de casebres a envolver os novos bairros. As histórias que aquelas pessoas contam sobre a sua situação, são confrangedoras e ninguém entende porque é que continuam assim. O projecto Zango começou com um tipo de casas. Depois foram contratadas mais empre­sas construtoras

e outros tipos e outros estilos foram surgindo. Assim, naqueles bairros enor­mes há de tudo, incluindo casas sem reboque por dentro e fora, sem pavimento adequado e até, alguns esboços de casas, em que foram espetados uns tubos no chão para suportar o tecto sem paredes e apenas com um pequeno quarto e uma minúsculas casa de banho. Estas construções são conhecidas como as «casas do Capapinha», porque os morado­res dizem que foram mandadas construir por aquele ex-governador de Luanda. No Zango I, que foi maioritária ente habitado por gente pro­veniente da Boavista, quase não há uma só com traços originais. Todas elas foram modificadas consoante as possibilidades e o gosto dos seus proprietários. No Zango II algumas casas também já sofreram modifica­ ções, sobretudo as compradas por gente de posses. Igualmen­te se fala em grandes negociatas com a venda das casas. Há pes­ soas que possuem várias casas compradas. Muitas dessas casas são vendidas por pessoas que beneficiaram de três ou quatro casas, consoante o que possuíam no local de onde foram desalo­ jados. Mas a população também fala da interferência de altos di­rigentes do Governo e do partido no poder e de fiscais que também vão vendendo casas. Alega-se que há dirigentes e oficiais ge­nerais das Forças Armadas que possuem dezenas de casas que estão a ser comercializadas aci­ma dos 50 mil dólares. De acordo com um morador do Zango 11, ainda é possível, neste momento, comprar-se uma casa por cerca de 30 mil dólares. Assim, a especulação imobili­ ária continua em alta, sendo exe­cutada por quem devia combater tais práticas e impedem que haja oferta de habitação a preços con­trolados. No que diz respeito à cidade que nasceu a sul de Luanda, há também o problema do preço das habitações. Os compradores pa­gam luxo, mas a qualidade está situada no escalão de rendimen­to médio-baixo. E a habitação social de projectos como o Nova Vida ou Lar do Patriota tendo preços mais em conta, são igual­ mente elevados. As urbanizações de Viana, so­bretudo as que acolheram habi­tações sociais, deviam ter preços mais baixos, mas com a especula­ção descrita e executada por tercei­ros, não se vislumbra que, a curto prazo, a situação mude. Também há o problema das acessibilidades, apesar de que o comboio tenha re­solvido muitos problemas, subsiste um grande deficit em parques de estacionamento. O crescimento de Luanda para Norte é servido pela auto-estrada que vai para Caxito e para a pro­víncia do Zaire e a via rápida cir­cular a Luanda que tem ligação

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 78 com as novas centralidades que estão a nascer no sul e sobretudo na área de Belas. Apesar de tan­tas centralidades e dos milhares de casas construídas, para mui­ta a gente, a casa própria ainda é um sonho.

7.3 Um grande pesadelo que vai da Praia do Bispo ao Panguila Semanário Angolense 08 de Outubro de 2011

Madrugada do dia” 19 de Novembro de 2010. A população que habitava a região conhecida como favela da Praia do Bispo era acordada pelas au­toridades. O bairro foi cercado. Quem estava sob o perímetro po­licial não podia sair e quem não estava não podia entrar. Definiti­ vamente, aquele não seria um dia normal nas suas vidas. A julgar pelas histórias que este povo con­ta hoje, ali começava um dia de pesadelo. Sem saber para onde seriam le­ vados, os «favelados» foram sen­do transportados em autocarros devidamente lotados, desde cedo, enquanto os seus pertences eram empilhados e carregados em ca­ minhões basculantes. Depois de uma viagem de 30 quilómetros ao Norte da capital, no então mu­nicípio luandense do Cacuaco, aportaram no novo destino. A primeira visão do novo por­to, a vila do Panguila, algumas pessoas ainda se permitiam so­nhar, como uns relataram ao Se­manário Angolense. Para esses, ao longe, a imagem das casas apa­rentemente acolhedoras levava a antever um lar melhor. Mas a to­dos o dia reservava ainda outras surpresas. Nada agradáveis. Na área residencial do sector 9, conhecida como «tecto verme­lho», devido à cor avermelhada do telhado das casas do tipo pré-fa­bricado, à nossa reportagem mo­radores afirmaram que não houve nenhuma espécie de consideração para com os seus pertences, muito menos qualquer cuidado. Assim, como fazem para descarregar os produtos que transportam de costume, como areia e pedra, os camiões, consoante chegavam, basculhavam os seus pertences. Em resultado dessa falta de es­mero, muitas mobílias entre ou­tras coisas, como fogões, ficaram danificadas. Há os que perderam botijas e outros que ficaram sem os seus documentos. Os moradores alegam que essa é uma das razões pela qual um bom número deles não possui bilhete de iden­tidade. u­co sofrimento se a distribuição das casas obedecesse a outro cri­tério que não o de se abrigar de­baixo do mesmo tecto de duas a três famílias. Pelo depoimento da população, o «aportamento» chega até mesmo a

cinco famílias «enlatadas» na mesma casa. Não bastasse isso, a reportagem do Semanário Angolense consta­tou que muitas famílias (algumas das quais não vieram da favela da Praia do Bispo) ainda continuam em casas sem portas ou janelas, onde foram «abrigadas». Corti­nas, chapas de madeira e outros recursos ao alcance de cada um fingem fintar a insegurança e es­tabelecer os limites de cada famí­lia dentro da «casa comum». Embora a decepção estivesse ali patente – dizem «os favelados do Panguila», como são chamados, de acordo com a sua procedência -, o sonho de uma casa para cada família só se manteve aceso por­que as autoridades prometeram que aquela situação só duraria quinze dias. Ao fim desse prazo, como disseram, cada família teria a sua própria casa. O dia prometido chegou. Fa­zendo a operação aritmética o dia «D» seria o 4 de Dezembro de 2010. E o dia passou sem sombra sequer de qualquer autoridade para dizer alguma coisa ao povo, dizem eles pró­prios. Estamos a dois meses de fazer um ano desde aquela data. Tudo o que eles sabem provavelmente é o mesmo que já sabiam: a vida não voltará mais à Praia do Bispo (embo­ra esse seja o desejo da maioria deles). Imaginemos: uma casa com dois quartos (ou três, para quem tem mais «fezada»), uma sala, uma cozinha, um quar­ to de banho (sem água), três, quatro, cinco famílias (com quatro filhos em média para cada uma). Panguila tornou-se realmente um pesadelo. E a vida de cada um é a única garantia de que as coisas pode­rão mudar. Quando então? ­eis a grande interrogação.

7.4 Prédio da Tchetchenia e Angola Telecom serão demolidos Jornal Agora 08 de outubro de 2011

Segundo o director pro­vincial da direcção pro­vincial das Obras Públicas, Torre Bunga, os estudos avançados foram já feitos por empresas especializadas, sendo que o processo deverá obedecer às tecnologias modernas para que os escombros não afectem as vias nos arredores, nem perigar a vida dos habitantes das respecti­vas áreas. “Já temos os estudos feitos e, neste momento, estamos à espera das propostas das empresas que vão fazer a demolição”. Em relação ao prédio da lagoa do Kinaxixi, na Ingombota, e o da Maianga (Largo da Maianga), explicou que técnicos do sector estão a fazer estudos para avaliar se as suas estruturas podem du­rar mais algum tempo ou se par­tirá igualmente para a sua demolição e reabilitação.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 79 O executivo de Luanda desen­ volve actualmente um levanta­mento para avaliar a situação dos edifícios, principalmente na bai­xa da capital do país, que abran­ge mais de 50 % do município da Ingombota.

