ATIVIDADE DE CAMPO E JOGO DIDÁTICO NO ENSINO DE ECOLOGIA PARA TURMAS DO ENSINO MÉDIO

April 10, 2016 | Author: Lucinda Pinho Mendonça | Category: N/A
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ATIVIDADE DE CAMPO E JOGO DIDÁTICO NO ENSINO DE ECOLOGIA PARA TURMAS DO ENSINO MÉDIO Luan de Oliveira Cerqueira1, Laís Amorim Ferreira1, Mariana Aparecida Lordeiro1, Elaine Gimenez Guimarães1, Erika Aparecida Silva de Freitas2, Elias Terra Werner1 1

Universidade Federal do Espírito Santo. Santo / Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde / Departamento de Biologia, Alegre – ES, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected],[email protected], [email protected] 2 Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Aristeu Aguiar, Alegre/ES – e-mail: [email protected]

Resumo – Ao estudar a Ecologia deve-se investigar e compreender as relações que os seres vivos mantêm entre si e com o ambiente. No ensino sobre o meio ambiente, utiliza-se a aula teórica, onde os conceitos sobre o tema são apresentados e aula prática, onde há a apresentação dos fenômenos por meio de experimentação, visitas, aulas de campo. Visto isso, este trabalho tem o objetivo de realizar uma atividade de campo para apresentar os fenômenos da ecologia e utilizar um jogo didático na avaliação do tema. Para isso, após aulas sobre o conteúdo serem ministradas, os alunos de duas turmas da primeira série do ensino médio foram levados ao jardim em frente à escola, para que os mesmos pudessem distinguir as relações ecológicas presentes em um ambiente em que tinham contato. Após o estudo, as turmas foram divididas em quatro grupos para jogarem o Jogo da Memória Ecológico, no qual deviam formar os pares das relações ecológicas. A atividade de campo mostrou-se adequada para que os alunos distinguirem as relações ecológicas no ambiente natural e a partir do jogo da memória foi possível observar as dificuldades dos alunos ao diferenciar as relações. Palavras-chave: Relações Ecológicas, Biosfera, Aula prática, Espaço não-formal, Biologia. Área do Conhecimento: Ciências Humanas Introdução Ecologia é um dos conteúdos previsto pelo Currículo Básico Comum para a primeira série do Ensino Médio. Segundo Seniciato e Cavassan (2009), a Ecologia assume o objetivo de investigar e compreender as relações que os seres vivos mantêm entre si e com o ambiente. Nesse contexto, existe diversas particularidades a serem analisadas, como a relação de uma espécie de inseto com uma espécie de planta, ou entre animais, até algo mais abrangente, como é o caso das relações que envolvem a estrutura e o funcionamento das comunidades animais e vegetais. No ensino sobre os ambientes naturais deve se utilizar basicamente dois recursos didáticos: (1) a aula teórica, na qual os conceitos sobre o tema são trabalhados pelo professor de uma forma expositiva, podendo utilizar inúmeros recursos para mediar o aprendizado dos alunos; e (2) a aula prática, na qual se apresenta os fenômenos por meio de experimentações, visitas ou aulas de campo. Fernandes (2007) define atividade de campo em Ciências como “toda aquela que envolve o deslocamento dos alunos para um ambiente alheio aos espaços de estudo contidos na escola”. Mesmo assim, essa metodologia, como uma ferramenta facilitadora do aprendizado, pode ou não ser utilizado pelos professores uma vez que depende de variáveis como a disposição em desenvolver a atividade, a disponibilidade dos locais a serem estudados, e a estrutura oferecida pela instituição (SENICATO; CAVASSAN, 2009). Uma boa organização da aula, de modo a escolher o local de estudo, desenvolvimento dos objetivos e roteiro de aula, pode tonar a vivência em campo efetivamente positiva (ROSSASI; POLINARSKI, 2011).

