4º Painel: Regulação financeira, Mercados de capitais Nicholas Racich Vice Chairman e Chief Operating Officer Banco BiG 28 Setembro 2010
May 30, 2016 | Author: Martim Neves Gentil | Category: N/A
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1 CONFERÊNCIA IDEFF As relações Portugal/UE EUA num mundo em mudança 4º Painel: Regula&c...
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CONFERÊNCIA IDEFF As relações Portugal/UE – EUA num mundo em mudança
4º Painel: Regulação financeira, Mercados de capitais Nicholas Racich Vice Chairman e Chief Operating Officer Banco BiG 28 Setembro 2010
Regulação financeira, Mercados de capitais Índice 1. Enquadramento pré-crise 2. Impactos da crise 3. Correcções e ajustamentos regulatórios
4. Reflexões finais
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Regulação financeira, Mercados de capitais Enquadramento pré-crise Tendência de desregulamentação do sector financeiro desde década de 80: > Facilitou a concessão de crédito e o crescimento da actividade fora de balanço > Vulgarizou o modelo “originação-distribuição” vs “originação-hold” (Por exemplo através de operações de securitização) > Permitiu o desenvolvimento de actividades largamente não reguladas – “shadow banking” (Offshores, Hedge funds, Private Equity Funds, CDOs) > 1999: Revogação do Glass-Steagall Act (criado em 1933 em consequência crash 1929)
...vem permitir envolvimento da Banca Comercial na actividade de banca de investimento com o objectivo de diversificar o risco da actividade bancária
Potenciou o aumento dos níveis de alavancagem na banca
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Regulação financeira, Mercados de capitais Enquadramento pré-crise Política monetária expansionista prolongadada > Novo paradigma do FED – assente na crença da auto-regulação do mercado > Bolha Tecnológica e 9/11 – levaram a níveis excessivos de liquidez > Taxas de juro / spreads a níveis historicamente baixos
Maior alavancagem na banca e taxas de juro reduzidas fomentou a formação de uma bolha no mercado imobiliário e em outras classes de activos.
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Índice de preços das habitações no EUA registou um forte crescimento a partir de 2001 afastando-se da sua tendência
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> Globalização dos mercados facilitou a disseminação de activos tóxicos
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0 Mar-87
Jan-89
Nov-90
Set-92
Jul-94
Mai-96
Mar-98
Jan-00
Nov-01
Set-03
Jul-05
Mai-07
Fonte: Bloomberg
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Regulação financeira, Mercados de capitais Enquadramento pré-crise A conjuntura permissiva também potenciou os excessos do sistema e levou ao abandono dos conceitos de prudência mais básicos entre os diferentes agentes de mercado: > Inovação Financeira
» Banca de Investimento
> Práticas Predatórias
» Mortage Brokers/Clientes “Subprime”
> Desresponsabilização
» Banca Comercial, criador de mortgages e outra dívida
> Conivência
» Agências de Rating/Auditoras não reguladas
> Preguiça/Confiança Excessiva
» Investidor Final: dependência do rating vs. análise fundamental
> Falta de Acção
» Reguladores em todo o Mundo, quase que fizeram “outsourcing” da função de supervisão para auditores (Este problema não melhorou depois da crise)
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Regulação financeira, Mercados de capitais Índice 1. Enquadramento pré-crise 2. Impactos da crise 3. Correcções e ajustamentos regulatórios
4. Reflexões finais
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Regulação financeira, Mercados de capitais Impactos da crise – 1ª vaga
Desvalorizações acentuadas da generalidade dos activos financeiros > Correcções violentas dos índices accionistas > Correcção acentuada da generalidade das commodities > Níveis de volatilidade atingem máximos
Crude Eurostoxx vs S&P 500
$160
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Jan-06
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Jan-08 Eurostoxx
Fonte: Bloomberg
Jan-09
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Jan-06
Jan-07
Jan-08
Jan-09
Jan-10
S&P 500
Fonte: Bloomberg
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Regulação financeira, Mercados de capitais Impactos da crise – 1ª vaga
Perdas elevadas com exposição a activos tóxicos/produtos de crédito estruturado, que conduziram: > Crise de liquidez e desconfiança entre Bancos > Falência de instituições financeiras e diversas intervenções estatais (Bear Sterns, AIG,...) > Colapso da Lehman Brothers: • Mensagens contraditórias, salvar Bear Sterns para evitar crise sistémica mas “deixar” cair Lehman?
Falências de bancos (EUA) 160 140
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• Terá sido a decisão de “deixar” cair a Lehman Brothers, em retrospectiva, um erro de política financeira? Como seria reconhecido mais tarde: 1 – Ao evitar que igual sorte tivessem os outros dois grandes Bancos de investimento Americanos; 2 – Segurando a AIG, que custou bastante mais ao Tesouro Americano do que teria custado segurar a L. Brothers”.