7.6 Milhares de pessoas são realojadas na província do Kuando-Kubango

Esta iniciativa surge na se­quência da matéria publicada pelo AGORA na edição de 24 de Setembro, ao revelar o estado de avançada degradação dos pré­dios sujos e saturados que aguar­davam por reabilitação urgente. Recorde-se que o ex-prédio da Cuca foi demolido com tecnolo­gia moderna sem afectar as estra­das nem outros edifícios adjacentes. As famílias que vi­viam no prédio foram transferi­das para a nova centralidade do Zango, em Dezembro último.

Ao todo, 60 mil pessoas que vi­viam de forma dispersa nos mu­ nicípios de Mavinga e Rivungo, em função do conflito armado que assolou o país, foram até ao momento realojadas nestas 10­calidades, no âmbito do de um programa do governo do Kuando-Kubango.

O edifício inaugurado em 1974, tinha 14 andares, 162 apar­tamentos e quatro estabelecimen­tos comerciais.

7.5 Prédios da Tchetchénia e Angola Telecom vão ser demolidos Semanário Factual De 08 a 15 de Outubro

A Direcção de Luan­da das Obras Pú­blicas aguarda, nos próximos dias, pelas pro­postas de empresas pri­vadas, com vista à demo­lição dos prédios não ha­bitados, denominados Tchetchénia e Angola Telecom, localizados nos municípios do Rangel e Maianga, respectivamente. O director provincial da Direcção Provincial das Obras Públicas, Torre Bunga, declarou que estudos avançados foram já feitos por empresas espe­cializadas, sendo que o processo deverá ser feito com tecnologia moderna, para que os escombros não afectem as vias nos arredores, nem perigar a vida de pessoas nas res­pectivas áreas. Em relação ao prédio da Lagoa do Kinaxixi, na Ingombota, e o da Maianga (Largo da Maianga), explicou que técnicos do sector estão a fazer estudos, no sentido de se ava­liar se as suas estruturas podem durar mais algum tempo ou se partirá, igual­mente, para a sua demo­lição e reabilitação. O Governo Provincial de Luanda desenvolve um levantamento para avaliar os estados dos edifícios, principalmente na baixa da capital, que abrange mais de 50 porcento do municí­pio da Ingombota.

Jornal de Angola 12 de Outubro de 2011

A acção, levada ‘a cabo em cola­boração com o Executivo central, visa garantir a implementação dos programas de desenvolvimento agrícola, educação e saúde, em be­neficio da população que se encon­trava dispersa. No Kuando-Kubango, o proces­so está a facilitar a assistência da população com abastecimento de água potável, energia eléctrica, saúde, educação e o desenvolvi­mento de actividades agrícolas. Essa realidade foi constatada, re­ centemente, numa visita de campo efectuada pelo governador do KuandoKubango, Eusébio de Brito Teixeira, destinada a avaliar de per­to o grau do comprimento dos Pro­gramas de Desenvolvimento Rural Integrado e Combate à Pobreza e de cuidados primários de saúde. Para se dar sequência ao processo de realojamento no Kuando-Kubango, o Executivo angolano, ao apro­var o plano operativo de emergência à província para o biénio 2011/2012, destacou Gomo uma das prioridades o realojamento de 150rnil ex-militares e mutilados de guerra nos muni­cípios de Mavinga e Rivungo. O governo da província criou, re­centemente, uma comissão para es­te processo, chefiada pelo vice-go­vernador pará os Serviços Técni­cos, Simão Baptista, e integrada pelos directores provinciais. A re­ferida comissão começa a trabalhar em breve, contando com o apoio das forças de defesa e segurança, justiça e outras instituições locais. O objectivo principal do progra­ma é promover a criação de projec­tos de fomento agrícola. Para tal, foram disponibilizados 394,9 mi­lhões de kwanzas. Parte deste valor é destinada à aquisição de kits para a preparação de terras, sementes de massango, massambala e artefactos de pesca. O governador mani­festou a sua satisfação com esta acção do Executivo angolano e consi­derou a mesma como tendo nature­za humanitária e de justiça social, pois é tida em consideração a ac­tual condição de vida dessas pessoas e a contribuição relevante que deram à construção da liberdade e da paz em Angola.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 80

7.7 Casas zonas de risco são demolidas em breve Jornal de Angola 13 de Outubro de 2011

O governo da província de Ca­binda vai demolir, em breve, às casas construídas junto às valas de drenagem, para facilitar a cir­culação de máquinas e camiões durante os trabalhos de limpeza e recolha de resíduos sólidos aí de­positados, soube, ontem, o Jor­nal de Angola. Nos bairros a “Luta Continua” e “4 de Fevereiro” alguns mora­dores construíram as suas habita­ções em áreas consideradas de risco. Ainda não foi revelado o número das que vão ser demoli­das, mas sabe-se que cerca de 300 famílias, incluído as que vi­vem próximo das ravinas da al­deia de Tchizo, serão realojadas na aldeia de Zongolo, localidade onde o governo provincial está a criar as condições para a auto-constrnção dirigida. Auto-construção Às famílias a realojar serão distribuídos lotes de terreno e fornecido material de constru­ção, segundo garantiu ao Jornal de Angola a secretária provincial do Ordenamento do Território e Ambiente, Maria Tati. O governador da província, Mawete João Baptista, visitou há dias as valas de drenagem de águas, para constatar o grau de perigosidade e o estado de sanea­mento de alguns bairros da peri­feria da cidade. Na altura, Mawete João Bap­ tista descreveu como “preocu­pante” o saneamento dos bairros que visitou e de lastimável o esta­do das valas, transformadas em autênticos depósitos de lixo, im­pedindo o curso normal das águas e, com isso, o surgimento de muita imundice. “As construções anárquicas que as populações fizeram à beira de valas de drenagem, para além de dificultarem a sua manuten­ção também criam constrangi­mento ao trabalho de requalifica­ção da cidade, que o governo pre­ tende desenvolver”, disse o go­vernador, acrescentando que es­tão em vista a reabilitação e cons­trução de várias infra-estruturas de impacto social, para melhorar o nível de vida da população.

7.8 Moradores exigem indemnização Jornal o país 14 de Outubro de 2011

Os vestígios do incêndio que deflagrou na Fábrica de Lubrificantes da Sonangol (EMUL) na zona industrial do Cacuaco, na Mulemba, mostram quão foi a proporção do fogo, cuja origem está ainda por descobrir, numa altura em que os investigadores da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) já trabalham no caso.