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  Desse modo, este trabalho teve como objetivo realizar uma atividade em campo para apresentar fenômenos da ecologia no jardim em frente à escola, pois é um espaço em que os estudantes mantêm contato e utilizar jogo didático para avaliar o conhecimento dos alunos da primeira série do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Aristeu Aguiar, do município de Alegre-ES. Metodologia Esta pesquisa foi desenvolvida com duas turmas de primeira série de ensino médio, com total de 47 alunos, da escola E.E.E.F.M. “Aristeu Aguiar”, localizada no município de Alegre-ES no primeiro semestre de 2014. Primeiramente houve um estudo do Currículo Básico disponibilizado pela Secretária de Estado da Educação (SEDU), assim como o conteúdo disponível no livro didático Biologia – Ser protagonista, Santos et al. (2010), utilizados pelos alunos. Então planejou-se as aulas teóricas sobre os conteúdos biosfera e suas divisões, ecossistemas, nicho ecológico e relações ecológicas. De modo a maximizar o aprendizado, elaborou-se uma atividade de campo para ser executada no jardim em frente à escola, para verificar se os alunos conseguiram identificar relações ecológicas neste espaço no qual tinham contato cinco dias na semana. Para avaliá-los, elaborou-se um jogo da memória do conteúdo de biosfera e relações ecológicas. Para isto montou-se pares das reações, onde uma carta continha a imagem da relação e a segunda o nome da relação (Figura 1). Confeccionou-se quatro baralhos idênticos que continha 26 cartas cada, para que a turma fosse dividida em quatro grupos e cada um utilizasse um baralho.

Figura 1. O par da relação Mutualismo, no qual consiste em uma carta com a imagem da relação (abelha polinizando uma flor) e uma segunda carta com o nome da relação. Os pares elaborados foram: dois pares de mutualismo, de predação, de parasitismo, de sociedade, um par de protocoperação, de herbivorismo, de atmosfera, litosfera e de hidrosfera, totalizando 13 pares. Após o planejamento das aulas e elaboração dos materiais, os alunos das duas turmas em estudo tiveram duas aulas de 50min para introdução dos conteúdos de ecologia e mais especificamente o conteúdo de relações ecológicas. Durante as aulas ministradas pela professora regente, buscou-se mostrar bastante exemplos, estes comuns e fáceis de visualizar ou encontrar no dia-a-dia dos estudantes e de sanar as dúvidas. Posteriormente as turmas foram levadas ao jardim em frente à escola, que contém árvores, arbustos e gramado. Entregou-se aos alunos um roteiro de aula prática, onde explicava os objetivos da aula e o procedimento – visualizar relações ecológicos no ambiente em que todos tinham contato, caminhando XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba.