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Fonte: FDIC
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Regulação financeira, Mercados de capitais Impactos da crise – 1ª vaga
Default da Lehman originou ondas de choque sobre o sector financeiro > Aumento da desconfiança e escrutínio dos balanços > Paralisação dos mercados de crédito – subida dos spreads Evolução dos Spreads vs Default Lehman 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 Jan-05
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Jul-07
Jan-08
Jul-08
Jan-09
Fonte: Bloomberg
Forçou o início de processo de desalavancagem, necessidade de recapitalização dos Bancos com apoio estatal e adopção de políticas monetárias expansionistas (redução de taxas de juro) e diversas medidas de “quantitative easing” pelos reguladores de forma a evitar “meltdown” financeiro e económico
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Regulação financeira, Mercados de capitais Impactos da crise – 2ª vaga
Processo de desalavancagem no sector financeiro – Impacto na economia real: > Dificuldades no refinanciamento das empresas e retracção na concessão de novo crédito ao investimento > Crise de confiança com redução do investimento e consumo privado > Contracção do PIB e subida do desemprego
EUA Zona Euro Portugal Reino Unido Japão
08 0,4% 0,6% 0,0% 0,5% -1,2%
PIB 09 -2,4% -4,1% -2,7% -4,9% -5,2%
10E 3,1% 1,0% 0,3% 1,3% 1,9%
08 5,8% 7,6% 7,6% 5,6% 4,0%
Desemprego 09 10E 9,3% 9,4% 9,4% 10,5% 9,5% 11,0% 7,5% 8,3% 5,1% 5,1%
Fonte: World Economic Outlook, FMI - Abril 2010
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Regulação financeira, Mercados de capitais Impactos da crise – 3ª vaga Crise da dívida soberana: > Os planos de estímulo económico anunciados pelos blocos EUA e Europa originaram um acréscimo significativo do nível de endividamento público Numa altura de: > ... Maior fragilidade de economias periféricas na Europa [Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda], que tinham os seus próprios problemas ligados a sobre-endividamento e activos menos “prime” > ... Défices orçamentais elevados > ... Crise social e consequente instabilidade política Evolução CDS
Aumento do custo de financiamento por parte dos Estados
(Spreads face à Alemanha) 1200
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323 200
164 0 Jan-09
Fonte: Bloomberg
Jan-10 Alemanha
Espanha
Grécia
Impacto nos custos de financiamento para bancos, empresas e particulares Abrandamento nos níveis de investimento, perda de competitividade e redução do poder compra
Portugal
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Regulação financeira, Mercados de capitais Impactos da crise - Portugal A crise financeira mundial teve impacto significativo na actividade bancária em Portugal: > Revelou modelos de negócio imprudentes e insustentáveis: Nacionalização do BPN Intervenção no BPP > Contribuiu para a redução dos resultados dos bancos nacionais, em consequência do abrandamento da economia, aumento do custo de funding e do crédito em incumprimento > Originou fortes restrições de liquidez e necessidades de recapitalização, que obrigam a recurso crescente ao BCE face a indisponibilidade transitória de funding wholesale > Tornou visível o excessivo endividamento do sector (cerca de 2 vezes o endividamento do Estado) e em alguns casos a problemática relação devedor / accionista (€ biliões)
Recurso ao BCE PIB 1º Semestre (Anualizado) Peso recursos BCE no PIB Recursos BCE / Total activos bancários
Espanha 126 1.055 12% 4%
Grécia 96 176 55% 18%
Irlanda Portugal 94 49 165 162 57% 30% 6% 9%
Fonte: Goldman Sachs Research; Bloomberg
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Regulação financeira, Mercados de capitais Impactos da crise - Portugal Mas os problemas específicos da banca nacional já se verificavam antes da crise internacional: > Saga das offshores / Escândalos na gestão de alguns bancos nacionais > Alavancagem de accionistas > Desequilíbrios ao nível da liquidez e da estrutura de capital
> Políticas de crédito permissivas e com pricings desajustados > Rácios Crédito/Depósitos claramente acima da média dos seus pares na Europa e EUA > Excesso de dependência do modelo originação / securitização.
Rácio Crédito / Depósitos (Final 2007) EUA 98% Zona Euro 140% Portugal 170% Fonte: The Economist e Associação Portuguesa de Bancos;
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Regulação financeira, Mercados de capitais Índice 1. Enquadramento pré-crise 2. Impactos da crise 3. Correcções e ajustamentos regulatórios
4. Reflexões finais
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Regulação financeira, Mercados de capitais Correcções e ajustamentos regulatórios As primeiras evidências de excessos levaram em 2002 à criação do Sarbanes-Oxley Act: > Consequência de escândalos financeiros (Enron, Worldcom e Arthur Andersen) > Necessidade de melhorar as práticas de Corporate Governance e ética empresarial > Principais Implicações: • Aumenta os poderes da SEC e agrava sanções • Impõe regras quanto à independência dos auditores • Responsabiliza empresas e administrações pela informação • Mudanças ao nível do reporting financeiro
Ironicamente, as maiores exigências de report financeiro e outsourcing da função de supervisão levaram a uma maior facturação das Auditoras, sem no entanto garantir um maior conforto aos investidores/mercados.