Enquanto se aguarda pelas investigações alguns cidadãos que foram afectados admitem que o mesmo tenha sido causado pelos próprios moradores, que, geralmente, ateiam fogo para queimarem lixo ao longo da vala por onde são escoados os resíduos que saem do interior da fábrica. Esta é a convicção de Paulino Te­nente, um dos cidadãos que viram parcialmente destruídas as suas re­sidências pelo impacto do incêndio que os deixou sem os seus parcos ha­ veres, entre mobiliário e outros utensílios, como contou à reportagem de O PAÍS. Segundo a fonte, a vala por onde vazam os resíduos que saem da fábrica para o interior do bairro está entupida e o óleo transborda para muito perto das casas erguidas à beira da vala. Visivelmente agastado pelo facto de a sua casa ter sido atingida fortemente pelo incêndio, resultan­do na destruição parcial da mesma, Paulino Tenente afirmou que o fogo pode ter sido causado por crianças ou mesmo adultos “que sempre deposi­tam o lixo na vala e depois queimam, já que não há nenhum outro espaço onde os moradores possam depositar os resíduos sólidos por si produzidos, por falta de contentores”. Com voz trémula enquanto fala­va à nossa reportagem, Tenente, 43 anos, que disse trabalhar por conta própria, acrescentou que a situação poderia ter sido evitada se houves­se uma estreita colaboração entre Os moradores e a Sonangol, proprie­tária da EMUL, para a limpeza e a manutenção intacta da vala que de­semboca no vizinho bairro Farol das Lagostas, vulgo Uíje, mas” em ne­nhum momento a direcção da EMUL se dignou visitar a vala de drenagem que está por detrás da fábrica para constatar se está protegida ou não, já que transporta resíduos susceptíveis de provocar incêndio” afirmou. O desabafo deste homem que vive no bairro há mais de vinte anos, é também extensivo à direcção geral da Sonangol, a quem acusa de ter permitido que se erguesse ali o bair­ro, sem acautelar eventuais sinis­tros, tendo em conta a especialidade do produto inflamável que se produz naquela unidade fabril. “Devia -se ter em conta essa situação, mas não foi o que aconteceu”, reforçando que em­bora o fogo não tenha causado víti­mas humanas, a situação continua a inspirar cuidados. “A Sonangol tem que tomar me­didas urgentes para que situações do género não voltem a acontecer. Gra­ças a Deus não aconteceu o pior aos moradores, o que é mais importante para nós”, sublinhou. Sebastião Simia, 36 anos, um outro morador que acedeu falar, corrobora as palavras do primeiro entrevistan­do ao defender que houve negligên­cias de ambas as partes, ou seja, tanto a EMUL, quanto os moradores, por não protegerem a vala para se evitar o que aconteceu. “ Se

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 81 houvesse uma interacção sobre o caso, creio que não haveria incêndio”. Mudar para outro local Ciente do perigo que representa a continuidade de habitar na Mulemba, não só por causa do recente fogo, mas também por ser uma zona industrializada com fábrica de produtos químicos, Sebastião Simia de­fende que se transfira o bairro para uma outra localidade, onde haja mais segurança e longe de qualquer perigo para as pessoas e seus haveres. Suge­riu que a localidade do Panguila (Cacuaco), ou Zango (Viana), pode ser uma dos que oferece garantias para se viver. “ Nestas duas localidades seria uma solução viável”, opinou. Para ele, a transferência da Mulemba seria já, receando que a situ­ação pode algum dia voltar a acon­tecer, não sendo na mesma fábrica, mas numa outra, justificando que todas as unidades fapris instala­das ao longo da estrada principal do Cacuaco têm nas suas traseiras residências separadas apenas pelo parapeito dos quintais que cobrem o perímetro das mesmas. “Tem de haver uma precaução para eventu­ais situações que possam ocorrer noutras fábricas, porque todas elas produzem substâncias químicas que perigam a vida humana e todo cuidado é pouco”, sublinhou. Reconhecendo o esforço das au­toridades em proporcionar me­lhores condições de habitabilida­de para os cidadãos que vivem em zonas de risco, a fonte sugere que parte dos moradores do bairro da Mulemba seja abrangida também por este processo, especificamen­te os que construíram nas bermas das valas, provocando a sua obs­trução. “ Seria bom se fizesse um cadastramento para que parte desta população fosse contemplada na transferência dos moradores que vivem em sítios impróprios para outros com melhor segurança, para se evitar o risco permanente onde vivem”. Indemnização Embora a sua residência não tenha sido muito afectada pelo fogo, de­fende que a Sonangol, enquanto proprietária da Fábrica, deve in­demnizar os moradores cujas re­sidências sofreram danos. “ Pelo prejuízo causado, a Sonangol deve ressarcir as pessoas que perde­ram as suas casas, e os seus bens, dando-lhes novas residências onde possam habitar. Desde que houve o incêndio a maioria está a dormir em casa e nos quintais dos familiares, amigos e vizinhos e não têm garan­ tias de qualquer indemnização por parte da dona fábrica”, deplorou a fonte. Não às tendas Simão Cruz exige. que seja alojado numa casa e não em tendas como avançou o administrador munici­pal do

Cacuaco, José Cafussa. As mesmas seriam instaladas na zona da Cerâmica, mas a maior parte re­cusa veementemente ir morar em pavilhões, até porque, dizem, não garantem alojamento condigno. “Te­mos de sair de uma casa para outra e não para tendas”, desabafou.

7.9 Mulheres querem mais dinheiro para aquisição de terra Jornal O PAÍS 14 de Outubro de 2011

A representante da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) na província do Huambo, Natália Firmino, sugeriu hoje, na província do Uíge, ao Governo que reforce a capacidade financeira das mulheres rurais, por forma a que possam adquirir terras e investir. Natália Firmino fez está sugestão durante uma palestra sobre “Meca­nismos de trabalho com as mulhe­res para o acesso à propriedade de terra nas comunidades rurais”, no Sétimo Fórum Nacional da Mulher Rural. Segundo a responsável, o Governo deve igualmente disponi­bilizar informações suficientes para que sejam elas a assumir o protago­nismo do acesso a mudanças na sua situação, ao nível das famílias e das comunidades. De acordo com a representante da ADRA, os programas de apoio ao desenvolvimento rural devem contemplar essas preocupações a partir de estudos específicos sobre a situação das mulheres e conse­quente definição de estratégias correspondentes. Disse ainda ser necessário que se trabalhe com as famílias no sentido de darem um tratamento igual aos seus filhos, no que diz respeito à herança da terra, usando meto­dologias de análises apropriadas, assim como assegurando a sua titularidade por via do registo junto das instituições oficias. O Fórum Nacional da Mulher Rural é um espaço de diálogo e concertação entre o Governo e seus parceiros que, directa ou indirecta­mente, lidam com a problemática da mulher no meio rural e o desenvolvimento das suas comunidades. O mesmo tem lugar de dois em dois anos, tendo a província do Cunene acolhido o último conclave. Participam no encontro a secretária de Estado para o Desenvolvimento Rural, Filomena Delgado, a vice-ministra da Família e Promoção da Mulher, Ana Paula do Sacramento Neto, vice-governadores para o sector político e social e directoras provinciais do Minfamu das 18 províncias, entre outras individua­lidades do Governo angolano.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 82

7.10 Família alojadas em tendas Novo Jornal 14 de Outubro de 2011

O incêndio na fábrica de lubrificantes da Sonangol afectou a casa de 20 famílias que se encontram já abrigadas em tendas, segundo o administrador do município de Cacuaco, Manuel Cafussa, em declarações à imprensa. De acordo com o administrador, trata-se de uma medida preventiva até que as autoridades e a Sonangol encontrem outras soluções. “Está montado o campo de acomodação para aloja­mento daquelas famílias que realmente não ti­veram outro sítio para se realojarem. Temos um campo montado aqui na zona da cerâmica, onde os desalojados estão a ser atendidos já com al­gum apoio logístico em termos de alimentação, cobertores e roupa usada”, disse o administra­dor, acrescentando que nos próximos dias serão estudadas outras soluções para realojar definiti­vamente a população sinistrada.