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  pelo jardim. A professora, com auxílio dos bolsistas do Pibid de Biologia, acompanhou a turma afim de auxiliá-los a identificar as relações ecológicas possíveis de se observar. Após a observação, que durou cerca de 30 minutos, os alunos foram divididos em 4 grupos ainda no jardim da escola e cada um recebeu um baralho do jogo da memória. Foi dado um tempo máximo para os grupos organizarem seus pares e após o tempo determinado, os baralhos foram recolhidos pelos pibidianos e conferidos. As combinações erradas foram esclarecidas e as dúvidas dos alunos foram respondidas. Utilizou-se três aulas de 50 minutos, totalizando 2 horas e 30 minutos de atividade, desde a aplicação da aula teórica a atividade de campo e o jogo da memória. Resultados As duas turmas levadas ao jardim da escola mostram-se curiosas pela aula diferente proposta. Mesmo sendo propriedade da escola, os alunos não viam o jardim como ferramenta e espaço de aprendizagem ou capaz de conter exemplos do conteúdo estudado em sala de aula. Os bolsistas do Pibid explicaram aos mesmos que ambientes como jardins, praças, matas, fazendas e plantações, onde a maioria tinha contato, havia muitos animais e, por tanto, estes interagiam entre si. Antes de iniciar a atividade de campo foi lido o roteiro de aula e seus objetivos, para deixar claro aos alunos o que deveriam fazer. Na primeira turma a professora regente seguiu a frente dos alunos e perguntou aos mesmos se conseguiam observar alguma relação que haviam estudados em sala de aula. A princípio os alunos mostram-se tímidos diante da pergunta – e provavelmente diante dos pibidianos, pois era uma das primeiras atividades que estes acompanhavam desde o início do ano letivo. Diante do silêncio, a professora apontou uma árvore no canto direito do jardim onde haviam cupins e um formigueiro. Quando toda turma se aproximou, ela perguntou que tipo de relação eles observavam. Uma aluna respondeu corretamente, dizendo que era uma sociedade, pois havia castas. Muitos alunos pareceram não saber o que significava aquele termo, mesmo após a aula ministrada sobre as relações ecológicas. Novamente explicou-se que castas são ordem hierárquicas dentro da sociedade, onda há a rainha e as operárias, no caso das formigas. Na segunda turma, a professora decidiu não apontar nenhuma relação e deixou com que os próprios alunos procurassem sozinhos. Como na primeira, os alunos pareciam se sentir tímidos, mas após a primeira resposta, os mesmos sentiram-se mais confortáveis e livres. Nas duas turmas, antes que a professora perguntasse novamente, os próprios alunos apontaram sobre o mutualismo, os insetos/polinizadores (abelhas e borboletas) com as plantas. Alguns estudantes notaram a presença de moscas próximas as plantas, então explicou-se que estas também eram agentes polinizadores. Observaram também líquens nos troncos das árvores, dito pelos alunos como mutualismo, predação (aranha-mosca), inquilinismo (orquídeas em árvores) e herbivorismo (lagartaplanta). Após a observação, foi aplicado o jogo da memória. Na primeira turma, as relações nas quais houve maiores dificuldades foram em formar o par de mutualismo (Abelha-Mutualismo) que foi confundido com o par de parasitismo (carrapato-Parasitismo). Ao serem questionados o motivo da troca, a maioria dos alunos respondeu que achava que em mutualismo um dos organismos se beneficiava enquanto o outro se prejudicava, característica pertencente ao parasitismo. Além disso trocarem os pares de Hidrosfera e Litosfera. Na primeira turma, houve o erro no par de protocoperação (bois e aves-protocoperação), mutualismo (líquens-mutualismo). O grupo que errou as combinações confundiu a definição de cada relação e os pibidianos os ajudaram a definir corretamente e diferenciá-los para evitar erros futuros. Assim, a primeira turma errou quatro pares e a segunda apenas dois (Figura 2).

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n° de pares

 

12 10 8 6 4 2 0 1

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Turmas Acertos

Erros

Figura 2. Número de pares corretos e errados feitos pelas duas turmas da primeira série do ensino médio da escola “Aristeu Aguiar”. Discussão Diversificar as atividades e os recursos didáticos contribui para motivar os estudantes, o qual é fundamental para uma aprendizagem significativa e possibilita atender a distintas necessidades e interesses dos alunos (SANMARTÍ, 2002; BUENO, 2003). Deste modo, utilizar atividades de campo, ainda mais em um ambiente onde os alunos não enxergam como espaço de aprendizagem, estimula o olhar científico e perceptível dos estudantes, mostrando que a diversidade estudada em sala de aula realmente existe. Isso é afirmado por Viveiro e Diniz (2009), quando apontam que no estudo de “Ciências, é indispensável um planejamento que articule trabalhos de campo com as atividades desenvolvidas em classe. As atividades de campo permitem a exploração de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais [...]”. Trabalhos como os de Rocha (1997), Moreira & Soares (2002), Salles et al. (2002) e Pasquali et al. (2002) também demonstram a eficácia e importância do uso de atividades em campo, como trilhas em unidades de conservação, de modo a desenvolver a percepção dos alunos diante dos ambientes a serem trabalhados. O Jogo da Memória Ecológico foi utilizado como método avaliativo, para fugir do habitual questionário ou prova discursiva. Segundo Cunha (1988) o jogo didático é confeccionado com o objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, diferenciando-se por conter o aspecto lúdico, e utilizado para se melhorar o desempenho dos estudantes em alguns conteúdos de difícil aprendizagem (GOMES et al, 2001). Utilizando o jogo lúdico como avaliação, os alunos sentiram-se menos pressionados em participar e foi possível observar os erros persistentes após as aulas teóricas e de campo, corrigindoos.