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Regulação financeira, Mercados de capitais Correcções e ajustamentos regulatórios A crise financeira tornou premente a necessidade de um novo enquadramento: Para a Banca Global
Ajustamentos regulatórios
> Menos alavancagem
» Crescente exigência de capital
> Pricing-risk model mais conservador
» Controlo de risco / segregação actividades
> Maior transparência
» Maior convergência regulatória e coordenação entre reguladores
Racionalizar, modernizar e uniformizar as diferentes molduras regulatórias, seria extremamente benéfico para todos os participantes no mercado A não acontecerem estes ajustamentos, o sistema financeiro pode perder competitividade, afectando negativamente a economia
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Regulação financeira, Mercados de capitais Correcções e ajustamentos regulatórios Situação actual: > Legislação variada, cada vez mais limitativa >> não sabemos se mais eficaz;
> Continua maior “Outsourcing” para Auditores > Estruturas formais de controlo de risco
substância sobre forma
> Nada foi feito relativamente aos off-shores > Agências de rating continuam a ditar preços nos mercados sem supervisão > Casos de polícia: a justiça é lenta.
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Regulação financeira, Mercados de capitais Correcções e ajustamentos regulatórios Globalmente, assiste-se a um movimento de reacção e prevenção: > Mas com propostas regionais e nacionais fragmentadas e complexas (diferentes no detalhe), apesar de objectivos idênticos > Evolução a velocidades diferentes, gerando assimetrias regulatórias entre regiões / países > Riscos a evitar: • Custos desproporcionados • Conflitos ou duplicação regulatória • Minar a eficiência de transacções cross-border
• Limitar o acesso ao mercado e a livre concorrência entre os operadores • Arbitragem regulatória, mais pesada, mais burocrática. Será que mais eficiente?
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Regulação financeira, Mercados de capitais Correcções e ajustamentos regulatórios Aspectos principais em que é importante existir coordenação global: > Reconhecimento de imparidades / Normas Internacionais de Contabilidade (Revisão IAS 39) > Regras de disclosure de informação / reporting > Medidas anti-branqueamento de capitais > Supervisão de agências de Rating e Auditoras > Requisitos de capital • Sistemas regulados
• Mas também não regulados (“Shadow banking” - hedge funds, private equity, offshores)
Baixo nível de exigência para situação de clara falta de capital para operar um banco
> Qualidade de capital – é de aceitar como capital aquilo que é 100% dívida?
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Regulação financeira, Mercados de capitais Correcções e ajustamentos regulatórios Quadro comparativo de soluções adoptadas |UE
|US
|UK
. Basileia III . Regras para remunerações . Regulação para agências rating . Regras para derivados . Criacção de reguladores paneuropeus . Directiva para hedge funds
. Dodd Frank Act + Volcker package – Limite em Prop Trading . Criação de organismo para gestão do risco sistémico . Supervisão do mercado de derivados . Regras de protecção consumidores
. Regras para liquidez . Regras para remuneração . Criação de organismo para gestão do risco sistémico
Desafio para a Banca: Gerir regras fragmentadas e com detalhe complexo
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Regulação financeira, Mercados de capitais Correcções e ajustamentos regulatórios Implementação do pacote de Basileia III: Medidas: > Definição mais clara de capital
Objectivos: » Bancos mais sólidos, com maior capacidade de aguentar stress económico e financeiro
> Maiores requisitos mínimos de capital (exigência de core tier one mais que triplicou: de 2% para 4,5%+2,5%)
» Menor propensão a tomada de riscos excessivos
> Introdução de novas almofadas de capital (“capital buffers”)
» Permitindo por isso económico sustentado
> Introdução do novo rácio de cobertura de liquidez (2015) e revisão do Net Stable Funding Ratio (2018)
» Minimizando o impacto de futuras crises de funding
o
crescimento
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Regulação financeira, Mercados de capitais Índice 1. Enquadramento pré-crise 2. Impactos da crise 3. Correcções e ajustamentos regulatórios
4. Reflexões finais
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Regulação financeira, Mercados de capitais Reflexões finais Reflexões finais > Menor rentabilidade esperada no sector bancário em resultados das alterações regulatórias > Preparar fim dos apoios (retirada quantitative easing, aumento taxas, etc) > Maior diferenciação de condições de crédito (bons vs maus riscos)
> Mercados mais selectivos – piores condições de acesso para países periféricos? Decoupling maiores? Portugal ...? > Desenvolvimento dos sistemas não regulados – hedge funds, etc ... Próximo grande risco?
• Como é possível que concorram / operem sem ser regulados? • Próximo risco sistémico? > Novas funções para os reguladores e bancos centrais?
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© Banco de Investimento Global, S.A.. 2009.
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