7.11 Legalização de terrenos em debate Jornal o país 14 de Outubro de 2011

A problemática da legalização de ter­renos dos camponeses a nível de al­gumas províncias constitui u~ dos destaques do XII Encontro Nacional das Comunidades que decorre hoje, em Luanda. Sobre os principais problemas das comunidades nas províncias, levados ao encontra, os representantes das províncias lamentaram a situação de perda de terrenos que alguns camponeses enfrentam. Armindo Cassona, presidente da Cooperativa Agropecuária Tuayovoka, na província do Huambo, mu­nicípio do Bailundo, avançou que em determinadas áreas existem pessoas que se têm apoderado de terrenos de alguns camponeses. Segundo a fonte, a questão deve-­se à limitação de informação, pois muitos camponeses não têm conhe­cimento sobre como legalizar as suas terras. Armanda Mines, directora da Ac­ ção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) na província de Benguela, referiu que a legaliza­ção de terras constitui dos principais problemas relativos às comunidades naquela localidade e que carecem de intervenção. “Temos camponeses que nada sa­biam acerca da importância e neces­sidade de terem as suas terras lega­lizadas passadas ao papel como sua propriedade”, frisou. Por sua vez, Patrícia dos Reis, coor­denadora da ADRA no município do Quela, província de Malanje, reiterou a

necessidade de ajuda para alguns camponeses no tocante à questão da legalização dos seus campos. Em 2010, no Encontro Nacional das Comunidades, a questão da necessidade de ajudar as comunidades na legalização de terras constou das recomendações finais do certame. Segundo as conclusões e reco­mendações do XI Encontro Nacional das Comunidades para a ajuda na le­galização de terras das comunidades é necessário que o Instituto de Geo­desia e Cartografia de Angola (IGCA) facilitem o referido trabalho. Ainda sobre o processo de lega­lização de terrenos, o referido do­cumento frisa que os conflitos de terras nas comunidades devem ser resolvidos também através dos Con­selhos de Auscultação e Concertação Social.

7.12 Milhares de pessoas são realojadas na província do Kuanda-Kubango Jornal Continente 14 de Outubro de 2011

Ao todo, 60 mil pessoas que viviam de forma dispersa nos municípios de Mavinga e Rivungo, em função do con­flito armado que assolou o país, foram até ao momento realojadas nesta lo­calidade, no âmbito de um programa do governo do Kuando-Kubango. A acção, levada a cabo em colaboração com o Executivo central, visa garantir a implementação dos programas de desenvolvimento agrícola, educação e saúde, em beneficio da população que se encontrava dispersa. No Kuando-Kubango, o processo está a facilitar a assistência da população com abastecimento de água potável, energia eléctrica, saúde, educação e o desenvolvimento de actividades agrí­colas. Essa realidade foi constatada, recente­ mente, numa visita de campo efec­tuada pelo governador do KuandoKubango, Eusébio de Brito Teixeira, destinada a avaliar de perto o grau do comprimento dos programas de de­senvolvimento rural integrado e com­bate a pobreza e de cuidados primários de saúde. Para se dar sequência ao processo de realojamento no Kuando-Kubango, o executivo angolano, ao aprovar o plano operativo de emergência para o biénio 201112012, destacou como uma das prioridades o realojamento de 150 mil ex-militares e mutilados de guerra nos municípios de Mavinga e Rivungo. O governo da província criou, recente­ mente, uma comissão para este proces­so, chefiado pelo vice-governador para os serviços técnicos, Simão Baptista, e integrada pelos directores provinciais. A referida comissão começa a trabalhar em breve, contando com o apoio das

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 83 forças de defesa e segurança, justiça e outras instituições locais. O objectivo principal do programa é promover a criação de projectos de fomento agrí­cola. Para tal, foram disponibilizados 394,9 milhões de kwanzas. Parte deste valor é destinada a aquisição de kits para a preparação de terras, sementes de massango, massambala e artefactos de pesca. O governador manifestou a sua satisfação com esta acção do exec­utivo angolano e considerou a mesma como tendo natureza humanitária e de justiça social, pois é ti da em consideração a actual condição de vida dessas pessoas e a contribuição relevante que deram a construção da liberdade e da paz em Angola.

7.13 Cavaco perdeu mais de 3 mil hectares Jornal Angolense 15 de Outubro de 2011

Ainda que desprovido dos nú­meros gerais da decadência do vale, seguramente devido a difi­culdades técnicas, o Gabinete de Aproveitamento e Desenvol­vimento do Cavaco apresenta dados recentes que ajudam a perceber o espectro de extin­ção. Até antes do início da ocu­pação anárquica dos terrenos, há quase 10 anos, com o prob­ lema da falta de água já na or­dem do dia, o Gabinete tinha o registo de um vale com seis (6) mil hectares. Actualmente, se­gundo apurou o Angolense de fonte digna de crédito, o Cavaco não terá sequer metade desta cifra, uma vez que perdeu pou­co mais de 3 mil hectares. Na verdade, esta revelação acaba por dar consistência a vários pronunciamentos públicos feitos pelo director da Agricultura, Abrantes Carlos, que lamenta o facto de os agricultores não es­tarem a contar com o suporte técnico do Gabinete do Cavaco, ao contrário do que acontecia nos bons tempos da Copacavaco «Vamos esperar que o MA­PESS aumente a nossa quota na admissão de quadros para a função pública», refere. Com a angústia própria de quem viveu momentos de glória, António de Almeida «Toni», filho de antigos fazendeiros portugueses do Ca­vaco, lamenta o desperdício de um dos mais ricos e férteis vales do Centro Sul, capaz de criar milhares de empregos. Ele divide as suas potencial idades em duas variantes, nomeadamente a produção de banana e a horti­cultura (tomate, couve, cebola, repolho e batata). Também de­fensor da reabilitação do Dungo, como não podia deixar de ser, o agora funcionário do Consulado de Portugal em Benguela fala, por outro, da inexistência de empresas e de empresários. «Sem pessoas com formação empresarial, nada feito», argu­mentou o nosso interlocutor. Afi­nal, acrescenta, a Agricultura não oferece conselhos técnicos aos poucos agricultores que lá se

encontram, o que inviabiliza a concepção de créditos bancá­rios. Reabilitação da barragem do Dungo (só) em 2012 A reabilitação da barragem do Dungo, condição primordial pa­ra a solução do problema da fal­ta de água, custará 15 milhões de dólares norte-americanos, menos cinco em relação ao va­lor solicitado pelo Governo de Benguela ao Presidente da Re­pública, José Eduardo dos San­tos, para os derradeiros meses de 2009. Refira-se que o Execu­tivo de Cruz Neto pretendia aplicar os 20 milhões solicitados em outros projectos. Os custos da empreitada ora anunciada são, em abono da verdade, o aspec­to mais relevante da última de­claração oficial a propósito des­te assunto. Sem ter falado em datas concretas, Abrantes Car­los revelou ainda que a em­preitada arranca em 2012, es­tando os últimos meses do ano em curso reservados à desminagem da barragem. O projecto, que prevê a construção de di­ques, é parte do programa de regularização dos rios. «Temos a consciência de que o crono­grama de acções nem sempre é favorável aos agricultores, mas é o que está estabelecido», no­tou.