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  Conclusão Percebe-se, então, que diversificar metodologias é fundamental para aprendizagem significativa (SANMARTÍ, 2002). A utilização da visita a campo fez com que os alunos passassem a observar os ambientes que tinham contato com outro olhar e tornassem mais perceptíveis diante de conteúdos e fenômenos estudados em sala de aula. O pensamento de Sanmarti (2002) também pode ser aplicado ao se utilizar jogo lúdico como método avaliativo, uma vez que não exerce grande pressão sobre o aluno e torna o aprendizado e avaliação prazeroso. Desse modo, a aula de campo e o jogo didático mostrou-se adequado e com resultados positivos, contribuindo com o desenvolvimento de percepção dos alunos e na construção do conhecimento do conteúdo de ecologia, assim como a assimilação da prática com a aula teórica ministrada pela professora regente. Referências BUENO, A. de P. La construcción del conocimiento científico y los contenidos de ciencias. In: ALEIXANDRE, M. P. J. (Coord.) Enseñar ciencias. Barcelona: Editorial GRAÓ, p. 33-54, 2003. CUNHA, N. Brinquedo, desafio e descoberta. Rio de Janeiro: FAE. 1988 DIELEMAN, H. & HUISINGH, D. Games by which to learn and teach about sustainable development: exploring the relevance of games and experiential learning for sustainability. 2006. FERNANDES, J. A. B. Você vê essa adaptação? A aula de campo em ciências entre o retórico e o empírico. 326p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. MOREIRA, A. L. O. R.; SOARES, J. J. Percepção de Floresta: uma pesquisa entre visitantes de 7 a 12 anos do Parque do Ingá em Maringá/PR. In: VIII ENCONTRO PERSPECTIVAS DO ENSINO DE BIOLOGIA. São Paulo: FEUSP, 2002. PASQUALI, M. S. et al. Ensinando elementos da natureza no Bosque Saint-Hilaire. In: VIII ENCONTRO PERSPECTIVAS DO ENSINO DE BIOLOGIA, 4, 2002, São Paulo. Anais... São Paulo: FEUSP, 2002. ROCHA, L. M. Unidades de conservação e organizações não-governamentais em parceria: programas de educação ambiental. In: TABANEZ, M. F.; PÁDUA, S. M. (org.). Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil. Brasília: IPÊ. p. 237-246. 1998. ROSSASI, L. B.; POLINARSKI, C. A. Reflexões sobre metodologias para o ensino de biologia: uma perspectiva a partir da prática docente. Porto Alegre: Lume UFRGS. 2011. SALLES, J. C.; GUIDO, L. F. E.; CUNHA, A. M. O. Atividades de educação ambiental no ensino sobre ecossistemas brasileiros. In: VIII ENCONTRO PERSPECTIVAS DO ENSINO DE BIOLOGIA, 6, 2002, São Paulo. Anais... São Paulo: FEUSP, 2002. SANMARTÍ, N. Didáctica de las ciencias en la educación secundaria obligatoria. Madrid: Sintesis Educación, 2002. SANTOS et al. (org). Biologia. Ser Protagonista. São Paulo: Edições SM Ltda. Ed. 1. V. 3. 2010.

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  SENICIATO, T.; CAVASSAN, O. O ensino de ecologia e a experiência estética no ambiente natural:considerações preliminares. Ciênc. educ. (Bauru) [online]. V.15, n. 2. p. 393-412. ISSN 15167313. 2009. TABANEZ, M. F. et al. Avaliação de trilhas interpretativas para educação ambiental In: __________; PÁDUA, S. M. (org.). Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil. Brasília: IPÊ, 1997. p. 89-102. VIVEIRO , A. A. DINIZ, R. E. S.. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar. Ciência em Tela. V. 2. N. 1. 2009.

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