7.14 Erradicação da pobreza depende da posse e uso da terra Semanário Factual De 15 a 22 de Outubro de 2011

“A razão é simples. É da terra que tiramos a mandioca, o milho, o fei­jão, o diamante, o petróleo, o ouro e tantos outros re­cursos. Aliás, não é em vão que vemos uma corrida desenfreada por parte do Ocidente e outros, incluin­do a China, para invadirem terras de muitos países africanos, a exemplo de Angola” denunciou o activista para os direitos fundiários, que falava em alusão ao Dia Interna­cional para a Erradicação da Pobreza celebrado anualmente, a 17 de Ou­tubro (Segunda-feira). Segundo fonte. “sem os povos africanos sabe­ rem os termos exactos, os valores e o tempo de ex­ploração, parte de parcela das suas terras ficará priva­da para realizar interesses que julgamos não poten­ciarem as populações já pobres”. Tendo por exemplo Angola, Bemardo Castro refere-se à ocupação de grandes extensões de ter­ras por empresas imobiliá­rias, maioritariamente es­trangeiras ou com estran­geiros que, em muitos ca­sos põem em causa a segurança alimentar ou os direitos económicos so­ciais e culturais das popu­lações exactamente por­que ocupam terras há muito exploradas pelas fa­mílias comunitárias. “A destruição de lavras. os desalojamentos de famílias pescadoras para as áreas que impossibilitam o exercício da sua ocupação tradicional. fonte da sua subsistência,

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 84 a instalação de fazendas em espaços onde exercem as suas actividades agro-pecuárias, portanto, do domínio útil consuetudinário, cercos e impedimentos de acesso a espaços de exploração do mel. da lenha, de plantas medicinais, de cogumelos e outros recursos de so­brevivência perigam a própria segurança alimen­tar. e, seguramente tor­nam as comunidades mais pobres, advogou. O activista aponta a procura de diamantes nas Lundas cuja agressão à natureza e ao ambiente te­rá. no futuro consequên­ cias desastrosas na econo­mia das famílias da região. “Igualmente no Wakukungu (província do KwanzaSul). as pessoas usavam o rio Cussoi para apanhar peixe, mas hoje isso é impossível porque vários detritos de uma fábrica poluem as águas” denunciou Bemardo Castro, sem denominar a em­presa prevaricadora. Erradicação da pobreza requer reflexão Na opinião do director da Rede Terra, a erradi­cação da pobreza e a segu­rança alimentar remetem, igualmente, a uma reflexão profunda sobre questões de fórum ambiental e sus­tentabilidade. “Hoje, por mais inves­timentos que se façam, sobretudo na agricultora, se forem descuradas ques­tões de sustentabilidade ambiental, tudo pode ser fatal. As mutações nos padrões climáticos são uma realidade que não terão apenas incidências negativas nas economias tradicionais, mas também na saúde humana”, aler­tou, acrescentando que se trata de uma responsabili­dade que deve ser solidária e, por isso, chamar ao diálogo cada um de nós avançou. Para Bernardo Castro, Angola está em paz e não pode depender mais da importação de produtos, como a batata, a fuba, o feijão, o tomate, o alho, a ginguba e muito outros produtos. Como opinião, sugere a necessidade de se va­lorizar mais a produção e os produtores nacionais, potenciando-os com re­cursos e conhecimentos em termos de gestão. “O governo deverá criar um instituto para atender a questões sobre segurança alimentar e nutricional e deixar de im­portar modelos de desen­volvimento que não res­peitem a identidade sócio-cultural dos povos”, su­blinhou. Para o activista, existe a necessidade de se criarem bancos de alimento e semente, bonificar o juro e tornar os preços mais acessíveis, para que cada um tenha um pouco para comer. De igual modo, criar e regulamentar mercados inter-municipais, assim co­mo ampliar a rede de cré­dito bancário sem muita burocracia. O país não de­ve estar refém do petróleo, insistiu Bernardo Castro.

“É do nosso entendi­ mento que deve haver reforma agrária. A traba­lharmos desse jeito e com um cadastro a cheirar à neocolonização, por força da prevalência e da im­posição de arcos coloniais sobre as terras comuni­ tárias em meio rural prote­gidas pela Lei Fundamen­tal, não dá”, vaticinou. A firma acredita ser importante que todos sejam mobilizados, pois, se quisermos segurança ali­mentar, o primeiro garante e agente de transformação e criação da riqueza é o homem. Há fome em muitas partes do país Na opinião de Bernar­do Castro, em muitas par­tes do nosso território há fome. O problema não é que sejamos preguiçosos. O mau uso dos solos, so­bretudo, viciando-os com agro-tóxicos, tornara-nos improdutivos. Tem de se levar em conta as oscilações no ca­lendário da chuva, as injus­tiças que criaram disfun­ções e as simetrias regio­ nais, privilegiando aproxi­ mação de serviços e bens básicos a algumas, em de­trimento de outras regiões, cujas populações encon­tram enormes dificuldades de deslocação, transpor­tação e acesso aos serviços básicos. Bernardo lembra que “a estratégia sobre a segu­rança alimentar e nutricio­nal recomenda a produção de uma política de solos em Angola, mas isso mor­reu em gavetas”. Para o informante, fa­lar da segurança alimentar requer partilhar experiên­cias e conhecimentos, muitos deles tradicionais, que possam reorientar ou mesmo criar mecanismos de defesa de algumas espé­cies, sobretudo vegetais e do património natural e histórico-cultural das po­pulações face às várias ameaças. A consciência para a prática da agricultura iti­nerante prevista na Lei de Terras, Lei 9/04 e o Regu­lamento Geral de Con­cessão de Terrenos são ne­cessários. As pessoas de­vem medir os passos e aprender a interpretar os contextos, para que as suas iniciativas tenham algum grau de sustentabilidade. “Hoje, muitas famílias perderam a cultura de criar pequenos animais, como galinhas, cabritos, porcos e tantos outros. Acompa­nham o que mais dá dinheiro de momento e depois não têm mais per­nas para andar”, salientou. Referiu que, “na ver­dade, sabemos que existe um programa de combate à pobreza e uma estratégia nacional de segurança ali­mentar e nutricional. Es­ses instrumentos são úteis, mas pecam desde a base, porque transcendem, em muitos aspectos, os valo­res e os fundamentos socioculturais dos povos”. Acredita que, hoje, pouco vale importar deter­minados modelos de desenvolvimento rural. O que é urgente é desen­ cadear estudos multidisci­ plinares e impor a cultura de maior diálogo, mais e diversificada informação e aproximação entre os de­cisores e as populações.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 85 “Temos de aceitar, com alguma tristeza, que os maus hábitos de consumo estão a roubar-nos o que de melhor temos para a nossa segurança alimentar e não só. A ginguba, a se­mente de abóbora, o dendém etc., que substituía o óleo vegetal, hoje, quase ninguém usa.

7.15 Construções feitas em locais de risco vão continuar a ser deitadas a baixo

A eleição do frango contra a nossa galinha é outro problema. As pes­soas gastam, em muitos casos, dinheiros para coi­sas de que já dispunham”, vincou Bernardo Castro.

O administrador de Cabinda garantiu, na quinta-feira, ao Jor­nal de Angola, que vão continuar as demolições de construções feitas nas vias de acesso e nas reservas do Estado destinadas a novas centralidades e a outros fins sociais. “Os munícipes nem sempre res­peitam os traçados estabelecidos pelas autoridades tradicionais, que, durante muito tempo, foram res­ponsáveis pela distribuição e ven­da de terrenos para a construção de casas”, afirmou. Francisco Tando referiu que “o crescimento veloz da cidade de Ca­binda não foi devidamente acom­panhado pela fiscalização”, razão por que foi difícil evitar as constru­ções anárquicas e “outras situações menos boas”. “O êxodo rural é o principal causador de situações que se registam na cidade e tios bairros periféricos”, declarou. A falta de uma estrutura eficiente para manter a fiscalização e o acom­panhamento técnico das obras da população, disse, é agravada por, até muito recentemente, a venda de terrenos ter sido feita pelas autoridades tradicionais. “Isso também contribuiu para o crescimento desordenado da cidade de Cabinda”, frisou, ‘Francisco Tando referiu que, apesar de tudo, não é tarde para inverter o quadro “tão incaracte­rístico” da cidade e que há acções concretas a serem desenvolvidas para requalificar Cabinda, reti­rando os que habitam áreas que devem ser reorganizadas para, no futuro, terem melhores condições de alojamento.

Outra questão de realce é a injustiça social e a falta de transparência quanto aos recursos natu­rais e distribuição dos seus rendimentos. “Temos a produção do petróleo, ex­ploração de diamantes, de inertes e de tantos outros recursos naturais; reco­nhecemos o crescimento da economia, mas os re­flexos dessa realidade de cada um de nós e das famílias estão ainda muito distantes”, considerou, igualmente, o director ­executivo da Rede Terra.” Para a ele, “a pobreza das grandes maiorias só se justifica porque a uns é dada uma grande porção milionária e a tantos ou­tros uma porção de expectativas. O crédito agrícola que está a ser distribuído é bom, mas temos de pon­derar muitos aspectos porque muitos sairão mais endividados ou sem ter­ras”. “É necessário criar fundo de garantias” “Daí a necessidade de se criar um fundo de ga­rantia para as iniciativas das comunidades tradi­cionais. Explico: o que se passa é que, à semelhança de outros países africanos, ocorrem muitos contratos entre investigadores e não só, cujos termos induzem a perdas de terras”, cha­mou à atenção Bernardo Castro. Segundo a fonte do Factual, muitas pessoas acedem ao crédito, usando a terra como garantia. Infelizmente, essas terras não têm títulos de superfí­cie, bastando, para o efeito, um croqui localização e um documento de um administrador municipal, ou ainda, são terras ins­critas no domínio útil con­suetudinário, onde o direi­to à terra é colectivo nos termos da actual Lei de Terras. “A perda dessas terras atenta contra a integridade e segurança alimentar de famílias comunitárias em meio rural carecidas, tam­bém de um comprovativo formal de suas terras que é o título de reconhecimen­to, mas que têm a terra como a sua fonte de sub­sistência. Para tudo isso, o camponês fica inseguro e tímido nas suas realiza­ções”, argumentou. Mas, de acordo com Bernando Castro, é impor­tante que as terras sejam qualificadas através de pla­nos, até porque, hoje, nem mesmo o Executivo sabe os limites do domínio pri­vado do Estado, sobretu­do as terras urbanizáveis que estão na base da inse­gurança e conflitos entre as famílias e empreende­dores.

Jornal de Angola 22 de Outubro de 2011

Realojamento O administrador municipal afir­mou ser imprescindível a transfe­rência, para locais mais seguros e urbanizados, das pessoas que habi­tam áreas de risco e das que cons­ truíram em zonas consideradas re­servas do Estado. O processo, referiu, não abrange os que foram várias vezes adverti­dos para não construírem em locais de risco ou em reservas do Estado. O mal da burocracia Alexandre Casimiro mora no bairro 4 de Fevereiro, onde foram construí das casas junto a uma vala de drenagem, área abrangida pelo processo de demolição de casas que o governo da província prevê começar em breve. O excesso de burocracia nas ins­tituições onde se legalizam terre­nos e se obtém a licença de constru­ção é, acusou, a principal causa das construções anárquicas. “Entreguei toda a documentação há mais de três meses e continuo à espera da licença de construção”, garantiu Alexandre Casimiro.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 86 Francisco Tando negou a exis­tência de irregularidades na admi­nistração municipal e disse que “a aparente burocracia se justifica por a documentação exigida ser indis­pensável” para a concessão da li­cença de construção. “As pessoas quando têm dinheiro ou conse­guem financiamento bancário que­rem construir a casa de um dia para outro, esquecendo-se que o projec­to é sujeito a várias etapas”, decla­rou o administrador. Preços dos terrenos Muitas pessoas queixam-se dos preços dos terrenos vendidos por empresas privadas. Fátima Correia, que adquiriu um no novo bairro Chimidele, por de 200 mil kwanzas, é uma delas. Considera a im­portância exorbitante. “Agora estou desprovida de re­cursos financeiros e não sei quando é que posso começar a obra”, disse. O administrador municipal de­clarou que a Lei da Terra prevê par­cerias com empresas privadas no processo de organização de terre­nos. Francisco Tando referiu ser importante para as administrações municipais a política de descentra­lização financeira do Executivo, que permite a execução de projectos sociais sem dependência dos governos provinciais. Apesar disso, o administrador afirmou que os valores atribuídos não são suficientes para as grandes necessidades de um município, pois “a gestão de uma cidade requer mui­to dinheiro, contrariamente li de uma vila ou aldeia”. “O volume de tarefas para o tra­tamento e embelezamento da cida­de é superior aos valores disponibi­lizados ao município”, lamentou, garantindo que os 200 milhões de kwanzas recebidos, este ano, servi­ram apenas para o tratamento de pequenos jardins, reabilitação da canalização de água e construção de escolas nas comunas de Malembo e Tando Zinze. O administrador mencionou, co­mo exemplos da falta de verbas, os projectos de reabilitação de, chafari­zes na aldeia de Mbuco e Chinga e do sistema de água de Subantando inoperantes há mais de cinco anos. Se recebêssemos o valor a que o município tem direito, à luz do Pro­ grama de Descentralização Finan­ ceira, disse, eram executados mais projectos que melhoravam a ima­gem da cidade e das zonas rurais.

7.16 Pessoas em zonas de risco recebem terrenos no Luena Jornal de Angola 25 de Outubro de 2011

A administração municipal do Moxico deu início ontem, na ci­dade do Luena, ao processo de reassentamento e entrega de ter­renos a pessoas que vivem em zonas de risco. O processo abrange, na primeira fase, 1.950 chefes de família, dos bairros Aço, Zorro e Kuenha, con­ siderados os mais críticos. O administrador municipal ad­junto do Moxico, Bento Paulino Luembe, afirmou que o terreno foi preparado para atender, numa pri­meira fase, os cidadãos que vivem em zonas de maior risco, tendo em conta o levantàmento feito pela administração municipal, em coorde­ nação com os líderes de comunida­des e’ autoridades tradicionais. Questionado sobre a distância que separa o local dos estabeleci­ mentos escolares onde estudam as crianças destas famílias, o admi­nistrador adjunto do Moxico disse que consta no programa do gover­no local a construção de uma esco­la, posto médico, sistema de capta ­{tão de água e um posto policial, pa­ra atender a comunidade. O programa da administração municipal, segundo Bento Paulino Luembe, contempla ainda, nesta fase; a atribuição de terrenos, sem comparticipação financeira. Consta do mesmo processo a entrega de chapas de zinco aos cidadãos que, por sua condição social, não dis­põem de recursos. Para se evitar qualquer tipo de vandalismo na aquisição de terre­nos, com fins lucrativos, a admi­nistração municipal vai criar co­missões de fiscalização, integra­das por funcionários da adminis­tração, em colaboração com os responsáveis dos bairros. Bento Paulino apelou a todas as famílias que se encontram em zonas de ris­co no sentido de abandonarem as referidas localidades. “Quem ten­tar insistir em viver nestas áreas será responsabilizado pelas conse­quências que possam advir”, disse o administrador.

7.17 Construções anárquicas na mira das autoridades Jornal de Angola 26 de Outubro de 2011

o administrador comunal do For­ te Santa-Ri ta, na província do Namibe, Caita Cavaco, garantiu na ter­çafeira que as autoridades estão a desenvolver esforços, no sentido de combater a progressão de constru­ções anárquicas, na capital da pro­víncia, por criarem embaraços no ordenamento e gestão urbanística.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 87 Sobre as construções anárquicas em alguns bairros periféricos, Caita Cavaco referiu à Angop que o crescimento e desenvolvimento habitacional, sem a observação das formalidades urbanísticas, origina o surgimento de bairros irregulares que dificultam a criação dos servi­ços sociais básicos. Por isso, acon­selhou a população a não construir sem a observância das normas ar­quitectónicas e de urbanização es­tabelecidas por lei. O governo da província trabalha na edificação de novas centralida­des, adiantou o administrador, com os requisitos urbanísticos universais, obedecendo a padrões de conforto, coll) rede eléctrica, água, saneamento básico e locais para serviços da Administração do Estado, que serão erguidos no bairro 5 de Abril, Cambongue, Ai­da e Praia Amélia.

7.18 A propriedade privada da terra e a nacionalização da terra Jornal Continente 28 de Outubro de 2011

Com o desenvolvimento da classe cap­italista, vai-se acentuando o carácter parasitário da propriedade privada da terra. A classe dos grandes proprietári­os apropria-se, sob a forma de renda, de uma parte enorme dos rendimentos que a agricultura proporciona. Uma fracção importante destes rendimentos é subtraída a agricultura e vai parar as mãos dos grandes proprietários como preço da terra. Tudo isto entorpece o desenvolvimento das forças produti­vas e encarece os produtos agrícolas, o que representa uma pesada carga sobre os ombros dos trabalhadores. Acabar com a grande propriedade privada da terra converteu-se numa necessidade social. É uma das formas mais radicais de faze-lo é a nacionalização da terra. A nacionalização da terra e a transfor­mação da propriedade privada da terra em propriedade do Estado. Segundo Lenine para fundamentar a nacional­ização da terra parte da existência de dois tipos de monopólio: o monopólio da propriedade privada da terra e. o monopólio da terra como objecto de exploração. A nacionalização da terra significa a destruição do monopólio da propriedade privada da terra e da renda absoluta que este monopólio acarreta. A abolição da renda da absoluta acar­retaria a diminuição dos preços dos produtos agrícolas. Mas esta não fazia desaparecer a renda diferencial, já que ela esta veiculada ao monopólio da terra enquanto objecto de explorarão. Sob o regime capitalista, a renda dife­rencial vai parar as mãos do Estado burguês. A nacionalização da terra removeria uma série de obstáculos ao desenvolvimento do capitalismo na agricultura, criados pelas proprie­dades privada da terra, libertária os campone-

ses das sobrevivências da ser­vidão feudal. Na época do capitalismo desenvolvido, quando na ordem do dia se põe como objecto a realização da revolução socialista, a nacionalização da terra, dentro dos marcos históricos da sociedade burguesa, não é já real­izável, pelas seguintes causas. Em pri­meiro lugar, a burguesia não se decide a abolir a propriedade privada da terra temerosa de que, isto com a ascensão do movimento revolucionário do pro­letariado, possa coarctar os fundamen­tos da propriedade privada em geral. Em segundo lugar, os próprios capi­talistas adquiriram propriedades. Os interesses da classe burguesa e os da classe proprietários de terras entrela­çam-se cada vez mais. Na luta contra o proletariado e camponeses, uma e out­ra actuam sempre unidas. Lenine as­sociava a implantação da nacionaliza país. Assim, na Rússia das vésperas da primeira revolução 1905/1907 imper­ava a agricultura feudal latifundiária. A massa dos camponeses oprimidos pelas sobrevivências da servidão es­tava interessada na nacionalização da terra. Como consequência disso, foi incluído no programa agrário do par­tido comunista da Rússia a reivindica­ção da nacionalização de toda a terra. A nacionalização da terra implicava a apropriação sem qualquer espécie de indemnização (confisco) das terras dos latifundiários e dos burocratas e a sua entrega aos camponeses. Fun­damentando teoricamente o programa agrário dos partidos comunistas VI. Lenine, considerava que a confiscação da grande propriedade era condição necessária e obrigatória para acabar plenamente com todas as sobrevivên­cias feudalismo. E, a par disso assina­ lava que, em determinadas condições históricas, as terras confiscadas aos seus proprietários podiam ser repar­tidas sob a forma de propriedade privada pelos camponeses. Lenine partia da tese de que a destruição do regime agrícola dos proprietários de terras e de terras as sobrevivências do feudalismo fortalece a aliança do pro­letariado com as grandes massas cam­ponesas e abre o caminho para a luta de classes entre o proletariado e a bur­guesia. Isto facilita ao proprietário, em aliança com os camponeses pobres, a luta pela revolução socialista. Todo o curso do desenvolvimento histórico do capitalismo confirma a verdade de que, na sociedade burguesa, as grandes massas camponesas implacavelmente exploradas pelos capitalistas, propri­etários de terras, usurários e comer­ciantes, estão condenados a ruína e a miséria. Sob o capitalismo os peque­nos camponeses não podem esperar o melhoramento da sua situação. No campo, agudiza-se inevitavelmente a luta de classes. Os interesses vitais das grandes massas camponesas co­incidem com os interesses do propri­etário. Nisto reside a base económica da aliança entre o proletariado e os tra­balhadores do campo na sua luta co­mum contra o regime capitalista.

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 88

7.19 Loteamentos nas reservas Jornal de Angola 28 de Outubro de 2011

O vice-governador da provín­cia do Huambo para área a téc­nica e infra-estruturas, José Pau­lo Kai, manifestou naquela cida­de, a sua satisfação com os avan­ços no processo de loteamento das reservas fundiárias onde vão ser erguidas 12 mil habita­ções nos municípios da Caála, Tchiridjendje, Ukuma, Longonjo e Lossambo. Falando à imprensa, José Pau­lo Kai disse que o governo lo­cal tem garantias do empreitei­ro de que pode iniciar já a construção de quatro mil habitações sociais para alojar a população que vive em zonas de risco e em condições. José Paulo Kai realçou que o Programa Nacional da Habita­ção Social a nível local vai ga­rantir casas dignas às famílias da região. As reservas fundiárias do Hu­ambo, além de habitação social vão ser destinadas igualmente à allto construção e a projectos habitacionais do Executivo ou de parcerias entre o Estado e os investidores provados do sec­tor imobiliário. As obras de construção do co­mando comunal da Polícia Na­cional na Chiaca (município do Tchindjendje), da administra­ção comunal e da residência do administrador podem ser entre­gues no próximo mês de No­vembro. As construções estão praticamente concluídas e em fase de acabamentos.

7.20 Populares esperam por indemnização Jornal o país 28 de Outubro de 2011

Além das residências de dois quar­tos, sala, cozinha e casa de banho, entregues aos ex-moradores do Morro dos Veados, foi-lhes tam­bém prometido duas indemniza­ções. Uma para subsistência na fase de adaptação e outra para cobrir a perda das redes, barracas, canoas e outros haveres. Estas informações, segundo apu­ rámos, permitem perceber a rapi­dez das entidades que estiveram interessadas no espaço onde “jaz” o Morro dos Veados e empurrar os pescadores para as casas azuis do Zango IV. Alguns contaram que fo­ram forçados com ameaças e força das armas. “As promessas de indemnização contemplavam igualmente o paga­mento de três mil e SOO dólares a cerca de duas dezenas de famílias que não tiveram direito a casas. Essa parte foi cumprida e igual benefício tiveram

os populares realojados no Zango IV, para o sustento primário, confirmou Jones Paulino. “Mas até hoje não nos falam nada sobre a indemnização referente á cobertura dos nossos meios de tra­balho e haveres queimados à beira ­mar”, queixou-se o mesmo cida­dão, recordando que já passaram três meses. As senhoras reclamaram da falta de água potável, para os trabalhos domésticos, bem como para cozi­ nhar. Para adquiri-lo, elas precisam recorrer a outros centros habitacio­nais da área, onde o líquido vital já jorra nas torneiras. Apesar de estarem agora a residir em residências do tipo de construção definitiva, os moradores não aceitam comparar as condições do novo habitat com as da sua área de proveniência, alegando terem deixado aí as suas vidas. Para se consolarem dessas e outras recordações, eles atribuíram o nome de Morro dos Veados àquela zona do Zango.

7.21 Privatização de praias deixa pescador com trombose Jornal o pais 28 de Outubro de 2011

Paulo Pascoal de 72 anos de idade, 49 dos quais vi­vidos no Morro dos vea­dos, comuna do Benfica, no município da Samba em Luanda, sofreu uma trombose na sequência do desalojamento forçado a que ele, a sua família e vizinhos foram sujeitos, de acordo com os filhos deste. Dizem que foram retirados compulsi­ vamente daquela área costeira por ele­mentos da Polícia Militar (PM). “O velho agora está aqui paralisa­do, de tal maneira que até para se virar para um ou outro lado precisa da nossa ajuda”, disse Rosa Pascoal, a filha que acolheu o pai em sua casa, alertando que “o velho já não consegue andar e muito menos falar”. A casa de Rosa localiza -se na rua da Kangala, próximo da 8ª esquadra poli­cial, no bairro do Prenda, na Maianga. A senhora albergou o velho num com­partimento pequeno adaptado como quarto. A residência possui apenas dois quartos, uma sala, cozinha e casa de banho, partilhados por nove pessoas; antes da crise do seu progenitor. Além do intenso calor que faz neste sector de casa, o que, na opinião da es­posa Teresa da Cunha, 61, contraria á recuperação progressiva do doente, os filhos do velho Paulo têm de se ajeitar à pequena dimensão do compartimento quando Se torna necessário tirá-lo dai para tratamento ou para o banho. Entristecida, Mana Zita contou que o pai teve a queda fatal um dia depois de ter sido transferido para as casas

Development Workshop — CEDOC 10/2011 — 89 azuis do Zango IV; onde começou a lamen­tar-se acerca das novas condições de vida a que fora submetido. “Meus irmãos e a mãe disseram que ele, após à crise, perguntava como ia viver aí sem mar, se ele e a sua famí­lia dependiam da pesca e da venda do pescado, para além do aluguer que os banhistas faziam das suas cabanas lo­calizadas à beira mar”, contou. Vale lembrar que Paulo Pascoal possuía três canoas e 32 barracas feitas de paus e capim, além de outras 11 per­ tencentes a quatro dos seus nove filhos. Do aluguer, recolhiam uma re­ceita diária que variava de mil a 2 mil e SOO Kwanzas por barraca, o que ga­rantia à família Pascoal mais de 200 mil por semana, numa praia que todos os dias registava mais clientela do que os abrigos, segundo asseguram a O PAÍS os três filhos presentes. Rosa Pascoal informou também a este jornal que os meios de sustento, incluindo as barcas foram queimadas dias após à transferência dos mora­dores, uma notícia que agravou ainda mais o estado clínico de Paulo Pascoal. “Os vizinhos do museu da escravatu­ra nos informaram que os seguranças queimaram todos os haveres deixados pelos moradores”, informou a senho­ra, realçando que estes alegaram ape­nas terem cumprido ordem de seus superiores. Em relação à consultas e tratamentos a que o pai foi submetido e ao seu estado de saúde, a filha conta que já estiveram na clínica Espírito Santo, na Vila Alice e no Hospital do Prenda, onde recomen­daram testes de neurologia. “Tem sido urna grande luta para chegarmos com ele aos hospitais, porque não temos carro, nem dinheiro para estar sempre a alugar viaturas,” queixou -se a jovem, anunciando o desejo de ver o pai voltar para as suas actividades no mar. Quando Zita acabou de expressar tal desejo, Paulo Pascoal, que se encon­trava deitado, esforçou-se para falar, tendo emitido apenas alguns sons incompreensíveis.”É sempre assim que ele reage, quando se apercebe que chegou a sua vez de falar”, emendou a esposa. Ocean Driveergue-senapmia A julgar pela denominação contida nas três placas de publicidade colocadas na área que pertencia à praia do Morro dos Veados, Ocean Drive é o nome da organização que se vai instalar no re­ferido espaço. Alguns seguranças encontrados na tarde de Terça – feira, 25, no portão mais próximo da zona do Museu da Escra­vatura, informaram tratar-se de uma empresa de hotelaria e turismo. Eles trajavam uniforme de cor cinzenta com o timbre Ocean Drive, o que con­firmava serem funcionários dessa or­ganização. Foram também determinados na proibição de entrada

de pessoas es­tranhas, mesmo se forem apenas ba­nhistas. Os guardas mostraram ter consciência de que a praia é um espaço público, mas emendaram com o facto de estarem a cumprir ordens de seus superiores, cujos nomes preferiram hão revelar para não porem em risco emprego. Conscientes de que o espaço está vendido e a Ocean Drive vai trabalhar no Morro dos Veados, os habituais ba­nhistas e turistas, encontrados a gozar a praia no Quilómetro 26, perto da flo­resta, a caminho do Ramiro, esperam que depois de construídos os supostos prédios seja aberta a praia ao público. “Não vale a pena se meter no negócio dos grandes, eles vão construir prédios ou seja lá o que quiserem ali mesmo e a nós só resta rezar, para que finalizada a obra nos deixem fazer praia”, disse Manuel Pedra de 39 anos, funcionário público. Para o banhista, a praia do Quiló­metro 26 não oferece as mesmas con­dições que as deixadas no Morro dos veados, pois se revela
View more...

Comments

Copyright � 2017 SILO Inc.